terça-feira, 29 de setembro de 2009

Totalitarismos mortos e vivos: O que a Veja não disse...

Mídia Sem Máscara

Os jornalistas ainda chegam a presumir que a ligação do movimento revolucionário com o narcotráfico na América Latina seria uma espécie de aberração, não uma parte essencialmente criminosa da militância comunista. Ou seja, os jornalistas santificam a esquerda e dão o aval de afirmar, categoricamente, que ela é partidária da democracia.

Quando um grupo de delinqüentes skinheads é preso por apregoar idéias nazistas ou espancar gays nas ruas, alguns setores da imprensa dão uma intensa cobertura sobre o assunto e fazem alarde histérico sobre o suposto crescimento do nazismo. A coisa se torna até caricatural: alguns programas de TV convidam membros da comunidade judaica a falarem das experiências dos campos de concentração na Europa, como se a ameaça nazista fosse onipresente, como se o espantalho de Hitler ressurgisse das cinzas do bunker de Berlim, para restaurar o poder, na figura de alguns marginais da baixada. Na cabeça dessas criaturas midiáticas mentecaptas, o espectro do nazifascismo ameaça assolar o mundo!

Entretanto, o mesmo tratamento não é dado ao comunismo. Se não bastasse a atenção desproporcional a um totalitarismo morto e enterrado há pelo menos quase 70 anos, os mesmos comentaristas e formadores de opinião ridicularizam àqueles que afirmam sobre a força que os movimentos revolucionários comunistas possuem em nossas democracias. Esses jornalistas dizem que o "socialismo morreu", que o alerta anticomunista é "coisa da guerra fria", que não existe nenhuma ameaça da volta de um regime totalitário similar ao que ocorreu na União Soviética e que ainda vigora na China e na Coréia do Norte. O comunismo mata até hoje. Mas ninguém liga. É um caso estranho de histeria rasteira com amnésia retardada!

Há de se conjecturar: a histeria antinazista foi de grande valia para o movimento comunista. Ela colaborou para transformar os inimigos do comunismo como meros reflexos do cadáver fascista, quando na verdade serviu de ocultações de crimes e genocídios muito mais assombrosos das ditaduras marxistas. Isso acobertou, inclusive, o envolvimento do Estado nazista com a União Soviética, em particular, o rearmamento da Alemanha pelo exército vermelho e a criação dos campos de extermínio alemães, estruturada com sólida logística da NKVD, a polícia política soviética. Essa desproporção doentia teve sólido apoio dos intelectuais de esquerda ocidentais, que inventaram o mito do ressurgimento nazista e ocultavam a ameaça real dos comunistas. Foram as idiossincrasias da tal "esquerda moderada" que tantos conclamam como "democrática". Daí a patetice ridícula de censurar suásticas e prender meia dúzia marginais nazistas sem expressividade alguma, quando o Partido Comunista e seus sequazes similares da esquerda disputam democraticamente o poder, no intento de implantar seu sistema de opressão. E até hoje eles têm sólido apoio de uma intelectualidade universitária poderosa, dominadora, apta a disseminar "ativistas sociais" inúteis propagando as maravilhas da burocracia estatal voluntariosa, do Arquipélago Gulag e do milagre do Estado onipotente.

Essa esquizofrenia mental se torna mais visível quando a imprensa nacional registra os acontecimentos na América Latina e no mundo como se fossem expedientes acidentais, ocasionais, sem relações com um projeto de poder de um grupo. Pode-se incluir, como um exemplo clássico disso, a crença, disseminada até por liberais estúpidos, da famigerada morte do socialismo. Inclusive, algumas revistas falam da chamada "esquerda responsável", que acolhe o livre mercado e abandona a concepção totalitária na economia e na sociedade civil. A burrice do liberal médio é achar que a liberdade se resume à sua visão economicista de livre mercado, ainda que a esquerda controle de forma totalitária todo o resto. Os liberais não estão empolgadinhos com os progressos do livre mercado na China comunista? Se a nossa realidade chegou ao estado de coisas alienantes dos dias de hoje, os liberais e paladinos do livre mercado têm grande cumplicidade com o crime. Acovardados, pusilânimes, complacentes, aceitaram perfeitamente o domínio das esquerdas em troca de migalhas. E foram eles que alimentaram a farsa da falsa defunta comunista.

A cobertura dada pela Revista Veja a respeito da crise em Honduras, causada por obséquio do ditador Hugo Chavez e do Presidente Lula, retrata essa cegueira sobre a "morte do socialismo". A América Latina inteira caminha para o modelo socialista. E, mesmo assim, os idiotas ainda acreditam que o socialismo morreu. Morreu onde? Venezuela, Equador, Nicarágua, Bolívia, Paraguai, Argentina, El Salvador e agora Honduras, sofrem com o bolivarianismo, com o "socialismo do século XXI". E o Brasil é o elemento estratégico de promoção de ditaduras esquerdistas na América Latina, com a ajuda do "moderado" governo Lula.

Os jornalistas de Veja e os liberais podem afirmar à vontade que o socialismo morreu, ainda que nossas escolas preguem literatura marxista a granel, ainda que nossas universidades sejam dominadas pelas esquerdas revolucionárias, ainda que a revolução russa e as ditaduras comunistas sejam glamourizadas como uma contrapartida viável ao capitalismo. Ademais, na mesma edição da revista há uma matéria a respeito dos partidos radicais de esquerda, nanicos, supostamente sem expressividade política nos pleitos eleitorais. Todavia, não é estranho que esses grupelhos tenham um controle desproporcional sobre os meios culturais de nosso país? Não é assustador que eles formem quadros justamente em universidades e escolas? Que mesmo o governo federal libere dinheiro público para organizações estudantis comunistas como a UNE? Ou que a indústria de invasão de terras praticada pelos radicais maoístas fanáticos MST tenha um aval milionário do governo petista?

Mas a Revista Veja dá ao leitor a idéia falsa de que o PT é diferente dos partidos radicais de esquerda que ela tanto deprecia. Os jornalistas ainda chegam a presumir que a ligação do movimento revolucionário com o narcotráfico na América Latina seria uma espécie de aberração, não uma parte essencialmente criminosa da militância comunista. Ou seja, os jornalistas santificam a esquerda e dão o aval de afirmar, categoricamente, que ela é partidária da democracia. Será que os jornalistas crêem que gente como Lênin ou Stálin eram figuras angelicais? Que o Partido Bolchevique se sustentava através de ofertas e dízimos? Qualquer pessoa minimamente informada saberia responder essa pergunta: os movimentos de esquerda guardam através de si um histórico tradicional de banditismo e criminalidade. O que ocorre na América Latina não é diferente do que Lênin fazia quando mandava Stálin assaltar um banco ou extorquir gente rica. A aliança de Lula, Chavez, Zelaya, com o narcotráfico das Farc não é mera coincidência. E o que é a criminalidade do Estado comunista senão o banditismo, o terrorismo e o genocídio transformados em lei? Ah sim, Veja nunca se refere ao socialismo "bolivariano". No linguajar da revista, Chavez e Zelaya são apenas "populistas"!

O jornalismo da Revista Veja ainda colabora para outro rol de falácias. Fala do "golpe de Estado" inexistente em Honduras, quando na verdade, essa idéia mitológica é criação fictícia das próprias esquerdas que querem destruir a democracia naquele país. O Congresso Nacional, o Judiciário, o Ministério Público e o exército tiveram plena legitimidade para derrubar o governo Zelaya, que violou a Constituição hondurenha. Por que um periódico, que supostamente tem fama de ser anti-petista, alimenta as mesmas mentiras do inimigo? O mais grave, contudo, é a omissão da reportagem a respeito da entidade mais influente da América Latina, o Foro de São Paulo, presidido, nada mais, nada menos do que pelo próprio Presidente do Brasil, Luis Ignácio Lula da Silva. Na Declaração Final do XV Encontro do Foro de São Paulo, ocorrido no México, entre os dias 20 e 23 de agosto de 2009, foi redigida uma declaração final nos seguintes dizeres:

"Décimo quinto. O XV Encontro do Foro de São Paulo aprovou mn plano de trabalhoo para o próximo ano que se propõe:
1. Acompanhar os governos progressistas e de esquerda, organizando um debate e intercâmbio permanente de informação entre os dirigentes dos partidos do FSP sobre a evolução da situação em América Latina e dos governos da região criando para eles um Observatório de Governos de esquerda e Progressistas.
2. 2. Apoiar decididamente a esquerda hondurenha nos términos de resolução particular aprovada por este XV Encontro".

Em outras palavras, o movimento comunista está organizado em escala continental, impondo diretrizes a quase todos os governos do continente e decidindo, à revelia do povo de Honduras e demais outros países, pela destruição de seus sistemas democráticos. O Foro de SP pode rasgar a Constituição de Honduras e destruir a democracia e a soberania daquele país, tudo em nome da democracia!

Basta analisar a política petista em todos os seus ângulos para perceber que o governo Lula não é nada diferente de um partido revolucionário. O PT segue todos os passos da esquerda mundial, quando usa uma dupla face no sistema democrático. Por um lado, finge aceitar as regras do Estado de Direito; por outro lado, alimenta a sanha da revolta revolucionária. O PT é o partido que aceita o livre mercado, ao mesmo tempo em que expande uma gigantesca burocracia estatal e aparelha o Estado e a sociedade civil; é o partido que diz defender a democracia, da mesma forma que aprova as brutais tiranias islâmicas, reconhece a legitimidade da China comunista como economia de mercado e, ainda, dá franco apoio à ditadura da Coréia do Norte, no sentido de hostilizar o Japão e subjugar a democrática Coréia do Sul.

A política do PT, de fazer da embaixada do Brasil em Honduras um palanque do capataz de Hugo Chavez, o ex-presidente Zelaya, faz parte do mesmo processo revolucionário que contamina a América Latina. É o reflexo mesmo da futura ditadura do partido-Estado. O Ministro das Relações Exteriores, o mentiroso farsante Celso Amorim, e seu comparsa, o lunático Marco Aurélio Garcia, usam a diplomacia brasileira para atender aos interesses ideológicos do Partido e das esquerdas latino-americanas. Todos eles querem arruinar a democracia em Honduras; querem expandir a influência da Venezuela no país, implantando uma nova ditadura socialista. Ou pior, querem expandir o domínio do Foro de São Paulo, o braço armado do comunismo latino-americano, tal como em outras épocas fora o Comintern, sobre os países democráticos que ainda resistem no continente. O PT, ao estreitar laços com os regimes totalitários ou mesmo expandi-los, quer isolar o Brasil das relações com as nações democráticas e criar um aparato de poder ditatorial dentro do país. A questão é mais que óbvia. O mal mesmo é a desinformação.

No Brasil atual, a mídia pode fazer alardes tenebrosos sobre o crescimento inexistente do nazismo ou de qualquer outra aberração fascista. A comunidade judaica pode ser até convidada a participar da farsa, ignorando que os anti-semitas atuais não são nazistas, mas comunistas, aliados do Irã e do islamismo terrorista. Contudo, a despeito de todas as evidências notórias da expansão comunista na América Latina, o grosso da imprensa se aliena, fecha os olhos, dissemina que tudo é teoria da conspiração. Ou na pior das hipóteses mente ao público. A Veja participa desse tipo de mistificação, negando os fatos. O totalitarismo morto assusta mais do que o totalitarismo vivo. O cadáver do nazifascismo oculta o ogro filantrópico comunista, vivíssimo no mundo! A desproporção entre fantasia e realidade mostra a esquizofrenia sintomática das mentalidades atuais.

ACORN processa jovem que a denunciou por corrupção

Mídia Sem Máscara

Grandes jornais como o Washington Post, Associated Press e The New York Times são forçados a publicar retratações por terem difamado O'Keefe, que em suas investigações, flagrou um funcionário da Planned Parenthood aceitando uma doação destinada ao aborto de bebês negros.

NEW ORLEANS, Louisiana, EUA, 25 de setembro de 2009 (Notícias Pró-Família) - A organização ACORN que vem de comunidades esquerdistas e que recentemente foi humilhada por uma série de vídeos secretos que mostram a atividade ilegal dos funcionários da organização, está agora processando a jovem dupla pró-vida que fez os vídeos.

O acusado James O'Keefe, de 25 anos, que está sendo processado junto com a parceira de investigação Hannah Giles, de 20 anos, é conhecido no meio pró-vida por conduzir operações de denúncia de crimes contra a Federação de Planejamento Familiar [Planned Parenthood - a maior e mais antiga ONG aborteira dos EUA] em conjunto com a produtora Live Action Films. Numa dessas investigações, O'Keefe flagrou um funcionário dessa federação aceitando uma doação destinada ao aborto de bebês negros.

No começo deste mês, a dupla publicou vídeos de suas visitas aos escritórios da ACORN em cinco jurisdições diferentes, vestidos como cafetão e sua namorada prostituta menor de idade buscando um empréstimo. Os funcionários no vídeo deram instruções para a dupla de roupas gritantes em seu esforço de abrir um bordel secreto completo com prostitutas menores de idade de El Salvador, e lavar os fundos obtidos de forma ilegal para a futura campanha parlamentar do cafetão.

Tanto os legisladores republicanos quanto os democratas conservadores imediatamente condenaram o conteúdo dos vídeos e exigiram a cessação, de uma vez por todas, de todo financiamento para a polêmica ACORN. O grupo militante esquerdista vem enfrentando um rastro de acusações de fraudes eleitorais de grande escala, e, mais recentemente, está sob a acusação de encobrir aproximadamente 1 milhão de dólares em desvios de fundos praticados pelo irmão do fundador da ACORN, Wade Rathke.

"É evidente que a ACORN não tem a capacidade de usar fundos federais de uma maneira que seja coerente com a lei", disse o líder minoritário John Boehner em resposta aos vídeos. "Simplificando, a ACORN não deveria receber outro centavo do dinheiro dos contribuintes do imposto de renda dos EUA". O escritório de Boehner calcula que a ACORN recebeu mais de 53 milhões de dólares diretamente do governo federal desde 1994, e provavelmente mais indiretamente por meio de verbas federais sem restrições.

Embora a ACORN tivesse primeiramente reagido ao escândalo demitindo vários funcionários, o grupo apelou para a ofensiva ao processar O'Keefe e Giles bem como Breitbart.com LLC por publicar os vídeos.

O processo alega que a dupla violou a lei de gravação de Maryland, que exige consentimento de ambas as partes, enquanto estava filmando os funcionários do escritório da ACORN em Baltimore. O processo também se queixa de que os vídeos provocaram "extrema angústia emocional" nos funcionários da ACORN na filmagem.

A ACORN busca 1 milhão de dólares para si, 500 mil para cada queixoso individual, bem como 1 milhão em danos punitivos contra cada acusado, e um mandado contra divulgações adicionais dos vídeos.

Embora O'Keefe e Giles tenham deixado pouco espaço para se supor que ambas as partes poderiam ter consentido com as gravações, o especialista legal Ben Sheffner comentou em seu blog "Direitos Autorais e Campanhas" que o processo, apesar de tudo, provavelmente não dará em nada: o precedente de Maryland pede a aplicação da lei apenas quando os queixosos têm uma "expectativa razoável de privacidade" (ERP).

"Embora a própria lei de Maryland seja limitada, e a questão não seja inteiramente livre de dúvida, penso que é improvável que um tribunal de Maryland julgue que a ACORN e seus funcionários tivessem uma ERP nas circunstâncias aqui", escreveu Sheffner.

Apesar das tentativas da organização de evitar ser humilhada por causa a filmagem, o outrora íntimo relacionamento da ACORN com o governo federal continua a se deteriorar.

A Receita Federal se tornou o órgão mais recente a cortar suas ligações com a ACORN, anunciando que expulsaria a organização de seu programa voluntário de assistência de impostos. Além disso, emendas despojando a ACORN de suas verbas federais foram aprovadas em medidas separadas tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado. Quase que imediatamente depois que os vídeos foram publicados, a Agência de Recenseamento rompeu sua cooperação com a ACORN.

A ACORN não foi a única organização a reagir agressivamente aos vídeos: o colunista Joel Mowbray comenta que cada uma das três grandes publicações dos EUA - Washington Post, The New York Times e a Associated Press - foram forçadas a publicar retratações depois de publicarem informações enganadoras e difamatórias sobre O'Keefe.

"Ficamos pensando se os jornalistas com cara de bobos da grande imprensa percebem a ironia: o rapaz de 25 anos, que se descreve como 'chato magricela' com escassos recursos superou gigantes da mídia que têm os bolsos cheios", escreveu Mowbray. "A confiança do público na grande imprensa nunca esteve tão baixa. A reação dessa mídia às revelações sobre a ACORN e seus ataques pesados contra O'Keefe só acelerarão a espiral da decadência".

*

Vejas vídeos e textos de O'Keefe e Giles desmascarando a ACORN aqui.

Veja a cobertura relacionada de LifeSiteNews.com:
Pro-Life "Live Action" Investigator behind ACORN Sex-Racketeering Exposé
http://www.lifesitenews.com/ldn/2009/sep/09091613.html

Planned Parenthood - Racist Donations Welcome We Abort Black Babies
Undercover investigator calls for congressional examination of PP
http://www.lifesitenews.com/ldn/2008/apr/08040303.html

Traduzido por Julio Severo

Publicado com o título "ACORN processa jovem investigador pró-vida em 1 milhão de dólares por causa de operação secreta para flagrar escândalos".

Fonte: http://noticiasprofamilia.blogspot.com

Veja também este artigo original em inglês: http://www.lifesitenews.com/ldn/2009/sep/09092512.html

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Necessidade histórica ou necrofilia?

Mídia Sem Máscara

Tibiriçá Ramaglio | 29 Setembro 2009
Artigos - Governo do PT

Sobre o direito de localizar os restos mortais e sepultar, talvez. Sobre o direito de converter isso num espetáculo publicitário, divergir é muito salutar.

Leio na Folha de S. Paulo de hoje (26/09) que começa amanhã - ao custo 13,5 milhões de reais, extraídos dos nossos bolsos - uma campanha publicitária em TV, rádios, jornais e revistas para estimular a entrega de documentos sobre a localização de desaparecidos no regime militar (1964-85). Para o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, "qualquer que seja a divergência ideológica, histórica, política sobre o período, ninguém pode ter divergência sobre o direito de localizar os restos mortais e sepultar".

Sobre o direito de localizar os restos mortais e sepultar, talvez. Sobre o direito de converter isso num espetáculo publicitário, divergir é muito salutar. Tenho recebido com alguma freqüência convites para eventos e cerimônias (laicas) que homenageiam presos políticos, mortos e desaparecidos do regime militar. Nunca fui a nenhum deles, mas suponho que não devem ser propriamente um sucesso de público.

Não têm maior interesse para a sociedade como um todo, nem sequer para uma parcela majoritária dela. Dirigem-se exclusivamente a minorias. São, por isso mesmo, espetáculos realizados, à custa do dinheiro público - do governo federal e estadual paulista -, para sensibilizar para o tema quem, de antemão, já está sensibilizado, isto é, familiares das vítimas e militantes de organizações e partidos de esquerda que foram presos, torturados e/ou morreram em consequência da luta revolucionária.

Imagino que a sensibilização se dê, principalmente, através de depoimentos de sobreviventes - relatos do sofrimento experimentado nos momentos de reclusão - e exposição de fotos de cicatrizes e ossadas encontradas em túmulos clandestinos. Naturalmente, em seguida, não devem faltar alguns sociólogos e historiadores que elaborem teorias sobre a memória, a repressão, a ditadura, a luta de classes, etc. etc, mas isso não vem ao caso. O que conta propriamente é a celebração em torno da tortura, do suplício, da morte dolorosa, do martírio inclemente.

Não pode deixar de existir, com certeza, alguma perversão mórbida nisso tudo, nesse êxtase em expor minuciosamente chagas, ossos e cadáveres. Em querer fazer que a platéia sinta na própria pele esses tormentos. Não pode deixar de existir, com certeza, alguma patologia nessa compulsão de encontrar restos mortais. A história, enquanto ciência, naturalmente prescinde dessas buscas. A ossada de um terrorista morto em combate no Araguaia não pode dar à historiografia as mesmas informações que, por exemplo, os fósseis dão aos paleontólogos.

Por outro lado, também não creio que isso seja imprescindível para o consolo da família. Se fosse assim, os familiares do vôo 447 da Air France que desabou sobre o Atlântico precisariam passar o resto de suas vidas a exigir do governo francês que desenvolva novas tecnologias submarinas para encontrar os restos mortais das vítimas do acidente. É um contrassenso. Ninguém há de deixar de superar o luto por causa disso.

Não. Acredito que, salvo questões jurídicas acerca do estabelecimento do óbito, devem-se considerar devidamente sepultados aqueles que notoriamente assim se encontram - apesar do desconhecimento das circunstâncias específicas que os levou ao fim. Essa cruzada de Paulo Vanucchi, Tarso Genro et caterva (na qual incluo um sujeitinho chamado Alípio Freire, que gosta de se apresentar ao público com o apodo de "ex-preso político") tem inequívocos componentes de sado-masoquismo e - por que não? - necrofilia. Além, claro das indenizações e pensões que elas garantem aos velhos camaradas.


http://observatoriodepiratininga.blogspot.com

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Aquecimento global: ONU quer restringir soberania brasileira na Amazônia

Nilder Costa

Alerta em Rede

5/set/09 (Alerta em Rede) – Com a aproximação da Conferência sobre o Clima de Copenhague (COP-15), em dezembro, sem qualquer sinal de compromissos ambiciosos para mitigar o fatídico CO2 por parte dos países desenvolvidos, o secretário-geral da ONU Ban Ki-moon deixou de lado a diplomacia e resolveu pressionar o presidente Lula para que o Brasil adote metas mesuráveis contra o desmatamento na Amazônia e que atenda a algumas demandas de países “doadores” para ajudar os emergentes a manterem suas florestas. [1]

O recado é muito claro: entre os pontos que o Brasil terá de encarar, estão a insistência para que haja uma metodologia comum para medir o desmatamento, a existência de metas claras de redução do desmatamento e o desmatamento que possa ser medido por critérios adotados por todos os países. Em outras palavras, estão dizendo que os índices de desmatamento comunicados pelo Brasil não têm credibilidade e, portanto, devem ser monitorados de fora, uma atitude cínica quando se sabe que não existem métodos cientificamente confiáveis para tal (ver nota abaixo).

Acrescentando injúria à ofensa, a ONU quer que o Brasil deixe de usar o argumento da soberania para impedir qualquer “sugestão” sobre o que fazer com a Amazônia. Traduzindo em miúdos, trata-se da velha tese da “soberania restrita” que o Brasil poderia exercer sobre a Amazônia e que foi enunciada sem rodeios por François Mitterrand e outros dirigentes do Establishment anglo-americano há mais de duas décadas.

O Itamaraty, que tem se mostrado ambíguo sobre eventuais metas mensuráveis a serem assumidos pelo Brasil em Copenhague, deveria observar com cuidado a posição dos países africanos. Em reunião realizada hoje em Adis-Abeba (Etiópia) entre representantes dos países africanos e da OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico), Meles Zenawi, primeiro-ministro etíope, afirmou que a África será representada em Copenhague por uma única equipe e que “Nós vamos utilizar o nosso número para minar a legitimidade de qualquer acordo que não cumprir um mínimo de condições. Caso for necessário, nós estamos preparamos para deixar as negociações que serão uma nova violação de nosso continente”. [2]

Essa radicalização dos países africanos acontece no momento em que muitos estudos confirmam que os países pobres serão as primeiras vítimas da mudança climática, mesmo que, como pequenos poluidores, sejam os menos responsáveis. Ocorre que, segundo o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, “se não reduzirmos as emissões de gazes de efeito estufa de maneira significativa, os prejuízos causados à economia dos países pobres serão 10 vezes superiores aos registrados nos países desenvolvidos”. Estas constatações levam os países mais pobres, especialmente africanos, a pedir uma forte contribuição dos países industrializados. A questão do financiamento da adaptação às mudanças climáticas aparece assim em primeiro plano nas negociações climáticas e foi em relação a ela que a Conferência de Poznan, em dezembro passado, fracassou.

Do lado europeu, teme-se que a radicalização da África paralise completamente as discussões de Copenhague, já mal encaminhadas. “Alguns países mais pobres são persuadidos de que os países ricos querem o acordo a qualquer preço”, disse Brice Lalonde, embaixador francês para a negociação climática. “Mas se você disser aos países ricos, ‘vocês só vão ter que pagar e transferir as suas técnicas gratuitamente sem saber como será empregado o dinheiro’, é certo que não haverá acordo”, disse Lalonde em tom nada surpreendente para quem foi fundador da ONG Friends of the Earth (Amigos da Terra) na França e ministro de Meio Ambiente no governo François Mitterrand.

Pelo andar da carruagem, tudo indica que a conferência de Copenhague será o palco para a imposição do esquema REDD (Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation), inicialmente delineado pelo príncipe Charles e sua equipe e desenhado sob medida para os países em desenvolvimento.

Como já analisado por este Alerta, a “solução de mercado” preconizada no esquema REDD tem ao menos dois objetivos estratégicos entrelaçados: permitir que os países industrializados continuem a emitir CO2 em grandes quantidades, que seriam de alguma forma “compensadas” pelas florestas tropicais intocadas, e, ao mesmo tempo, obstaculizar o desenvolvimento socioeconômico das vastas regiões onde elas estão localizadas, predominantemente a Amazônia e a África sub-saariana, daí a necessidade de um regime de "soberania restrita" sobre elas. [3]



Notas:
[1]ONU pressiona Lula para proteger floresta amazônica, O Estado de São Paulo, 03/09/2009
[2]A África sobe o tom antes da Cúpula de Copenhague, Le Momnde via IHU, 05/09/2009
[3]Amazônia: Londres promove "desenvolvimento evitado", Alerta Científico e Ambiental, 06/04/2009

http://www.alerta.inf.br/ct/1556.html