sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O que seria de nós sem esse maldito capitalismo?

por João Luiz Mauad em 30 de novembro de 2007

Resumo: Quase ninguém pára e pensa que a poupança de gerações pode virar pó, da noite para o dia, bastando para isso um breve cochilo ou a interferência nociva da mão pesada dos governos. A maioria só costuma olhar, com grande inveja, para a riqueza e o fausto de uns poucos privilegiados.

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Aproveitei o feriado prolongado e saí, no sábado, para um programa pouco usual, pelo menos para mim. Precisava comprar um par de tênis para as corridas diárias (nem tão diárias assim), além de estar devendo à minha mulher uma ida ao cinema. Estava na hora, portanto, de enfrentar as agruras de um shopping. Para quem é avesso a tumultos e burburinhos, um shopping lotado, sábado a tarde, pode ser um martírio dos grandes. Por isso, aquele fim de semana parecia perfeito, já que a cidade estaria vazia e deveria haver muito menos gente que o normal.

A primeira parada foi no cinema. Um enorme complexo, com quase vinte salas, modernas e confortabilíssimas, som e imagem perfeitos. O ingresso foi caro, já que o bobalhão aqui está entre aqueles que financiam a benemerência dos políticos com idosos e estudantes, além da contumaz malandragem dos falsários. Esse, aliás, é um dos motivos que me afastaram dos cinemas, afinal, como todo mundo, também não gosto de fazer o papel de otário. Porém, como muito bem lembrou minha mulher, eu não estava ali para aporrinhações, mas para me divertir. E valeu a pena, pois o filme – Tropa de Elite – era realmente muito bom e duas cenas, sozinhas!, já valeriam o preço do ingresso.

Depois do filme, uma parada para um chopinho gelado. O quiosque ficava bem em frente à saída do cinema, num ponto estratégico, cujo aluguel deve custar uma fortuna. O sujeito sai do cinema, com sede, e é quase impossível resistir à visão daquele letreiro luminoso. O serviço, porém, era muito ruim. O garçom demorou “uma eternidade” para nos atender e o chope veio meio choco. Desse jeito, pensei cá com os meus botões, esses caras não vão durar muito tempo neste local. Saímos dali correndo, já que um pouco mais adiante havia outra choperia.

Desta vez, não houve erro e degustamos alguns deliciosos chopes gelados, cremosos, com espuma no ponto certo, sem falar no atendimento cordial e eficiente. “Eis aí uma das grandes vantagens do regime de concorrência” – comentei. “Caso não goste de um produto ou serviço, o consumidor é livre para buscar outro fornecedor. A fuga dos clientes é, aliás, a maior punição que empresários ineficientes podem receber, muito mais efetivas e dolorosas do que qualquer multa prevista nos famigerados códigos de defesa do consumidor”.

A terceira parada foi numa loja de tênis. Confesso que, atualmente, as opções são tantas que torna-se difícil a escolha. Haviam centenas de pares ali expostos, nas cores e modelos os mais variados possíveis. Os preços, novamente, eram salgados, porém, se lembrarmos que perto de 50% do preço são tributos, não dá para crucificar o comerciante. Escolhi, inicialmente, três modelos para experimentar. Não gostei de nenhum deles e pedi ao atendente para ver outros dois. Ele sorriu e correu para apanhá-los. Enquanto esperava, comentei com minha mulher sobre o fato de o funcionário haver permanecido cordial e solícito, ainda que eu fosse um cliente muito chato e indeciso. Já ia começar mais um daqueles discursos sobre a soberania do consumidor no capitalismo, ou como os interesses individuais daquele vendedor estão atrelados à minha satisfação, quando (para sorte dela) o rapaz retornou.

Enquanto esperava na fila do caixa, minha veia de administrador raciocinava sobre o destino do dinheiro que eu deixaria ali. Uma parcela seria destinada a pagar os salários do atendente, do balconista, dos funcionários administrativos. Outra parte serviria para o aluguel das instalações, para os impostos, taxas, emolumentos e comissões. Um bom pedaço proporcionaria a reposição do estoque, que envolve custos de transporte, armazenagem, mais impostos, etc. A última porção, provavelmente a menor de todas, seria contabilizada como lucro e, mesmo assim, apenas depois de pagos todos os demais custos e despesas inerentes ao negócio.

Eis um lado da moeda - pensei - que muita gente ignora ou sequer pensa a respeito. A maioria entra numa loja dessas, examina as mercadorias expostas, não raro aluga o tempo dos funcionários e, no fim, vai embora sem comprar nada. Faz parte do negócio. Cabe a nós, e somente a nós, consumidores, decidir, voluntária e espontaneamente, se iremos trocar o dinheiro que trazemos no bolso por algum produto ou não. Ninguém pode nos forçar a nada. Se eu, por exemplo, depois de ter experimentado todos aqueles pares de tênis, resolvesse finalmente que nenhum deles me agradou, não haveria qualquer penalidade por isso.

Um pensamento puxa o outro e comecei a imaginar quanto os donos daquela loja teriam investido em instalações, estoques, treinamento, etc., sem que tivessem qualquer garantia de que eu, um dia, entraria ali, disposto a trocar o meu dinheiro por um dos produtos da vitrine. Ou, indo um pouco mais à frente, que outros milhares de consumidores fossem adentrar, mensalmente, aquele estabelecimento para comprar suas mercadorias, na quantidade e velocidade necessárias para que o negócio se tornasse lucrativo.

Concluí que foram necessários alguns milhões de reais. Investidos, repito, sem qualquer garantia de retorno. E então, pensei, o que faz a loja com os eventuais lucros, depois de pagar todas as despesas? Provavelmente, reinveste a maior parte deles no próprio negócio. Porém, por que deveriam os donos daquela empresa repor aquele par de tênis que eu acabara de comprar ou investir na ampliação do negócio? Competição. Se quiserem permanecer no negócio, têm que ofertar sempre o que houver de mais moderno no mercado, a um preço sempre mais barato, sob o risco de serem engolidos pela concorrência. Tudo isso sem qualquer garantia de que amanhã as vendas não caiam, que os clientes descubram um concorrente melhor e mais em conta.

Pensando bem, não é nada fácil a vida dos capitalistas. E, no entanto, esses caras são, freqüentemente, pelo menos em Pindorama, os sujeitos menos quistos da paróquia. Ninguém pensa em quantos empreendedores “quebram a cara” todo santo dia, pelos mais variados motivos, e que somente uma minoria consegue vencer os percalços e estabelecer-se. Ou que os grandes e odiados magnatas são pessoas cuja renda provém, na maioria das vezes, do empenho para satisfazer o consumidor e dos riscos inerentes à sua atividade. Quase ninguém pára e pensa que a poupança de gerações pode virar pó, da noite para o dia, bastando para isso um breve cochilo ou a interferência nociva da mão pesada dos governos. A maioria só costuma olhar, com grande inveja, para a riqueza e o fausto de uns poucos privilegiados.

Paguei pelo tênis que comprara e despedi-me do solícito vendedor com um “muito obrigado”. A resposta dele não foi outra: “muito obrigado, senhor”. Já notou, estimado leitor, como essa costuma ser a despedida padrão, sempre que acabamos de comprar alguma coisa? E, pensando bem, o duplo “obrigado” faz todo sentido. Encerrava-se ali uma transação que foi benéfica para todo mundo. Eu disse “obrigado” porque acabara de adquirir algo que valia, para mim, mais do que o dinheiro que dei em troca. Por outro lado, o vendedor agradeceu por si - já que certamente acabara de embolsar uma comissão - e pelos donos da loja, que fizeram uma troca também lucrativa. No fim, todo mundo saiu ganhando.

Já era noite, quando saímos do shopping em busca de um bom lugar para jantar. Para nosso azar, no entanto, encontramos pela frente um enorme engarrafamento, causado por um sinal (semáforo) apagado. Perdemos ali quase uma hora, graças à incompetência e ao descaso do serviço público, pois, além do problema elétrico – provavelmente causada por falha de manutenção -, não havia no local um único guarda de trânsito para colocar alguma ordem naquele tumulto.

“É notável como os serviços públicos, os únicos que pagamos não por opção, mas pela mais absoluta coação, são exatamente aqueles que mais deixam a desejar” - esbravejei, já de mau humor, depois de conseguir ultrapassar o tal semáforo queimado. “Dá só uma olhada nesse asfalto, todo esburacado. Assim não há suspensão que agüente! Em compensação, olhe quantos radares para multar o excesso de velocidade. Quando é para multar, os caras não economizam. Ainda bem que não dependo da prefeitura para conseguir meus sapatos, pois fatalmente estaria andando descalço...”.

Minha mulher, que conhece há bastante tempo o marido irascível que tem, especialmente quando é vítima da inépcia dos governos, esperou que eu acabasse aquele longo discurso anárquico para propor que, ao invés de jantarmos fora, pedíssemos algo para comer em casa, com o que concordei de imediato.

Pedimos, então, comida chinesa pelo “delivery” habitual, mais próximo de casa. Meia hora depois, embora já estivesse chovendo naquele momento, um motoqueiro batia em nossa porta, trazendo consigo dois suculentos lombos empanados com molho agridoce, que, além de deliciosos, trouxeram o meu bom humor de volta. Enquanto preenchia o cheque para pagar ao solícito e eficiente entregador, por algum motivo lembrei da famosa sentença de Adam Smith:

“Não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que devemos esperar que saia o nosso jantar, mas sim do empenho deles em promover os seus próprios [e legítimos] interesses”.

Sábias palavras!

Notalatina

Thursday, November 29, 2007

Na edição de ontem o Notalatina demonstrou, através dos vários e sucessivos episódios, que o ditador Chávez está em surto psicótico agudo e quanto mais tenta sair do atoleiro em que se meteu – voluntariamente – mais afunda e é tragado pela areia movediça. Sua perseguição (e paranóia de que o estão perseguindo e planejando um magnicídio) aos que se lhe opõem perdeu completamente o freio, a ponto de um articulista ter sugerido que o pusessem numa jaula. É o que deve ser feito com urgência, penso eu.

Não tem escapado ninguém de sua metralhadora giratória. Ontem sobrou para a emissora de televisão CNN em Espanhol, por uma falha técnica ocorrida durante o programa “Encuentros”, do âncora Daniel Viotto. Ele relatava o assassinato de um jovem jogador de futebol americano, Sean Taylor, mas os técnicos puseram as imagens de Uribe e Chávez, quando o repórter fazia a pergunta: “quem o matou?”. O erro foi corrigido imediatamente – eu vi a falha, pois costumo assistir o programa – com o pedido de desculpas de Viotto, informando que as imagens haviam sido trocadas.

Tomado de ira, mesmo depois de a CNN ter-se desculpado pela falha, Chávez criou o maior alvoroço dizendo que aquilo fora uma “instigação ao magnicídio por parte de um canal de direita do fascismo” e que “começou a operação de guerra psicológica da qual faz parte e desinformação da CNN”. Acrescentou ainda: “Peço à Procuradoria que comece a estudar a possiblidade de processar a CNN por instigação ao magnicídio na Venezuela. Eles terão que explicar por que puseram durante 7 segundos meu rosto e ‘quem o matou?’ perante o mundo”.

Na sua loucura, Chávez acredita piamente que pode subjugar o mundo inteiro aos seus caprichos de menino sem educação e voluntarioso. Dias atrás ele havia agredido verbalmente padres e bispos da Conferência Episcopal Venezuelana - que é o oposto da nossa CNBB, pois segue as normas do Vaticano e os fundamentos da verdadeira Igreja e Cristo. Através da presidenta do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, acordou-se aceitar a denúncia interposta pelo bloco do “Sim”, ou seja, das milícias chavistas, contra a Conferência Episcopal Venezuelana à qual será processada administrativamente e proibida a difusão pela Globovisión de um vídeo pelo “Não”.

Dona Tibisay fez referência a “uns grupinhos que têm uma capanhazinha de rumorezinhos (assim mesmo, cheio de diminutivos), que vão construindo os argumentos que necessitam para desconhecer os resultados eleitorais” e pede aos dois blocos que encerrem as campanhas com “o cárater pacífico no qual se desenvolveu a campanha até agora”. Comunista mente por dever de ofiício mas esta fulana abusa da dissonância cognitiva, provado aqui neste blog, através das fotos dos estudantes torturados, além dos inúmeros vídeos que apresentamos desde o começo desta cobertura.

Ora, dona Tibisay, tenha vergonha nessa sua cara, deixe de ser cínica e veja que papel ridículo a senhora está fazendo! A única verdade está nas suas palavras, contrariando o que até mesmo seus olhos, e os olhos do mundo inteiro estão fartos de VER, não é? As imgens de hoje reforçam o que vimos denunciando há tempo; vejam sobretudo a “harmonia e gentileza da Polícia”. Ontem, os estudantes da Universidade Metropolitana, em Caracas, tiveram que correr para escapar dos gases lacrimogêneos que a Polícia lança constantemente impedindo as manifestações opositoras. Na Universidade Andrés Bello os estudantes ficaram sitiados ontem à noite, porque os bandos motorizados chavistas, armados de escopetas, se postaram no portão de saída da universidade impedindo-os de sair.

Acabei de receber um documento da Human Rights Foundation, em que esta respeitável entidade defensora dos direitos humanos se pronuncia pela proteção ao líder estudantil Yon Goicoechea, cujo teor darei conhecimento na edição de amanhã, para desmascarar, mais uma vez, dona Tibisay e toda a ala esquerdopata, inclusive o sr. da Silva, que enxerga excesso de democracia naquele infeliz país.

Chávez tem o hábito de chamar a todos os opositores, venezuelanos ou de outros países, de golpistas mas esquece de olhar o próprio rabo. Neste excelente vídeo “Ele me mentiu” e neste outro “27 de novembro de 1992”, contrario dona Tibisay, seu Lula e o Champolim de Miraflores com FATOS e não com discursinhos de porta de fábrica ou de palanque de beira de estrada. O primeiro vídeo mostra as mentiras prometidas de quando Chávez ainda era candidato em 1998, a miséria reinante por toda a parte da Venezuela e o falso juramento da campanha presidencial do ano passado, cujo mote era “por amor”. E o segundo, mostra o fracassado golpe de 1992, liderado por Chávez – que idealizou, dava as ordens mas não se expôs -, deixando um saldo de 50 mortos e inúmeros feridos. Golpista, assassino e mentiroso, hoje este delinqüente “acusa os outros daquilo que ele fez e faz”, como manda o ideário leninista.

Continuando a desmascarar a farsa deste “show de democracia, paz e harmonia” na campanha pelo referendum, provo aqui, mais uma vez, a perseguição aos que tentam alertar sobre este criminoso GOLPE DE ESTADO que está para ser dado no próximo domingo, como é o caso do meu amigo Alejandro Peña Esclusa, cuja nota trascrevo abaixo. Fiquem com Deus e até amanhã!

Investigam a Peña Esclusa por difundir vídeo

Segundo um cabo da agência cubana de notícias, Prensa Latina, datado de ontem (27) nesta cidade (1), o presidente da Comissão Política Interior da Assembléia Nacional, deputado Tulio Jiménez, solicitou investigar o dirigente político Alejandro Peña Esclusa por difundir um vídeo intitulado “Como impedir a reforma?” que, na opinião de Jiménez, constitui um “chamado à sublevação popular”.

O parlamentar indicou que, com o vídeo, Peña Esclusa “tenta sublevar a população, em um claro esquema de incitação a um delito, muito parecido ao utilizado nos dias anteriores ao golpe (de Estado) de abril de 2002”, pelo qual solicitou a intervenção do Ministério Público.

Chama a atenção a reação tardia do Governo, posto que o vídeo tornou-se público há dois meses e desde então tem circulado massivamente pelas redes de Internet, está disponível em inúmeras páginas web, dentro e fora do país, foi reproduzido integralmente pelo Canal Latino TV de Espanha e em 30 de outubro foi resenhado por um cabo de EFE (2), que foi publicado nos principais jornais latino-americanos.

Peña Esclusa reagiu dizendo: “O Governo está muito assustado. Teme que o povo saia às ruas para protestar contra a fraude que se cometerá em 2 de dezembro. Querem me pôr de bode expiatório, porém isto não freará os protestos”.

“Os responsáveis pelo protesto são os que pretendem impor uma Constituição totalitária, contra a vontade da imensa maioria dos venezuelanos. Os protestos continuarão e, inclusive, se incrementarão, até estender-se por todo o território nacional, não por causa do vídeo, mas porque as pessoas não querem submeter-se ao modelo cubano, nem estão dispostas a que seus filhos sejam doutrinados com as idéias de Che Guevara”, disse.

O vídeo “Como impedir a reforma?” está disponível em nossa página web ou pode-se vê-lo em http://www.youtube.com/watch?v=E_tFMu6_p1Y

(1) Cabo de Prensa latina: http://www.prensalatina.com.mx/article.asp?ID=%7B0158FF69-F6AD-4BC1-9119-44D6474AB7D3%7D

(2) Cabo de EFE: http://actualidad.terra.es/nacional/articulo/llaman_impedir_reforma_constitucional_focos_1973172.htm

Fonte: Fuerza Solidaria

Tradução e comentários: G. Salgueiro

posted by G.Salgueiro at 1:22 PM


Notalatina

Wednesday, November 28, 2007

O termômetro continua subindo na Venezuela deixando à mostra o desespero de Chávez para o mundo inteiro. O primeiro sintoma da agudeza desse surto psicótico foi o episódio degradante na Cúpula Iberoamericana ocorrida no Chile, em que foi necessário a intervenção do Rei Juan Carlos de Espanha que vem sendo acusado, por Chávez e seus seguidores, de tê-lo mandado calar-se. Quem disso usa disso cuida, diz o ditado, pois quem MANDA calar-se aos outros, quando lhe dá na telha é Chávez; o rei, perplexo com tanto desrespeito e falta de educação “perguntou” por que ele não se calava, pois a vez de falar era de Zapatero que não conseguia porque era constantemente interrompido pelo rude e sem educação ditador da Venezuela, acostumado às reuniões de seus kamaradas terroristas e criminosos do Foro de São Paulo.

Ainda na mesma cúpula, Chávez entendeu de se meter num assunto que não lhe diz respeito sobre a questão do mar territorial que está sendo reivindicado pela Bolívia ao Chile, causando mais constrangimentos. Porque ele paga as contas do cocalero Morales acha que pode interferir em assuntos de Estado, embora viva apregoando o respeito à “auto-determinação dos povos”. Essa discussão é antiga e vem sendo tratada desde que Morales e Bachelet assumiram a presidência de seus países; Bachelet, com a autoridade que o cargo lhe confere, mandou Chávez recolher-se à sua insignificância mas no Basil não se falou disso. Depois, foi a vez do rei Abdullah, da Arábia Saudita, durante encontro da OPEP que, diante da afirmação de Chávez de que a OPEP “deveria atuar como uma entidade política”, ouviu do rei: “O petróleo é uma energia para o desenvolvimento e não deve ser uma ferramenta para conflitos ou emoções”. Bingo!

E no fim-de-semana passado o presidente Álvaro Uribe, finalmente, conseguiu entender o erro que cometeu em aceitar Chávez como “mediador” entre as FARC e o governo da Colômbia, no acordo humanitário para libertar os reféns seqüestrados há anos por este bando narco-terrorista. O que Chávez pretendeu quando se ofereceu como mediador, na realidade, foi legitimar seus encontros com os chefões daquele bando – que pertence ao Foro de São Paulo juntamente o sr. Lula que é membro fundador e que recusa-se a denominá-los como terroristas por serem parceiros e amigos – com o aval da comunidade internacional sem despertar a mais mínima suspeita.

Chávez foi com muita sede ao pote e teve encontros com Raúl Reyes e Manuel Marulanda “Tirofijo”, descumprindo o acordo feito de que a intermediação não seria através dos “cappos”. Ademais, uma das partes do acordo que era apresentear uma prova concreta de que a franco-colombiana Ingrid Bettancourt, estava viva, não apareceu em momento algum, nem para Uribe nem para Sarkozy, deixando o presidente francês igualmente insatisfeito com sua “atuação”.

Então, no sábado Uribe destituiu Chávez da função, desencadeando a fúria do psicopata que agora posa de vítima e arremete para todos os lados agredindo e acusando todos que não fazem suas vontades. Em comunicados em seu programa “Alô Presidente” Chávez usou, como de costume, impropérios e calúnias contra o presidente da Colômbia que manteve e mantém a classe e a compostura que se espera de um mandatário de um país. Chávez, ao contrário, continuou sua cruzada ensandecida, primeiro tirando seu embaixador daquele país e hoje, em resposta ao enérgico pronunciamento feito por Uribe (que segue abaixo traduzido na íntegra) domingo passado, disse que não terá mais relações com a Colômbia enquanto Uribe for presidente, alegando que Uribe é “um presidente que é capaz de mentir descaradamente, desrespeitar outro presidente ao qual é chamado de seu amigo, ao qual é chamado para ajudá-lo”.

Ok. Antes de transcrever o pronunciamento de Uribe, os convido à reflexão sobre quem “mente descaradamente”: se Chávez, que nega envolvimento com as FARC mas ofereceu cidadania a um dos membros do Estado Maior e considerado “chanceler” das FARC, Rodrigo Granda Escobar, - que vai inclusive votar no referendo de domingo com a cédula eleitoral de nº V-22942118, outorgada pelo Registro Eleitoral Permanente (REP) do CNE -, ou Uribe, que lhe joga na cara suas ligações mais que provadas com as FARC, que já têm em seu haver mais de 60.000 mortes e um sem-número de seqüestros? Cabe ainda acrescentar que Granda havia sido preso na fronteira entre Colômbia e Venezuela em 2004, numa operação conjunta entre militares da Colômbia e do DISIP da Venezuela, mas foi libertado por Uribe este ano como prova de sua boa-vontade em negociar o soltura dos reféns. Granda foi “descansar” em Cuba, as FARC não soltaram nenhum refém, e agora ele voltou para a Venezuela a fim de “ajudar” nessa pseudo-negociação.

Há muito o que falar sobre este assunto mas por hoje fico apenas com isto e o pronunciamento de Uribe que, aliás, foi feita hoje uma pesquisa para saber como ficou sua popularidade depois desse entrevero com o desesperado ditador da Venezuela e o resultado foi um nada surpreendente 80% de apoio e aprovação. Fiquem com Deus e aguardem até amanhã, com mais informações atualizadas sobre o que DE FATO está se passando na Venezuela.

Declaração do Presidente Álvaro Uribe Vélez, desde Calamar, Bolívar

“Permitam-me, compatriotas de Calamar, alterar um pouco a agenda do tema que nos ocupa, para fazer umas reflexões sobre esta declaração do presidente Chávez.

Presidente Chávez: a verdade, com testemunhas, é que a você se permitiu mediar com as FARC, como pediu. A você se permitiu reunir-se com as FARC como pediu. A você se permitiu reunir-se com o ELN. A você se permitiu que Rodrigo Granda se transferisse de Cuba para a Venezuela. E como em tantas ocasiões anteriores, as FARC voltaram a mentir, voltaram a descumprir o prometido.

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A verdade, presidente Chávez, e a verdade com testemunhas, é que quando não há argumentos e se apela para insultos, como você o faz, se afetam não somente as relações internacionais mas que, neste caso, você com seus insultos e sua falta de argumentos fere a dignidade do próprio povo da Venezuela que você representa.

A verdade, presidente Chávez, é que nós necessitamos de uma mediação contra o terrorismo e não legitimadores do terrorismo. Suas palavras, suas atitudes, dão a impressão de que você não está interessado na paz da Colômbia, senão em que a Colômbia seja vítima de um governo terrorista das FARC.

A verdade, presidente Chávez, a verdade com testemunhas, como a nossa, é que nós necessitamos que nos ajudem a superar esta tragédia do terrorismo, porém que não se aproveitem da necessidade do acordo humanitário para invocar a ajuda da Colômbia e vir à Colômbia simplesmente para intervir nela, para fomentar um projeto expansionista.

A verdade, presidente Chávez, é que se você está fomentando um projeto expansionista no Continente, na Colômbia esse projeto não tem entrada.

A verdade, presidente Chávez, a verdade com testemunhas, é que não se pode incendiar o Continente como você faz, falando um dia contra a Espanha, no outro dia contra os Estados Unidos, maltratando um dia o México, no dia seguinte o Peru, na manhã depois a Bolívia. Não se pode maltratar o Continente, incendiá-lo, como você o faz, falando de imperialismo quando você, baseado em seu pressuposto, quer montar um império.

A verdade, presidente Chávez, é que não se pode maltratar a História, não se pode manchar a memória dos heróis, desfigurando-os na demagogia popular, para desorientar os povos.

O General Santander nos deu o exemplo do apego à lei. A verdade, presidente Chávez, é que não se pode burlar a lei, como você o faz, tratando de maltratar o General Santander, para substituir a lei pelo capricho pessoal.

A verdade, presidente Chávez, a verdade com testemunhas, é que não se pode desorientar o povo interpretando mal o legado do Libertador Bolívar. O Libertador foi integracionista, porém não expansionista. O Libertador deu a independência a nossas nações, porém não lhes trouxe uma nova era de submissão. O Libertador não andava tratando de tirar do território americano a dominação européia, para impor, como você quer fazer, sua própria denominação, baseada no poderio de seu orçamento, ao povo da Venezuela e ao povo da Colômbia.

A verdade, presidente Chávez, é que o povo da Colômbia tem todo o direito de derrotar o terrorismo, tem todo o direito de aceitar mediações, porém não mediações que busquem o protagonismo político, o assenhoramento político do terrorismo.

Me preocupa muito que você, afanado por pretensões eleitorais, agora trate de apelar ao velho truque de estimular na Venezuela o ódio contra a Colômbia e contra o Governo da Colômbia, para buscar seu favorecimento eleitoral.

A verdade, presidente Chávez, é que os antecedentes de meu Governo mostram que em nossa difícil luta contra o terrorismo, temos sido respeitosos de todos os Governos e de todos os países do mundo. Apelo à reflexão, à consciência do povo da Venezuela para examinar este tema. Enquanto um Governo não é capaz de censurar às FARC, se censura injustamente o Governo da Colômbia e a contradição é que o Governo da Colômbia, enfrentando os terroristas, jamais, jamais desrespeitou o Governo da Venezuela nem o povo da Venezuela.

A verdade, presidente Chávez, é que o comunicado de ontem é sustentado por nossos antecedentes, por nossos fatos e tem testemunhas.

A verdade, presidente Chávez, é que a cada momento se conhecem novos elementos. Nosso Cônsul nos Estados Unidos, que acompanhou a senadora Córdoba (Piedad) à reunião com um dos presos pertencentes às FARC que estão nos cárceres dos Estados Unidos por causa do narcotráfico, nosso Cônsul nos informou que a senadora Córdoba falou com o preso das FARC sobre política, está bem; da possibilidade de uma constituinte na Colômbia, está bem. Tudo isso é respeitável, mesmo que não estejamos de acordo. Porém, a senadora também falou da necessidade de um Governo de transição na Colômbia.

A verdade, presidente Chávez, é que isso dá o direito aos colombianos de interpretar que na mediação, à qual você convidou a senadora Piedad Córdoba, de acordo com as atitudes da senadora e com estes comentários, essa mediação estava mais interessada em possibilitar um Governo com influência do terrorismo na Colômbia, do que em ajudar-nos a superar a tragédia dos seqüestrados e a conseguir a paz.

Desde Calamar (Bolívar), esta região da Pátria hoje tão açoitada pelas inundações, digo ao mundo que pedimos e recebemos ajuda, porém não aceitamos projetos expansionistas.

Desde Calamar, esta região açoitada hoje pelas inundações, digo ao mundo que aqui há pobreza e limitações, porém há dignidade.

O dinheiro se consegue todos os dias, mesmo que em umas nações seja mais escasso que em outras. Porém, a dignidade, o respeito ao ser social, o respeito às liberdade individuais, quando se perdem esses valores, é difícil voltar a recuperá-los.

Nós seguiremos fazendo todos os esforços para derrotar o terrorismo, para recuperar nossos concidadãos seqüestrados, porém não admitimos que se abuse de nossa tragédia para dar razão ao terrorismo.

Não admitimos que se abuse de nossa tragédia para vir incorporar a Colômbia a um projeto expansionista que pouco a pouco vai negando as liberdades que com tanta dificuldade este continente conseguiu conquistar”.

Fonte: http://web.presidencia.gov.co/sp/2007/noviembre/25/08252007.html

Comentários e tradução: G. Salgueiro

posted by G.Salgueiro at 7:03 PM


Notalatina

Tuesday, November 27, 2007

Durante toda esta semana, até o domingo 2 de dezembro, data do referendum, o Notalatina vai emitir boletins sobre a situação da Venezuela, considerando sobretudo que os jornais brasileiros estão informando notícias que são repassadas pelos órgãos oficiais do governo chavista e dos “companheiros de viagem”, ou seja, transmitindo notícias falsas, mascaradas ou mesmo omitindo informações essenciais para que se possa compreender o que de fato está ocorrendo lá.

Ontem em um confronto de rua em Valencia, no estado Carabobo, um operário resultou morto por dois disparos de bala. Chávez de imediato saiu acusando a oposição pelo assassinato, afirmando que isto é uma prática recorrente entre os que lhe são contrários. Ora, isto é uma deslavada MENTIRA porque quem mora lá ou acompanha a situação política venezuelana como eu, desde 2001, é testemunha (se não presencial, mas através de fotos e vídeos) de que as “armas” da oposição são apitos, bandeiras e caçarolas.

Em um evento no Fuerte Tiuna ontem à noite, Chávez disse: “Já identificamos o assasino, porém ele forma parte dessas campanhas midiáticas envenenadas pelo livreto norte-americano”. E mais adiante: “Se eles buscam o caminho da violência, tenham a certeza de que saberemos enfrentá-los nas ruas e varrê-los como já fizemos em 13 de abril de 2002. Nada impedirá que tenhamos pátria”. E aos seus seguidores advertiu: “Devemos estar muito alertas. Já setores enlouquecidos e desesperados da oposição começaram hoje com um plano de violência nas cidades de Maracay e Valencia; lançaram agressões contra o povo e assassinaram um jovem trabalhador que trabalhava em Petrocasa, só porque reclamou que o deixassem passar (...) e havia um grupo de enlouquecidos e envenenandos fascistas que lhe meteram dois tiros e o mataram”.

Os FATOS contradizem esta arremetida insensata, como tudo que este psicopata assassino diz. Em primeiro lugar, ainda não se havia feito a perícia para determinar o tipo de projétil, e portanto de arma, que feriu de morte o rapaz e conseqüentemente, não se tinha o culpado pelo assassinato. Segundo, o tumulto ocorreu quando um grupo de pessoas se manifestava pelo NÃO próximo de onde estavam os operários quando chegou um caminhão carregado de militantes chavistas, armados até os dentes. Os desordeiros desceram no caminhão atirando e acabou atingindo o rapaz que, apesar de ser simpatizante do oficialismo, não tinha nada a ver com o caso. Entretanto, o que estes bandos de delinqüentes queriam era arranjar um vítima, fabricar um mártir para acusar a oposição e nada mais.

O que os jornais brasileiros não informam, porque não convém e o governo provavelmente não permite, é que no dia 23 pp. dois líderes estudantis da Universidade Fermin Toro foram seqüestrados em Lara por uns encapuzados vestidos de preto, que usavam uma Blazer preta sem placas, e que após interrogá-los sob a ameaça de uma pistola sobre fontes de financiamento, nomes dos estudantes que participaram das marchas que eles traziam em álbuns de fotos, os espancaram, torturaram e queimaram com cigarro, como se pode ver nas fotos exibidas. É assim que age o chavismo, em absoluto desespero, pois tanto Chávez quanto seus seguidores estão vendo que é um país inteiro que o rechaça e rechaça seus planos de implantar uma revolução comunista como em Cuba.

Também os jornais brasileiros não divulgaram que ontem à noite Chávez ameaçou o presidente da Fedecamaras (Federação de Câmaras e Associações de Comércio e Produção da Venezuela) de tomar-lhes tudo e deixá-los “sem fé, sem de, e sem câmaras”, apenas porque o presidente desta entidade disse que fariam tudo para evitar que se aprove a reforma constitucional. Diante dessas afirmações e de tudo que foi denunciado acima, será que existe dúvidas de onde parte a agressão, a violência e o “projeto de desestabilização nacional” que Chávez tanto acusa a oposição? Se ainda resta alguma dúvida, vejam este vídeo “O massacre de 11 de abril foi planejado” que traz depoimentos de militares que PROVAM a resposabilidade criminal deste elemento que acusa a oposição daquilo que ELE faz, como manda o ideário leninista.

E para concluir a edição de hoje, leiam esta nota emitida agora por Alejandro Peña Esclusa acerca de uma fraude patética e grotesca elaborada pelo próprio governo do louco Chávez, através do site oficialista “Aporrea”, que vem acusando-o de “conspiração”. Eu li o “documento” publicado neste site de extrema esquerda chavista e é tão grosseiro e primário que só dá mesmo vontade rir do que são capazes (ou incapazes e incompetentes?) de produzir pessoas loucas, à beira do desespero. Seria interessante que a própria CIA tomasse conhecimento deste “relatório confidencial” elaborado não por algum de seus agentes, mas pelos agentes do governo da Venezuela (ou seria de inspiração dos agentes cubanos que dão as cartas nos serviços de segurança do país?) que se fazem passar por eles. Leiam a nota de Peña Esclusa, fiquem com Deus e até a próxima!



***

Governo elaborou memo da CIA

Por: Alejandro Peña Esclusa

Faltando poucas horas para o referendum, o oficialismo recorreu a um ridículo mecanismo para tratar de evitar sua iminente derrota e para acusar a oposição de seus próprios crimes. Trata-se – embora vocês não creiam – de um “memorando confidencial” da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA).

Segundo este documento, obtido secretamente da Embaixada Norte-Americana em Caracas, o senhor Middleton, funcionário local, informa ao senhor Hayden, diretor da CIA, que o SIM leva uma vantagem sobre o NÃO de 13 pontos percentuais.

A “análise confidencial” da Embaixada – elaborada sem dúvida em um laboratório chavista – assegura que esta “tendência é irreversível” e que a única maneira de frear o provável triunfo do oficialismo é falando de fraude, impedindo o referendum ou desconhecendo seus resultados.

“Peña Esclusa está disseminando em todo o território nacional pequenos focos de protesto, para que gerem um clima de ingovernabilidade, permitindo culminar no levantamento geral de uma parte substancial da população”.

O documento, publicado na página Aporrea, causa tanto riso quanto a Radio Rochela* (que no momento carece de sinal aberto). Entretanto, o oficialismo pretende levá-lo muito a sério, tanto que Maripili o leu inteiro em seu programa de rádio desta tarde, depois de acusar-me, como o fez esta manhã Calixto, de ser o promotor do ocorrido ontem em Aragua e Carabobo.

Maripili anunciou uma grande descoberta. Ela viu pela primeira vez o vídeo intitulado “Como impedir a reforma?” que, desde há dois meses, este humilde servidor fez circular por meia Venezuela de maneira bastante pública e notória. Porém, ela só veio tomar conhecimento ontem à noite, quando “La Hojilla” teve a gentileza de pô-lo integralmente no ar.

Na realidade, estes gestos tragicômicos pretendem encobrir – sem nenhum êxito – o temor que o oficialismo sente pela derrota que se avizinha. Não me refiro à derrota eleitoral, porque essa se reverte facilmente com a fraude, mas a derrota popular. O Regime teme que os protestos de ontem sejam um ligeiro tiragosto, comparados com os que haverá em 3 de dezembro, se Tibisay Lucena se atrever a proclamar o triunfo do SIM.

E quanto à das Forças Armadas? Bem, Uribe já reconfirmou publicamente. Chávez é o principal aliado da guerrilha colombiana, organização terrorista que assassina e seqüestra não só na Colômbia mas também em nosso território. Os militares venezuelanos não se prestarão ao papel de reprimir os protestos pacíficos do povo venezuelano, para sustentar a ditadura do “legitimador das FARC”.

* Radio Rochela era um programa humorístico muito apreciado e popular, apresentado pela expropriada “RCTV”.

Comentários e traduções: G. Salgueiro

posted by G.Salgueiro at 1:56 PM

Notalatina

Monday, November 26, 2007

O Notalatina traz hoje COM EXCLUSIVIDADE PARA O BRASIL, uma entrevista com o ex-espião cubano Uberto Mario Hernández, que trabalhou na embaixada cubana na Venezuela, entre 2000 e 2003, e resolveu falar à jornalista María Elvira Salazar no programa “Polos Opuestos”, da MegaTV de Miami, em junho deste ano. Hoje ele vive exilado na Flórida, depois de haver desertado.

Mario é jornalista desportivo e trabalhava na “Radio Rebelde” em Pinar del Río (Cuba) quando foi mandado para a Venezuela. Lá, ele foi trabalhar como espião na embaixada de Cuba e recebeu, por parte do governo da Venezuela, identidade, passaporte e endereço como venezuelano, com o nome de José Carlos Contrera. Dentre outras coisas, ele conta que sua função principal era espionar jornalistas opositores e repassar as informações para o embaixador de Cuba na Venezuela, German Sanchez Otero. Sobre esses documentos falsos que ele diz ter recebido não é novidade, pois aqui mesmo neste blog eu já denunciei isto inúmeras vezes, inclusive em época de eleições e referendos onde mais e mais agentes do G2 cubano chegam para dar apoio a Chávez e votar a seu favor.

A espionagem é feita não só aos opositores venezuelanos mas também aos cubanos que estão lá nas “missões” (médicos, desportistas, alfabetizadores – que são FUNCIONÁRIOS do governo). Mário conta que certo dia foi chamado ao escritório do diretor geral do aeroporto de Maiquetia, - Cel Tomás Rodríguez, que cuidava da segurança na embaixada cubana - , na cidade de Vargas, e que através de um lap top ele pôde ouvir TODA a conversa que esses cubanos estavam tendo com suas famílias na Ilha, (eles tinham direito de ligar DE GRAÇA para Cuba cuja despesa era paga pela PDVSA, ou seja, o Estado venezuelano, com o dinheiro do povo); todos eram monitorados completamente, inexistindo privacidade de informações. Os informes (“chuletas”) colhidos daí e de outras coberturas, eram enviados para a central de espionagem dos cubanos que fica no 3º andar do prédio da embaixada e de lá enviado para Fidel via mala diplomática.

Ele conta que a empresa CONEXTEL, que importa e exporta todo o material de eletrônica em Cuba, fez um acordo com o governo na Venezuela e está lá desde 19 de outubro de 2000. Todo o material que é utilizado para doutrinação e treinamento (áudio, vídeo, DVD) é feito pelo Departamento Ideológico do Partido Comunista de Cuba e elaborado pela CONEXTEL, inclusive funcionários do Instituto Cubano de Rádio e TV estiveram na Venezuela – mais de 100 pessoas – montando rádios comunitárias e serviços de escutas, como esse do aeroporto de Maiquetia. O próprio Mario montou 9 dessas rádios comunitárias, cujo objetivo é fazer doutrinação ideológica e espionar, através de delinqüentes que vivem espalhados pelos diversos bairros e que gravam conversas ouvidas de opositores, e depois entregam à embaixada cubana.

A Internet também está monitorada – leia-se CENSURADA -, sobretudo depois que a maior empresa do ramo, a CANTV, foi estatizada. TUDO o que os opositores assinantes de CANTV escrevem e que circula pela rede, é monitorado diretamente por esses espiões na embaixada de Cuba, e são mais 1.000 os infiltrados no Departamento de Segurança da Venezuela. O assessor de Chávez para a criação da TeleSur chama-se Ovidio Cabrera, que é Vice-Presidente do Instituto Cubano de Rádio e TV, ideólogo do PCC há 30 anos. Agora é possível compreender porquê a maioria dos e-mails que envio para amigos que utilizam este provedor é devolvido, com o “simpático” aviso de que a mensagem não foi entregue porque enviei spam. Vale destacar aqui, também, que este tipo de censura e monitoramento está sendo feita pelo ParTido-Estado, pois em nota recebida ontem, a jornalista Dora Kramer denunciava que os computadores dos funcionários do Ministério da Fazenda eram bloqueados pelo “comitê de segurança” a acessar a página do PSDB e de informativos sobre “política e opinião” por serem assuntos “não profissionais”. O site do PT, entretanto, é liberado. E em breve, seremos todos nós, funcionários de Ministérios ou não.

Outra informação grave, denunciada nesta entrevista, dá conta de que na ilha La Orchila há uma base de espionagem – Centro de Operações de Internet – e uma base de submarinos. Essa base usa a fachada de uma agência de mergulhos, entretanto, foi aí que se reuniram Chávez, Fidel, Sanchez Otero e outros para criar um cabo submarino que liga Cuba e Venezuela, aumentando em 2.500 vezes as comuicações entre os dois países. Isto justifica as compras de submarinos russos que Chávez fez ano passado. Cabe lembrar que todas as operações ilícitas feitas por Fidel Castro, sobretudo com relação ao narcotráfico, foram feitas utilizando submarinos em águas internacionais, daí porque o DEA sempre teve dificuldade em provar que o governo ditatorial cubano participava ativamente do narcotráfico, conforme relata Luis Grave de Peralta Morell, em seu livro “A Máfia de Havana”, ainda inédito no Brasil. Quem montou este Centro de Operações em La Orchila foi o sr. Angel Gamos, um dos últimos oficiais da Segurança de Cuba, que é filho do Coronel Cargame, delegado do Ministério do Interior (MiNint) encarregado do caso do General Ochoa, fuzilado após “confessar” sua participação no narcotráfico, coincidentemente neste caso em que o DEA não encontrou provas. Ele foi o bode expiatório escolhido para salvar a pele de Fidel e Raúl, porque o DEA estava a um passo de chegar a esta conclusão...

Mas a parte mais preocupante e grave desta bombástica entrevista é quando ele fala do recrutamento de jovens para o exercício da espionagem e militância. Ele explica que os “Círculos Bolivarianos” são formados por hordas de delinqüentes, drogados, marginais que não têm nada a perder e que agem de forma violenta e armada, conforme o Notalatina apresentou em sua última edição sobre as agressões sofridas pelos estudantes, dentro das universidades. Ex-funcionários do regime cubano estão na Venezuela dando aulas de espionagem nas “Escolas de Capacitação de Trabalhadores Sociais”, nome muito elegante para esconder seus reais objetivos. Por essas escolas já foram doutrinados e treinados durante 45 dias, mais de 5.000 jovens venezuelanos que formam hoje os “Comitês de Jovens Bolivarianos”, cujo objetivo é difundir e arregimentar adeptos à revolução bolivariana. Aqui no Brasil existem vários desse grupos que apresentam-se com o nome de “Círculos Bolivarianos”, mas cujo objetivo é o mesmo dos Comitês de Jovens, conforme pode-se comprovar através deste artigo Círculos Bolivarianos no Brasil, escrito por Carlos I. S. Azambuja para o site Mídia Sem Máscara.

É isto que está ocorrendo na Venezuela hoje e é isto que está invadindo nosso país, silenciosa e cinicamente, porque a mídia inteira se cala sobre estes crimes que provêm da união maligna entre Chávez+Lula+Castro, o “Eixo do Mal” do Foro de São Paulo, denunciado há quase uma década pelo saudoso Dr. Constantine Menges.

Será que depois de ouvir esse depoimento tão grave e fidedigno, pois o autor das denúncias foi participante direto de tudo que denuncia, os brasileiros ainda vão fica indiferentes à malignidade do ingresso definitivo de Chávez ao Mercosul? Será que os nacionalisteiros – civis e militares – ainda vão “lamentar” que alguém no Brasil não queira a ajuda de Chávez? Deixo com a consciência de cada um, julgar de que lado quere ficar: se do Brasil, com toda esta corja de comunistas no raio que os parta, ou mancomunados com a pior escória do planeta apenas para ser contra tudo (sem separar o joio do trigo) que vem dos Estados Unidos.

Aqui estão os vídeos da entrevista que juntos somam pouco mais de 15 minutos: Cuba espia na Venezuela com permissão - Parte 1 e Cuba espia na Venezuela com permissão - Parte 2. Ajudem a denunciar estes crimes!
Fiquem com Deus e até a próxima!

Comentários: G. Salgueiro

posted by G.Salgueiro at 11:59 AM


Notalatina

Saturday, November 10, 2007

Desde o início do mês de novembro a Venezuela tem intensificado suas manifestações contra a nova reforma constitucional imposta pelo ditador Chávez, - com a aprovação total da Assembléia Nacional (AN) após modificar 69 artigos – e, mais uma vez, são os estudantes das universidades os que têm praticamente encabeçado tais movimentos. A primeira marcha opositora ocorreu dia 3 e no dia 4 Chávez fez a dele, como sempre comprada e patética com aquele mar vermelho de gente agressiva e bêbada que o bajula, como ocorre também aqui no Brasil com as claques organizadas pelo governo petista para aplaudir o Sr. da Silva, pois a sociedade já mostrou que ele merece mesmo é ser vaiado.

No dia 7 os estudantes promoveram uma grande e pacífica marcha pelo centro de Caracas dirigindo-se ao TSJ, para entregar um documento onde pediam que o tal referendo, marcado para o dia 2 de dezembro, fosse ao menos prorrogado para o início do próximo ano, alegando que as alterações eram muitas e graves e que a população deveria estudá-la mais a fundo antes de decidir como votar. Como das vezes anteriores houve agressão por parte das turbas chavistas e da própria Guarda Nacional. Eu assisti – ninguém me contou - parte dessa confusão filmada pela Globovision e retransmitida pela CNN em Espanhol.

Na volta às universidades, começou o horror, a guerra. Uma amiga venezuelana residente em Maracaibo me informava de tudo que estava ocorrendo – em tempo real -, notícias que ela ouvia através do rádio e da televisão. Antes de descrever o que se passava naquele dia no interior das Universidade Los Andes em Mérida, Universidade Católica Andrés Bello e Universidade Central de Venezuela (UCV), quero fazer um parênteses para registrar minha perplexidade e vergonha com o comportamento da mídia brasileira que, como já virou rotina, omitiu-se em denunciar fatos de tão absoluta gravidade como os que têm ocorrido na Venezuela nos últimos tempos. Noticia-se sim, com pompa e circunstância, em matérias de capa, quando os dois companheiros do Foro de São Paulo – Lula e Chávez - se encontram para alguma inauguração pífia ou assinatura de convênios que só interessam a eles e seus macabros planos, ou então que aquela coisa grostesca, sem estilo, rude e balofa do Chávez foi eleito o 5º homem “mais sexy” da Venezuela; isto saiu no Globo e no JB, que eu li. Se não foi por bajulação dos que dependem das suas doaçõe$$$, foi cegueira ou votação manipulada.

Para que o leitor possa comprender melhor a gravidade desta situação ressalto que a reforma constitucional pretendida por Chávez, caso seja aprovada no referendo de 2 de dezembro deste ano, pode acabar influindo no nosso país, uma vez que os 69 artigos modificados (observem que eu disse “modificados”, o que significa alterados em seu sentido e conteúdo completamente) transformam a Venezuela legalmamente – e com a aprovação popular – numa ditadura comunista como é Cuba há 48 anos. Aliás, o modelo da nova constituição venezuelana foi copiado da cubana. E o que “nós” temos a ver com isso, poderiam alguns perguntar? Temos que a Venezuela de Chávez está a um passo de ser efetivada como membro definitivo no Mercosul – daí a pressa de Chávez nessa aprovação, pois no estatuto do Mercosul há um artigo dizendo que só podem participar do bloco países cujo regime é a democracia -, ou seja, com direito a voz e voto e isto certamente acabará resultando em medidas conjuntas que prejudiquem nossas liberdades também. Mas, este é um assunto que tratarei num artigo à parte.

Voltando às universidades. Depois de muito tumulto e de finalmente entregar o documento ao TSJ, os estudantes voltaram às suas universidades mas não contavam que os bandos armados chavistas preparavam sua tão característica violência criminal DENTRO dos campus. Na Universidade Andrés Bello bandos armados invadiram o recinto mas, diante da contundente resposta dos universitários fugiram, indo refugiar-se na residência oficial do governador do Estado, próxima dali. Na Universidade Los Andes de Mérida 7 bandos armados, identifcados como pertencentes aos Tupamaros, atentaram contra o movimento estudantil. A respeito deste bando, leiam aqui o que escrevi em 02 de dezembro de 2006, a propósito das eleições presidenciais, quando eles ameaçavam “agir” caso Chávez perdesse. E finalmente, na UCV (também em Mérida), ao finalizar a marcha uns cem (100!) motorizados com pistolas e gás lacrimogêneo entraram na universidade atirando e fazendo arruaça, deixando um saldo de 9 pessoas feridas.

Nestes vídeos, feito por um estudante provavelmente pelo celular, pode-se ver e ouvir os disparos, um estudante caído no chão e depois sendo socorrido e os marginais passando em várias motos, todos com a maldita camisa vermelha que caracteriza todo elemento chavista. As imagens não são muito boas mas isto não invalida o registro. O conjunto é composto de 9 vídeos mas apresento apenas dois deles, por serem os mais importantes: o nº 1 http://www.youtube.com/watch?v=Lx2E2SHOc8w e o nº 4 http://www.youtube.com/watch?v=KQFXOkK_K7w, que mostra o estudante ferido e o desespero dos alunos diante de tanto absurdo.

Segundo informa minha amiga de Maracaibo, o total de feridos chegou a 30 e um estudante ficou definitivamente cego em decorrência do vandalismo impune e comandado desde as mais altas esferas do Governo do ditador Hugo Chávez. Em Mérida a violência foi maiúscula, usando a epressão da minha amiga, e em Maracaibo, segundo informações da “Unión Radio Zulia”, tanques e soldados se deslocaram fechando as saídas da Universidade de Zulia, enquanto estudantes de diversos centros acadêmicos se concentravam na cidade; a Polícia Municipal trancou a passagem para a cidade e os militares fecharam a ponte impedindo a passagem dos estudantes que vinham de outros pontos.

O desespero chavista é visível, pois ele já não encontra tantos apoios como em anos anteriores, daí a necessidade de agir do único modo que sabe: caluniando, agredindo, intimidando com a força bruta das armas. Há uma passagem que seria apenas patética, se não demonstrasse tal desespero. Há poucos dias, numa conversa em um programa da “Unión Radio” entre a deputada oficialista Cilia Flores e Mary Pili, Cilia exigia que se prendessem os membros da resistência (estudantil por supuesto!) porque eles “estão mandando as pessoas armazenarem ‘energizantes e chocolates’! Isto é terrorismo! Terrorismo puro!!!” Pode? Além de loucos e fanáticos, são também muito burros.

O site da minha amiga Martha Colmenares traz uma cobertura excelente a respeito, com fotos e vídeos que podem não só complementar como ampliar as informações desta edição de hoje do Notalatina.

O que estamos assistindo hoje na Venezuela não é algo novo mas o modus operandi deste ditadorzinho criminoso, psicopata frio e perigoso, que sempre agiu assim, desde o massacre de 11 de abril de 2002, quando mandou seu bando armado atirar em manifestantes pacíficos cujas únicas armas era apitos, caçarolas e a bandeira da Venezuela. O que ele fez na Praça Francia de Altamira, em Puente Laguno e no Fuerte Mara, onde 8 soldados foram incendiados com um lança-chamas e dois deles morreram, é o mesmo que ele pretendia em dezembro do ano passado caso Manuel Rosales tivesse resolvido levar sua candidatura a sério e respeitar a vontade popular. Mas Rosales não é guerreiro nem macho suficiente para honrar o voto de confiança que milhares de venezuelanos lhe outorgaram, na esperança de livrar-se desta ditadura que caminha a passos largos de se consolidar. E a prova de que os crimes do 11 A foram planejados e vão se repetir, estão aqui neste excelente vídeo produzido por Fuerza Solidaria do meu amigo Alejandro Peña Esclusa que INSISTO para que vejam.

E para encerrar esta edição de hoje, mais uma grosseria que pôs a nu a falta absoluta de preparo do vulgar ditador Chávez que não sabe sequer se comportar com a compostura que o cargo de presidente de uma grande nação requer, num ambiente de uma cúpula internacional como foi a Cúpula Ibero-Americana ocorrida no Chile. Num bate-boca de beira de cais, bem ao seu nível e gosto, Chávez começou a insultar o ex-presidente José Maria Aznar, enquanto Zapatero – até então seu grande aliado – tentava defendê-lo. O Rei Juan Carlos manda Chávez se calar, num gesto de nítida repugnância a tanta descompostura e falta de respeito. Como se não bastasse, seu amiguinho no Foro de São Paulo e presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, um terrorista do bando sandinista, sai em defesa de Chávez repetindo os insultos a Aznar e o Rei abandona seu lugar em pleno discurso de Ortega.

Estas atitudes vergonhosas, apesar de os bons e decentes venezuelanos não merecerem em absoluto, são muito positivas porque deixam claro o tipo de gente é esta que prega a revolução, que quer perpetuar-se no poder implantando uma ditadura comunista onde só eles têm direitos, inclusive de viver confortavelmente, enquanto apregoam aos quatro ventos que “bom é ser pobre”. Será que é uma pessoa desse nível e com esses propósitos que queremos como sócios no Mercosul? A Venezuela precisa dizer um rotundo NÃO a esta reforma ilegal, imoral, inconstitucional que é nitidamente um golpe de Estado, rechaçando a votação; e nós, brasileiros de bem que queremos o progresso de nosso País e as garantias de liberdade e direito à propriedade privada que o Estado de Direito nos garantem, temos também o DEVER de repudiar os atos de barbárie cometidos por Hugo Chávez ao povo venezuelano, lutando para impedir que ele seja aceito no Mercosul.

Os créditos dos vídeos na UCV devem-se a ronalddiazp e as fotos a vários amigos venezuelanos. Fiquem com Deus e até a próxima!

ComentáriosG. Salgueiro

posted by G.Salgueiro at 4:37 PM


quinta-feira, 29 de novembro de 2007

O Jabá do IDH

Adolfo Sachsida em 27 de Novembro de 2007

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um índice, calculado pelas Nações Unidas, que tem como objetivo medir a qualidade de vida em determinado país. O índice leva em consideração 3 dimensões relacionadas à qualidade de vida: educação, saúde e renda. O IDH assume valores de 0 a 1, sendo valores mais altos preferíveis a valores menores. Muitos usam o resultado do IDH para ranquear países.

Todo ranking apresenta distorções, com o IDH não é diferente. O problema é que no caso do IDH as distorções NÃO SÃO aleatórias (não acontecem por acaso). Elas recursivamente deixam de contabilizar determinados fatores que deveriam ser verificados num ranking não-viesado. Por exemplo, recentemente o Brasil tomou uma série de medidas para diminuir a evasão escolar, e aumentar a abrangência do nível superior, esse movimento melhora a pontuação brasileira no IDH. Contudo, a piora na qualidade do ensino não é levada em consideração. Note que não discuto o mérito da política educacional brasileira, apenas menciono o fato de que tal política tem tanto implicações positivas quanto negativas. O IDH premia o aumento nas matrículas, mas não pune a piora na qualidade do ensino. De maneira semelhante, países que não aumentaram a abrangência do ensino, mas melhoraram sua qualidade são sistematicamente punidos pelo IDH.

Outro problema em relação ao IDH é que determinados países reagem a ele numa maneira pouco honesta. A idéia original do IDH era mostrar pontos em que determinado país deveria melhorar. Contudo, o resultado algumas vezes é bem diferente. Atentos as repercussões políticas do IDH, determinados governos maqueiam as estatísticas de educação e saúde para refletir uma melhora nesses indicadores, gerarando um aumento artificial no IDH do país. Ou ainda, desviam recursos de programas que não entram no cômputo do IDH para programas que podem afetar positivamente tal índice.

Ainda podemos citar que a renda de um país deveria ser uma estatística suficiente em relação à qualidade de vida nesta nação. Ou seja, basta verificarmos a renda de um país para podermos inferir sobre a qualidade de vida nele (é fato notório que países ricos possuem condições educacionais e de saúde superior a de países pobres). Não deveria ser necessário checarmos saúde e educação. Então, por que o IDH olha para essas variáveis? Existem várias respostas para essa pergunta, mas é fato que tal comportamento melhora a posição dos países que não possuem liberdade. Países com pouca liberdade costumam apresentar relatórios (acreditar neles é outra coisa) demonstrando bons índices de educação e saúde da população. Obviamente, tais nações controladas por governos autoritários, apresentam baixo desempenho econômico. Se o IDH não considerasse educação e saúde, tais sociedades despencariam no ranking. Assim, o IDH SISTEMATICAMENTE beneficia sociedades com pouca liberdade. O fato de Cuba, e de outras nações autoritárias, não estarem em posições tão ruins no IDH apenas reflete esse viés.

Se o IDH quer medir a qualidade de vida num país eu tenho uma sugestão: o teste do muro. Existem nações que constroem muros para evitar que outros entrem. Existem nações que constroem muros para evitar que seus habitantes fujam. Dizer que as últimas são preferíveis às primeiras é um erro grave e maldoso.

Transferência de Renda

Adolfo Sachsida em 27 de Novembro de 2007


Qual é o maior programa de transferência de renda do Brasil? Pense bem.... se respondeu Bolsa Família você está errado. Tente de novo... se respondeu Previdência, errou de novo. Nem SUDAM, nem SUDENE, nem órgão estatal nenhum transferiu tanta renda quanto esse monstro: imposto de importação.

Imposto de Importação é o maior programa de transferência de renda já realizado no Brasil. Esse monstro que pune severamente os pobres, que pune severamente a população brasileira e que beneficia uma pequena, e extremamente rica, parcela da população NUNCA foi contestado. Por que tanta boa vontade com esse imposto? Por que não vemos os intervencionistas de plantão criticarem o caráter regressivo desse imposto (ele pune mais severamente os pobres do que os ricos)?

Por que o imposto de importação transfere renda? Simples, porque alíquotas altas desse imposto IMPEDEM que a população brasileira tenha acesso a bens mais baratos no exterior. Esse imposto praticamente OBRIGA todos os brasileiros a comprarem produtos produzidos no Brasil a um preço muito superior do que o cobrado no exterior. Isto é, o imposto de importação transfere renda de todos os setores da economia para uma pequena elite produtora de tais bens. Por exemplo, um laptop na DELL pode ser comprado por 750 dolares (menos de 1500 reais). Quando o governo brasileiro decide manter uma alíquota elevada para a importação de laptops ele está OBRIGANDO toda a população brasileira a comprar laptops PIORES e MAIS CAROS no Brasil. Como as pessoas que compram laptops são, na média, mais pobres do que os donos de empresas de informática, temos uma transferência de renda de pessoas mais pobres para pessoas mais ricas.

O Imposto de Importação também afeta a concentração regional da renda. Ao tornar inviável que um brasileiro compre um carro no exterior, o imposto de importação está obrigando que os brasileiros comprem seus carros de fábricas locais. Assim, consumidores do Piauí (que não possui fábrica de veículos) transferem renda para os estados que possuem fábricas de automóveis. Ou seja, o imposto de importação transfere renda de estados sem indústrias para estados industrializados. Da próxima vez que São Paulo reclamar que leva o Brasil nas costas, devemos lembrar a esse nobre estado que o resto do país é OBRIGADO a comprar produtos de indústrias paulistas. É verdade que boa parte dos impostos arrecadados em São Paulo são utilizados em outros estados, mas a conta sobre transferência de renda deve levar em conta a grande ajuda que São Paulo recebe por meio do imposto de importação.

O imposto de importação impede que empresas possam comprar tecnologia barata no exterior. Isto é, tal imposto diminui sensivelmente a produtividade e competitividade de várias indústrias brasileiras. O imposto de importação impede que vários segmentos da população tenham acesso a bens melhores e mais baratos. Ou seja, o bem estar da população é seriamente afetado. Por fim, tal imposto beneficia não só uma pequena parcela da população mas também a parcela MENOS eficiente da sociedade. O fim (ou a redução) do imposto de importação aumentaria a produtividade das empresas brasileiras, aumentaria o bem estar da população, e terminaria com este absurdo de pessoas simples transferindo renda para milionários.

O legado maligno de Lee Harvey Oswald

por Daniel Pipes em 29 de novembro de 2007


Resumo: Um novo livro nos EUA explica como o assassinato de JFK, cometido por um militante comunista, foi atribuido pelas esquerdas a "uma conspiração de extrema direita" e serviu de senha para uma radicalização assustadora do liberalismo americano, que dura até hoje.

© 2007 MidiaSemMascara.org


O que há de errado com o liberalismo americano? O que aconteceu com o Partido Democrata de Franklin D. Roosevelt, Harry Truman e John F. Kennedy, outrora confiante, prático e otimista? Por que Joe Lieberman, a encarnação contemporânea mais próxima desses três, foi expulso do partido? Como foi que o antiamericanismo infectou escolas, a mídia e Hollywood? E de onde vem a fúria esquerdista que conservadores tais como Ann Coulter, Jeff Jacoby, Michelle Malkin e o Media Research Center documentaram amplamente?

Num esforço sobre-humano, James Piereson, do Manhattan Institute, oferece uma explicação histórica, tanto nova quanto convincente. Seu livro, Camelot and the Cultural Revolution: How the Assassination of John F. Kennedy Shattered American Liberalism [Camelot e a Revolução Cultural: Como o Assassinato de John F. Kennedy Estilhaçou o Liberalismo Americano] (Ed. Encounter Books), investiga o deslocamento do liberalismo americano para um antiamericanismo, remontando até o fato, aparentemente menor, de que Lee Harvey Oswald não era nem um segregacionista nem um adepto da Guerra Fria, mas um comunista.

Eis o que Piereson argumenta: durante os quase quarenta anos que antecederam o assassinato de Kennedy, ocorrido em 22 de novembro de 1963, o progressivismo/liberalismo foi a filosofia pública reinante e quase única; Kennedy, um centrista realista, vinha de uma tradição eficaz que visava, e com sucesso, à expansão da democracia e do welfare state.

Em contraste, aos republicanos, tais como Dwight Eisenhower, faltava uma alternativa intelectual a esse liberalismo, daí que só lhes restou diminuir o ritmo. O "resíduo" conservador deixado por Wiliam F. Buckley, Jr., virtualmente não teve nenhum impacto na política. A direita radical, corporificada pela John Birch Society, cuspia fanatismo ilógico e inútil. Piereson explica que o assassinato de Kennedy afetou profundamente o liberalismo americano porque Oswald, um comunista ao estilo da New Left, assassinou-o para proteger o regime de Fidel Castro de um presidente que, durante a crise cubana dos mísseis em 1962, brandiu a carta do poderio militar americano. Kennedy, em resumo, morreu porque foi valentão na Guerra Fria. Os liberais americanos não aceitaram tal fato porque esse contradizia o seu sistema de crenças; em vez disso, apresentaram Kennedy como uma vítima da direita radical e um mártir das causas liberais (i.e., esquerdistas).

Essa quimera política requeria dois passos audaciosos. O primeiro se aplicava a Oswald:

• Ignorar o seu perfil comunista ao caracterizá-lo como um direitista extremado. Deste modo, o promotor distrital de Nova Orleans, Jim Garrison, afirmou que "Oswald teria ficado mais à vontade com Mein Kampf [Hitler] do que com O Capital [Marx]".

• Reduzir o seu papel à insignificância ao (1) teorizar acerca de outros dezesseis assassinos ou (2) fabricando uma gigantesca conspiração na qual Oswald seria um simplório manipulado pela Máfia, Ku Klux Klan, cubanos anticastristas, russos brancos, milionários do petróleo texanos, banqueiros internacionais, a CIA, o FBI, o complexo industrial-militar, os generais, ou o sucessor de Kennedy, Lyndon Johnson.

Com Oswald quase apagado da narrativa, ou até mesmo transformado em bode expiatório, o establishment governante – Johnson, Jacqueline Kennedy, J. Edgard Hoover, e muitos outros – continuou, dando então um segundo e surpreendente passo. Eles jogaram a culpa do assassinato não em Oswald, o comunista, mas no povo americano e na direita radical em particular, acusando-os de matar Kennedy porque ele teria sido mole demais na Guerra Fria ou acomodatício na questão dos direitos civis para os negros americanos. Aqui estão apenas quatro dos exemplos citados por Piereson que documentam essa distorção desenfreada:

• O juiz da Suprema Corte, Earl Warren, censurou publicamente o suposto "ódio e amargor que foram injetados por fanáticos na vida da nossa nação".

• O líder da maioria no senado, Mike Mansfield, encolerizava-se contra "o fanatismo, o ódio, preconceito e a arrogância que, naquele momento de horror, convergiram para abatê-lo".

• O deputado Adam Clayton Powell advertia: "Não chorem por Jack Kennedy, mas pela América".

• Um editorial do New York Times lamentava "[...] A vergonha que toda a América deve suportar pelo espírito de loucura e ódio que abateu o Presidente John F. Kennedy".

É nessa "negação ou pouco caso" quanto aos motivos e a culpa de Oswald, que Piereson determina as origens rançosas, mas férteis, da transformação do liberalismo americano na direção de um pessimismo antiamericano. "A ênfase reformista do liberalismo americano, que tinha sido prática e com os olhos postos no futuro, foi sobrepujada por um espírito de autocondenação nacional".

Ao ver os Estados Unidos como um país grosseiro, estúpido, violento, racista e militarista, o foco do liberalismo americano deslocou-se da economia para os assuntos culturais (racismo, feminismo, liberdade sexual, direitos gays). Essa mudança ajudou a criar o movimento de contracultura do final dos anos 1960; de forma mais duradoura, alimentou um "resíduo de ambivalência" quanto ao valor das instituições tradicionais americanas e quanto à validade do uso do poderio militar dos Estados Unidos; quarenta e quatro anos depois, esses mesmos perfil e disposição geral do liberalismo americano permanecem.

Assim, o legado maligno de Lee Harvey Oswald continua vivo em 2007, ainda causando dano e pervertendo o liberalismo americano, poluindo o debate nacional.

Publicado pelo Jerusalem Post. Também disponível em danielpipes.org

Tradução: MSM

[1] NT: O liberalismo americano, tal como apresentado pelos autores do artigo e do livro citado, teria como princípio fundamental a crença quase irrestrita no progresso, na bondade essencial do homem, na promoção da justiça, da igualdade e dos direitos civis, coisas que na visão de mundo do liberal americano pressupunham e pressupõem a intervenção estatal em várias esferas e não apenas na economia (New Deal, p.ex.). Por outro lado, o liberalismo econômico clássico propugnado pela Escola Austríaca (Böhm-Bawerk, Mises, Hayek, etc.) é a antítese dessa noção americana de liberalismo. Assim, hoje, mas já há bastante tempo, nos EUA, liberal e liberalismo são sinônimos de esquerdista e esquerdismo, respectivamente. O artigo e o livro resenhado tentam mostrar a origem dessa radicalização, ou da transformação de um tipo americano de liberalismo, por assim dizer, em esquerdismo antiamericano, hoje representado por uma miríade de grupos ou “ismos”, os quais, grosso modo, têm o Partido Democrata como principal porta-voz e abrigo no establishment político americano, sem esquecer-se das universidades, ONGs, Fundações, parte da grande mídia e de Hollywood.

[2] NT: No contexto americano, Camelot, o castelo do mítico Rei Arthur, significava e simbolizava a esperança de que a presidência de John F. Kennedy fosse a realização de uma grande promessa; esperança essa ainda mais reforçada pelos discursos do próprio Kennedy.

[3] New Left: consulte os arquivos do MSM através do mecanismo de busca por palavra chave.