quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O editorial é do Estadão ou da Caros Amigos?

Mídia Sem Máscara

O que pode explicar a vergonhosa atuação dos jornalistas brasileiros na cobertura das primárias republicanas nos EUA? Bruno Pontes analisa editorial do Estadão e a cobertura da Rede Globo.


Começou o processo de escolha do candidato republicano que enfrentará Barack Obama em novembro. As editorias internacionais da nossa imprensa já estão esculhambando o pessoal cafona dos Estados Unidos que não pensa igual ao pessoal bacana das redações aqui no Brasil, como fez o sujeito que escreveu o editorial do Estado de São Paulo de 10 de janeiro intitulado “Republicanos medievais”. Vejamos então como pensa o editorialista e sigamos o seu exemplo para não cometermos a gafe da defasagem intelectual:

“O equivalente político ao circo da Fórmula 1 - a prolongada sequência de eleições primárias em todos os Estados Unidos para a escolha dos candidatos à Casa Branca - prossegue hoje em New Hampshire. Será a segunda disputa entre a meia dúzia de aspirantes republicanos à cadeira do democrata Barack Obama, que buscará a reeleição em novembro deste ano. A corrida anterior, na semana passada em Iowa, teve um desfecho surpreendente: Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts, tido como moderado em comparação com os rivais, bateu por 8 votos (em cerca de 130 mil depositados) o fundamentalista evangélico Rick Santorum. Este ex-senador da Pensilvânia era até então mais conhecido por sua homofobia do que pelas chances de se tornar o presidenciável da legenda que já teve entre os seus eleitos um político da estatura de Abraham Lincoln”.

O termo “homofobia”, aplicado cada vez mais arbitrariamente pelos grupos militantes e seus ajudantes na mídia, abarca qualquer opinião contrária às diretrizes da agenda gay, incluindo a destruição do casamento como a humanidade sempre o considerou: um homem e uma mulher se unem para formar uma família. Rick Santorum acredita que casamento é isso, fala e age politicamente em defesa disso, e também fala e age politicamente contra o gayzismo nas escolas e nas Forças Armadas, que a esquerda favorece e patrocina. Ele está em desacordo com a ética progressista, para o desgosto do editorialista, que certamente é moderno, tolerante e portanto intolerante a qualquer opinião que não tenha o selo de aprovação do lobby gay.

“A ascensão de Santorum, que dificilmente se confirmará no Estado de New Hampshire - conhecido por suas características seculares -, mas poderá ser ratificada na Carolina do Sul, evidencia ainda uma vez a captura do Partido Republicano pelo que há de mais extremado, intolerante e obscurantista na mentalidade americana. Na Baixa Idade Média em que o partido mergulhou, o conservadorismo fiscal, com a defesa do livre mercado e a limitação do papel do Estado - suas defensáveis bandeiras tradicionais - foram ultrapassados pelo conservadorismo moral, na área dos costumes. Numa visão brasileira, pode-se dizer que, em relação à esfera privada, um político como o deputado Severino Cavalcanti parece um liberal perto dos pré-candidatos republicanos”.

Esses republicanos são muito inconvenientes. Em vez de falar só de economia e administração, ficam contestando a esquerda no campo dos valores, numa lamentável demonstração de moralismo obscurantista. Diz algo sobre os esquerdistas o fato de eles não se sentirem confortáveis com o debate livre sobre suas bandeiras mais caras, que eles, habitantes do mundo da fantasia, imaginam ser consensuais.

“O partido não é apenas contra aumento de impostos e a favor de cortes cirúrgicos nos gastos sociais a pretexto da recuperação das contas públicas - embora tenha sido um dos seus, o então presidente George W. Bush, quem deixou um rombo estratosférico nas finanças nacionais. Os republicanos também se recusam a acreditar no aquecimento global, defendem o comércio irrestrito de armas de fogo, querem expulsar os 12 milhões de imigrantes ilegais que se acredita existir nos EUA e se mobilizaram para impedir, na Justiça, a vigência do sistema de saúde proposto por Obama, que obriga todo americano a ter um seguro - indiferentes ao fato de que esse projeto nasceu como alternativa conservadora àquele que a então primeira-dama Hillary Clinton tentou emplacar em meados dos anos 1990. Só não são indiferentes ao fato de que, como governador, o correligionário Mitt Romney precedeu Obama ao adotar um sistema de saúde - que Romney se viu obrigado a renegar”.

Agora a mentalidade atrasada desses republicanos ficou mais que evidente: eles se recusam a acreditar numa verdade cuja prova de veracidade nunca apareceu, mas que a mídia estabeleceu como verdade assim mesmo. Como é que pode haver gente que não se curva à autoridade de políticos, ongueiros, artistas de Hollywood e cientistas da ONU? E gente que ainda não entendeu que o direito de defender a própria vida e a propriedade deve ser submetido ao governo? Ponha a mão na consciência e responda: essa gente merece viver no século XXI?

Nosso amigo do Estadão também considera absurdo um país exigir dos imigrantes o cumprimento da lei local. Querer expulsar pessoas só porque elas estão fora da lei do país que as sustenta com o dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos e imigrantes legalizados, convenhamos, tem cheiro de intolerância.

Quanto ao Obamacare, dizer que ele “obriga” todo americano a ter seguro já explica a oposição dos conservadores: Obama quer forçar os americanos a entregar sua saúde a um gigantesco sistema centralizado no governo federal no qual decisões relativas ao bem-estar do cidadão serão tomadas não por médicos e pacientes, mas por uma rede infindável de burocratas, que não terão a mesma pressa que teriam se fossem eles próprios os doentes, a um custo de não sei quantos bilhões ou trilhões de dólares.

“Mas o que eles abominam acima de tudo é o direito ao aborto, sejam quais forem as circunstâncias, e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. (...) A ironia é que, furiosos antiestatistas, os demais candidatos não se vexam de pregar o intervencionismo do Estado para proibir o aborto e banir o casamento homossexual. Para Rick Santorum, a estrela da prévia de Iowa, isso ainda é pouco. Ele gostaria de revogar o decreto de Obama que autorizou a presença de gays nas Forças Armadas, tornar crime as relações homossexuais - e proibir a venda da pílula e outros contraceptivos”.

Não há ironia em defender a ação do Estado contra o aborto quando os defensores da intervenção entendem que aborto é assassinato. A mesma coisa com o casamento gay: os conservadores o consideram uma ameaça não só ao futuro dos Estados Unidos mas ao de toda a humanidade, por submetê-la na base a uma transformação cujas conseqüências são no mínimo incertas.

Obama não “autorizou” a presença de gays nas Forças Armadas. O que ele fez foi revogar a política do “Don´t Ask Don´t Tell” (não pergunte, não conte), instituída pelo presidente Bill Clinton, que proibia a entrada nas Forças Armadas de indivíduos abertamente homossexuais e a punição a soldados homossexuais que não se expusessem como tais. Para Obama, essa exigência de decoro ainda é uma imposição cruel, e agora os homens que protegem os Estados Unidos no campo de batalha devem conviver com indivíduos que manifestamente sentem desejo sexual por eles. Num debate recente, Rick Santorum chamou a anulação do “Don´t Ask Don´t Tell” de “experimentação social trágica” com as Forças Armadas e disse que, eleito presidente, restauraria essa política.

Esses e outros são os fatos que movem a batalha entre progressistas e conservadores americanos em qualquer tempo e sobretudo durante uma eleição presidencial. Para o editorialista do Estadão, a coisa se resume a uma disputa entre os modernos, que podem fazer o que quiser, e os medievais, que poderiam dar um exemplo de tolerância e sair de cena.

N. do E.: Abaixo, Bruno Pontes comenta a cobertura da Rede Globo das primárias do Partido Republicano, em artigo publicado no jornal O Estado.


“Um tom radical, de direita mesmo.”

Começou o processo de escolha do candidato republicano que enfrentará Barack Obama em novembro. Significa que o Comitê do Partido Democrata para o Brasil (vulgo “escritório da Globo nos Estados Unidos”) tem pela frente grandes oportunidades para desinformar os seus telespectadores e fazê-los acreditar que os direitistas americanos são um bando de idiotas.

Não deixa de ser um avanço. Um ano atrás, os correspondentes da Globo, altamente capacitados no ofício de ler o esquerdista New York Times e repetir a coisa para o público brasileiro, estavam insinuando que certos direitistas lá, além de serem idiotas, incitam o assassinato de adversários políticos. Vocês devem se lembrar da deputada baleada na cabeça por um transtornado mental no estacionamento de um mercantil no Arizona.

Gabrielle Giffords é deputada pelo Partido Democrata. Com base nisso, seus correligionários na imprensa elucidaram o caso em menos de vinte minutos: ela foi vítima de um atentado tramado pela venenosa Sarah Palin, alçada ao posto de líder de um grupo de extremistas determinados a derrubar o governo do santo Obama, a quem se opõem por puro racismo.

O Jornal Nacional foi logo reproduzindo: “Muita gente está acusando o grupo extremamente conservador Tea Party, da ex-candidata a vice-presidente Sarah Palin, por incitar o confronto com os democratas”, comunicou o apresentador. Não foi informado quem era essa “muita gente”. Algumas horas depois, no Jornal da Globo, o correspondente Rodrigo Bocardi reiterou que “o Tea Party, liderado por Sarah Palin, é formado por conservadores extremos”.

É norma da redação: tudo que envolva a direita deve vir acompanhado de adjetivos como "extremista", "radical" e sobretudo "ultraconservador" (este último sempre enfatizado pelos locutores). Já a esquerda nunca leva adjetivo nenhum. Ela nem mesmo é identificada como tal. Na cabeça dos jornalistas, ser de esquerda é apenas ser normal.

Pois bem. Fui ouvir o que a Globo News está falando sobre as primárias republicanas. No Jornal das Dez, um dos apresentadores, ao chamar a correspondente, disse que os candidatos adotam “um tom radical, de direita mesmo” (portanto, não ser de esquerda já é radicalismo). A correspondente, Sandra Coutinho, concordou e ilustrou com uma informação apresentada em discreto tom de reprovação: Rick Perry, governador do Texas, “andou dizendo que a teoria da evolução é só uma teoria, e também disse que não acredita nessa história de aquecimento global”. Bem que me avisaram, esses conservadores são uns imbecis mesmo! Como ousam questionar duas verdades cujas provas de veracidade ainda não apareceram?


Bruno Pontes é jornalista.

A mulher na Idade Média

Mídia Sem Máscara

Escrito por Orlando Braga | 18 Janeiro 2012
Artigos - Cultura

“Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque sois todos um só em Jesus Cristo.”
S. Paulo, Carta aos Gálatas, 3, 28


A Idade Média tem sido muito maltratada pelos ideólogos e pela política contemporâneos. Vivemos em um tempo estranho, em uma cultura em que a mulher-objecto é considerada mais livre e feliz do que a mulher medieval. Obviamente que falamos aqui de Ética e do Direito — ou seja, de valores humanos —, e não propriamente da técnica ou da ciência; de resto, a ciência e a técnica não têm voz activa e determinante na definição da ética e da dignidade humana.

Primeiro, com o Renascimento (o surgimento da proto-burguesia mercantil), e depois a partir do fim do século XVI com os teóricos do Estado moderno, o Direito Romano voltou em força à estrutura do Direito europeu — a estrutura e os princípios do Direito Romano beneficiavam claramente a classe mercantil ou proto-burguesa. Os estatutos do homem e da mulher afastaram-se, então, um do outro; existiu, de facto, um nexo causal claro entre a reentrada do Direito Romano na Europa e a perda de poder da mulher na sociedade.

Não significa isto que o Direito Romano tivesse desaparecido totalmente do edifício jurídico medieval, mas tinha sido obnubilado pelo Direito Canónico da Igreja Católica Apostólica Romana. E com o Renascimento, em primeiro lugar, e depois com os teóricos do Estado moderno, o estatuto da mulher na sociedade europeia foi penalizado; aconteceu, de facto, um retrocesso. E foi por isso que, com o surgimento do Direito Positivo a partir de fins do século XIX, passou a confundir-se o estatuto da mulher na Idade Média com o da Idade Moderna.

A partir de finais do século XIX e princípio do século XX, e com o advento da positividade do Direito (Neopositivismo, Círculo de Viena), a influência do Direito Romano na estrutura do Direito europeu passou paulatina e novamente, por assim dizer, para um plano secundário, e advém deste facto a sensação de maior liberdade e independência da mulher. O Direito passou, em crescendo, a adequar a norma ao facto, devido à ausência de uma sólida fundamentação ética das normas, tal como tinha acontecido no passado. O Direito Positivo afastou-se da infra-estrutura do Direito Romano, por um lado, e do suporte ético cristão e católico, por outro lado, e passou a reger-se pelas ideologias políticas predominantes em cada época.

Há mesmo medievalistas (por exemplo, Umberto Eco) que dizem que, na Idade Média, as mulheres, em termos gerais, (por exemplo, nos conventos) praticavam mais a leitura do que os homens. A influência da mulher na sociedade medieval era não só enorme, mas essencialmente era decisiva e positiva. Hoje, a mulher tem também uma enorme influência na sociedade mas nem sempre pelas melhores razões.

Quando, hoje, alguns “intelectuais” e “escritores” dizem, por exemplo, que o estatuto da mulher muçulmana actual é equivalente ou semelhante ao estatuto da mulher europeia medieval, estão a dizer uma barbaridade. Esta comparação não tem qualquer fundamentação na realidade. E quando se diz que, do ponto de vista existencial (existência, vida, valores, ética), a mulher actual é mais livre e feliz do que a mulher medieval, comete-se um erro de falta de perspectiva histórica, porque de facto essa afirmação não corresponde à verdade.




http://espectivas.wordpress.com/

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O Sul no Norte

Mídia Sem Máscara

Desníveis econômicos entre nações não podem, por si, ser causa de conflitos políticos ou de guerras sem que uma longa e complexa manobra estratégica e propagandística os converta nisso.


Se você quer saber qual será a política de amanhã, leia as publicações acadêmicas de hoje: nada se grita nas praças que antes não se tenha sussurrado em sala de aula, longe das atenções dos "analistas políticos" da mídia, sempre os últimos a saber. O prazo de maturação em que as ideias dos professores se transformam em moda política é de uns vinte e cinco ou trinta anos, o tempo de uma troca de gerações.

Decorridos alguns meses do desmantelamento da URSS, um amigo meu, militar de alta patente, veio entusiasmado me mostrar uns trabalhos publicados em revistas de estudos estratégicos, que falavam de uma nova divisão geopolítica do mundo: em vez do conflito Leste-Oeste entre regimes comunistas e capitalistas, tínhamos então a disputa Norte-Sul entre países ricos e países pobres.

Em linguagem popularizada, dramatizada em slogans e chavões de fácil repetição, a tese ressurge agora pela boca de dois entre os mais notórios garotos-propaganda do esquerdismo internacional: o escritor uruguaio Eduardo Galeano e o deputado suíço Jean Ziegler (v. http://www.youtube.com/watch?v=MyxO-gL_ZnM). Falta só um pouquinho, portanto, para que a guerra Norte-Sul se consolide como verdade de evangelho, repetida em todos os jornais e botequins do universo pela "parcela mais esclarecida da população". No entanto, a teoria não se tornou nem um pouquinho melhor nesse ínterim. Ao contrário, a falsidade e a má intenção que a inspiravam no começo tornaram-se ainda mais patentes.

Não preciso, por isso, senão repetir aqui o que naqueles dias remotos expliquei ao meu estupefato amigo. Primeiro: desníveis econômicos entre nações não podem, por si, ser causa de conflitos políticos ou de guerras sem que uma longa e complexa manobra estratégica e propagandística os converta nisso. Mas mesmo neste caso não se pode dizer que a pobreza seja a "causa" da disputa: a causa verdadeira é a ação política deliberada que a usou eficazmente como pretexto. E notem que não é do dia para a noite que se infunde na cabeça de um povo empobrecido por oligarquias ociosas e corruptas a ideia de que todos os seus males vêm do estrangeiro. Segundo: política e guerra custam muito dinheiro, especialmente numa era de tecnologia avançada, e nenhuma nação pobre se arriscaria a enfrentar os vizinhos mais prósperos, nem mesmo no campo puramente político-diplomático, se não tivesse por trás um amigo rico e poderoso a instigá-la e financiá-la para isso. Mas neste caso o verdadeiro agente não seria a nação pobre e sim o aliado rico, empenhado em bater com mão alugada.

Era exatamente a situação que se havia observado nas guerras da Coreia e do Vietnã, onde os americanos não se batiam contra tropas locais esfarrapadas, mas contra o bloco comunista inteiro que as movia como peças de xadrez. Havia também a possibilidade de tratar-se de uma falsa nação pobre, isto é, uma nação rica com povo pobre, cujas oligarquias exploradoras tentassem aliviar conflitos internos canalizando o ódio popular contra bodes expiatórios estrangeiros, tal como faz hoje o Irã. Mas mesmo neste caso o dedo do aliado rico estaria lá, orientando e dirigindo tudo mais ou menos discretamente. Terceiro: a teoria original de Marx enfocava a luta de classes na escala das nações individuais, cada uma com sua burguesia e seu proletariado supostamente em antagonismo perpétuo. Mas já na década de 30 Josef Stálin lançou a ideia de enfocar os conflitos internacionais, reais ou possíveis, como lutas de classes, as nações pobres no papel de "proletariado", as ricas no de "burguesia". Com a ajuda de centenas de milhares de agentes espalhados pelo mundo, e com aquela desenvoltura que os comunistas têm de tomar figuras de linguagem como se fossem descrições científicas da realidade, logo a ideia se universalizou sob a forma do "terceiromundismo". Na época, só gente muito burra ignorava que as nações pobres alegadamente neutras, mas dedicadas a uma política antiocidental sistemática, eram manipuladas pelo bloco comunista.

Sabendo-se que a queda da URSS não modificou substancialmente o esquema de poder na Rússia nem atenuou em nada a ação do movimento comunista internacional, a teoria Norte-Sul não passava em 1990, como não passa hoje, de uma reedição melhorada do "terceiromundismo" stalinista, a ser acionada em condições estratégicas mais que favoráveis. De um lado, o triunfalismo ocidental empenhado em celebrar afoitamente a "vitória na guerra fria" encobriu sob um manto de confortável invisibilidade a ação comunista internacional, dando-lhe o descanso necessário para se rearticular em novo formato (que já expliquei em inúmeros artigos, por exemplo http://www.olavodecarvalho.org/semana/030309zh.htm, http://www.olavodecarvalho.org/semana/110718dc.html e http://www.olavodecarvalho.org/semana/060724dc.html) e reaparecer no mundo com identidade trocada, sem um centro de comando aparente e dispensada, portanto, de arcar com qualquer responsabilidade histórica pelos crimes da URSS e da China. De outro lado, o processo mesmo da "globalização" e o fortalecimento inaudito dos organismos internacionais como núcleos de um governo mundial em formação determinaram claramente o desmantelamento da indústria norte-americana, a transformação maciça da imigração forçada em arma de dissolução das soberanias nacionais no Ocidente, o desgaste dos EUA e da Europa em sucessivas crises econômicas e a emergência da China como potência concorrente ameaçadora. Que momento melhor haveria para um ataque geral ao Ocidente sob o pretexto de guerra dos pobres contra os ricos, do "Sul" contra "o Norte"? Quem, numa hora dessas, se lembrará de observar que os agentes principais do processo – Rússia, China, Irã – ficam no Norte?





Publicado no Diário do Comércio.

Muçulmanos: líderes mundiais em perseguição aos cristãos

Mídia Sem Máscara

9 dos 10 piores países agressores seguem leis islâmicas.

O relatório também aponta que na Coréia do Norte, a população cristã, entre 200 e 400 mil, continua na completa clandestinidade, enquanto que outros 50 a 70 mil estão em “terríveis campos de trabalhos forçados”.

Nove das 10 nações que mais perseguem cristãos seguem principalmente a lei islâmica, e a “Primavera Árabe” que percorre partes do norte da África gerou um surto de repressão, de acordo com relatório publicado pela organização Open Doors (Portas Abertas).

O país restante da lista dos 10 é a Coréia do Norte, liderada por um regime comunista fanático que considerava os seus dois antigos líderes como deuses.

Os 10 classificados pelo relatório este ano são, na ordem, Coréia do Norte, Afeganistão, Arábia Saudita, Somália, Irã, Maldivas, Uzbequistão, Iêmen, Iraque e Paquistão.

Segundo o relatório, chamado World Watch List, os maiores avanços na perseguição de cristãos vieram de dois países africanos no calor da “Primavera Árabe”. O Sudão subiu da posição 35 para 16, e a Nigéria subiu de 23 para o 13.

Os resultados do relatório, de acordo com o presidente do escritório americano da Open Doors, Carl Moeller, podem ser atribuídos ao extremismo islâmico.

Moeller afirma que: “De acordo com nossa pesquisa, a tendência está na Nigéria, no Sudão, por toda aquela região da África, onde o extremismo do norte pretende pressionar os cristãos e animistas do sul. Estamos vendo muita violência, e a Nigéria é um grande exemplo disso. O sul do país é praticamente todo cristão, evangélico, pentecostal, bastante vigorosos no seu cristianismo”.

Moeller diz ainda que o norte do país é completamente diferente.

O norte é dominado politica e religiosamente por elementos extremistas caracterizados pelo grupo radical Boko haram”.

Esse nome, que vem de uma região da Nigéria que viu aumentar a violência anticristã, significa "a educação ocidental é um pecado”.

A rejeição ao Ocidente parece total para os membros desse grupo, segundo Moeller.

O Boko Haram, em pleno Natal, bombardeou cinco igrejas na Nigéria, e há poucos dias explodiu bombas na cidade de Kano, onde diversas áreas estão em estado de emergência”, acrescenta.

Moeller acredita que a maioria dos muçulmanos não aspira à violência.

Há um grande debate dentro do próprio islã. Ainda há vários estudos abrangentes que indicam que a grande maioria dos muçulmanos não possuem perspectivas violentas. Isso ocorre no Ocidente e em todos os outros lugares. Milhões de muçulmanos são capazes de viver em paz com seus vizinhos de outras religiões pelo mundo” observa Moeller.

No entanto, o problema é quem parece estar guiando o movimento.

A forma como as ideias muçulmanas são propagadas pelo mundo está em sua maioria nas mãos dos extremistas. São eles que clamam fidelidade aos ensinamentos de Maomé e do Corão. Ao fazer isso, eles se posicionam como verdadeiros crentes do islã, e isso é um forte argumento para aqueles que querem ser fieis à sua herança religiosa”, afirma Moeller.

O extremismo está crescendo como uma proporção do islã mundial.

Estamos vendo a natureza dos atos de violência se tornando mais extremos e mais difundidos. Há uma ou duas décadas atrás, ela era bastante limitada a homens-bomba no centro do Oriente Médio, da Palestina e alguns outros lugares. Hoje estamos vendo ataques de homens-bomba na Ásia, na Indonésia, na África, na Nigéria, por todo o mundo, e isso é preocupante para todos os cristãos que vivem nesses países”, afirma Moeller.

Embora concorde com os números da perseguição, a editora do site Atlas Shrugs questiona a questão do extremismo.

O que o Dr. Moeller chama, na melhor das intenções, de ‘extremismo’ é na verdade o comportamento islâmico predominante”, afirma Geller.

Ele é sancionado, e mesmo estimulado pelo Corão e por Maomé. Os ‘extremistas’ são na verdade os muçulmanos que ousam ser pacíficos”, afirma.

Moeller diz que há uma tendência visível que se segue a um aumento da população muçulmana de qualquer país.

Vemos claramente que em lugares onde a educação islâmica é dominante, o extremismo tende a ser mais popular. Podemos ver as revoluções que aconteceram no ano passado como um exemplo disso. Derrubar um ditador é maravilhoso, e como americanos na nossa liberdade, ecoamos isso. A grande questão no momento é pelo que esses ditadores estão sendo substituídos, pois parece que o islamismo radical está saindo na vantagem em todas as eleições e em todas as novas formações de governo que estão acontecendo no norte da África. O Egito, por exemplo, pode em breve estar sob controle da Irmandade Islâmica, uma organização cujo propósito é criar um califado mundial, uma sociedade muçulmana. Em 2012, talvez vejamos uma transição para o extremismo apoiado pelo governo, e isso também é preocupante”, afirma Moeller.

Jonathan Racho, do International Christian Concern, uma organização cristã de direitos humanos, diz que concorda com as conclusões do relatório sobre o aumento da perseguição.

Como se pode ver no relatório, a perseguição de cristãos acontece em sua maioria nos países islâmicos”, afirma. “A perseguição de cristãos está piorando, e o mundo precisa estar atento a esse problema”.

Os países de 11 a 20 na classificação são Eritréia, Laos, Nigéria, Mauritânia, Egito, Sudão, Butão, Turcomenistão, Vietnã e Chechênia, também dominados por interesses muçulmanos.

Os “aliados” dos EUA que estão entre os 50 países que mais perseguem cristãos são China, Kuwait, Turquia e Índia.

O relatório aponta que na Coréia do Norte, a população cristã, entre 200 e 400 mil, continua na completa clandestinidade, enquanto que outros 50 a 70 mil estão em “terríveis campos de trabalhos forçados”.

Segundo Moeller, “Como a morte de Kim Jong-il no mês passado e a sucessão do seu filho Kim Jong-Un irão afetar a condição dos cristãos na Coréia do Norte é difícil de determinar ainda tão cedo. Certamente a situação para os crentes continua perigosa.

Ser um cristão árabe ou praticar o cristianismo secretamente em um país dominado pelo islamismo é um desafio enorme. Os cristãos geralmente são perseguidos por extremistas, pelo governo, pela comunidade e até pelas próprias famílias. Como reflete o relatório World Watch List publicado este ano, a perseguição de cristãos nesses países muçulmanos continua a crescer. Embora muitos tivessem achado que a Primavera Árabe traria mais liberdade, incluindo a liberdade religiosa para as minorias, é certo que isso ainda não foi o caso”.

O relatório afirma que mais de 300 cristãos foram mortos por sua fé na Nigéria no ano passado, embora se acredite que o número real seja o dobro ou o triplo disso.

Ele afirma ainda que a China possui a maior igreja perseguida, com 80 milhões de membros, mas sua posição caiu dos principais 20 este ano para a posição 21. No ano passado o país estava em 16. Isso se deve em grande parte ao fato de os pastores de igrejas domésticas terem aprendido a brincar de “gato e rato” com o governo.

A lista é baseada em um questionário desenvolvido pela Open Doors para medir o grau de perseguição em mais de 60 países. Os questionários são preenchidos pela equipe da Open Doors atuando nos países, e então cruzados com a ajuda de especialistas independentes para chegar a uma pontuação numérica por país. Os países então são classificados de acordo com a pontuação.


Tradução: Luis Gustavo Gentil

Original: Muslims global leaders in persecuting christians

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