Sábado, 29 de Março de 2008
Coturno Noturno
Alguns comentaristas caem de pau em cima de Fernando Henrique Cardoso por ter declarado que não acredita que Dilma Roussef tenha alguma coisa a ver com o dossiê. Mas, ao mesmo tempo, FHC pede a cabeça da responsável pelo mesmo, ninguém mais, ninguém menos, do que a ministra interina da Casa Civil, a "doutora"Erenice Guerra.
FHC está fazendo duas coisas: primeiro, não está acusando uma ministra de estado sem provas; segundo, está dando um voto de confiança, mas condicionado ao fato de que Dilma Roussef reconheça que a Casa Civil cometeu um crime, que exige punição com demissão. Está sendo hábil, pois se acusar diretamente Dilma Roussef, pode ser surpreendido com a demissão de um funcionário qualquer, escolhido como um delúbio, que aceite ser imolado para salvar a pele do chefe. Seria uma desmoralização.
Da mesma forma, FHC está sendo hábil ao abrir os seus gastos e a dizer que não acredita que Lula possa ter cometido algum ilícito e que, por isso, ele deveria abrir as suas contas também. Se Lula não abrir, fica caracterizado que está escondendo alguma coisa.
O ponto alto da sua nota é, no entanto, a desqualificação de Tarso Genro. Ao mostrar o quando o Ministro da Justiça coloca o governo a que serve acima da lei, está mostrando todo o aparelhamento do Governo Lula.
Fernando Henrique Cardoso não é Arthur Virgílio. É um ex-presidente da república e não pode cair em armadilhas. Sua obrigação é fazer política com a cabeça e não com o fígado. Primeiro, exige o reconhecimento de um crime. Segundo, exige a demissão do culpado. Terceiro, exige uma investigação criminal. Seria criminoso acusar sem provas o que, aliás, foi o que aconteceu com a publicação do dossiê pelo Governo Lula. Não há dúvidas de que FHC pode ser questionado por muitos atos e fatos. Mas, neste caso, está agindo como um estadista, exatamente ao contrário de Lula.
Nenhum comentário:
Postar um comentário