por João Luiz Mauad em 11 de março de 2008
Resumo: Lembram-se da desastrada aventura das Malvinas? Pelos visto, os perfeitos idiotas latino-americanos ainda não aprenderam a lição.
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É absolutamente descabido e hipócrita esse discurso dos áulicos petistas (em perfeita sintonia, porém, com os objetivos estratégicos do Foro de São Paulo), segundo o qual a ação das forças armadas colombianas contra um acampamento das FARC em território equatoriano configurou um atentado à soberania territorial daquele país.
As forças do Governo Uribe não adentraram as fronteiras do país vizinho para lá permanecer ou para confrontar o Estado ou os cidadãos equatorianos. O Exército colombiano apenas (re)agiu em legítima defesa de sua população, há muitos anos ameaçada por uma quadrilha de terroristas assassinos, seqüestradores e traficantes de drogas, inimigos declarados do Estado Democrático de Direito vigente na Colômbia.
Simplesmente não havia alternativa viável ao ataque. Avisar o governo de Rafael Correa seria o mesmo que pedir proteção para os bandidos que se queria combater. Afinal, aquele governo já havia, em diversas outras oportunidades e a exemplo de outros governos sul-americanos – inclusive o brasileiro – dado mostras de todo o seu apreço pelos comparsas comunistas das FARC. Aliás, o tal Reyes – que Deus tenha piedade de sua alma podre! – transitava pelo território equatoriano com honras de autoridade estrangeira, mantendo até mesmo conversações com ministros e altos funcionários equatorianos.
O ataque mortal contra o nº 2 das FARC, por sinal, só foi possível porque este se sentia tão confortável e seguro no Equador, que dispensou aquela que é a melhor arma de defesa dos terroristas: o escudo humano dos seqüestrados – normalmente obrigados a permanecer nos mesmos ambientes dos terroristas e vestidos com os mesmos uniformes.
(Eis o grande diferencial das guerras modernas. A exemplo do que ocorre com israelenses e palestinos, somente um dos lados está obrigado a obedecer às normas internacionais e códigos de conduta, enquanto o outro usa e abusa de estratagemas vis, pondo em risco permanente a população civil inocente e desarmada.)
O sensato e contido Álvaro Uribe já deu diversas demonstrações de que não pretende entrar em guerra contra seus vizinhos de fronteira, mas apenas e tão somente defender a população colombiana das ameaças de um inimigo fortemente armado e disposto a tudo em sua luta para transformar a nação colombiana numa ditadura bolivariana. Após a tal escaramuça, malgrado toda a pantomima montada pelas autoridades de Equador e Venezuela, inclusive com o rompimento unilateral de relações diplomáticas, expulsão de embaixadores e envio de tropas à fronteira, a atitude do governo Uribe tem sido sempre a de evitar o confronto entre Estados soberanos. Além de pedir desculpas protocolares pela rápida incursão em território alheio, recusa-se a enviar suas tropas para as fronteiras, além de agüentar calado a profusão de insultos contra ele desferidos, especialmente pelo bufão de Caracas.
Do outro lado, no entanto, não se pode dizer o mesmo. Depois de uma primeira reação contida, Correa transformou o imbróglio, certamente obedecendo às ordens de seu chefe, num verdadeiro cavalo de batalha. Sua insistência em levar o problema às últimas conseqüências chega às raias do absurdo.
Não fosse o claríssimo viés ideológico por trás das reações de ambos, tal postura não faria qualquer sentido lógico. No passado, já houve algumas escaramuças na fronteira do Brasil com a Colômbia. Uma delas envolvia as forças armadas à caça de meliantes e a outra os próprios bandidos das FARC. Segundo o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia, no primeiro caso as vias diplomáticas foram acionadas e a coisa foi resolvida sem maiores problemas. No segundo, os terroristas foram perseguidos e mortos por militares brasileiros. Ponto final. Entre mortos e feridos, apenas os bandoleiros.
Não havia qualquer motivo para que, no presente episódio, as coisas não transcorressem de forma semelhante. O problema só tomou outra dimensão, muitíssimo preocupante, diga-se, devido à intervenção esdrúxula do tiranete Hugo Chávez. Sem que tivesse nada a ver com o assunto, porém provavelmente ciente de que os documentos e computadores apreendidos pelos colombianos o incriminariam, o irresponsável fanfarrão não demorou para subir ao palco. Sutil como um Boeing 747 em manobra de aterrissagem, o aprendiz de feiticeiro desandou a cuspir cobras, lagartos e marimbondos contra Uribe, além de mandar tropas para a fronteira dos dois países, num claro sinal de que buscava trazer o incidente com o Equador para o seu quintal e, quem sabe, dele tirar algum proveito.
Com a popularidade doméstica em baixa, principalmente em razão de problemas econômicos graves – inflação fora de controle, desabastecimento, sucateamento acelerado de sua principal fonte de recursos (PDVESA), além de problemas de segurança pública tremendos (Caracas é hoje uma das cidades mais violentas do mundo) – o ditador venezuelano estava precisando, urgentemente, de uma válvula de escape, uma bóia de salvação em que agarrar-se. Nesses casos, pela lógica de uma mente totalitária doente, nada melhor para unir um povo em volta de seu líder máximo do que uma boa guerra, um inimigo para chamar de seu. Melhor ainda se essa guerra for travada contra um “lacaio do imperialismo”.
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