domingo, 25 de outubro de 2009

Folha de S. Paulo: menos que verossímil

Mídia Sem Máscara

A Folha de S. Paulo contribuiu assim para injetar mais soporífero sobre seus leitores, que assim passaram a se tranqüilizar diante dessa suposta estabilidade institucional, que deixou de existir quando Lula assumiu. E os leitores esquerdistas e socialistas ficarão com a sensação que nada foi feito no rumo da socialização.

Um fato político relevante da semana foi a entrevista concedida pelo presidente Lula à Folha de S. Paulo, publicada na edição de ontem (22). Lula aparece sobriamente, representando melhor que nunca seu único personagem: ele mesmo. Falou de muitos assuntos, mas o que marcou na entrevista foi o seguinte trecho: "Qualquer um que ganhar as eleições, pode ser o maior xiita deste país ou o maior direitista, não conseguirá montar o governo fora da realidade política. Entre o que se quer e o que se pode fazer tem uma diferença do tamanho do oceano Atlântico. Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão".

No editorial da edição de hoje a Folha abordou o assunto (Menos que o possível), tratando o governo do PT como a coisa mais banal e como se Lula e sua turma tivessem se curvado ao que o editorialista chamou de "o que sempre existiu de mais arcaico e oligárquico na política brasileira". Ora, se algo há a elogiar no PT é o elogio à traição ao povo brasileiro. É seu realismo político que permitiu que fizesse tudo que queria para mudar o sistema jurídico brasileiro, o sistema de ensino, as relações internacionais, a invenção de cotas raciais, a política estatal pró-aborto, a instituição legal da compra de votos a troco de bolsa família. Os fundos de pensão das empresas estatais estão sendo usados para que o governo obtenha o completo controle das grandes empresas com ações em bolsa, ao lado do movimento de reestatização aberto, inclusive com recriações de dinossauros extintos, como a SUDENE. Seu apoio financeiro e político ao MST tem elevado dramaticamente a capacidade de ação da subversão desse grupo maoísta, que tem por objetivo acabar com a propriedade privada, especialmente nos campos. A multiplicação do funcionalismo público será talvez a herança mais desgraçada que Lula deixará.

Sem esquecer o apoio ostensivo a seus aliados do Foro de São Paulo, mais das vezes em prejuízo do patrimônio do povo brasileiro, como foi o caso da tomada militar das instalações da Petrobras (e subseqüente elevação dos preços do gás na Bolívia) e a revisão tarifária de Itaipu com o presidente eleito do Paraguai. Mais recentemente tivemos a desastrada atuação da diplomacia brasileira em Honduras, com uma novidadeira interferência do Brasil nos assuntos internos daquele país, prejudicando seriamente a normalização de sua vida institucional. E, para completar a guinada de 180 graus, o apoio ao presidente do Irã e sua ensandecida política nuclear militarista, concebida com o objetivo de destruir Israel. Também temos que lembrar que o tiranete Hugo Chávez só se manteve no poder por interferência direta do governo brasileiro, para a desgraça do povo daquele país.

O resumo de todas essas profundas mudanças tem sido que o Brasil emergirá, ao final de oito anos de Lula, como um país radicalmente diferente do que ele recebeu. As chamadas forças retrógradas serviram apenas para legitimar esse trabalho de formatação do Brasil ao socialismo, de difícil reversão. Mas o míope editorialista da Folha não enxerga assim. Escreveu:"A realidade política é o que é, repete o presidente Lula. Mas há uma diferença entre tentar mudá-la e contribuir para que continue como está. A política não é apenas 'a arte do possível', como dizia Fernando Henrique Cardoso -mas a arte de ampliar esses limites". É como se estivéssemos diante de um governo conservador, que em nada mexeu, que não moldou o ordenamento jurídico radicalmente, na direção do socialismo. A Folha de S. Paulo contribuiu assim para injetar mais soporífero sobre seus leitores, que assim passaram a se tranqüilizar diante dessa suposta estabilidade institucional, que deixou de existir quando Lula assumiu. E os leitores esquerdistas e socialistas ficarão com a sensação que nada foi feito no rumo da socialização.

É preciso desmascarar essas mentiras da Folha. Se fosse um jornal honesto diria o que está escrito acima, que os supostos patrimonialistas são também base de apoio para a ação de transformação social e política que tem feito o governo Lula. Gente como Sarney e seus aliados acovardaram-se diante da avalanche socialista. Somente em duas ocasiões derrotaram os petistas: quando da não aprovação da CPMF e da emenda de reeleição. Três míseros votos no Senado é que separam o Brasil de uma república bolivariana aberta. É o que impediu que o totalitarismo à moda venezuelana fosse aqui implantado. A exceção que confirma a regra.

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