quinta-feira, 13 de março de 2008

A lição da Venezuela

por Thomas Sowell em 13 de março de 2008

Resumo: Quando o controle de preços leva a escassez de alimentos na Venezuela, Hugo Chávez acusa as companhias de “estocar” comida. O imperador Diocleciano fez a mesma acusação quando seu controle de preços reduziu a oferta, muitos séculos atrás.

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Os esquerdistas sempre usam o exemplo de outros países para nos dizer o que devemos fazer. Se os outros países têm um sistema de saúde estatal, então nós também devemos ter, dizem os esquerdistas. Se os outros países controlam os preços, assim devemos proceder, é o que dizem.

Quase nunca há sugestões para que descubramos se os resultados reais das políticas que devemos supostamente imitar são melhores ou piores do que os que já temos.

Há muito que aprender com outros países, se observarmos as conseqüências reais de algumas das coisas que nos sugerem fazer, em vez de simplesmente supor que devemos automaticamente imitar o que os outros estão fazendo.

Estudos já demonstraram que o tempo de espera para uma cirurgia é muitas vezes maior em países que adotam sistemas de saúde estatal do que nos EUA. A moderna tecnologia médica, como, por exemplo, MRI (Imagem por ressonância magnética) ou CAT (Tomografia axial computadorizada), é também mais rara em tais países.

A Venezuela está, atualmente, nos dando uma lição sobre as conseqüências do controle de preços. O governo esquerdista de Hugo Chávez impôs o controle de preços – e parece surpreso que os preços baixos levaram a uma redução da oferta, mesmo sabendo-se que o controle de preços tem ocasionado a redução de oferta em países pelo mundo afora, por milhares de anos.

Houve controle de preços no Império Romano, no Egito dos faraós e na antiga Babilônia. Há muita história para ser observada, se alguém se interessar.

O controle de preços imposto pelo imperador Diocleciano levou ao declínio da oferta de bens. A mesma coisa aconteceu com o controle de preços imposto pelo presidente Richard Nixon nos anos 1970. No ano passado, o mesmo aconteceu no Zimbabwe.

Leis de controle do preço do aluguel levaram a um déficit de moradia no Cairo – e em Berkeley, Hanói, Paris e outras cidades em todo o mundo.

Quando o controle de preços leva a escassez de alimentos na Venezuela, Hugo Chávez acusa as companhias de “estocar” comida. O imperador Diocleciano fez a mesma acusação quando seu controle de preços reduziu a oferta, muitos séculos atrás. Os políticos sempre encontram a quem culpar pelas más conseqüências de suas próprias políticas.

Hugo Chávez culpou as multinacionais pela escassez de alimento na Venezuela e ameaçou nacionalizá-las. Isso também é um jogo político antigo, que raramente faz bem ao povo de qualquer país.

O que é notável é o pouco interesse da mídia e do público a respeito do quão freqüente e consistentemente tudo isso ocorre quando se lança mão do controle de preços.

Quando os políticos dizem hoje que vão “baixar o custo do tratamento médico” ou que vão proporcionar moradia “para todos”, de que estão falando senão de controle de preços?

Queremos escassez de serviços médicos? Você quer esperar meses para se submeter a uma cirurgia – e sofrer desnecessariamente nesse ínterim, como as pessoas no Canadá e na Inglaterra?

Por trás dessas “maravilhosas soluções” políticas está a noção de que os empresários nos estão simplesmente roubando por meio do estabelecimento arbitrário de preços e que o governo pode fazê-los parar. É uma bela estória e pode render bons votos aos políticos que dão a si mesmos o papel de salvadores. Mas faz muito pouco sentido econômico. Por que tantos empresários têm prejuízos, e mesmo quebram, se podem determinar seus preços livremente?

Não é incomum que empresas listadas na Fortune 500 operem no vermelho. Na Grande Depressão, nos anos 1930, muitas empresas operavam no vermelho por dois anos seguidos.

Elas estavam tentando sobreviver enquanto Franklin D. Roosevelt as estava denunciando como “realezas econômicas”. FDR sabia como ganhar eleições, mesmo que não soubesse como tirar o país da Grande Depressão.

Essa lição política tem sido aprendida muito bem, tanto quanto a retórica política estridente e anticapitalista que este ano eleitoral tem nos oferecido.

Mas, se pelo menos a mídia e o público tivessem algum interesse em aprender a lição econômica!

Publicado por Townhall.com

Tradução de Antônio Emílio Angueth de Araújo

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