sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Reforma agrária na Colômbia segue o plano das FARC

Mídia Sem Máscara

Escrito por Cel. Luis Alberto Villamarín Pulido | 23 Setembro 2011
Notícias Faltantes - Foro de São Paulo

Embora pareça incrível, nem os meios de comunicação, nem os analistas do conflito, nem a academia, deram importância a este tema. Enquanto o Partido Comunista e seu braço armado solapa a legitimidade do Estado, Santos está empenhado na re-eleição.

A morte do “Mono Jojoy” suporia a desarticulação do Plano Estratégico das FARC mas, ao contrário, continuam os seqüestros, as extorsões e os ataques terroristas, devido a que as FARC seguem ao pé da letra as diretrizes do Plano Estratégico re-acomodado com as diretrizes do Plano Renascer de Alfonso Cano. Isto indica que, se continuar assim, haverá guerra por um longo tempo.

Transcorreram quase seis décadas de narco-terrorismo comunista contra a Colômbia, porém, sem exceção, os sucessivos governantes não entenderam ou não quiseram entender os alcances e projetos do Plano Estratégico do grupo terrorista, em que pese que em reiteradas operações militares e policiais, a Força Pública apreendeu os documentos pertinentes.

Desta vez tampouco é exceção. Entre as revelações encontradas nos computadores de “Jojoy” e “Tirofijo” apreendidos na Operação Sodoma, ficou claro que a reforma agrária fariana planejada desde a década dos quarenta pelos bandidos comunistas Juan de la Cruz Varela e Erasmo Valencia, continua de pé.

Em minha obra Operación Sodoma, final del Mono Jojoy, descrevo em detalhes como foi esse processo de colonização armada dirigido pelo camarada Gilberto Vieira e outros delinqüentes de colarinho branco que, desde a legalidade, têm defendido as FARC com a mesma veemência e persistência que hoje o fazem a senadora mensageira (que não se sabe se é a viúva de “Tirofijo” ou a noiva de Chávez, como diz com ironia um reconhecido humorista) e alguns jornalistas “independentes” que pela estultícia de atacar de per si a Uribe, convertem-se nos melhores propagandistas das FARC.

A idéia de começar a adquirir as terras que abririam um corredor entre os acampamentos do Secretariado e o centro do país, não é nada novo. Remonta-se ao Cañon de las Hermosas e El Cambrin nos anos 50, à colonização comunista armada do Sumapaz, El Pato, El Guayabero, El Ariari, El Caqueta, El Guaviare e parcialmente em Urabá, somados aos santuários de Casa Verde, El Yari e La Macarena. Mais do mesmo... Inclusive essa é a razão do crescimento das FARC e de sua fortaleza armada.

O grave do assunto é que, apesar de haver desmascarado a metodologia e objetivos estratégicos das FARC em diversas etapas da história do prolongado conflito, as Forças Militares advertiram o país da gravidade da agressão em andamento.

Em Caquetá, por exemplo, ao longo e ao largo dos municípios de Morelia, Doncello, Puerto Rico, San Vicente e Cartagena del Chairá, expropriaram-se extensos terrenos de criação de gado e “Jojoy” autorizou o seqüestro e assassinato de comerciantes que se negaram a entregar suas terras.

No Meta há listas com os nomes dos proprietários das fazendas e granjas em Tunia, Caquetania, La Macarena, Vista Hermosa, Mesetas, San Juan de Arama e Uribe. Inclusive o periódico El Tiempo de Bogotá, órgão de difusão pessoal do atual presidente que parece não se dar conta da gravidade desta situação, publicou que em alguns documentos estão referenciados os nomes dos chefes guerrilheiros aos quais o “Mono” entregou a administração das propriedades, assim como a relação do número de cabeças de gado que passa de 400 mil.

No Guaviare fez-se o mesmo procedimento em Yaguará, Cachicamo e Puerto Arturo. Os terrenos expropriados por “Jojoy”, nos 16 municípios destes três estados, formaram um dos maiores corredores de mobilidade da guerrilha.

Porém, a intenção foi mais além. Outro dos segredos que foram descobertos com a morte de “Jojoy” foi a criação legal de três fundos pecuários (investigados neste momento), nos quais a guerrilha misturou o gado dos camponeses com o que os ‘paras’ também haviam expropriado.

Nessa ordem de idéias, os planos continuaram em marcha e hoje geram uma grande preocupação: a colonização de várias zonas pelas FARC, que se acreditavam recuperadas porque o Exército abateu centenas de terroristas, sem levar em conta que a guerra de guerrilhas em ambientes irregulares implica ganhar mentes e corações, quer dizer, tirar dos terroristas o sustento do campesinato. E que é a parte que corresponde ao Estado, não aos militares.

Segundo El Tiempo, o Bloco Oriental, que antes foi encabeçado por “Jojoy”, transferiu famílias inteiras de indígenas e núcleos camponeses para re-situá-los nas terras que já haviam expropriado, com a finalidade de obter títulos legais do Governo e assentar ali a colonização armada similar à de Marquetalia, Riochiquito, Guayabero, Sumapaz, Viota e Ariari. Nenhuma novidade, mas não se vê ação estatal para opor-se a este fenômeno que não é militar, senão político-social.

Em um correio eletrônico, um terrorista comenta a outro como vai o “repovoamento”: “Olhando a necessidade que se nos apresentou em Yaguará, que não restavam senão quatro famílias entre índios e brancos, e uns poucos populares do baixo Camulla e do Triunfo (...) se consultou como povoar a área. Procedemos trazendo uns índios do Cauca que se localizaram de acordo com a câmara municipal de Yaguará nessa área, 40 indígenas que no momento estão vinculados como núcleos nas organizações sociais nossas...”.

Do mesmo modo que se conformou outro conselho indígena com o compromisso de que trabalhem sob as orientações das FARC. “Como resguardo brigam com o Estado mas as terras são das FARC”. O artigo de El Tiempo acrescenta que em outras zonas, do mesmo corredor que “Jojoy” projetou, no último ano foram localizadas famílias, algumas procedentes de El Pato (Caquetá), às quais lhes deram os terrenos para que construíssem suas casas e currais, com o compromisso de que os gastos de manutenção correm por conta dos camponeses por quatro anos, e devem entregar 10 por cento dos lucros da criação de gado.

Em mais de 17 documentos que a Força Pública apreendeu da guerrilha no último ano, a ordem é a mesma: consolidar a “república independente de Caquetania”, entre Meta e Caquetá, o lugar que serviu como um dos centros logísticos de “Jojoy”.

Embora pareça incrível, nem os meios de comunicação, nem os analistas do conflito, nem a academia, deram importância a este tema. Enquanto o Partido Comunista e seu braço armado solapa a legitimidade do Estado, Santos está empenhado na re-eleição, o Congresso em fazer leis que revivam o cadáver do Partido Liberal, sepultado pela inaptidão de Gaviria e Pardo Rueda, a Corte Suprema se empenha em ser uma roda solta e partido anti-uribista, o Congresso demonstra a avareza de sua insaciável voracidade sobre o orçamento, etc.

Se continuar assim, dentro de 50 anos nossos netos, bisnetos e tataranetos verão pela televisão a morte de outro ou outros terroristas nascidos nos acampamentos de Caquetania, do mesmo modo como sucedeu com “Jojoy” nascido há quase seis décadas no Sumapaz.

Será que o presidente Santos, seu neófito ministro da Defesa, os demais membros do gabinete, o Congresso, as veleidosas Cortes, os governantes e obviamente os reitores das universidades sabem e entendem isso? Ou será que continuaremos nos matando como selvagens, devido a que os dirigentes de turno não entendem que a guerra é uma arte simples de muita execução para se opor e antecipar as jogadas estratégicas e políticas do adversário?


Tradução: Graça Salgueiro

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