quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O eleitorado e a militância

Mídia Sem Máscara

Terminado o pleito, das duas uma: ou a militância sairá mais forte, ou mais revoltada. Sua periculosidade é a mesma nos dois casos.

A diferença entre eleitorado e militância é a que existe entre um gás e um sólido. O primeiro pode concentrar-se num ponto por alguns momentos, mas acabará se dispersando no ar espontaneamente. O segundo só pode ser movido do lugar mediante algum esforço, proporcional à sua massa e peso.

As próximas eleições vão opor, à solidez maciça e ao peso formidável da maior militância organizada que já houve no País, a substância gasosa de um eleitorado espremido às pressas, anarquicamente, num recipiente que vaza por todos os lados. A militância, adestrada para praticar com boa consciência todos os crimes necessários à eternização da sua liderança no poder, já deixou claro que considera qualquer tentativa de divulgar esses crimes um atentado contra a democracia e - nestes termos - "contra a liberdade de imprensa".

Não se espantem com a enormidade desta última alegação. Ela só mostra que a inversão revolucionária de sujeito e objeto já se automatizou na mente das massas militantes ao ponto de tornar-se uma segunda natureza.

Nenhuma dose de fatos e argumentos pode nada contra isso. Nada pode contra isso o julgamento passageiro e difuso de milhões de eleitores. Militância não é uma tendência de opinião: é uma força física.

O problema, portanto, não é saber quem vai ganhar as eleições: é saber se essa força pode ser controlada pela mera pressão de um gás. Terminado o pleito, das duas uma: ou a militância sairá mais forte, ou mais revoltada. Sua periculosidade é a mesma nos dois casos.

Digo isso por um motivo muito simples.

Um partido político existe para concorrer a cargos eletivos, ocupá-los durante um tempo e ceder o lugar aos partidos adversários quando derrotado nas eleições. Cabem nessa definição o PSDB, o DEM, o PMDB e algumas outras agremiações.

Mas a militância petista e pró-petista nasceu e se constituiu com objetivos infinitamente mais amplos que os de qualquer desses partidos. Ela atua em todos os fronts da vida social e cultural, visando à mutação completa e irreversível da sociedade -- o que implica o controle definitivo, e não temporário, monopolístico, e não compartilhado, dos meios de ação política. Ela não ocupa espaços pelo período de uma gestão, como um candidato eleito: ocupa-os de uma vez para sempre, tomando como ameaça "golpista" qualquer veleidade
de removê-la do território que foi conquistado.

Se vencer, o esquema petista vai com toda a certeza proceder ao "salto qualitativo" que está preparando há mais de duas décadas, para substituir, ao governo de transição (que assim se autodefine o governo Lula nas discussões internas do partido), o começo da "construção do socialismo".

E se perder? Um partido político derrotado prepara-se para a revanche nas próximas eleições: a militância revolucionária, na mesma hipótese, simplesmente se mobiliza para defender as posições ocupadas, para assegurar que o resultado das eleições não venha a abalar em nada o poder de que desfruta, no governo e fora dele.

Ora, uma das expressões mais claras desse poder é o domínio que a militância exerce sobre o funcionalismo público federal. O governo pode mudar de mãos, mas o Estado vai continuar petista. Um presidente antipetista terá de escolher: ou vai governar cercado de inimigos, que farão tudo o que puderem para boicotar suas ordens, ou vai tentar demolir a máquina militante que se apossou do Estado.

Na primeira hipótese, será assombrado noite e dia pelo espectro da paralisia e do fracasso. Na segunda, vai enfrentar greves, invasões incessantes de prédios públicos, arruaças de toda sorte e eventualmente a possibilidade de uma insurreição armada.

Graças ao Foro de São Paulo, esta última hipótese é hoje muito mais viável do que na década de 60, não só no Brasil como na América Latina inteira. As quadrilhas guerrilheiras da época, frouxamente articuladas pela OLAS, Organização de Solidariedade Latino-Americana, eram apenas bandos de crianças, se comparadas ao poderio monstruoso da maior organização político-criminal já montada no continente (sob a proteção da mesma mídia que a ingrata agora acusa de golpista).

O que me pergunto é se políticos que morrem de pavor ante a simples hipótese de ser suspeitos de "direitismo" estão preparados para enfrentar qualquer coisa de mais perigoso que uma disputa eleitoral ordeira e pacífica. Se não estão, preparem-se. Vencendo ou perdendo as eleições, preparem-se.

Quem comeu sapo, engole perereca...

Mídia Sem Máscara

Em 2002, Argos, a arguto ET de 100 olhos, oriundo da Constelação de mesmo nome, esteve em visita à França e ao Brasil, para conhecer os respectivos sistemas eleitorais.

Em setembro de 2010, Argos voltou ao Brasil e solicitou uma entrevista exclusiva, para tentar entender a corruPTa política brasileira. Apesar de seus 100 olhos e Argos ser um sujeito muito arguto, as dúvidas, ao final da entrevista, só aumentaram.

- Argos, o que você acha das atuais eleições?

- Em 2002, eu observei que todos os candidatos a presidente do Brasil eram de esquerda. E agora?

- São todos também de esquerda, com o detalhe de que em 2010, como em 2006, há 3 petistas: Dilma Rousseff, Marina Silva e Plínio de Arruda Sampaio. Para enfrentar o bobo da corte da vez, também esquerdista, que se chama José Serra.

- Mas Marina e Plínio são de outros partidos, não são petistas.

- Ora, Argos, uma vez petista, sempre petista. Você acha que Marina e Plínio iriam apoiar quem, se houvesse 2º turno?

- Então não haverá 2º turno?

- Com a máquina de triturar carne adversária de Lula para apoiar Dilma, e com os institutos de pesquisa manipulados, a futura presidenta já disse que nem Cristo irá impedir que ganhe. (Nota do editor: a notícia de que Dilma teria disto isto é falsa.)

- Presidenta?

- É como Dilma gostaria de ser chamada. Rima com sargenta e rabugenta.

- Sei que Lula tem alto índice de popularidade. Tomei conhecimento da corrupção do governo Lula, no caso do Mensalão. Por que Collor sofreu impeachment e Lula, não?

- Ora, Argos, você não está sendo arguto. Ocorre que Lula é blindado por teflon, assim como era o presidente Reagan, dos EUA. Nada cola nele. O mísero operário de 9 dedos tornou-se inimputável, assim como são inimputáveis os loucos, as crianças e os índios - além dos petistas em geral.

- E a OAB, o que disse de Lula?

- Como você sabe, Argos, a OAB, a ABI e um órgão positivista de Curitiba exigiram o impeachment de Collor, mas se calaram covardemente no caso Lula, o Chefão do Mensalão.

- Por quê?

- Esses órgãos são todos esquerdistas e corporativistas por natureza. Veja a OAB: foi a favor da Lei da Anistia, aprovada em 1979, mas tentou modificá-la recentemente, para punir apenas supostos "torturadores" dos governos militares, deixando de fora sequestradores e terroristas de esquerda. Por sorte o Supremo não entrou no esquema de caça às bruxas, insuflado pela dupla bolchevique Tarso Genro-Paulo Vannuchi.

- Há motivos para Lula ter 80% de aprovação?

- Nenhum motivo. Mas, com uma propaganda ufanista e mentirosa, atingindo corações e dementes 24 horas por dia, o resultado não poderia ser outro. A propaganda milionária do pré-sal, cujos poços não produzem ainda nenhuma gota de petróleo, faz esquecer que as estradas estão esburacadas, a Saúde na UTI, a Educação no buraco, a Segurança Pública entregue a traficantes e milícias.

- Mas como explicar isso?

- Não há explicação. No primeiro governo Lula, o Brasil só cresceu mais que o Haiti, então em plena guerra civil. O fato mais importante naquele período, como já dito acima, foi o episódio do mensalão, a compra de votos de parlamentares para tocar o governo petista. O episódio levou à queda do araponga cubano-brasileiro José Dirceu, que colocou em seu lugar a "companheira d'armas" Dilma Rousseff na Casa Civil. Como você sabe, Argos, o Brasil, em 2009, andou como caranguejo: para trás. Assim, em relação ao ano passado, os índices de 2010, assentados em uma pequena arrancada econômica baseada em financiamento farto para moradia, automóveis e outros bens de consumo, são quase iguais aos da China. A propaganda ufanista do governo soube aproveitar a situação. Enquanto isso, todos esquecem que a dívida pública quase triplicou sob o comando de Lula, está por volta de R$ 2 trilhões! Deve estourar a qualquer momento, devido aos altos juros, os maiores do mundo.

- E como Lula saiu da encrenca do mensalão e conseguiu se reeleger?

- O tempo, Argos, o tempo. O povo esquece fácil sobre a vida dos políticos. Muitas vezes, até aprova falcatruas, reelegendo corruptos notórios. Sem falar na tentativa petista de censurar a imprensa e a mídia, como a criação do Conselhão de Jornalismo. Felizmente, os jornais e as emissoras de TV caíram de pau em cima do modelo cubano-chavista e a coisa não prosperou. O então Secretário de Comunicação Gu-Shi-Ken quis até distribuir uma cartilha politicamente correta à população, em que praticamente criminalizava palavras como "veado" e "cabeça chata".

- Mas como Lula saiu ileso?

- Por vários motivos. Primeiro, porque os ditos movimentos sociais, como o terrorista messetê, e principais organizações da sociedade civil são todos esquerdistas e muito bem organizados, de modo que já se infiltraram em todos os setores públicos. Não iriam atacar Lula, que, cinicamente, sempre repetiu que "não sabia de nada". Além dos 40 ladrões do mensalão, faltou o Supremo incluir Ali Babaca, aquele que finge que não sabe de nada.

- E a oposição, o que fez?

- Em segundo lugar, Argos, a oposição que existe é a oposição que o PT sempre pediu ao diabo. O então presidente do pefelê, hoje Democratas, preferiu não fazer nada e deixar Lula "sangrar" politicamente até a morte.

- Você está falando do Bornhausen?

- Isso mesmo, Argos, meu conterrâneo de Santa Catarina. Um político que se apresentava como raposa velha não passou de um político provinciano que nunca entendeu a desgraça que significa o petismo. O castigo virá logo para essa falsa oposição: o Dem vai se tornar um partido nanico.

- E não houve reação da sociedade contra o mensalão?

- Houve, sim, Argos. O messetê, a UNE e a CUT, organizações-pelego de Lula, fizeram uma passeata em Brasília, em apoio a Lula e a maracutaia petista.

- Você falou em Democratas. Por que o PFL mudou de nome?

- Passado o episódio do mensalão, o povo esqueceu tudo e passou a apoiar Lula, que aumentava a sua popularidade quanto mais denúncias contra o governo apareciam. O pefelê, formado por liberais "que não ousam dizer seu nome", mudou o nome para Democratas. No atual estágio do fascismo brasileiro, a palavra liberal virou palavrão. Tem até empresário de São Paulo se filiando a partido socialista.


- E o que o Democratas ganhou?

- O único fato de relevo que os covardes conseguiram foi a cassação do único governador eleito pela sigla, José Roberto Arruda, do Distrito Federal, que foi flagrado recebendo maços de dinheiro, como propina, perdeu o cargo e passou uns tempos no xilindró da Polícia Federal.

- O PT não deixou Arruda "sangrar" até a morte...

- Não, Argos. Com o Petistério Público trabalhando a favor da petezada, não tem erro. Os adversários políticos pegos com a munheca no dinheiro alheio são tratados como bandidos. Os amigos bandidos são chamados por Lula de "aloprados".

- Aloprados? Como assim?

- Nas vésperas das eleições presidenciais, em 2006, a polícia flagrou bandidos petistas em um hotel com uma montanha de dinheiro, que seria para vender a uma revista um dossiê falso sobre José Serra, candidato a governador por São Paulo, e Geraldo Alckmin, candidato presidencial - o bobo da corte de então. O objetivo era "melar a eleição". Na ocasião, Lula apelidou os companheiros bandidos de "aloprados"

- E os aloprados foram presos?

- Nem me lembro mais, Argos. Se foram presos, logo foram soltos, como acontece sempre no Brasil, a superpotência da impunidade. Até hoje a Polícia Política Federal do Comissário do Povo Tarso Genro não sabe a origem de tanto dinheiro.

- Quer dizer que uma montanha de dinheiro derrubou Roseane Sarney, em 2002, mas não conseguiu derrubar Lula em 2006?

- O máximo que ocorreu na ocasião foi Lula ir para o 2º turno, quando Alckmin conseguiu obter ainda menos votos que no 1º turno. Como eu disse, o povo esquece logo. Aliás, teve um outro fato que ajudou Lula no episódio dos aloprados: caiu um avião da Gol matando mais de 200 pessoas, e as TVs e jornais não diziam outra coisa naquela ocasião. Ah! Ia-me esquecendo. A queda da Roseana, em 2002, foi tramada por petistas.

- Você disse que existe fascismo no Brasil. Como assim?

- Ora, Argos. Quando todos os setores da sociedade estão cooptados com um partido e com o poder central, ou com uma personalidade, como Lula, quando não existe oposição efetiva, você pode chamar tal fato de fascismo. Os sindicatos foram todos cooptados, muitos de seus caciques hoje ocupam cargos relevantes e têm orçamentos bilionários. Até a Força Sindical, antiga oponente da CUT, aliou-se ao governo petista. A estudantada não pinta mais a cara, como na ocasião da derrubada de Collor, mas apoia a corrupção petralha. São os "balilas" do Mussolini de Garanhuns. O messetê não é considerado grupo terrorista, mas o braço armado do PT, e em poucas horas tem capacidade de colocar 3 milhões de baderneiros nas ruas. Hoje, muitos líderes do messetê são chefetes do INCRA e orientam os falsos sem-terra sobre quais fazendas devem ser invadidas. As crianças do messetê, desde tenra idade, são doutrinadas na revolução comunista. São os "filhos da loba" do Duce petista. Os bispos vermelhos da CNBdoB querem realizar plebiscito para limitar o tamanho das propriedades rurais. Os empresários se filiam a partidos socialistas, para obter as benesses do governo, incluindo os donos de TVs. As empreiteiras do PAC não têm reclamações a fazer, nem os banqueiros, que lucram como nunca. Se não há oposição e existe unanimidade em torno da ideologia do Grande Líder, como não falar em fascismo? É uma espécie de gay fascism, o povo todo "alegre" e satisfeito com o Duce cucaracha. A última prova de que existe fascismo no Brasil foi a escolha do filme Lula, o Filho do Brasil para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Uma vergonha!

- Você falou em petralha...

- Na definição do jornalista e escritor Reinaldo Azevedo, articulista e blogueiro da revista Óia, petralha significa a junção das palavras "petista" com "Irmãos Metralha". Ele até escreveu um livro sobre o assunto, O País dos Petralhas. Petralha é, portanto, o petista que mete a mão no dinheiro público. Mas, por dever de justiça, deve-se dizer que todo petralha é petista, mas nem todo petista é petralha. Como os dinossauros, os petistas se dividem em carnívoros e herbívoros. A diferença é que os petistas herbívoros eventualmente também comem carne...

- Você está sendo irônico...

- É, Argos, num país onde a moral e os bons costumes foram jogados no lixo, a corrupção foi institucionalizada e a argumentação lógica não serve para nada, sobrou a ironia.

- E como foi a política de Lula em geral, no Brasil e no exterior?

- No Brasil, foi a política do créu: os impostos não deixaram de aumentar, principalmente para a classe média, para fazer caixa para o programa do Bolsa Família, o maior programa de voto de curral do universo, já que é direcionado a mais de 12 milhões de famílias - o que é um absurdo, já que a obesidade é um problema sério para o Brasil, não a fome. No exterior, foi a política do rebolation, com abaixadinha do derrière até o chão: rebolation na relação umbilical com Fidel Castro; rebolation nos encontros secretos com Hugo Chávez, para implementação dos objetivos do Foro de São Paulo, que pretende comunizar toda a América Latina; rebolation na revisão do Tratado de Itaipu, aumentando a conta de nossa luz, para salvar a vida política do bispo pedófilo presidente do Paraguai; rebolation no caso das refinarias da Petrobras na Bolívia, tomadas na mão grande pelo Exército boliviano; rebolation na relação amistosa com ditadores africanos e árabes, além do camarada Ahmadinejah, do Irã. E dá-lhe dinheiro, a fundo perdido, para toda essa companheirada.

- E o FMI?

- Pois é, Argos. Antes, os petistas demonizavam o FMI, com apoio dos bispos vermelhos. Depois que Lula assumiu o governo, pagaram a dívida junto àquele organismo da ONU e não se fala mais no diabo. Recentemente, Lula até emprestou dinheiro ao demônio.

- E a dívida externa, foi toda paga?

- Os petralhas espalharam o boato de que a dívida externa foi paga pelo governo Lula. Mentira. Ela até aumentou mais um pouco.

- Já existem exilados da era Lula?

- Não só exilados, como também asilados políticos. Lula recebeu de braços abertos os terroristas Cesare Batisti, da Itália, e Olivério Medina, o "Cura Camilo", embaixador das FARC (Colômbia) no Brasil, ambos requisitados pela Justiça dos respectivos países. O governo Lula também produziu alguns exilados, que se refugiaram no exterior, por estarem sendo perseguidos no Brasil. O filósofo e escritor Olavo de Carvalho trabalha atualmente nos EUA, como correspondente do jornal Diário do Comércio, de São Paulo, já que foi despedido de todos os jornais e revistas em que trabalhava no Brasil. O evangélico Júlio Severo teve que se refugiar na Europa porque estava sendo perseguido pelo movimento gay, por ter publicado um livro sobre o assunto. Bruno José Daniel Filho e sua esposa se exilaram na França, com medo de serem torturados até a morte como ocorreu com o ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel. Yves Hublet, aquele que deu bengaladas no cocoruto de José Dirceu, no Congresso Nacional, exilou-se por uns tempos na Bélgica e voltou ao Brasil recentemente, onde teve uma morte suspeita. A esposa do radialista e jornalista de TV Jorge Cajuru foi estuprada por um político de Goiás e teve que fugir do País para não morrer. Cajuru também denunciou no Programa Raul Gil que o Ministro da Propaganda Franklin Martins, o Goebbels do governo Lula, dá propina a emissoras de rádio do interior do Brasil, para falar bem do governo. Se o locutor falar mal, a mesada é cortada. Lula criou duas TVs governamentais, a TV Brasil, mais conhecida como TV Lula, e a TVT, a TV dos Trabalhadores. As TVs têm tanto prestígio quanto o candidato do PSol a presidente, dá só traço, mas quem se importa com os milhões gastos na brincadeira?

- E a Dilma, não há nada que manche sua biografia?

- Não, Argos. A oposição de mentirinha esqueceu de lembrar ao povo brasileiro que Dilma, além de ter sido uma terrorista e assaltante do cofre do Adhemar de Barros, é uma mentirosa à altura do "maior mentiroso do Brasil" (clique no Google para descobrir quem é...). Além de manter no site oficial um título acadêmico que não tinha obtido na Unicamp, Dilma mentiu no caso do dossiê montado na Casa Civil contra FHCannabis e sua esposa Dona Ruth, logo depois que surgiu o escândalo dos cartões corporativos. Mentiu também quando disse que não recebeu no Palácio do Planalto a antiga Secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira, a quem ela pediu para "aliviar" as investigações sobre a vida financeira de um filho de José Sarney. Aliás, Lina Vieira também pretende se exilar, já que continua sofrendo ameaças da petralhada.

- Como explicar a liderança da candidata criada por Lula, já que o partido dela pretende fazer do Brasil uma Cuba continental, como está previsto no Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) elaborado por Dilma Rousseff, Tarso Genro e Paulo Vannuchi?

- É, Argos. Vejo que você está por dentro das coisas...

- Pra que eu tenho estes 100 olhos?

- Ora, Argos, "quem comeu sapo, engole perereca", já diz uma marchinha de carnaval (Cfr. www.youtube.com/watch?v=B2sXPmdsImM). Depois do sapo barbudo, por que não uma perereca de bigode, mas com cara alisada pelo PAC?

- PAC?

- Processo de Alisamento da Cara, com cirurgia plástica. Você reparou a cara do Serra nestas eleições? Não são de um pé-na-cova?

- Você tem razão. A imagem é tudo na TV. Por isso Dilma está disparado na frente.

- E Serra foi escolhido mais uma vez para perder. Já no primeiro programa de TV, ele apareceu para elogiar Lula. Assim, por que votar nele e não em quem o presidente está indicando? Mais uma vez está provado: o PSDB é irmão siamês do PT. Anos atrás, havia até estudos para unir as duas siglas, com apoio de Lula, como afirmou Ricardo Kotscho no livro Do Golpe ao Planalto.

- Priismo à vista?

- Com certeza, Argos. Se nada for feito para barrar o assalto avassalador ao Estado brasileiro, o PT e aliados poderão se tornar o novo PRI mexicano, que ficou no poder o mesmo tempo que os bolcheviques na União Soviética: 70 anos.

- Setenta anos de PT?

- Ninguém merece, Argos. Mas quem aguentou 8 anos de "luluzela", pode aguentar qualquer coisa durante décadas.

- "Luluzela"?

- É a combinação da palavra "Lula" com "vuvuzela", aquela corneta de corno que infernizou os jogos de futebol na Copa da África do Sul. Tenho amigos que sofrem mal-estar profundo só em ouvir a luluzela, uma mistura de voz de cachaceiro com cuspe grosso. Esses amigos, se não desligam logo a TV, têm que correr ao banheiro, com mais um ataque de diarreia. Eu, p. ex., sinto uma azia danada ao ouvir a luluzela. O sal-de-frutas Eno é que tem me salvado a vida.

- E as últimas acusações envolvendo pessoal da Casa Civil e dos Correios?

- Ora, Argos, Lula e Dilma estão corretos: trata-se apenas do desespero do candidato tucano e acusação falsa da elite branca de olhos azuis dos donos de jornais e TVs. É apenas mais um chororô da oposição...

E Argos partiu de volta à sua Constelação, triste em saber como o país do futuro, o Brasilistão - bantustões de guetos indígenas, quilombolas e messetê -, foi tomado pela bandidagem política. E o povo, alienado, apóia as maracutaias petistas sem restrições, dentro da máxima da Lei de Gerson, "leve vantagem você também". Argos ficou em dúvida: esse povo é idiota útil ou patife assumido? Eu fico com a segunda opção. É o resultado natural para quem vê as novelas da TV Globo durante 40 anos e foi doutrinado, nas últimas décadas, pela revolução cultural gramsciana nas escolas e universidades.

Já dentro do disco voador, pude ouvir a marchinha "quem comeu sapo, engole perereca", que eu havia gravado num pendrive e doado a Argos. E Argos acompanhava, em voz alta:

Eureka! Eureka! Quem comeu sapo, engole perereca! (bis)

Por que eles odeiam o mercado?

Mídia Sem Máscara

Até onde se sabe, nenhuma pessoa desafiou o oceano em uma balsa caseira em busca de melhores condições de vida em Cuba.

Entre os intelectuais, o modismo de sempre é culpar todas as mazelas da sociedade no livre mercado. Basta dar uma olhada no conteúdo dos cursos universitários, nas palavras dos professores, nas publicações acadêmicas e mesmo nos jornais dos grêmios universitários. Todos eles concordam entre si nesse quesito.

O desprezo popular pelo mercado é angustiante. Poucas instituições são tão universalmente vilipendiadas, e talvez poucas instituições sejam tão universalmente incompreendidas. E essa desinformação é perigosa: os radicais que protestam tão veementemente contra o funcionamento do livre mercado raramente percebem que estão defendendo o fim da única instituição que pode aprimorar o padrão de vida das pessoas. Parodiando o poeta Robert Frost, deveríamos primeiro examinar como funciona o paraíso para, só então, tentarmos mudar o mundo. Em outras palavras, devemos entender como algo é antes de começarmos a falar como ele deveria ser. Nesse artigo, farei precisamente isso: vou esclarecer a definição de "livre mercado" e então argumentar que os chamados 'pecados' do mercado são erroneamente interpretados.

Cabe a nós, antes de tudo, definir aquilo sobre o qual estamos falando. Muitas discordâncias têm suas origens na incompreensão e no equívoco. Portanto, vamos definir o "livre mercado": o site dictionary.com define um "mercado" como "uma oportunidade de comprar ou vender" e um "livre mercado" como "um mercado econômico no qual a oferta e a demanda não são reguladas ou são reguladas com restrições mínimas". "Livre mercado" e "capitalismo" são praticamente sinônimos, e é George Reisman quem define o capitalismo de maneira eloquente:

O capitalismo é um sistema social baseado na propriedade privada dos meios de produção. É caracterizado pela busca do interesse próprio em termos materiais - em um ambiente livre da iniciação de força física -, e seus alicerces são culturalmente influenciados pela razão. Baseado em suas fundamentações e em sua natureza essencial, o capitalismo é mais detalhadamente caracterizado pela poupança e pela acumulação de capital, pelas trocas voluntárias intermediadas pelo dinheiro, pelo interesse próprio financeiro e pela busca do lucro, pela livre concorrência e pela desigualdade econômica, pelo sistema de preços, pelo progresso econômico, e por uma harmonia da busca pelo interesse próprio material de todos os indivíduos que dele participam.[1]

Assim, podemos definir o "livre mercado" como um sistema social baseado na troca voluntária de títulos de propriedade. E, ainda assim, o "livre mercado" é quase que universalmente vilipendiado dentro da academia.

Várias críticas populares ao mercado são tão batidas que já asseguraram a caricatura de clichê (críticos do capitalismo diriam que tais críticas são um "axioma"). Elas podem ser condensadas em algumas poucas proposições amplas, as quais consideraremos aqui. Elas são: o mercado é antissocial, o mercado atropela os direitos humanos, o mercado é o inimigo do meio ambiente e o mercado é a arma dos ricos contra os pobres. Vamos analisar uma de cada vez.

Um dos mais populares mitos sobre a economia de mercado é que ela necessariamente gera uma tipicamente hobbesiana "guerra de todos contra todos", um mundo em que todos se devoram e todos competem em uma briga por recursos, sendo que o final é um jogo de soma zero. Outros já chegaram inclusive a afirmar que o mercado pode levar toda a espécie humana à autodestruição. A conclusão, portanto, é que o mercado é algo belicoso e hostil: se os recursos são finitos e todos vivem para consumir, então conflitos - e guerras - serão necessariamente o resultado natural.

Mas conflitos e guerras são a exata antítese dos princípios do livre mercado. A essência das trocas de mercado é a cooperação: dois lados trocam bens e serviços, e ambos saem enriquecidos dessa troca. Você vai a uma loja e paga por uma gravata. A loja compra a gravata do fabricante. O fabricante paga pela mão-de-obra e pelo capital necessários para produzir a gravata. Todos ganham no processo.

O leitor deve também observar que as pessoas nunca começam guerras de conquista e subjugação com a intenção de ampliar as trocas voluntárias de bens e serviços. Com efeito, muitas guerras ocorrem fundamentalmente por motivos anticapitalistas: a saber, disputas comerciais. Vale a pena sempre recorrermos à sabedoria de Frédéric Bastiat, que alertou que, quando os bens deixam de cruzar as fronteiras, os exércitos cruzarão.

Outra crítica popular ao livre mercado é que ele atropela os direitos humanos. Escravidão, racismo, machismo e "trabalhos precários" são filhos do capitalismo; portanto, a economia de mercado deve ser derrubada e destruída o mais rápido possível.

Em primeiro lugar, a escravidão é antimercado por definição: mercados livres são guiados pelo princípio do voluntarismo. Em segundo, racismo e machismo são difíceis de serem sustentados em mercados competitivos: não importa o quanto um determinado empregador odeie negros, mulheres, judeus, homossexuais etc., os consumidores raramente estão dispostos a pagar o preço extra que seria necessário para que ele satisfaça eternamente seu desejo pela discriminação.

Tragicamente, regulamentações sobre as condições de trabalho e a imposição de um salário mínimo maior tendem a exacerbar - ao invés de mitigar - as discriminações, pois removem as penalidades que empregadores preconceituosos sofreriam em um mercado competitivo e eliminam uma importante margem que poderia ser utilizado por grupos marginalizados. Quando as pessoas não mais podem competir com base em preços, quantidade e qualidade, as empresas passam a poder discriminar com base em algo que não seja a produtividade.

Em um mercado livre e desimpedido, um empregador racista seria penalizado (lucros menores que os de seus concorrentes) se ele incorresse em qualquer tipo de discriminação. Sem um salário mínimo imposto, seria caro para um empregador racista negar a mão-de-obra de um trabalhador negro que se dispusesse a trabalhar por um valor menor que o de um branco. Porém, quando o estado passa a fixar o preço da mão-de-obra, e as condições de trabalho são determinadas por decreto, esse mesmo empregador estará apto a exercer suas preferências racistas sem que receba uma merecida punição capitalista. É por isso que um salário mínimo mais alto acaba com o único trunfo que os grupos historicamente discriminados têm a seu favor.

Ademais, o mercado tem sido profundamente benevolente mesmo para as mais oprimidas minorias. Em sua magistral obra Competition and Coercion: Blacks in the American Economy 1865-1914, Robert Higgs narrou cronologicamente os espetaculares ganhos e conquistas obtidos pelos filhos e filhas de escravos quando eles passaram a poder participar da economia de mercado.

Em terceiro lugar, temos de fazer duas perguntas quando consideramos a má situação da mão-de-obra em "trabalhos precários". Primeira: por que as condições de trabalho são tão miseráveis? Segunda: quais são as alternativas boas para esses trabalhadores? As condições de trabalho no terceiro mundo são ruins exatamente porque vários desses países apenas recentemente começaram a adotar as instituições que caracterizam as economias de mercado do ocidente. As melhores alternativas para esses trabalhadores são normalmente pavorosas: crime, prostituição e fome. Se os trabalhos precários forem proibidos, essas serão as únicas alternativas sobrantes.

Também é bastante popular acusar o mercado de ser o inimigo do meio ambiente. Outra mentira; a degradação ambiental ocorre exatamente quando os direitos de propriedade são debilmente especificados, fiscalizados e zelados. Se há alguma entidade que fracassou quanto a isso, é o estado. Há ampla evidência desse fracasso nos países comunistas: vários lagos, rios e correntezas da antiga União Soviética são tão poluídos, que são inutilizáveis. O economista George Reisman dedicou uma considerável porção do seu magistral tratado Capitalism à interação entre o mercado e o meio ambiente, e ele mostra que afirmação de que "o mercado é o inimigo do meio ambiente" é baseada em ficções.

A economia de mercado também é acusada de ser a arma suprema dos ricos contra os pobres. A "meritocracia" capitalista seria a responsável pela ampla e difundida pobreza, pela desigualdade desenfreada e pelo domínio mundial das grandes corporações. Embora esses desafios às instituições capitalistas tendam a gerar uma retórica intrigante, eles são completamente falsos.

Os países pobres de hoje já eram pobres muito antes de as modernas e liberais economias de mercado se desenvolverem na Europa e na América do Norte; portanto, não se pode culpar o capitalismo pela pobreza deles. Muitos críticos também apontam para a desigual distribuição de riqueza como evidência das mazelas do capitalismo, mas tal acusação ignora dois pontos cruciais.

O primeiro é a mobilidade de renda: dependendo da liberdade econômica do país, alguém nascido na pobreza tem uma boa chance de ascender na escala social. Segundo, embora a distribuição de renda monetária seja desigual, a facilidade de acesso aos bens de composição tecnológica similar aumentou consideravelmente. Durante a maior parte da história mundial, a diferença entre ricos e pobres era a diferença entre aqueles que comiam e aqueles que morriam de fome. Na economias de mercado atuais, a diferença entre os super ricos e os pobres é a diferença entre aquele que dirige um Dodge Viper e aquele que dirige um Chevrolet da década de 1980.

O leitor deveria também observar que o poder que se imagina que as "grandes corporações" tenham está exagerado. Uma característica exclusiva do capitalismo de livre mercado é que as maiores recompensas vão para aqueles que satisfazem às demandas do cidadão comum. Nos EUA, por exemplo, pense no Wal-Mart, o bode expiatório favorito dos intelectuais de esquerda: a clientela do Wal-Mart é formada quase que exclusivamente de pessoas das classes média e baixa. O capitalismo gera uma riqueza fantástica, e os benefícios vão quase que inteiramente para os menos afortunados dentre nós.

Ludwig von Mises disse tudo de maneira sucinta em uma série de palestras publicadas postumamente como o nome de As Seis Lições. Ele observa que

Este é o principio fundamental do capitalismo tal como existe hoje em todos os países onde há um sistema de produção em massa extremamente desenvolvido: as empresas de grande porte, alvo dos mais fanáticos ataques desfechados pelos pretensos esquerdistas, produzem quase exclusivamente para suprir a carência das massas. As empresas dedicadas à fabricação de artigos de luxo, para uso apenas dos abastados, jamais têm condições de alcançar a magnitude das grandes empresas. E, hoje, os empregados das grandes fábricas são, eles próprios, os maiores consumidores dos produtos que nelas se fabricam. Esta é a diferença básica entre os princípios capitalistas de produção e os princípios feudalistas de épocas anteriores.

A "relação de poder", um conceito tão caro aos marxistas, é exatamente oposta àquela imaginada: os consumidores, e não os produtores, é que ditam o rumo da produção.

Não obstante tudo isso, os inimigos do mercado argumentam que a única razão pela qual as pessoas toleram as economias de mercado é porque elas são obrigadas a tal. A evidência das imigrações ocorridas ao longo do século XX não dá respaldo a essa hipótese. Milhares de pessoas morreram tentando cruzar as fronteiras da Alemanha Oriental e da Coréia do Norte - e não havia o mesmo movimento na direção oposta. Similarmente, milhares de cubanos arriscaram suas vidas e integridade física tentando fugir para os EUA. Até onde se sabe, nenhuma pessoa desafiou o oceano em uma balsa caseira em busca de melhores condições de vida em Cuba.

Finalmente, trata-se de ignorância pura e simples dizer que o mercado "falhou" de alguma maneira significativa. Ao proferir tal sentença, seria necessário propor uma alternativa superior. Nesse caso, tanto a teoria quanto a história estão firmemente a favor do livre mercado. Mises e Hayek demonstraram que o cálculo econômico racional é impossível sem que haja propriedade privada dos meios de produção. Isso não significa que uma "economia socialista" seja ineficiente - significa que uma economia socialista é uma contradição prática. Nossa experiência com revoluções radicais e economias planejadas ao longo do século XX não é nada estimulante: em nome do "povo", Che Guevara matou milhares, Hitler milhões, Stalin e Mao dezenas de milhões.

Pode até ser chique culpar a economia de mercado por todas as mazelas da sociedade, mas não apenas essa acusação é sem sentido como também a fé dos intelectuais em alternativas para o mercado é inteiramente fictícia. Nunca nenhum regime socialista teve eleições livres, e nenhum livre mercado já produziu algum campo de extermínio. Contrariamente às opiniões de acadêmicos e intelectuais populares, o mercado funciona. E pode botar essa na conta.

Notas:

[1] Reisman, George. 1996. Capitalism: A Treatise on Economics (Ottawa, IL: Jameson Books), p. 19.

Art Carden é professor-assistente de economia e finanças no Rhode Island College em Memphis, Tenessee, além de ser membro adjunto do Independent Institute, localizado em Oakland, Califórnia. Seus papers podem ser encontrados na sua página no Social Science Research Network. Ele também escreve regularmente nos blogs Division of Labour e The Beacon.


Publicado no site do Instituto Ludwig von Mises Brasil - www.mises.org.br

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Quem tem medo da popularidade?

Mídia Sem Máscara

A santificação lulista pode parecer um dos maiores enigmas do universo. Bem, tem explicação: a idiotização completa da população brasileira, a cumplicidade criminosa da inteligentsia com o poder e a corrupção moral e ética da classe política e dos empresários.

Hans Christian Andersen, o grande contista de fábulas dinamarquês, tem uma história que retrata muito bem a realidade política brasileira, na figura do presidente Lula. É o famoso conto da roupa nova do rei. Dois bandidos fraudulentos, que se passavam por alfaiates, deram a idéia ao monarca de vestir uma roupa que só os mais astutos e inteligentes veriam. Aí dissimulavam costurar uma roupa invisível, e afirmavam que aqueles que não conseguiam ver as suas vestes, careciam de inteligência. Os seus pares nobres fingiam ver a nova roupa do rei, temendo o rótulo de burros. E todo mundo elogiava a vestimenta real que ninguém via. Num belo dia, quando o rei passeava com os trajes invisíveis, eis que uma criança sincera começou a gritar: - O rei está nu! Se alguém se perguntasse o porquê dos nobres e demais pessoas fazerem vista grossa aos caprichos reais, há várias explicações: covardia, vaidade e, tão grave quanto, o medo de parecer impopular. A grande maioria parece ter medo da popularidade do Lula. Nenhum político ousa contestar seus desmandos autoritários, e, tampouco, sua vigarice compulsiva. É pior, a chamada "oposição" (e coloco entre aspas, porque ela não existe, de fato) também elogia a roupa do rei, já que teme perder simpatias por isso. Vai por conta da mesma mentira. Como o rei nu, todo mundo admira uma roupagem que não existe, para não fazerem papel de burros. No entanto, o grotesco é que quase todo mundo faz esse papel. Vendo uma roupagem inexistente, estão alimentando as sanhas paranóicas do rei. Ou pior, estão sendo literalmente burros, vendo coisas que não existem e promovendo uma pessoa indigna de confiança.

Na minha vida pessoal, na escola, na universidade, enfim, em qualquer lugar, sempre desconfiei dos populares. É claro que há gente popular honesta. No entanto, popularidade nunca foi sinônima de honestidade, honradez, inteligência, independência. Muito pelo contrário, a popularidade parece ter um preço para certas pessoas e muitas delas pagam pela falta de autenticidade, pela tendência a agradar todo mundo. Pelo contrário, eu já consigo ter uma admiração por pessoas impopulares. Nem todas elas são boas. Mas o fato de ir contra a maré do lugar-comum e da massa já implica certa dose de determinação e autonomia. Muitos impopulares que conheci eram pessoas honestas, decentes, inteligentes e visivelmente independentes nas opiniões. Eles não queriam ganhar a simpatia do público ou serem paparicados pela massa. Eles queriam justamente buscar a verdade, ouvir a própria consciência, contra os desmandos e as ilusões pacificadoras da coletividade. Claro que nem isto é regra. Os impopulares também podem ser cretinos. No entanto, sob alguns aspectos, impopularidade pode ser sinal de dissidência, de que algumas pessoas pensam diferente.

Neste aspecto, quase sempre fui "impopular" em praticamente tudo, nos gostos, nas aptidões, nas idéias. Isso me cobrou certo preço. Ser impopular faz com que percamos muitas coisas. No entanto, ser "impopular", quando se está do lado da verdade, preserva uma grande paz de consciência. Sócrates foi impopular quando o obrigaram a tomar a cicuta. E a história de Jesus Cristo é a crítica maior contra todas as popularidades: a ralé preferiu o bandido Barrabás ao Mestre, Rei dos Reis, Deus encarnado. Se até Barrabás foi popular em sua época, o mesmo se pode dizer de Hitler, Stálin, Mussolini e outros tipinhos calhordas.

E não será diferente com o presidente Lula, que faz da popularidade uma espécie de isenção moral de sua consciência. Aliás, popularidade no Brasil se tornou condição essencial de impunidade ou sinal de valor moral. Ninguém toca na reputação tosca do presidente. Os políticos têm medo, sabe-se lá por quê. Chega a ser uma espécie estranha de masoquismo ou suicídio político. Pode-se criticar o aparelhamento petista do Estado, o projeto totalitário consubstanciado no partido e na ideologia de Lula, porém, o presidente "popular" é intocado, tal como aqueles moleques vigaristas de colégio que pegam as melhores meninas, fraudam as provas dos professores e manipulam ou agridem os alunos menores.

A santificação lulista pode parecer um dos maiores enigmas do universo. Bem, tem explicação: a idiotização completa da população brasileira, a cumplicidade criminosa da inteligentsia com o poder e a corrupção moral e ética da classe política e dos empresários, levam a essa "popularidade" de mais de 80%, capaz de dar ao presidente uma espécie de poder de senhorio sobre o país, ditando, inclusive, um poste para ser seu substituto presidencial. Como muitos "populares" proxenetas, Lula dá sinais de megalomania, perde a noção da realidade. Só que essa perda do real é aprovada pelos seus bajuladores, que endossam cada mentira que conta e difundem para a massa, com sinais claros de messianismo redentor. E o povo, que muitas vezes segue o lugar comum, não vai pensar diferente. Até mesmo a "oposição" política endossa as falácias públicas do presidente. Na verdade, alguém tem razão em afirmar que o PSDB é a face da mesma moeda do PT: é a disputa entre o menchevique e o bolchevique, um é a oposição que pertence à mesma situação. O candidato tucano a presidente da república José Serra admira o sujeito que está por trás da violação do sigilo fiscal de sua filha. E os tucanos imbecis ainda divulgam um vídeo, afirmando que Lula controla os radicais do PT e coloca em dúvidas se Dilma vai controlá-los. É como se alguém, em plena Alemanha Nazista, afirmasse se Hitler controlaria o radicalismo do Partido Nacional-Socialista. De fato, Lula controla os radicais do PT. Ele é o próprio radical. Usa-os em causa própria. Se não controlasse os radicais, não teria o poder que tem. Uma obviedade que os tucanos, de tão estúpidos, não compreendem. . .

A parábola de Andersen é atualíssima em nossos tempos: o rei está nu. Falta apenas uma criança honesta detectar a mentira das roupas invisíveis do rei.