Quinta-feira, Abril 03, 2008
O Globo reclama de novas ações dos fiéis da Igreja Universal, enquanto Globo e Record negociam pacto
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Por Jorge Serrão
A Guerra nada Santa na mídia amestrada ganha mais um capítulo. O Globo de hoje publica mais uma reportagem contra a Igreja Universal do Reino de Deus – cujo líder máximo, Bispo Edir Macedo Bezerra, é proprietário da Rede Record, concorrente das Organizações Globo. O jornal da família Marinho reclama que cinco fiéis da IURD ajuizaram ações por danos morais, quatro delas idênticas, contra o jornal, após publicação de reportagem, no dia 14 de fevereiro, que relatava a engenharia usada pela Universal para intimidar jornalistas através de ações judiciais.
O Globo protesta que, além de repetida, a estratégia da Universal é anunciada. A TV Record, ligada à igreja, usou a edição do dia 17 de fevereiro do programa "Domingo espetacular" para atacar a imprensa. Fiéis anunciavam ali que entrariam com processos contra O Globo. O jornal destaca que, assim como no caso da "Folha de S.Paulo", as audiências de duas ações foram marcadas para a mesma hora, no mesmo dia: 15h30m de 24 de abril. As ações em série contra O Globo, ajuizadas em fevereiro, março e nos dois primeiros dias de abril, foram elaboradas pelo mesmo escritório de advocacia.
O Globo alega que a reportagem do jornalista Chico Otávio, alvo dos fiéis da Universal, informava apenas a reação jurídica de 50 fiéis e pastores contra a "Folha de S.Paulo" e a jornalista Elvira Lobato, depois da publicação de dados sobre o império de comunicação montado pelos "bispos" que controlam a Universal.
Nas ações movidas contra O Globo, os fiéis da Universal, que são identificados como "autônomos", pedem indenização por danos morais "por publicação de notícia danosa" e pelo fato de a reportagem ter "denegrido a imagem e a honra, discriminando a Igreja Universal". Os fiéis alegam ter se sentido ofendidos pelo uso da palavra "seita" - que, no dicionário Aurélio, é explicada como "conjunto de indivíduos que professam a mesma doutrina".
Trégua à vista
As Organizações Globo e os acionistas da Rede Record (da Igreja Universal do Reino de Deus) podem dar uma trégua na guerra santa que vêm travando no campo editorial e jurídico.
Globo e Record negociam o fechamento de um acordo de cavalheiros para futuras transmissões esportivas.
A Record, que obteve a exclusividade de transmissão das Olimpíadas de 2012 (em Londres), admite dividir os direitos com a Globo.
Só que a Globo terá de ceder à Record o direito de transmitir jogos alternativos, em horários diferentes, do Campeonato Brasileiro – cuja exclusividade a Globo acaba de adquirir para os próximos três anos.
No meio desse acordo operacional, as briguinhas editoriais-jurídicas também devem parar, em nome do “Deus” dinheiro.
Ação polêmica
O ministério Público Federal em Minas Gerais ajuizou ação pedindo indenização por dano moral coletivo no valor de 1% do faturamento bruto da TV Globo em razão da veiculação de conteúdo irregular na novela Duas Caras.
O procurador da República Fernando de Almeida Martins, autor da ação, reclama que a novela de Agnaldo Silva teria veiculado conteúdo alusivo a consumo de drogas ilícitas, atos criminosos, homicídio e, especialmente, insinuação sexual, erotismo, sensualismo e promiscuidade, todos eles inadequados para o horário.
O valor da indenização seria revertido ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos.
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