Terça-feira, Agosto 12, 2008
TV Câmara promove hoje polêmica sobre Anistia, que militares fingem considerar encerrada por Lula
Terceira Edição de Quarta-feira do Alerta Total http://www.alertatotal.blogspot.com
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Por Jorge Serrão
Para os três comandantes militares fica o dito pelo não dito. Enzo Peri (Exército), Júlio Soares de Moura Neto (Marinha) e Juniti Saito (Aeronáutica) repetiram um discurso ensaiado previamente na cerimônia de promoção de oficiais generais, hoje de manhã, no Palácio do Planalto. Os três garantiram que está encerrado o assunto sobre a revisão da Lei de Anistia. O trio alegou que o presidente Lula pôs fim à polêmica na reunião da coordenação política, ontem. Os militares embarcaram em mais uma marketagem noticiosa do Bolcheviquepropagandaminister.
Correu a lenda de que o chefão Lula teria enquadrado os ministros Tarso Genro (Justiça) e Paulo Vanucci (Direitos Humanos). Na versão oficial, os militares teriam acreditado nessa repressão do Boi tatá que, tudo indica, não ocorreu. O desgoverno não fala de revisão da anistia, mas continua com o revanchismo. Prova é que não foi cancelado (ainda) o próximo Seminário internacional “Direito à Memória e à Verdade”.
O evento, com o juiz espanhol Baltasar Garzón (famoso porque mandou prender o general chileno Augusto Pinochet, já falecido), acontecerá dia 18 de agosto, a partir das 19 horas, no auditório do luxuoso Hotel Renaissance, em São Paulo. Vai ver Lula não sabe que a festinha revanchista é patrocinada pela Caixa, e pela Unesp, numa realização da revista Carta Capital e da própria Presidência da República. Se isso for verdade, merece a Medalha do Apedeuta. Ou seja, o assunto da anistia está longe de ser encerrado
Hoje de manhã, na promoção dos oficiais generais das três Forças, sem comentar tal seminário, o comandante da FAB, Juniti Saito, sentenciou: “O presidente sempre sabe o que faz”. O comandante da Marinha, Júlio Soares de Moura Neto, declarou que o assunto da anistia está resolvido e não se fala mais nisso: “Eu digo exatamente o que o presidente disse: O assunto já está resolvido, o presidente já tomou sua decisão, já comunicou ao país o que ele pensa, e a Marinha segue exatamente o que o presidente da República e o ministro da Defesa têm dito”.
O comandante do Exército, Enzo Peri, repetiu o discurso sobre o affair revisão da anistia: “Já foi falado. O presidente falou, o ministro comentou. Então, o assunto está encerrado. Assim que teve a palavra do presidente como assunto encerrado, assunto encerrado”.
Na reunião da coordenação política, segunda-feira, Lula tentou tirar o dele da reta e apenas salientou que o debate deve ser conduzido pelo Judiciário. Tal versão fantasiosa foi dada dada pelo próprio Tarso Genro, no Palácio do Planalto, após a reunião. Na verdade, Lula deixará o caminho aberto para que seus radicalóides revanchistas promovam o “justiçamento” dos militares – e não dos militantes revolucionários que assaltaram, seqüestraram, torturaram e mataram nas décadas de 60/70. Valerá a regra de que anistia nos olhos dos companheiros é refresco; nos dos militares é pimenta malagueta.
O programa “Expressão Nacional”, que a TV Câmara transmita ao vivo nesta terça (12), às 22 horas, promove debate sobre a Lei de Anistia, de 1979. Participam do programa o Deputado Ivan Valente (Psol-SP); Paulo Abrão Pires Júnior – presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça; Antônio Ribas Paiva, advogado da área cível e penal, que foi palestrante no evento do Clube Militar do Rio de Janeiro e contra a revisão da Lei de Anistia; e Elizabeth Silveira – vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais.
O Expressão Nacional terá apresentação de Cláudia Brasil. A TV Câmara pode ser sintonizada no canal 27 em UHF no Distrito Federal e n os canais 14 da NET (no DF), 113 da Sky Net, 16 da TECSat, 235 da Direct TV, 67 da TVA (grande São Paulo) e por antena parabólica em todo o País. Na internet, a TV Câmara pode ser assistida ao vivo pelo endereço www.tv.camara.gov.br
Se a Lei de Anistia será massacrada ou não no debate dependerá da performance do advogado Antônio Ribas Paiva. Dos quatro debatedores, ele é o único escalado para defender a lei. Os outros três querem sua reinterpretação e defendem a atual campanha liderada pelos ministros Tarso Genro e Paulo Vanucci para que a Justiça puna os militares e policiais acusados de praticar tortura nos tempos pós-64. Como Ribas Paiva tem fama de bom de briga, a temperatura no debate tem tudo para ser bem elevada.
Perguntas para os debatedores podem ser enviadas para o e-mail expressaonacional@camara.gov.br ou pelo telefone gratuito 0800-619619.
Alerta Total de Jorge Serrão
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