segunda-feira, 20 de junho de 2011

Carta ao Secretário Geral da ONU

Mídia Sem Máscara

Durante uma década o grupo ou bando denominado "Tupamaros" desenvolveu atividades terroristas, executou o seqüestro de pessoas as quais mantinha retidas em condições infra-humanas. Sofreram essa violação aos Direitos Humanos embaixadores, empresários, cientistas, compatriotas e estrangeiros.

Nota da tradutora:

Há poucos dias o Secretário-Geral da ONU esteve no Uruguai e em visita ao centro de detenção "Punta Rieles", referindo-se aos estabelecimentos prisionais daquele país, comentou que: "... tanto o presidente do Uruguai como o atual ministro do Interior haviam estado presos em estabelecimentos de reclusão, porém não por cometer delitos, senão, por defender os direitos humanos". Em razão disto, o deputado Jaime Mario Trobo escreveu-lhe uma carta que segue abaixo traduzida, dada a sua importância, considerando que atualmente toda a esquerda latino-americana vem re-escrevendo a história repleta de mentiras pró-terroristas.

Montevidéu, 15 de junho de 2011

Senhor Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)

Sr. Ban Ki-Moon

Presente

Agradeço-lhe que preste atenção aos termos desta nota, que surge como necessidade de informá-lo responsavelmente, sobre aspectos da história recente de nosso Uruguai, especialmente em referência a afirmações que o Sr. realizou.

Equivoca-se o Sr. Ban Ki-Moon.

O hierarca das Nações Unidas felicitou o mandatário por sua "liderança e compromisso de toda a vida com a democracia e com uma melhor qualidade de vida para todos os uruguaios" (Diario La República 15.05.2011).

Não, senhor Secretário-Geral das Nações Unidas, não é certo o que o Sr. afirma. Mujica, o Presidente da República, fez parte de um grupo terrorista que atentou contra as instituições democráticas-republicanas de nosso país, e o fez convencido de que o caminho das práticas democráticas não servia. Fez parte da liderança de um grupo guerrilheiro que atentou contra nossa a Constituição, contra as liberdades e os Direitos Humanos. Que matou, ordenou executar inocentes resolvendo friamente como declararam vários, dentre ele sua senhora esposa, a senadora Lucía Topolansky, quando relata a decisão de matar Pascasio Báez, de cuja história o senhor pode pedir antecedentes a seus assessores em história e política dos países-membros da ONU [1].

Durante uma década o grupo ou bando denominado "Tupamaros" desenvolveu atividades terroristas, executou o seqüestro de pessoas as quais mantinha retidas em condições infra-humanas. Sofreram essa violação aos Direitos Humanos embaixadores, empresários, cientistas, compatriotas e estrangeiros. Executaram inúmeros roubos, roubos violentos, tumultos, atentados com bombas com resultado de morte de inocentes, e abundante destruição de bens. O bem mais caro que contribuíram para destruir, foi precisamente a democracia.

Quem preparou as impressões que o Sr. ia formular no Uruguai nestas horas o informou mal, ou melhor, o desinformou. Por isso, talvez tenha cometido o erro que assinalamos, erro que passa a fazer parte da operação de "limpeza" dos antecedentes históricos indiscutíveis do terrorismo praticado pelos Tupamaros, dos quais José Mujica foi líder. O erro, cometido por uma personalidade tão importante e influente como a sua, constitui uma falha grave que agrava a verdade e a consciência do Uruguai e provoca em nível internacional uma compreensão irresponsável de nossa realidade.

Que a sociedade do Uruguai tenha realizado e realize honestos e difíceis esforços para superar os dramas do passado, o enfrentamento violento, os fantasmas da intolerância, é um mérito de todos os compatriotas. Poucos, longe da grande maioria, submeteram a sociedade em geral ao terror. Primeiro, os que sonhavam em chegar ao poder legitimados pelas metralhadores e violando os direitos humanos, e depois os que se justificaram nisso para orientar seus fuzis e destruir a convivência republicana, e instaurar a ditadura que sofremos até 1984.

Esta história custou - e custa muito - a imagem de nosso Uruguai tolerante, respeitado no concerto internacional, protetor dos Direitos Humanos e das Liberdades é o capital de todo o Uruguai, de todos os que não vacilaram durante sua existência das garantias que a democracia oferece, o exercício da soberania popular mediante o voto e a vigência do Estado de Direito. E pelo estoicismo e virtude democrática de nosso povo, alguns dos quais na ocasião o ofenderam, hoje podem ser governantes. Isso na vida do Presidente Mujica e de seus companheiros Tupamaros teve ao menos um lapso de nada menos que dez anos que o Sr. deve conhecer. Então, o do Presidente Mujica não foi como o Sr. afirmou, "uma liderança e um compromisso de toda a vida com a democracia".

Por isto, que o Sr. pode confirmar sem maiores inconvenientes, por pouco que conheça a história e a realidade, se equivoca, e respeitosamente devemos dizer-lhe.

Jaime Mario Trobo

*Representante Nacional Deputado - Poder Legislativo - Uruguai

Nota da tradutora:

[1] Para melhor ilustrar o que alega o senhor deputado Jaime Mario Trobo, sugere-se o vídeo abaixo.

Tradução: Graça Salgueiro

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