quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Otimismo de araque

Mídia Sem Máscara

Trata-se de propaganda pura e simples, essas notícias de bonança. Os nossos atuais governantes são enfeitiçados por estatísticas econômicas otimistas e têm total controle do noticiário.

Nota do Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa, comentou que uma onda de otimismo econômico invadiu os jornais, em contraste com o pessimismo político. A mim me custa acreditar na espontaneidade dessas informações. Não se vê base real para otimismo e arrisco opinar que essas informações que nos chegam, como pesquisas e sondagens do ânimo empresarial, podem ser usadas para a mais deslavada propaganda política.

Eu prefiro olhar para indicadores frios e exatos, como a arrecadação federal de impostos e o problema do déficit da Previdência Social, em parte determinado pela míngua da receita, diretamente vinculada aos empregos formais e às vendas das empresas. Ótimo indicador, puro. O problema desses dois indicadores é que não são consistentes com a recuperação propagandeada, muito ao contrário.

Vale lembrar que a base de comparação do ano anterior ainda está no período pré-crise. Mesmo assim, não haverá tempo hábil no trimestre restante para inverter a tendência de forte queda dos indicadores citados.

Trata-se de propaganda pura e simples, essas notícias de bonança. Os nossos atuais governantes são enfeitiçados por estatísticas econômicas otimistas e têm total controle do noticiário. Uma ou duas pesquisas de sondagens direcionadas deram falso fundamento a uma onda de notícias enganosas. O mundo real está longe daqueles que Lula e o PT gostariam que estivesse. Em resumo, a tal recuperação não passa de grossa lorota.

A Folha de S. Paulo foi mais comedida, relegando a notícia às suas páginas internas do Caderno de Economia (Otimismo da indústria é o supera o pré-crise). Não confio nessa sondagem da CNI, que pode dar margem a qualquer interpretação e a Folha aqui comportou-se corretamente. Apenas deu o fato de press release. O Estadão, sempre melhor informado, dá manchete a uma suposta redução permanente de IPI na chamada linha branca de eletrodomésticos. Nas páginas internas do caderno de Economia, na sua condição de arauto das boas notícias do governo, informou: Indústria retoma projetos de expansão. Não satisfeito, alardeou: Confiança da indústria é a maior desde 2005. Vê-se que, quem quiser ficar desinformado, deve ler o Caderno de Economia do Estadão com muita credulidade. Mentem impiedosamente.

É como se os impostos federais não tivessem despencado, assim como a arrecadação de ICMS de importantes estados federados. Essa, sim, é a dura e crua realidade.

Caro leitor, não acredite nessas lorotas. Melhor ficar de olho no volume de arrecadação. Não tem como maquiar. Se caiu é porque a crise continua lá, onde sempre esteve, em crise.

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