sábado, 31 de julho de 2010

SOCIALISMO DO SÉCULO XXI

sábado, 31 de julho de 2010

Viver de Novo

Por Arlindo Montenegro


Citando diplomaticamente as recomendações da OEA socialista, que protege Zelaya, contra o legítimo e legalmente eleito Porfirio Lobo, finalmente o Chile, tomou a iniciativa de enviar seu embaixador de volta a Tegucigalpa, reconhecendo o racional, o lógico: a vontade do povo hondurenho, respeitando sua Constituição e repudiando o socialismo bolivariano.

O Brasil de Lula, continua teimoso em obediência ao Foro de São Paulo, defende Zelaya e ofende a Colômbia, chamando de "bate boca" a ameaça de Chávez, que deslocou tropas para a fronteira colombiana, simulando que as provas documentadas de suas ligações com as Farc não passam de ameaça do governo colombiano contra os venezuelanos.

Uribe lamentou a declaração infeliz de Lula, que agora está querendo botar panos quentes e esperando um convite para o jantar de despedida, que o governante colombiano oferece a seu sucessor, Juan Manuel Santos. Este sim sabe que a balança brasileira tende para o lado contrário, tende para o lado do socialismo bolivariano das farc, que continua matando colombianos.

É bastante ler o rascunho da próxima reunião do Foro de São Paulo em Buenos Aires, marcada para Agosto, onde se afirma o papel deste bando, criado por Lula e Fidel Castro, reafirmando sua posição internacionalista, socialista, contrária à propriedade privada, contrária ao capitalismo e responsável pela eleição de comunistas em toda a América Latina.

No documento, o bando do Foro de São Paulo lamenta que não tenha havido outra revolução sangrenta como a cubana nos últimos vinte anos! Nas entrelinhas promete trabalhar para que isto aconteça, afirmando com todas as letras: "O capitalismo só vai desaparecer de "morte matada" e não de "morte morrida".

A morte matada do capitalismo foi o que a extinta URSS perseguiu durante setenta anos e o que perseguiram as revoluções marxistas sangrentas e genocidas que – embora os meios de comunicação escondam até hoje – esmagaram centenas de milhões de pessoas, número que continua crescendo, bem alí, na vizinha Colombia, cujas Farc narcotraficantes, Lula e seus seguidores do Foro de São Paulo defendem como bons moços.

O governo do Brasil se recusa até hoje, contra a posição dos EUA e da Europa, a reconhecer aquele bando de assassinos do povo colombiano, como terroristas que são. O governo do Brasil defende a "morte matada" dos capitalistas, defende a guerra revolucionária sangrenta para a tomada do poder. O governo do Brasil está abraçando os piores ditadores e virando as costas para os que ainda tendem para a construção democrática de direito.

O Governo do Brasil, em obediência ao Foro de São Paulo, quer "democracia" exclusivamente para o partido único no poder. Pratica uma política externa de apoio ao socialismo do século XXI, quando teria toda a vantagem buscando o caminho do equilíbrio, do respeito, da razão e em defesa da civilização e dos valores do cristianismo, berço da nossa cultura.

O Foro de São Paulo reconhece isto, expressando que o sinal mais importante da iniciativa das forças de esquerda (que esmagaram a direita sem deixar qualquer espaço para a manifestação contrária ao socialismo) é: "a dianteira eleitoral nas pesquisas e o esperado triunfo da companheira Dilma..."

Toda esta supremacia da insensatez agressiva do Foro de São Paulo, tem resultados notáveis na Venezuela onde campeia a fome, a violência extrema, a perseguição e prisão de opositores políticos, estatização de propriedade privadas, proibição da imprensa livre, refúgio para guerrilheiros narcotraficantes das farc e ameaças guerreiras à vizinha Colômbia.

Igualmente em Cuba, onde a revolução dos Castro e Guevara, que se declarava cristã e democrática nos primeiros dias, arrasou com a economia nos últimos 50 anos. Por pressão interna das "damas de branco" e internacional, com ajuda da Igreja, é obrigada a liberar alguns presos políticos. E basta olhar para a figura de Ariel Ziegler, que era um atleta saudável, saindo da prisão em cadeira de rodas, paraplégico, para imaginar as torturas e horror das prisões cubanas.

É este o caminho que o Foro de São Paulo, Lula e sua candidata, assinalam para os brasileiros: a guerra revolucionária para a "morte matada" das ideias democráticas e do capitalismo. Restabelecer o comunismo ou o socialismo do século XXI, tanto faz como estes psicopatas o denominem.

Buscam a hegemonia mundial, declaram que a tarefa é “construir uma nova ordem... dentro de cada país...entre diferentes estados e blocos regionais” e finalmente uma nova ordem mundial. Para isto contam com o trabalho da “rede de escolas, Fundações e Centros de Estudos do Foro de São Paulo”.

Este documento que continuaremos traduzindo e analisando é tabu para a imprensa. A referência de um candidato ao Foro de São Paulo, deixou o presidente fulo da vida, querendo tapar o sol com a peneira. É o pai negando a existência do cruel filho gerado em intercurso amoroso com Fidel Castro. É o pai negando as trocas amigáveis do filho com os narcotraficantes da mafia das Farc e os bolivarianos chavistas.


Isto é o Foro - revolucionário internacionalista - de São Paulo: o socialismo do século XXI.


Postado por Montenegro às 07:41

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Comunismo e narcotráfico

Mídia Sem Máscara

Quando as FARC começaram a ser chamadas de narco-guerrilheiras, essa mesma esquerda reagia indignada, como se fosse uma armação midiática dos conservadores ou, por que não, do "imperialismo". Os fatos, porém, foram avassaladores, tornando-se indubitáveis.

O que mais surpreende na discussão atual sobre as relações entre as FARC e o narcotráfico, em suas repercussões no "socialismo bolivariano" e em tendências do PT e nos ditos movimentos sociais, é a dissociação que se procura estabelecer entre a idéia de socialismo/comunismo e o tráfico de drogas. No fundo, o que se procura defender é a idéia pura do socialismo/comunismo como se fosse uma idéia de tipo religioso, imune aos acidentes de sua história ou de seu percurso de realização.

As FARC foram historicamente consideradas como um grupo guerrilheiro, que retomava as posições que foram do maoísmo e do castrismo, com a ocupação de áreas ditas liberadas no campo. Eram, nesse sentido, consideradas herdeiras do marxismo-leninismo em suas versões chinesa e cubana, estando, assim, legitimadas junto à opinião pública de esquerda. Eram recebidas em fóruns internacionais, companheiras do PT na fundação do Foro de São Paulo nos anos 90 e elogiadas no Brasil até muito recentemente.

O governo Olívio Dutra, no Rio Grande do Sul, durante o I Fórum Social Mundial, em 2001, recebeu-as no Palácio Piratini. As relações do Padre Medina -- espécie de representante internacional dessa organização revolucionária -- com o PT são também sobejamente conhecidas.

Contudo, à medida que as atividades de tráfico de drogas foram sendo cada vez mais de domínio público, surgiu uma espécie de reação que se aproximaria da "indignação" moral, como se isso fosse uma questão de princípio da esquerda. No início desse processo, quando as FARC começaram a ser chamadas de narco-guerrilheiras, essa mesma esquerda reagia indignada, como se fosse uma armação midiática dos conservadores ou, por que não, do "imperialismo". Os fatos, porém, foram avassaladores, tornando-se indubitáveis.

Aí começou um outro processo, o de dissociar a idéia de socialismo/comunismo do narcotráfico, como se uma fronteira tivesse sido transposta, algo historicamente novo, inconcebível. Ora, a pergunta que cabe é a seguinte: será que estamos diante de algo historicamente novo para esse tipo de esquerda?

Na tradição socialista/comunista, áreas liberadas, como as das FARC na Colômbia, são áreas onde impera a lei da força, a lei do partido, em um completo desrespeito a algo como igualdade de todos ou estado de igualdade jurídica. Rege a violência dos chefes, que não medem meios para a realização de seus objetivos.

Do ponto de vista discursivo, trata-se do melhor dos mundos, o do caminho da igualdade futura entre todos os homens. Do ponto de vista real, trata-se do império da violência, a ausência completa de liberdades, as aulas de doutrinação, a fome e os mais diferentes tipos de violência cometidos pelos chefetes e pelos líderes principais.

A revolução chinesa é um bom precedente histórico. Nas áreas "liberadas", sob controle de Mao, vigorava a expropriação dos camponeses, reduzidos à mais completa miséria, à fome, às epidemias e à violência do partido que de tudo se apropriava. Os privilégios da hierarquia comunista iam das mulheres à disposição dos chefes aos alimentos extraídos de agricultores famintos.

Tudo era legitimado em função do objetivo "socialista" maior. Os que discordavam eram "pequenos burgueses", "direitistas", "agentes do imperialismo" e assim por diante. Os revolucionários de ontem tornavam-se os inimigos de hoje.

Jon Haliday e Jung Chang, em seu livro Mao: a História Desconhecida, fornecem preciosas informações sobre o que foi a dominação totalitária maoísta. Em particular, nos anos de 1941-1942, Mao - precisando de recursos para armamentos, em uma de suas zonas "liberadas"- recorreu ao comércio e cultivo de ópio.

Foi um amplo e florescente negócio, patrocinado por ele mesmo, em nome, evidentemente, da causa comunista. A área cultivada de ópio foi estimada em 12 mil hectares das melhores terras da região.

Para o seu círculo mais próximo, Mao apelidou a operação de "Guerra do Ópio Revolucionária". Assim, transplantando a situação para os dias atuais, podemos também ter a "cocaína revolucionária", tão em voga nas áreas controladas pelas FARC e abertamente cultivada na Bolívia "bolivariana" de Evo Morales.

Tais fatos foram ocultados para não denegrir a causa, a ideia de socialismo/comunismo. Assim, em nome dessa mesma ideia, milhões de pessoas foram exterminadas, sendo que qualquer contestação era imediatamente identificada a uma ação contrarrevolucionária.

Sob o domínio de Evo Morales, as razões apresentadas são "culturais", como se se tratasse somente do consumo de um chá inofensivo, quando a produção é muito maior do que as necessidades do consumo interno desse país.

Já há várias suspeitas de que a ditadura castrista esteve ou mesmo está comprometida com o tráfico de drogas. Generais revolucionários já foram acusados por essas atividades e executados supostamente por essas razões.

Assim funcionam os regimes totalitários. Patrocinam uma atividade e, para livrar-se de seus oponentes internos, dentro do próprio partido e do exército, os acusam de desviantes. É a forma mesma comunista de operação dos expurgos, modo de exercício do terror, para deixar todos os súditos subjugados, evitando qualquer contestação, qualquer abertura. Quando o regime castrista cair, saberemos a verdadeira história.

Enquanto isso, os seus defensores continuam defendendo a ideia da pureza socialista/comunista, modo de sustentar suas próprias posições, com cobertura midiática inclusive.

O problema é que, nos casos da China e de Cuba, a verdade apareceu ou aparecerá décadas depois, quando o estrago do ponto de vista de formação da opinião pública e dos jovens em particular já tiver sido feito. O que, porém, incomoda atualmente a esses mesmos setores é que estamos presenciando ao vivo, contemporaneamente aos fatos, a realização dessa ideia do socialismo/comunismo.

A indignação é pela contemporaneidade, pois essa afeta a opinião pública atual. Eis porque todos correm atrás da dissociação entre o socialismo/comunismo e o narcotráfico.


Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na UFRS

Olavo de Carvalho, 10 anos

Mídia Sem Máscara

Segundo ele, a objetividade do conhecimento e a autonomia da consciência individual estão inseparavelmente ligados, ligação esta que é perdida quando o conhecimento só é considerado seguro quando é reduzido ao academicismo.

Quem me acompanha já notou a influência que o filósofo Olavo de Carvalho tem sobre mim. Confirmo esta impressão: muito do que sei hoje aprendi com ele. Ele é uma das minhas grandes inspirações na vida intelectual.

Ontem lembrei-me que já o acompanho há 10 anos. 10 anos! Uma década já se passou, e para mim foi como se tudo começasse num dia desses. Uma década de aprendizado e de transformação intelectual, majoritariamente positiva. Antevejo que mais uma década de "olavismo" ainda virá para mim. E talvez outra, e outra...

Não vou mais me alongar sobre o assunto. O que cabe dizer agora eu já disse, há quase 1 ano atrás, no penúltimo texto do antigo blog, que republico aqui, já que nada há que acrescentar:

Sobre Olavo de Carvalho

Li o primeiro texto de Olavo de Carvalho em Março ou Abril de 1999. Na altura eu tinha 16 anos, cria-me cultíssimo e, embora fosse mezzo direitista, por meus conhecimenos de humanidades e principalmente por minha formação familiar, na prática era influenciado por várias teses esquerdistas que me eram impingidas por meus professores de colégio (como a de que o nazi-fascismo era uma corrente de direita, a de que a ditadura militar brasileira foi de uma violência comparável à da ditadura hitlerista, a de que a violência nas cidades e nos campos é causada pela pobreza, a de que a Inquisição foi uma das maiores monstruosidades que já existiram, a de que a Igreja Católica estava repleta de "podres" ao longo da sua história, a de que Mao Tsé-Tung foi, afinal de contas, responsável por um grande desenvolvimento na China; a de que o PSDB é um partido de direita, tal como o PMDB e o antigo PFL; etc).

Era um texto sobre a Revolução de 31 de Março de 1964, que encerrava uma homenagem feita pelo Clube Militar aos 35 anos da Redentora. O folheto fora-me dado por meu pai, que o recebera de um amigo coronel da reserva do Exercito, e narrava o episódio do ponto de vista militar. Era a primeira vez que eu lia algo como aquilo, e esta leitura chacoalhou profundamente minha visão sobre o regime militar brasileiro. O texto de Olavo de Carvalho encerrava o encarte e também me marcou, não só por elogiar certos aspectos do regime mas também por afirmar que, no Brasil, não existe uma direita politicamente organizada. O artigo não o identificava, por isso pensei tratar-se de um coronel ou algo assim.

No ano seguinte, ao revirar umas edições passadas da revista Época, defrontei-me com o artigo Longe de Berlim, fora do Mundo e o nome do autor logo atiçou minha memória. Surpreendi-me ao vê-lo chamado filósofo. Era a primeira vez que via um brasileiro das humanidades com tais posturas antiesqurdistas. Começei a acompanhá-lo com mais regularidade até que, no dia 24 de Julho de 2000, lendo uma reportgem sobre o comunismo numa edição da citada revista, leio logo a seguir A velha alucinação. Foi tiro e queda: bastante ácido, inteligente e honesto, este artigo do filósofo é um golpe pesado contra o comunismo e impressionou-me deveras. Foi um poderoso contra-ataque ao que eu aprendia na escola. Foi a partir daí que passei a acompanhá-lo seriamente.

E lá estava eu, lendo seus artigos todas as semanas em Época. Meses depois, numa livraria, encontrei acidentalmente O Futuro do Pensamento Brasileiro. Estudos sobre o Nosso Lugar no Mundo. Comprei-o imediatamente e nele descobri que Olavo de Carvalho é muito mais do que um crítico do comunismo; é um autêntico intelectual, nas boas acepções do termo. Foi o primeiro de muitos: O Jardim das Aflições, O Imbecil Coletivo I, Aristóteles em Nova Perspectiva, e outros. Pouco depois descobri seu site na Internt e isso foi um deleite intelectual para mim. Não só em quantidade mas também em qualidade, tudo aquilo me impressionou positivamente. Era mesmo muita coisa boa o que ali havia e há.

Através de Olavo de Carvalho conheci outros sites interessantes como O Indivíduo, WND, MSM, Lew Rockwell ou o Seventh Seal. Foi ele quem me apresentou autores como Mário Ferreira dos Santos, Miguel Reale, Eric Voegelin, Ludwig von Mises, Roger Scruton, Ângelo Monteiro e Bruno Tolentino. Foi com Olavo que conheci bem temas como a paralaxe cognitiva, a dialética erística, a revolução gramsciana, a Religião Comparada, o Foro de São Paulo, o politicamente correto e o mundialismo. Digo, enfim, sem nenhum receio, que a minha vida intelectual (algo mais que aprendi com ele) deve imensamente ao trabalho de Olavo de Carvalho há uns 9 anos.

A filosofia de Olavo de Carvalho centra-se na defesa da consciência individual frente à tirania da colectividade, sobretudo quando baseada numa ideologia dita "científica". Segundo ele, a objetividade do conhecimento e a autonomia da consciência individual estão inseparavelmente ligados, ligação esta que é perdida quando o conhecimento só é considerado seguro quando é reduzido ao academicismo. Sustentando que a principal guarida da consciência individual contra a alienação e a coisificação se encontra nas antigas tradições religiosas, o filósofo de Campinas analisa os problemas da cultura atual à luz destas tradições.

Embora eu reconheça nele algumas faltas que se tornaram mais claras para mim nos últimos anos - brigas nem sempre necessárias, desrespeito a alguns importantes membros da Igreja, uso de uma linguagem nem sempre recomendável em seu programa True Outspeak, algum feitichismo intelectual que complica a vida, negativismo em relação ao Brasil, etc - penso que o saldo final de sua obra é e será positivo, já que seu trabalho não está ainda concluído. Penso que, se houver uma renovação e mesmo um robustecimento da intelectualidade brasileira nas próximas décadas, essa renovação em muito deverá ao trabalho do filósofo Olavo de Carvalho.

Fábio Barreto edita o blog Bios Theoretikos - http://biostheoretikos2.blogspot.com/

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Anatel: produzindo mais distorções

Mídia Sem Máscara

No sofrível ambiente brasileiro da telefonia e da internet, ambos os serviços são caros e de péssima qualidade. Ao invés de defender a ampla concorrência, o estado defende os concorrentes. A ampla concorrência seria alcançada pela completa desburocratização do setor.

Por causa da intervenção estatal, não faltarão temas a este articulista. Todo dia tem novidade. Todo dia tem um pedaço a menos de liberdade para os cidadãos. E o povo aplaude.

Diz um brocardo jurídico que aos particulares permite-se tudo o que não for defeso em lei, enquanto que aos agentes públicos só é permitido praticar atos em estrita observância à lei. Todavia, a cada novo raiar do sol, cada mínimo aspecto da vida dos particulares vem se tornando ou proibida ou obrigatória, em muito devido justamente pela canetada daqueles que deveriam agir em regime de estrita vinculação.

Nesta semana, a Anatel decidiu interromper mais um aspecto da liberdade de comerciar, por abrir mais uma das frentes do governo contra a "venda casada". Agora, estão proibidas as ofertas de planos conjuntos de telefonia com internet, por exemplo.

Sustenta a nota da Anatel que "as cautelares não têm a intenção de restringir a liberdade de preços praticados pelas autorizadas, uma vez que o Serviço de Comunicação Multimídia é prestado em regime privado, sendo o preço livre, consoante o disposto no art. 129 da Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997". Entretanto, em um ambiente puramente capitalista, o efeito benfazejo da competição não se produz tão somente pela liberdade de praticar o preço amarrado de uma unidade de um bem ou serviço.

Em um ambiente puramente capitalista, todas as práticas comerciais, as conhecidas e aquelas ainda por serem inventadas, têm por fim a busca por maior eficiência econômica. Tais arranjos podem encontrar na redução dos custos o seu alvo, ou simplesmente possibilitar a permanência das atividades, em um ambiente de demanda reduzida. Seja como for, todas elas buscam eficiência e viabilidade, e acima de tudo, estão sob o crivo dos seus implacáveis juízes, os consumidores.

Em um ambiente de franca liberdade econômica, nenhum cartel tem como se sustentar permanentemente contra a vontade dos consumidores. Só para utilizar o caso mais ilustrativo para os brasileiros, que é o dos postos de gasolina, um acordo assim não tem como ser igualmente benéfico para todos os participantes. Um deles pode estar localizado em uma área mais suburbana, cujos clientes sejam mais escassos e mais pobres. Outro pode ter alguma vantagem no transporte do produto, ou ainda dispor de produção própria, no caso do álcool. Um terceiro ainda pode ser simplesmente mais competitivo, a oferecer gratuitamente aos seus clientes outros benefícios, como lavagem grátis, e por isto visa uma maior fatia do mercado. Sempre que um deles perceber que está suportando com prejuízo o lucro de algum concorrente, o acordo estará desfeito.

Cartéis, joint-ventures, parcerias, trustes, verticalizações, terceirizações, pools, consumação, parcelamentos, financiamentos, leasings e outras formas de produção, gerenciamento e vendas são inovações que têm por mérito uma maior eficiência econômica. Elas permitem a redução de custos ou a viabilidade das transações.

Hoje todos compramos um microcomputador com muita facilidade, mas os primeiros equipamentos eram tão caros que não podiam ser vendidos e nem sequer eram alugados, de modo que os serviços consistiam no tratamento dos dados dos clientes por encomenda. Era o jeito que os tornava economicamente atraentes.

Atualmente, para a maioria dos modelos de automóveis, todas as versões, mesmo as de "entrada", incluem itens como ar-condicionado e direção hidráulica. Será este um caso de venda casada? E se eu encontrar na prateleira do supermercado um kit completo que inclua a massa do macarrão, o molho e um saquinho de queijo ralado, isto será também um caso de venda casada?

Coloco estes meros exemplos acima apenas para que o leitor compare e verifique como todas estas incriminações dos atos livres e voluntários dos cidadãos são sempre categorizadas de forma parcial. No fim das contas, pratica cartel, consumação ou venda casada aquele a quem determinado agente público acusa.

Porém, o usuário recorrente de tais práticas é o próprio estado, e sempre visando não uma maior eficiência econômica, mas tão somente para gozar do privilégio de extorquir à vontade os seus cidadãos. Se dois ou três donos de postos de gasolina praticam preços parecidos (no que pese o fornecedor ser um só: a Petrobras, e também abstraindo-nos do fato de que o maior componente do preço dos combustíveis são tributos), eles poderão ser presos e expostos à execração pública; poderão inclusive ser filmados e exibidos na tv, em horário nobre, em flagrante ato de combinação de preços. Todavia, quando se trata de governos, aí o termo "cartel" se transforma em "guerra fiscal", e uma legislação "harmonizadora" vem logo em socorro do princípio da não-competividade.

Venda casada? Comprar gasolina misturada com álcool não é venda casada? Consumação? Pagar o INSS para receber um indesejado auxílio-reclusão (só e somente só porque não pretendo ser um bandido) não é consumação?

No sofrível ambiente brasileiro da telefonia e da internet, ambos os serviços são caros e de péssima qualidade. Ao invés de defender a ampla concorrência, o estado defende os concorrentes. A ampla concorrência seria alcançada pela completa desburocratização do setor, mas foi imposto à nação um modelo artificial de concorrência controlada, em que seletos participantes gozam de um quase-monopólio institucional.

Diante deste cenário, não é de surpreender que façam da população os seus reféns, e neste aspecto, programas de venda casada podem, sim, significar não a meta por maior eficiência econômica, mas sim uma forma de tungar ainda mais os clientes que não dispõem - e nem podem dispor - de outras opções.

Constatemos, assim, como um ato de intervenção sempre leva a outro, posterior, criado com a intenção de aliviar os efeitos do precedente, mas por si só capaz de gerar outras distorções que demandarão novos atos futuros de intrometimento. Isto não pára. É uma roda-viva.