sábado, 15 de novembro de 2008

RÉPLICA REMETIDA AO SR. CELSO LUNGARETTI

15/11

A verdade sufocada

EM RESPOSTA AO ARTIGO INTITULADO "VLADIMIR HERZOG É ASSASSINADO: O BRASIL REPUDIA O DOI-CODI".

Por Alexandre S. LOBO Rodrigues. Instrutor da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, nomeado Comandante da 12ª Companhia de Guardas, Manaus-AM, no biênio 2009/2010.

Caro Sr Celso Lungaretti,

permita-me tecer considerações acerca de seu artigo intitulado "VLADIMIR HERZOG É ASSASSINADO: O BRASIL REPUDIA O DOI-CODI"

Como historiador pós-graduado, concordo em gênero, número e grau quando o Sr diz que "há muito ainda o que se fazer em termos de História...". E a pretensa abertura dos "arquivos da Ditadura" se propõe a isso. Esclarecer, com o rigor do método científico, todas as nuances dos fatos históricos ocorridos recentemente em nosso país, no período chamado, pejorativamente, de "Ditadura Militar", é um grande desafio e, acima de tudo, uma necessidade. "Desafio", pela dificuldade de fazê-lo sem influência de ideologias, ou seja, com isenção e imparcialidade. "Necessidade", para que nos afastemos de vez de memórias, lendas, visões românticas e boatos, os quais, em última análise, podem contribuir (Deus queira que não irremediavelmente) para corromper a essência, o âmago e o orgulho do povo brasileiro. Feito este pequeno preâmbulo, passarei às considerações.

O Sr foi muito feliz em diversas colocações, particularmente naquelas passagens nas quais evidencia a importância do ser humano (de qualquer um) e defende valores e direitos inalienáveis do homem, dentre os quais podemos citar: dignidade, honra, vida, liberdade... O Sr foi, também, bastante eloqüente ao citar excessos cometidos por integrantes das Forças Armadas que, certamente, em algumas oportunidades e situações, distorceram suas atribuições, cometeram abusos e, também, aproveitaram-se de determinadas situações em causa própria. Neste caso, estamos falando dos maus profissionais (que, por sinal, existem em qualquer profissão). Estamos falando daqueles que não honraram a farda que vestiam, nem os valores sagrados e basilares defendidos e propagados pelas instituições militares. Mas estamos falando, neste caso, apenas destes “maus profissionais”. E aí cabe a primeira ressalva: quando o Sr, após mencionar os "torturadores", fala dos "militares que derrubaram um presidente legítimo, fecharam o Congresso, cassaram mandatos, rasgaram a Constituição, proscreveram partidos e organizações da sociedade civil, praticaram a censura, torturaram, mutilaram, mataram e ocultaram cadáveres", o Sr incorre em generalizações, insinuações e comparações irresponsáveis. Nesse momento, o Sr deixou de falar dos "torturadores" e passou a falar daqueles que realmente lutaram pela manutenção da democracia, ao impedirem que uma "Ditadura do Proletariado" fosse instalada no Brasil pelos "idealistas" aos quais o Sr se refere. Para quem lê o texto, fica claro que o Sr associa "torturadores" a "militares" e vice-versa, como se fossem a mesma coisa. Como se fossem sinônimos. Os militares não tinham um projeto de tomada do poder (nem mesmo almejavam). Os militares, na realidade, promoveram uma "contra-revolução" para expurgar a ameaça comunista que estava em curso e, para isso, foram obrigados a tomarem certas medidas. Permita-me, neste momento, abrir breve parênteses e transcrever Lowenstein, apud Passarinho, que ensinou o dilema de um país atacado por rebelião armada: “se responder fogo com fogo, perderá certas liberdades fundamentais, políticas e civis, até vencer, mas se as mantiver, seu destino será o suicídio”. Segundo Jarbas Passarinho, sem o AI-5 (do qual não se arrepende, nem se vangloria) o Brasil, desde 1966 até hoje, estaria como a Colômbia, há mais de 40 anos tentando subjugar as guerrilhas comunistas. Do exposto até aqui, ratifico apenas a necessidade de, em prol da justiça e imparcialidade, não se cometer o erro das generalizações, para não despertar paixões e não promover o revanchismo.

Prosseguindo com as considerações, em determinado momento o Sr afirma que "os que ousaram opor-se ao poder de fogo infinitamente superior desses usurpadores despóticos são -- e deveriam ser sempre lembrados como -- heróis e mártires". Em outro trecho, o Sr menciona o "terrorista fardado" do atentado do Riocentro, no ano de 1981. Bem, da leitura atenta dessas passagens, e de outras que integram o corpo de seu artigo, pode-se observar que o Sr opõe, nitidamente, dois personagens distintos, os quais protagonizam em sua "estória" (e não "história") como "mocinho" e "bandido": de um lado, os "idealistas", “militantes de esquerda", "esquerda armada", "vítimas", "executados", "perseguidos", e, de outro lado, os "militares", "Forças Armadas", "torturadores", "usurpadores despóticos", "repressores", "algozes", "verdugos", "fascistas"! Chamou-me a atenção o fato de, entre tantas adjetivações, não ter lido a qualificação de "comunista" como sinônimo para os “idealistas” ou “militantes de esquerda”. Chamou-me, também, a atenção o fato de, em momento algum, o Sr ter citado as ações de tortura, atentados, homicídios, terrorismo, seqüestros, assaltos, “justiçamentos”, dentre outras, cometidas pelos supostos "idealistas" de esquerda. Chamou-me atenção o fato de o Sr ter mencionado a "indignação mundial" despertada pelos "torturadores" com a morte de Chael Charles Schreier (judeu), como se as mortes e crimes provocados pelos "idealistas" de esquerda fossem aplaudidos e apoiados pela comunidade internacional. Pelo raciocínio do Sr, é como se algumas mortes e crimes fossem tolerados pelas pessoas, dependendo de qual fosse a finalidade e o contexto (o fim justificaria os meios?), visto que, em nenhuma linha sequer de seu texto (que contém 1.434 palavras), o Sr mencionou o nome de, pelo menos, uma das vítimas dos "idealistas" de esquerda. Será que, nas oportunidades nas quais o Sr se dedicou ao estudo e à leitura desses fatos e episódios de nossa história, em nenhuma oportunidade nomes como Mário Kozel Filho, Regis de Carvalho, Nelson Gomes Fernandes, Alberto Mendes Júnior, Manoel da Silva Dutra (dentre inúmeros outros) vieram à tona ou foram citados ???

O Sr fala também em "tributo...aos combatentes que enfrentaram a ditadura de armas na mão e morreram às centenas". Entretanto não observei menção a qualquer tributo aos inocentes, vítimas da militância de esquerda, pacíficos cidadãos, trabalhadores honestos, que nunca empunharam armas, nem mesmo legalmente, que nunca manifestaram qualquer posicionamento político, que nunca cometeram qualquer crime contra alguém ou contra a sociedade, mas que tiveram suas vidas ceifadas, membros amputados, ou foram agredidas ou violentadas pelos "defensores da redemocratização", talvez por terem cometido um único erro: estarem no “lugar errado, na hora errada”, cruzando o caminho destes "heróis e mártires". Preocupado, como o Sr já demonstrou ser, com os direitos humanos e com os direitos inalienáveis do homem, pergunto se o Sr pretende escrever algum artigo para “homenagear”, prestar “tributo”, ou se solidarizar com os parentes das vítimas fatais inocentes dos "idealistas" de esquerda (?).

Pausa para reflexão! Quem seria o autor deste artigo que eu estou me propondo a comentar ? Por que será que ele defende pontos de vista e versões tão parciais e anacrônicas? Quem é o Sr Celso Lungaretti? Paro de escrever este texto para pesquisar...

Fico surpreso com o que eu encontro em minhas pesquisas...

Ah..., agora passo a entender o porquê de tanta parcialidade e incongruências! Quase desisti da réplica, por imaginar que estaria perdendo o meu tempo... Afinal de contas, de que adiantaria conversar e debater com alguém tão radical e tão eivado de vícios ideológicos. Não seria prudente, inteligente, nem produtivo... Mas aí lembrei de todas as pessoas que tem o direito de escutar ou ler as duas versões, os dois lados da moeda, para tirarem suas próprias conclusões...

Voltando à réplica (agora, não considerando somente o artigo que deu origem a esta réplica, mas, também, considerando inúmeros outros que tive a oportunidade de ler no blog do Sr Lungaretti) ...

A partir da leitura de inúmeros outros artigos (de autoria do Sr), passei a entender a razão, quase que instantaneamente, de o Sr defender de forma tão ferrenha e apaixonada a militância armada de esquerda. Aqueles que o Sr chamou de "heróis e mártires"! A razão é muito simples (não poderia ser mais óbvia): o Sr foi (e continua sendo) um deles. O Sr foi militante do Setor de Inteligência da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR de Lamarca) e foi preso em 16 de abril de 1970, na cidade do Rio de Janeiro. O Sr mesmo, que, em depoimento, delatou a existência de uma área de treinamento de guerrilhas, num sítio da região de Jacupiranga, próximo a Registro, no Vale do Ribeira, a 250 Km de São Paulo, cuja versão foi confirmada pela Srª Maria do Carmo Brito, dias depois. O Sr mesmo, que, em seu blog na Internet, defende personalidades como o Sr Diógenes Carvalho de Oliveira, o Diógenes do PT (cujo extrato do Curriculum Vitae encontra-se transcrito abaixo) isentando-o de culpa em atentado que ceifou a perna de Orlando Lovecchio Filho, que recebe, atualmente, uma pensão de R$ 571,00 mensais.

· Na madrugada de 20 de Abril de 1968, preparou mais uma bomba, desta vez lançada contra o jornal “O Estado de São Paulo”, que funcionava na esquina da Rua Major Quedinho com a Rua Martins Fontes; a explosão feriu três inocentes

· Na madrugada de 26 de Junho de1968, fez parte do grupo de 10 terroristas que lançou um carro-bomba contra o Quartel General do então II Exército, no Ibirapuera, matando um dos sentinelas, o soldado Mario Kosel Filho, e ferindo mais seis militares.

· Em 20 de Setembro de 1968, participou do assalto ao quartel da Força Pública, no Barro Branco. Na ocasião, foi morto a tiros o sentinela, soldado Antonio Carlos Jeffery, do qual foi roubada a sua metralhadora INA.

· Em 12 de Outubro de 1968, participou do grupo de execução que assassinou o capitão Chandler, do Exército dos EUA. Foi Diógenes quem se aproximou do capitão - que retirava seu carro da garagem, na frente da mulher e filhos - e nele descarregou os seis tiros de seu revólver Taurus calibre 38.

· Em 27 de Outubro de 1968, participou do atentado à bomba contra a loja Sears da Água Branca.

· Em 11 de Dezembro de 1968, participou do assalto à Casa de Armas Diana, na Rua do Seminário, de onde foram roubadas cerca de meia centena de armas, além de munições. Na ocasiao, foi ferido a tiros o civil Bonifácio Signori. (Extraído do sítio http://saladamaejoana.wordpress.com/2008/03/15/diogenes-jose-carvalho-de-oliveira-sortudo/ em 10 Set 08, às 18:25 h).

O mesmo Diógenes do PT que, devido à decisão do Sr Ministro da Justiça, publicada no Diário Oficial da União datado de 24 de janeiro de 2008, foi agraciado com uma reparação econômica, de caráter indenizatório, por ter sido considerado anistiado político, no valor de R$ 400.337,73 (quatrocentos mil, trezentos e trinta e sete reais e setenta e três centavos) ? Vide abaixo transcrição da publicação, na íntegra:

“Ministério da Justiça-GABINETE DO MINISTRO. PORTARIA Nº 112, de 23 de janeiro de 2008.
O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais, ..., resolve: Declarar DIÓGENES JOSÉ CARVALHO DE OLIVEIRA portador do CPF nº 428.216.490- 53, anistiado político, concedendo-lhe reparação econômica, de caráter indenizatório, em prestação mensal, permanente e continuada, ..., no valor de R$ 1.627,72 (um mil, seiscentos e vinte e sete reais e setenta e dois centavos), com efeitos retroativos da data do julgamento em 06.09.2007 a 05.10.1988, perfazendo um total retroativo de R$ 400.337,73 (quatrocentos mil, trezentos e trinta e sete reais e setenta e três centavos), e a contagem do tempo, para todos os efeitos, do período compreendido entre 06.06.1966 e 10.10.1979, ...”. (Publicada no Diário Oficial da União de 24 de janeiro de 2008 - pág. 38).

Suponhamos que reste comprovado que o Sr Diógenes não participou do atentado que dilacerou a perna de Orlando... Neste caso, gostaria de saber o que o Sr tem a dizer das demais ações atribuídas ao Sr Diógenes do PT, listadas acima? Será que ele é inocente de todas as acusações que lhe foram imputadas? O Sr vai continuar lhe defendendo?

O Sr mesmo que, em seu blog na Internet, faz as seguintes considerações:

"- Qual a credibilidade de um regime que fez afixarem-se em logradouros públicos do País inteiro, em meados de 1969, cartazes me acusando de “terrorista assassino” que teria “roubado e assassinado vários pais de família”, embora eu fosse um dirigente e nunca um homem de ação?".

Interessante a sua percepção e idéia das coisas: afirma que era "dirigente" da VPR, e não um "homem de ação" e que, devido a isso, não poderia ser acusado de "terrorista assassino" pelo Regime Militar. Ora..., o que era, para o Sr, o "homem de ação" da VPR ? O "Boi de Piranha" ? O "otário" que se expunha e se sacrificava para que o "dirigente" não sofresse qualquer conseqüência funesta da luta armada ? Existia internamente, na VPR, alguém, além do Sr, que também era (tão somente) "dirigente" por acreditar que a Revolução Comunista seria feita em nosso país sem armas e sem violência ? Se o Sr alega que é contra a violência e tudo mais que seja ofensivo aos direitos humanos, pergunto porque o Sr se mantinha fiel a uma instituição (VPR) que defendia a tomada do poder pela violência, com armas na mão e pelas vias ilegais ? Por que o Sr se mantinha fiel a uma instituição e a uma ideologia que propugnava que qualquer ato ilegal (homicídios, justiçamentos, atentados, sequestros, assaltos, etc) era justificado para que o fim fosse alcançado (essa baboseira utópica de "ditadura comunista do proletariado") ? Quanto a sua afirmação (se defendendo) de que o Sr era apenas um "dirigente", valho-me do brilhante Olavo de Carvalho que escreveu:

" ...sob a desculpa de lutar contra uma ditadura que ele chamava de assassina (Regime Militar) mas colocando-se a serviço de outra ditadura incomparavelmente mais assassina (comunista), continua alardeando sua fidelidade ao marxismo, doutrina explicitamente terrorista. Por definição, o porta-voz de uma doutrina terrorista é terrorista, mesmo depois que a idade e as circunstâncias o dispensaram da parte mais grosseira e suja do serviço.".

(http://www.olavodecarvalho.org/semana/080519inconf.html )

Aproveitando que citei o ilustre Olavo de Carvalho, valer-me-ei de citação de outra renomada personalidade, para desmentir outro ardil que o Sr, em seus devaneios, tem insistido em repetir: a versão de que os "idealistas" de esquerda lutaram para restabelecer a democracia, ou seja, para redemocratizar o país. Disse Passarinho:

" ... O artigo de Dirceu é um conjunto de falsidades históricas e de sandices sobre o AI-5. Dizer que “68 foi a luta armada contra a ditadura e pela democracia” é falso e chega a ser hipocrisia. Todas as facções em luta insurrecional eram declaradamente comunistas: as que, ainda no breve governo Jânio Quadros foram treinar na China totalitária de Mao Tse Tung e todas as demais que, financiadas e adestradas em Cuba comunista, assassina desde os “paredons” ou tortura até a morte, na famosa prisão de La Cabana, os presos políticos. Impossível que não soubessem disso, revelado até por biógrafos simpáticos a Fidel Castro, adversários, mas intelectualmente honestos.Daniel Aarão Reis, que foi exilado, revoltou-se com o cinismo. Indignado com a falácia, negou-a, dizendo que, marxista, lutou por uma ditadura do proletariado e não pela democracia burguesa.".

( http://blogdaunr.blogspot.com/2008/06/as-falsidades-e-sandices-do-z-dirceu.html )

E para que o Sr não se atreva a dizer que Olavo de Carvalho, ou Jarbas Passarinho, estejam mentindo ou exagerando, veja o que o ilustríssimo Sr Daniel Aaarão Reis, que é ex-militante do MR-8, professor de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense e autor de "Ditadura Militar, Esquerda e Sociedade" afirmou em entrevista:

"As ações armadas da esquerda brasileira não devem ser mitificadas. Nem para um lado nem para o outro. Eu não compartilho da lenda de que no final dos anos 60 e no início dos 70 nós (inclusive eu) fomos o braço armado de uma resistência democrática. Acho isso um mito surgido durante a campanha da anistia. Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial. Pretendia-se implantar uma ditadura revolucionária. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentassem como instrumento da resistência democrática.”

( http://www.midiaindependente.org/eo/blue/2001/09/7240.shtml )

Ficou bastante clara a razão pela qual o Sr defende de forma tão veemente os “idealistas” de esquerda de outrora: para não cair em contradição consigo e para não ter que reconhecer que errou, na juventude, quando optou por aderir e lutar por uma ideologia utópica, ultrapassada e fadada ao fracasso. Para não ter que assumir que “combateu” por nada! Dessa forma, o Sr passou a viver somente para alimentar ressentimentos. Dessa forma, não agrega, apenas dissocia. Deixa de exercer, na plenitude, o juramento que fez quando se formou jornalista, haja vista não primar pela imparcialidade, pela justiça, nem pela verdade. Fica claro que o Sr, quando fala da “luta armada”, não fala como jornalista, mas advoga em causa própria! O seu orgulho é maior que o seu bom-senso! Defende os comunistas, sobretudo, para locupletar-se de “honras”, “glórias” e “conquistas” que, em verdade, não existem e nunca existirão. O Sr, neste caso, não foi e não é mero expectador da história. O Sr é partícipe, está envolto, e, presume-se, daí decorre o fato de o Sr não conseguir falar com isenção. Justamente por isso, escrever sobre a história recente de nosso país não é tarefa para o Sr. Tal julgamento não será feito pelo Sr, nem por mim. Esta é tarefa para historiadores idôneos que, daqui a pelo menos 60 anos, terão condições de, com total “imunidade” de ânimo, discorrer sobre tais assuntos. Tentar reescrever a história e tentar reeditá-la, colocando-se em prática, para isso, o discurso de que devemos “repetir uma mentira inúmeras vezes para que ela seja tomada como verdade”, não resistem ao passar dos anos, ao arrefecimento do ideal, nem ao rigor científico de pesquisas históricas isentas.

A luta armada foi e pode ser considerado um episódio triste da história de nosso país! Particularmente quando analisamos pelo aspecto do lastro de violência e dor que deixou. Insistir em discursos revanchistas, iguais aos inúmeros que existem em seu blog, não vai arrefecer ânimos; não vai permitir que feridas sejam cicatrizadas; não vai possibilitar que “esquerda” e “direita”, juntas, discutam idéias, alternativas e soluções para o desenvolvimento de nosso país! Resta-nos, nos dias de hoje, estudar o fenômeno a fundo (com as limitações já expostas anteriormente), não para encontrarmos vencedores ou derrotados, não para reacendermos ressentimentos, mas para que possamos colher ensinamentos importantes, visando a construção de um futuro melhor para os todos os brasileiros e para o país!

Bem, caso o Sr tenha me prestigiado com a leitura deste artigo (da mesma forma que eu o prestigiei com a leitura de alguns vários dos seus) sinto que este é o momento ideal para me apresentar. Deixei para esta oportunidade porque não sabia se o Sr me cederia a honra de ser lido pelo Sr caso o fizesse (apresentação) no início desta réplica: sou o Capitão da Arma de Infantaria Alexandre Sobral Lobo Rodrigues, atualmente Instrutor da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), localizada na Vila Militar. Possuo Mestrado pela EsAO e sou Pós-Graduado (Especialista) em História Militar do Brasil pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Dentre outras disciplinas, sou Instrutor, nesta Escola, de História Militar.

Finalmente, gostaria de dizer que, assim como o Sr usufruiu do direito de liberdade de expressão e buscou externar e publicar todas as convicções próprias e particulares em seu blog, procurei fazer o mesmo, sendo absoluta e irremediavelmente sincero em minhas colocações e fiel aos meus princípios e crenças pessoais. Apesar de, em determinados momentos, parecer ter sido agressivo, propus-me, no fundo, a iniciar um debate, o qual não quero que seja considerado um embate ideológico, mas sim uma oportunidade para ouvir, manifestar opiniões e argumentar com quem pensa diferente. Deixemos, pois, de lado o revanchismo e unamos forças e experiências para crescermos e para agregarmos valores. Tudo em prol de um país cada vez mais desenvolvido, mais soberano e mais unido.

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