quarta-feira, 16 de julho de 2008

Nos tempos em que vivia com os dinossauros

16/07 - Nos tempos em que vivia com os dinossauros

A verdade sufocada

Blog do Aluizio Amorim http://aluizioamorim.blogspot.com/

Sim, no passado fui esquerdista, socialista e seja lá o que designar esses designativos dos quais consegui me limpar. Mas agora mesmo acabo de me lembrar de um episódio no tempo em que editava política no jornal O Estado, aqui de Florianópolis. Na época não havia o designativo de petralha, porquanto se houvesse se encaixaria à minha personalidade política da época. Vi nascer todos esses petralhas que hoje estão no poder. Naquela época clamavam por liberdade, democracia – sim democracia -, estado de direito, anistia. Não só vi o nascimento político deles, como os ajudei em inúmeras oportunidades.

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Numa dessas fui procurado, se não me engano, pelo Walmir Martins um dos fundadores do PT em Santa Catarina , mas que parece que hoje está no PSOL. Tenho quase certeza que foi ele quem me avisou que o José Genoíno, que saía aos poucos da clandestinidade, estava na cidade e perguntou se não desejava entrevistá-lo.

Claro, a pauta era ótima para aqueles tempos de abertura política. Então me levou até à rua Conselheiro Mafra, bem no centro de Florianópolis, onde num velho casarão, caindo aos pedaços, sujo e escuro funcionava a sede do então nascente Partido dos Trabalhadores.

Lá estava Genoíno, magro, esquálido, mal vestido, sentado numa cadeira à minha espera. Conversei com ele, entrevistei, anotei tudo e publiquei.

Mas não era apenas o PT que me procurava e eu a eles. A turma do Partidão, o velho PCB, também me assediava nessa época para entrevistar os seus chefões que apareciam aqui em Florianópolis e volta e meia iam à redação levar panfletos. Agora não me lembro quem foi o comunista que naquela oportunidade me apresentou a Hércules Correia, um dos ícones da resistência à ditadura do velho Partidão e que também entrevistei.

Lula, por exemplo, em várias oportunidades que aqui esteve, quando estava começando a circular, já livre, naquela época, do chão de fábrica, entrevistei para O Estado e também participei como entrevistador em um programa de televisão local quando ele começou a disputar eleições presidenciais. Tenho até mesmo uma foto ao seu lado anotando o que me dizia com aquela dicção marcada pela língua presa e uma espessa barba negra a lhe cobrir o rosto.

O último contato que tive com Lula foi antes de ser definida oficialmente a sua candidatura que o levou ao primeiro mandato.

Encontrei-o num sábado de manhã, próximo aos botecos a céu aberto que circundam o mercado público. Lula estava folgazão, de bermuda, com um chapéu de palha. Curtia umas férias... Conversei com ele e vaticinei que com as bobagens feitas por FHC o PT tinha tudo para levar. Ele anuiu à minha analise. Jogamos conversa fora e nos despedimos. Eu com um abraço cordial, vejam só.

Depois, ao vivo, vi Lula no comício aqui no centro de Florianópolis. Aí ele já estava cruzando o espaço nacional a bordo de um jatinho acompanhado por toda a petralhada que já se preparava para assumir o poder.

Dos meus contemporâneos de esquerdismo dos anos 70, poucos conseguiram se livrar dessa tremenda idiotice. Uns por pura cretinice mental e continuam a servir de massa de manobra para os espertalhões do poder, outros por debochado oportunismo.

Alguns, inclusive, melhoraram de vida. Dia desses encontrei um desses comunistas a bordo de um carrão importado. Antes havia falado com ele quando, durante a conversa, censurou o capitalismo!...hehehehe...

Eles continuam com a mesma conversa, as mesmas idéias e estão sempre na oposição maldizendo os Estados Unidos ou apedrejando o que qualificam de neoliberalismo, embora não entendam nada do que na verdade deseja indicar esse conceito, se é que isso é um conceito. Alguns também se tornaram ecochatos. Todos são politicamente corretos.

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