segunda-feira, 30 de junho de 2008

Transnacional de inteligência empresarial constata que servidores públicos e militares são alvos de grampos

Segunda-feira, Junho 30, 2008

Transnacional de inteligência empresarial constata que servidores públicos e militares são alvos de grampos

Edição de Segunda-feira do Alerta Total http://www.alertatotal.blogspot.com

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Por Jorge Serrão

Exclusivo – Por causa do enorme endividamento no crédito pessoal ou consignado, os militares brasileiros, sejam das forças armadas ou das forças auxiliares, e demais servidores públicos precisam tomar cuidado redobrado com o que conversam ao telefone. Todos estão grampeados ou com seus e-mails monitorados. A privacidade destes profissionais foi para o saco há muito tempo. Os serviços de inteligência militares não sabem como lidar com o problema.

Empresas terceirizadas de inteligência e segurança, principalmente as ligadas ao sistema financeiro, andam vazando informações sobre devedores. As informações são trocadas para empresas de cobrança. O cruzamento de dados é usado para garantir um cerco ao cliente que deve na praça. Mas o mesmo sistema serve para monitorar os hábitos, conversas telefônicas e até o IP (Internet Protocol) dos devedores. Se o militar ou funcionário público tem “importância”, o conteúdo de sua conversa ganha importância no mercado negro de informação e contra-informação.

O sistema de arapongagem ilegal contra os servidores públicos, militares ou policiais, foi identificado por uma grande transnacional, da área de logística no setor de petróleo, que investe pesado no monitoramento de políticos e de altos servidores das Forças Armadas. A varredura desta empresa confirmou que existe um esquema paralelo de vigilância ilegal da privacidade das pessoas, cujas informações são usadas para conceder crédito ou para pressionar quem deve na praça ou tem o “nome sujo”.

Os militares e funcionários públicos se transformaram em presa fácil do “sistema” porque hoje sobrevivem pendurados no cheque especial ou no crédito consignado (com desconto em folha de pagamento). Além disso, no mar de denúncias contra a administração pública, os servidores viraram “alvos preferenciais” de investigações. As companhias telefônicas fornecem ao Ministério Público (Federal e Estadual) os cadastros de clientes que se identifiquem como “funcionários públicos”, “militares” ou “policiais”.

Crime contra o desempregado

Nenhuma empresa pode usar informações da Serasa (que mais parece um SNI dos Bancos) na seleção de pessoal, impedindo que alguém com dívidas deixe de ter o direito elementar a um emprego.

A Manpower Staffing Ltda., do Paraná, foi condenada pela Justiça do Trabalho a abster-se de tomar informações na Serasa como requisito para a realização de contratações de novos funcionários.

Quem bateu o martelo foi a Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho, considerando que a empresa usava as informações com o único objetivo de discriminar empregados ou candidatos a emprego.

Bisbilhotice econômica ilegal

A decisão judicial foi resultado de uma ação cível pública movida pelo Ministério Público do Trabalho do Paraná, a partir de investigação realizada contra a Innvestig Consultoria Jurídica de Segurança Ltda. (que fornecia dados criminais, trabalhistas e creditícios dos candidatos a emprego).

Segundo o MPT, a Manpower utilizava os serviços da Innvestig desde 2002, prática que possibilitava a discriminação contra trabalhadores que possuíssem restrições.

A empresa pesquisava antecedentes criminais, ações trabalhistas dos candidatos a emprego e sua condição econômico-financeira , com base em cheques devolvidos ou títulos protestados com registro na Serasa.

O problema é que nada acontece com a poderosa Serasa, que hoje é uma transacional controlada pelo Experian Group, da Inglaterra.

Sábia decisão

Quanto à utilização de informações creditícias, os desembargadores trabalhistas consideraram que a Serasa se destina somente a consultas com o intuito de verificar a idoneidade de clientes (futuros devedores) e não de empregados, que, na verdade, são credores dos salários.

Afinal, se um candidato a uma vaga de emprego tem dívidas, isso não pode ser fator impeditivo da contratação.

Ao contrário, segundo raciocínio correto dos julgadores da Justiça Trabalhista, a obtenção de trabalho possibilitará que ele salde suas dívidas.

Chamem o Tuma

Segunda-feira, Junho 30, 2008

Alerta Total

Chamem o Tuma

O senador Romeu Tuma (PTB-SP) ficou fulo da vida com o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Motivo: Ustra o colocou na lista de testemunhas de defesa do processo em que o Ministério Público tenta obrigá-lo a arcar até com as despesas da União com indenização de presos políticos que acusam o militar de comandar um esquema de torturas e mortes – o que o coronel nega com provas históricas e documentais.

Na época em que Ustra foi comandante do DOI-CODI paulista, entre 1970 e 1974, o então delegado Tuma era um dos homens fortes da inteligência do regime militar.

Naquele tempo, Romeu Tuma, como delegado da Polícia Civil, era o elemento de ligação entre o Comando do II Exército e o Departamento de Ordem Política e Social, órgão no qual estava lotado.

Freqüentador assíduo

O argumento de Ustra para chamar Tuma é que o então delegado acompanhava de perto aos trabalhos dos órgãos de repressão que prenderam adversários do regime, em particular integrantes de organizações armadas.

No texto de sua defesa, Brilhante Ustra lembra que o trabalho do delegado Tuma consistia em realizar inquéritos relativos às prisões realizadas pelo DOI.

Quem atuou no DOI-Codi lembra que Tuma lá comparecia praticamente todos os dias ao DOI e que teria conhecimento de tudo o que acontecia ali.

Testemunha-chave

Ustra sustenta que nunca participou de torturas nem autorizou qualquer tipo de violência contra presos políticos

Em carta enviada à revista Época, o coronel Ustra recorda que o então delegado Tuma tinha função de registrar legalmente as prisões efetuadas pelo DOI.

Em suas palavras, se alguém foi “estraçalhado” no porão militar, Tuma também viu tudo.

Vai dar Boi ou bode?

Embora cumprisse tarefas de “inteligência” na investigação das organizações de esquerda, misteriosamente, até hoje, Romeu Tuma nunca foi denunciado por envolvimento em tortura ou assassinatos.

Atualmente filiado ao PTB, o senador Tuma integra a base parlamentar do governo Lula, de onde têm partido sinais de estímulo à reabertura de investigações dos crimes ocorridos durante a ditadura militar e também sobre o papel de Ustra à frente do DOI.

Além disso, Tuma tem um acordo “moral” com um grande sindicalista daquela época, cujo codinome era “Boi”, e que colaborava com informações estratégicas para os órgãos de repressão.

Se Tuma vier a público contar a verdadeira história do Boi, vai dar o maior bode...

Manobra abortista

Segunda-feira, Junho 30, 2008

Manobra abortista

Alerta Total

A base desgovernista quer acelerar a votação do Projeto de Lei n° 1.135/91, que pede a supressão do artigo do Código Penal que torna crime a gestante praticar aborto, uma matéria polêmica que tramita há 17 anos na Câmara.

Por isso, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados realiza na próxima quarta-feira, às 14h, audiência pública para discutir o projeto de lei que trata da descriminalização do aborto.

A audiência foi proposta pelo relator da matéria, o presidente da comissão, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Foram convidados para a audiência o ministro da Saúde, José Gomes Temporão; a ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres,; o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Dimas Lara Barbosa; e a presidente do PSOL, Heloísa Helena.

Injustiça programada

Segunda-feira, Junho 30, 2008

Alerta Total

Injustiça programada

Nada menos que 641 testemunhas de defesa vão tentar aliviar a barra dos 39 réus do escândalo do mensalão, no julgamento do Supremo Tribunal Federal, que só deve terminar lá para 2014, quando o Brasil estiver sediando a Copa do Mundo e Lula for candidato novamente a presidente da República.

Só o ex-ministro José Dirceu, processado por cinco crimes, terá 40 testemunhas.

Existe o risco real de algum investigado se livrar da pena antes mesmo de ser julgado, caso o processo se estenda até 2015, quando as práticas de formação de quadrilha prescrevem para os acusados.

Otimista

Antes de ouvir as testemunhas de defesa, a Justiça ainda tem que interrogar as 41 testemunhas de acusação, todas indicadas pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza.

O relator do caso, ministro Joaquim Barbosa, faz uma estimativa mais otimista para a conclusão do caso.

Ele acredita que os réus poderão ser julgados em 2011.

O blogueiro Fidel

por Ipojuca Pontes em 30 de junho de 2008

Resumo: Não fora os petrodólares do tiranete Hugo Chávez e a cobertura diplomática dada pelo Itamaraty Vermelho ao velho ditador Fidel Castro, a esta hora Cuba estaria vivendo num real clima de abertura democrática.

© 2008 MidiaSemMascara.org


“A minha aspiração suprema é sentar-me a mesa para governar o mundo inteiro”

Confidência de Fidel Castro ao padre jesuíta Alberto Rojas

Fidel Castro, ora atravessando fase de senilidade mórbida, virou blogueiro. Ele está se valendo, por assim dizer, do avançado instrumental tecnológico desenvolvido pelo capitalismo, a internet, para destilar a sua tradicional verborragia totalitária. O velho ditador, famoso por colocar o povo cubano de castigo para ouvir suas intermináveis ladainhas antiamericanas, agora, com auxílio de funcionários do PC cubano, manda recados e distribui puxões nas orelhas dos aliados que ousam lamentar as desditas políticas e sociais que afligem o infernal “paraíso caribenho”.

Semana passada, depois de cutucar o cantor “simpatizante” Caetano Veloso por causa da música “Baía de Guantánamo”, na qual se levanta de forma ambígua a intolerável questão dos direitos humanos na ilha-cárcere, o Vampiro do Caribe soltou o verbo para atacar os chanceleres da União Européia (UE) que derrubaram, com senões, as sanções diplomáticas impostas ao regime comunista de Cuba. A medida punitiva, como se sabe, foi tomada pela UE depois que Fidel Castro, em 2003, ordenou pessoalmente a prisão de 75 dissidentes políticos e a execução sumária de três nativos que pretendiam emigrar para os Estados Unidos.

Em vez de agradecer aos diplomatas puxa-sacos da UE, Fidel, como de hábito, esperneou por causa dos senões. No frigir dos ovos, deu-se o seguinte: para derrubar em caráter definitivo as sanções estabelecidas pelo bloco europeu contra a ilha, a Suécia, a Alemanha e os países ex-comunistas, fugindo ao consenso, exigiram sejam avaliadas ao cabo de um ano, a real condição dos direitos humanos em Cuba - e, por extensão, a verdadeira dimensão da abertura política do regime ditatorial ainda arbitrado pelo déspota pouco esclarecido. No entender da comissária das Relações Exteriores da UE, Benita Ferrero-Waldner, porta-voz da decisão, caso tudo permaneça como está, sem que ocorra em Cuba as urgentes reformas de abertura democrática, o bloco europeu volta a impor sanções punitivas, entre elas as que se reportam aos acordos de cooperação e empréstimos facilitados. A rigor, Dona Benita está com a razão: de fato, como acreditar num sujeito que é capaz de enganar o próprio Papa com ocas promessas de diálogo?

No uso bélico da Internet (site www.cubadebate.cu), Fidel Castro tachou a decisão conciliatória da UE de “hipócrita”, visto que, na sua paranóia, ela tem como meta “entregar a pátria (cubana) ao imperialismo”. Em seguida, num assomo de demência cínica, típica das personalidades doentias, depois de acusar os Estados Unidos de genocida, proferiu a mais deslavada mentira até hoje jamais expressa por qualquer ditador latino-americano - uma patacoada digna de encabeçar os anais da história universal da infâmia. O tirano teve o desplante de afirmar o seguinte: “Aqui (em Cuba) nunca torturamos ninguém, nem privamos ninguém da vida por métodos extrajudiciais”.

Caso alguns dos nossos leitores não saibam, Fidel Castro (e sua revolução socialista) é o responsável direto e indireto pela morte e desaparecimento de, no mínimo, 50 mil pessoas (dados do “Livro Negro do Comunismo”, editora Bertrand Brasil, Rio, 1999). Nas suas mais de 200 prisões de segurança máxima, entre as quais as sinistras masmorras de La Cabaña e Puerto Boniato, onde se processavam (e processam) torturas medievais e sevícias sem fim, foram executados centenas de prisioneiros em julgamentos sumários ou mesmo sem julgamento algum.

No seu livro “Contra Toda Esperança – As prisões políticas de Fidel Castro” (Editora InterMundo, 3ª Edição, 1988, São Paulo), o poeta cubano Armando Valadares, considerado pela Anistia Internacional como Prisioneiro de Consciência, relata como conviveu com a morte diária por pancadas de canos de ferro envoltos em mangueiras de borracha, a ingestão de fezes e o extermínio de prisioneiros - como na Alemanha Nazi - em laboratórios de experiência biológica. O próprio Valadares, depois de 22 anos de masmorra, três dos quais confinado numa cela-gaveta, saiu da prisão em cadeira de rodas (graças à gestão de François Mitterrand, então presidente da França).

Outro prisioneiro cubano, o escritor Pedro Juan Gutiérrez, dá conta dos horrores sofridos nas UMAP (Unidades Militares de Ayuda a la Produción), planejadas por Fidel, para onde eram levados os filhos de presos políticos, comerciantes, religiosos, artistas, homossexuais e órfãos (filhos de políticos executados pela revolução). Em tais “unidades de ajuda”, tornaram-se corriqueiras as lições de “reeducação ideológica” aplicadas no espaço das “tostadoras”, jaulas de grades de ferro em que o preso não podia deitar nem permanecer de pé, ficando sempre exposto ao calor do sol escaldante alternado com o frio das madrugadas chuvosas.

No mesmo dia em que o celerado Castro expressava suas barbaridades pela Internet, a realidade o desmentia: em Matanzas, nos arredores de Havana, oito dissidentes do regime foram presos quando se preparavam para realizar uma manifestação de protesto defronte ao Ministério do Interior. E em entrevista concedida em Berlim, depois de fugir da ilha-cárcere, o campeão olímpico de boxe Erislandy Lara - o mesmo que Tarso Genro (leia-se Lula) entregou às feras comunistas quando da realização dos jogos Pan-Americanos do Rio - foi preciso: “Estou feliz por estar na Alemanha, ansioso para me tornar profissional e ganhar o título mundial. Não quero falar sobre os detalhes de minha saída de Cuba, mas ali não se respeita os direitos das pessoas”.

Em suma: não fora os petrodólares do tiranete Hugo Chávez e a cobertura diplomática dada pelo Itamaraty Vermelho ao velho ditador, a esta hora Cuba estaria vivendo num real clima de abertura democrática. Mas como na agenda do Foro de São Paulo a ordem é beatificar Fidel, os cubanos, para atingir a liberdade, terão mesmo de enfrentar os tubarões do mar do Caribe.

Corrupto e corruptor

por Percival Puggina em 30 de junho de 2008

Resumo: É desalentadora a possibilidade que algum coelho substitua as cobras e lagartos que saem do mato da política nacional.

© 2008 MidiaSemMascara.org


No ano de 2005, o governo Lula ardeu nas labaredas de seu inferno astral. Embora “nunca antes nesse país” se tenha presenciado algo parecido, a imagem do presidente, diga-se de passagem, saiu daquele forno com a dureza da mais cozida cerâmica. Mas foi um inferno, com tudo que lhe é de direito: espíritos malignos, risos satânicos, rangeres de dentes e lágrimas vertidas nos balcões das CPIs e nas tribunas do Congresso Nacional.

Foram tempos ruins para o Brasil, seja pelo desalento político que causou, seja pela ausência de medidas curativas tomadas em tempo capaz de estabelecer, no senso comum, a necessária relação entre causa e efeito. Ou haverá quem se aventure a dizer que o país foi passado a limpo?

Em contrapartida, recordo a alegria cívica que experimentei ao ouvir, em todos os programas de tevê e rádio a que compareci naquele ano, dirigentes petistas atribuírem justas responsabilidades do episódio ao “modelo político corrupto e corruptor” vigente no país. De tão ouvida, julgo impossível que qualquer pessoa com algum interesse nesses debates não tenha, naquele ano, decorado a expressão: modelo político corrupto e corruptor.

Ela soava em meus ouvidos como a Pastoral de Beethoven devia soar nos tímpanos de Herbert von Karajan. Música da melhor qualidade! Afinal, desde 1985 eu vinha afirmando exatamente isso: um sistema que obriga o chefe de governo eleito a compor e manter todos os dias a sua maioria parlamentar é um sistema corrompido e corruptor da conduta dos agentes políticos. A adesão dos petistas à tese da mudança desse modelo era tudo que eu queria escutar.

Não supus então que aquela posição frente ao pecado original da nossa política fosse mera tentativa de arranjar um casal de Adão e Eva institucional a quem atribuir as responsabilidades por tão constrangedora enrascada. Como se sabe, pecado original debilita a natureza humana, mas não induz culpas pessoais. Se o sistema impõe esse tipo de comportamento, as responsabilidades individuais se tornam menores. Já se passaram três anos daqueles fatos e daqueles debates, mas lembro perfeitamente de haver, repetidas vezes, louvado com entusiasmo a adesão de uma tropa de choque aguerrida, como é a do Partido dos Trabalhadores, a uma causa tão importante para nossa democracia.

E agora, prezados leitores da Voto? Parafraseando Drummond poderíamos perguntar: E agora, José? A pressão acabou/ a onda passou/ a voz silenciou/ o povão esqueceu/ o Lula relulou/ e o sistema ficou... corrupto e corruptor como sempre foi. E produzindo o mais nefasto de seus efeitos: a sólida convicção social de que a política é e só pode ser assim como a vemos.

Recebi, nestes dias em que escrevo, e-mails recomendando acessar dois vídeos. No primeiro, filmado em Pernambuco, no dia 26 de março deste ano, Lula se desfaz em elogios a Severino Cavalcanti (www.youtube.com/watch?v=MM7QYBRaw7o). Por quê? Porque o apoio do PP pernambucano serve ao governo muito melhor do que qualquer contribuição à boa conduta nacional. No segundo, Lula aparece num vídeo da campanha eleitoral de 2006, filmado no Maranhão, desancando Roseana Sarney e Edson Lobão (http://video.google.com/videosearch?q=%22edson+lob%C3%A3o+%22+Lula&sitesearch=). Hoje, Sarney e filha freqüentam a copa e a cozinha do governo e Lobão é ministro de Lula. Por quê? Pela mesma razão que induz Lula a elogiar Severino: o sistema corrupto e corruptor.

Confesso meu desalento para com as possibilidades de que algum coelho venha a substituir as cobras e lagartos que parecem ser as únicas coisas que saem desse mato.

domingo, 29 de junho de 2008

O Governo Ideológico do Crime Organizado - V

Domingo, Junho 29, 2008

O Governo Ideológico do Crime Organizado - V

Edição de Artigos de Domingo do Alerta Total http://www.alertatotal.blogspot.com

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Por Jorge Serrão

Historicamente, o Brasil não nos pertence. Nunca foi nosso de verdade. O Brasil é uma rica colônia de exploração contemporânea controlada e mantida artificialmente na miséria por um Poder Real externo, cujos interesses e sistemas manipulam uma ociosa oligarquia política interna que pratica o crime organizado nos três poderes do Estado contra os cidadãos. Mas o crime só nos governa porque nós permitimos. Ou nos omitindo, ou nos submetendo a ele e seus reais agentes de controle.

A Oligarquia Financeira Transnacional tem uma doutrina seguida à risca. Quem controla os mercados e a produção domina também o poder político do país em que isso ocorre. A globalização é a manifestação prática deste princípio de poder. Assim, quem direciona os investimentos controla a economia e influencia nas decisões políticas – ou vice-versa.

Os Governadores Reais do Brasil têm pelo menos dois objetivos bem definidos, para justificar seu controle. O primeiro é a exploração econômica da nação e dos recursos naturais do seu território. O segundo é a contenção das potencialidades sócio-econômicas, políticas e militares da Nação, na medida exata de seus interesses transnacionais. O Brasil é vítima deste controle que o mantém artificialmente na miséria, mesmo sendo um País riquíssimo.

Nessa neolibertinagem, os controladores administram, nas sombras, os três principais mecanismos de controle social no mundo: a oferta de dinheiro (via monetarismo), os meios de comunicação de massa e “o crime organizado” (sinônimo de violência, terrorismo e corrupção). Tudo é justificado por convenientes teorias econômicas, políticas, jurídicas, psicossociais ou organizacionais.

O papel da “oligarquia do crime” é subjugar a sociedade brasileira, para continuar explorando-a, histórica, cultural e economicamente. Esta é a missão delegada aos nossos “políticos do crime” pelo sistema de poder mundial que controla, realmente, o Brasil. Por isso, “nossos” governantes mantêm o Brasil criminosamente na miséria e sempre pronto a ter seus recursos explorados.

Tal sistema existe, objetivamente. Não é fruto de “teorias da conspiração”. O sistema é a própria conspiração em prática. Explora nossa rica nação, e nos mantém artificialmente na miséria. Tudo porque nós deixamos. É claro! Esta é a síndrome do “País Colônia”. Temos de nos curar desta doença histórica.

O economista Adriano Benayon, autor do clássico “Globalização versus Desenvolvimento” (leitura obrigatória para patriotas) nos lembra que precisamos de um sistema de governo que não seja presa fácil das imposições dos controladores mundiais do poder financeiro, energético, político, informacional e cultural (promovendo a anticultura e a destruição dos valores de evolução dos seres humanos). Benayon professa sua fé e esperança de que o Brasil possa um dia ser dirigido por um sistema de poder completamente distinto do que está aí e que é o produto de uma cadeia infinita de megacorrupções.

Em suas recentes reflexões, o mestre Benayon toca no problema da agricultura, onde fica descarado o prejuízo do modelo colonial aceito pelo Brasil. O economista defende que deveria ser taxada, aqui no Brasil, a exportação. “Cabe ao Brasil não sacrificar seus produtores, que têm de entregar a preços baixíssimos seus produtos, abusando da extensão de terras aproveitáveis no Brasil (em vias de serem esterilizadas por causa dos fertilizantes e pesticidas químicos, impingidos, a preços exorbitantes e crescentes, desde a revolução agrícola comandada pelo Banco Mundial a serviço da Fundação Rockefeller)”.

Benayon constata que os produtores brasileiros, atualmente, entregam seus produtos a preços baixíssimos, para que o cartel do agronegócio, liderado por um punhado de tradings, obtenha polpudos lucros, além de prover renda para o fisco de países da Europa e dos EUA. Por isso o professor prega que faz mais sentido apoiar uma política de preços que remunere melhor os produtores brasileiros, completada pela taxação dessas exportações primárias.

Benayon defende que, com isso, você consegue a equalização nos mercados importadores com o preço dos produtores desses países, mas em vez de prover renda para os fiscos deles, obteria arrecadação, cuja receita deveria ser investida na sucatada infra-estrutura do País. O professor critica: “O que implantaram aqui é o contrário: prioridade absoluta às exportações e aos investimentos diretos estrangeiros, os quais controlam cada vez mais indústrias e outras atividades no Brasil sem pôr quase nada de dinheiro próprio, antes cevando-se em pletóricos subsídios federais e estaduais”.

Outro defensor do Brasil para os brasileiros, o Almirante Reformado Roberto Gama e Silva, também é um crítico implacável do modelo neocolonial. Ele nos lembra que “quem muito exporta, importa preços”. Destaca que o Brasil não lucra o que merece os “produtos de exportação”, pois o agronegócio está submetido à ação de grandes oligopólios exportadores, que determinam o preço dos produtos. Tal circunstância redunda em sérios prejuízos para o país produtor e para os pequenos agricultores. Os controladores lucram com tal modelo.

Lucram cada vez mais porque manipulam agentes conscientes e inconscientes nas esferas política, econômica e social. Os controladores nos vendem e nos compramos as maravilhas do inevitável mundo Globalizado. Suas pressões e intervenções externas sobre a libertina movimentação de capitais dirige os negócios do mundo.

O sociólogo Herbert de Souza, o já falecido Betinho, no seu livreto “Como se faz análise de Conjuntura” (Petrópolis, 1990) descreveu o processo de transnacionalização sofrido pelo Brasil. “O capital transnacional é um dos principais atores e nossa economia política. Ele está presente em posição estratégica nos setores fundamentais da economia. Controla os setores industriais mais dinâmicos e praticamente determina a natureza e os rumos de nosso processo econômico”.

Betinho observou que o processo de transnacionalização exerce pressões visíveis no sentido de mudar o papel do Estado na economia, ora ampliando sua intervenção direta, ora fazendo-a diminuir. Centraliza o poder estatal no Executivo. Aprofunda as crises de legitimidade afetando os mecanismos tradicionais de constituição e definição do poder do Estado. “Como o Estado transnacionalizado teve que se impor à Nação e se divorciou dela, daí derivam as grandes questões políticas e a origem de suas crises” – constatou Betinho.

Em resumo: O Estado brasileiro é dirigido por atores políticos que não têm condições de se apresentar clara e diretamente à sociedade, porque respondem aos interesses do capital transnacional instalado no País. Eis a essência do Governo Ideológico do Crime Organizado.

Jorge Serrão, jornalista radialista e publicitário, é Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos. http://www.alertatotal.blogspot.com e http://podcast.br.inter.net/podcast/alertatotal

Leia também, pela ordem, para facilitar o raciocínio:

O Governo Ideológico do Crime Organizado
O Governo Ideológico do Crime Organizado II
O Governo Ideológico do Crime Organizado – III
O Governo Ideológico do Crime Organizado - IV

Alerta Total de Jorge Serrão

Os atravessadores da vida

Domingo, Junho 29, 2008

Os atravessadores da vida

Edição de Artigos de Domingo do Alerta Total http://www.alertatotal.blogspot.com

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Por Arlindo Montenegro

O agro negócio, somado aos negócios de pequenas propriedades agrícolas, tem produzido cada vez mais. As quantidades de alimentos essenciais à manutenção da vida e da força para o trabalho se avolumam, suprem as mesas da roça, chegam aos supermercados e atravessam fronteiras para gerar dividendos, para os grandes negociantes.

E os grandes são: Monsanto, Bunge, Nestlé e outros nomes estrangeiros, com sedes na Suíça, no Reino Unido e nos EUA. Negociam através de corretores internacionais, normalmente fixados em Wall Street, Londres ou na Suíça, como a Mercuria em Genebra que negocia 4 milhões de barris de petróleo numa tacada só e mais outros 40 milhões de barris, apenas no papel, para garantir lucros no mercado futuro.

Também produzimos o tal combustível fóssil em quantidades crescentes e suficientes para exportar, além do que as ‘novas’ reservas (há muito tempo conhecidas) e agora anunciadas de modo retumbante, nos colocam em vantagem para emitir mais gases, fabricar mais veículos, transportar mais por estradas (esburacadas e mal traçadas), desprezar energias limpas.

Temos a vantagem do biodiesel ‘inventado’ e anunciado ao mundo pelo sagaz governante que atormenta tantas consciências pátrias, como alivia dificuldades de sobrevivência imediata de uma massa eleitores pobres e desempregados, gente desprezada e abandonada pelos poderes públicos há séculos.

O que para uns é solução imediata, para outros é a expressão de um pensamento político de cabresto, de uma ação predatória contra a liberdade e emancipação, de escolhas e prioridades que exigem decretos à margem da Lei e anulam as iniciativas independentes dos Três Poderes.

Vivemos em ambiente de economia globalizada. O preço do arroz com feijão, produzido aqui, sofre influencias das decisões tomadas por especuladores internacionais. Mas este detalhe é omitido, não e esfregado no nariz da gente como o preço do produto na prateleira do supermercado.

As pessoas comuns não sabem que produzimos a gasolina que consumimos, mas os preços são determinados lá fora. Produzimos o milho, o feijão, o arroz, a soja, a carne, o frango, o leite que consumimos, mas os preços são atrelados aos interesses internacionais.

E os governantes elegem políticas que, em vez de proteger o nosso consumo de pobres, aumentam os preços já viciados por altos impostos. Os atravessadores nacionais e mais ainda os internacionais, ficam com o lucro e os consumidores brasileiros com as perdas e o medo da inflação.

Aí o governo “dá” uma oportuna “bolsa família”, um alívio para alguns. No México recentemente copiaram o modelo esmola, fornecendo onze dólares mensais para os mais pobres poderem comprar o fubá de milho para as tortillas.

A dieta de pobres e ricos tem praticamente a mesma base em cereais. A diferença é que os ricos consomem mais carne, leite, queijo que exigem mais cereais para a alimentação das vacas, cabras, galinhas e perus.

O preço do petróleo entra no preço de tudo que depende de transporte, transformação, eletricidade. E todos os preços alteram a demanda da economia do planeta. Mais ainda quando alguns cereais estão entrando para o rol de matérias primas de combustíveis.

Os especuladores, melhor dizendo os atravessadores internacionais do petróleo e do arroz com feijão, da soja e do milho, do açúcar e do café, contribuem a todo instante para a alta do custo de vida.

Atuam, investindo o dinheiro dos outros em alta tecnologia, mineração, petróleo, trigo, arroz, soja, milho, com conseqüências para a qualidade de vida de cada pessoa que busca adquirir alimentos no mundo inteiro.

Vem o governo e diz que somos auto suficientes! Mas não somos autônomos, não ganhamos a emancipação para produzir e consumir sem as amarras da economia global! O que nos impede são as políticas predatórias que privilegiam a economia e desprezam o bem comum, o interesse humano. Humanidade passou a ser uma ficção, lembrada apenas quando se refere a ‘direitos humanos’ para a escória marginal.

Podemos esperar a curto prazo as maiores pressões e exigências dos que comandam a economia globalizada na forma de taxas de juros, arrocho nas economias dependentes de investimentos estrangeiros. A crise atual e as futuras crises, todas as ameaças apontam para a implantação do governo mundial de fato.

Na Europa, o que é decidido em Bruxelas, pode ser contrário a qualquer constituição nacional. Na América do Sul, já temos uma organização que se propõe unificar políticas em um parlamento supra nacional. Todos os países obedientes a uma mesma vontade supra nacional.

“O que será do amanhã? Seja o que Deus quiser!”

Uma saca de arroz, de trigo, de feijão, de milho, custa quase três vezes mais que há alguns meses atrás. Os miseráveis vão ter que reduzir o volume do prato ou então passar fome. Na Tailândia e na Indonésia registraram-se movimentos pedindo mais dinheiro para a sobrevivência de agricultores e operários. Uma greve geral aqui e outra acolá. Protestos na Somália. Na Argentina desabastecimento por causa das políticas governamentais. No México o governo distribuindo esmola. Na França, na Itália, na Espanha e na Inglaterra, protestos de agricultores, pescadores, camioneiros protestam porque não conseguem mais pagar as contas.

Preços repassados, vida de milhões de pessoas em risco e a nossa possível – fantasiosa até o momento - prosperidade ameaçada, por especuladores e atravessadores que controlam as finanças mundiais, tirando proveito da “crise” pré fabricada, para ganhar muito dinheiro e exercer mais rapidamente o controle total.

As decisões de natureza política exigem estatura ética e altamente moral. Toda a credibilidade do sistema depende da atitude de cada pessoa. O Presidente da Alemanha, H. Kohler disse numa entrevista para a revista “Stern” que os mercados financeiros se transformaram num monstro que precisa ser domado.

A inflação "é uma boa” para eles, porque concentra mais a riqueza, prejudicando os mais pobres que têm de pagar mais juros e maiores impostos. A especulação afeta cada cidadão, cada empresa. Agora atinge os alimentos. Mas eles ‘nem tão ligando’, ignoram os resultados de suas ações, de olho nos volumes financeiros que controlam. Exercendo seu poder sobre governos, empresas e finalmente países, povos, maneiras de pensar e agir, a globalização da economia faz crescentes lucros para os especuladores e aumenta a fome no mundo dos pobres.

Os sinais estão nos preços do que os operadores de bolsa chamam de “commodities”, onde os valores são dezenas de vezes superiores ao que se pratica na ponta produtiva. Por exemplo, na bolsa de Chicago, já estão negociando o que se vai produzir daqui a 30 anos. E os preços atuais de tudo quanto se consome hoje no mundo, são determinados por financistas que nunca pisaram num milharal, num canavial, ou conheceram as condições de vida de quem produz.

O Almirante Gama e Silva em artigo publicado pelo Alerta Total, “Farinha pouca, meu pirão primeiro”, dá algumas indicações que poderiam minimizar a nossa dependência destes cenários conturbados:

Diz o Almirante:

- “ por que não condicionar as licenças para exportações maciças à manutenção de preços internos compatíveis com o padrão de vida dos brasileiros, embora tendo o cuidado de reservar margem de lucro razoável para os produtores rurais?

- por que não promover o fortalecimento de cooperativas agrícolas até o ponto de torná-las capazes de contornar o bloqueio do oligopólio cerealífero?

Acrescento para terminar: por que não se mobilizar e exigir do governo que cumpra as Leis e tome vergonha na cara? Por que não punir os que assaltam os cofres da nação, enganam o povo e desprezam a consciência Pátria?

Arlindo Montenegro é Apicultor.

Alerta Total de Jorge Serrão

Farinha pouca, meu pirão primeiro

Sábado, Junho 28, 2008

Farinha pouca, meu pirão primeiro

Edição de Artigos de Sábado do Alerta Total http://www. alertatotal.blogspot.com

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Por Roberto Gama e Silva

Os governos instalados na América do Sul, mantendo a tradição da época colonial, estimulam de todas as maneiras a exportação de produtos primários, crentes que as receitas assim obtidas poderão contribuir para a melhoria dos padrões de vida das respectivas populações, propósito que deveria orientar todas as políticas governamentais.

Recentemente, uma mulher, Chefe do Poder Executivo da Argentina, teve a inspiração sublime de romper as amarras coloniais ao impor regras para a exportação de grãos, de modo a garantir o abastecimento do mercado interno do próprio país e, também, assegurar preços domésticos compatíveis com o nível de vida da população.

Foi um “Deus nos acuda” no país vizinho!

Entretanto, a iniciativa pioneira da Presidente da Argentina, embora inédita na América do Sul, está absolutamente correta, pois como revela a sabedoria dos brasileiros do nordeste, para farinha pouca, o meu pirão primeiro!

Aqui, atitude idêntica deveria ser adotada pelos governantes, tanto para neutralizar o que vem sendo chamado de “crise de alimentos”, quanto para impedir que as vendas maciças de produtos primários para o exterior contaminem os preços internos, pois é fato deveras conhecido que quem muito exporta, importa preços.

No tocante à chamada crise dos alimentos, que justificaria a subida dos preços dos produtos agrícolas, deve ser esclarecido que essa crise existe há muito tempo, como prova o batalhão de famintos do planeta, objeto de preocupação de todas as pessoas sensíveis ao sofrimento dos seus semelhantes.

No caso brasileiro, no entanto, não há nenhuma justificativa para a falta de alimentos, ou para o seu encarecimento, eis que o pais conta com a maior área potencialmente agricultável do planeta; está submetido a um clima ameno, que permite a colheita de duas ou três safras anuais de culturas de ciclo curto e, ainda, apresenta uma população relativamente pequena para a sua dimensão territorial.

A Amazônia, por exemplo, com os seus 14 milhões de habitantes (projeção do IBGE para 2007) tem uma superfície maior do que a Índia e o Paquistão juntos, cuja soma de habitantes ultrapassa 1,2 bilhão de almas.

Destarte, não é aceitável que a expansão da fronteira agrícola, pelo avanço sobre as áreas de cerrado e, até mesmo, do bioma amazônico, seja caracterizada pelo plantio de um ou dois tipos de grãos, enquanto o país se vê obrigado, por exemplo, a importar quantidades cada vez maiores do trigo indispensável para o preparo do “pão nosso de cada dia”.

Será que estamos nós, brasileiros, decididos a repetir os ciclos de monoculturas que tanto mal causaram ao Brasil?

De acordo com dados oficiais (IBGE), a área plantada em 2008 deve atingir 46,8 milhões de hectares, representando um crescimento de 3,2% em relação a 2007. As culturas de soja (21,2 milhões de hectares), de milho (14,5 milhões de hectares) e de arroz (2,9 milhões de hectares) dominam o cenário agrícola. Os três produtos, por sinal, representam 90,6% da produção nacional de grãos.

Enquanto isso ocorre, a área plantada de trigo é da ordem de 1,7 milhão de hectares, que propicia uma produção doméstica de 2,2 milhões de toneladas, enquanto que o consumo atinge o valor de 10,4 milhões de toneladas.

No caso da soja, que virou “coqueluche nacional”, o consumo interno do grão atingiu em 2007 o total de 30,4 milhões de toneladas, enquanto as exportações somaram 25,2 milhões de toneladas: o consumo interno de farelo foi de 10 milhões de toneladas e as exportações totalizaram 12 milhões de toneladas, e o óleo apresentou um consumo doméstico de 3,2 milhões de toneladas, contra 2,2 milhões de toneladas exportadas.

Além da concentração no plantio de uns poucos grãos, que se poderiam qualificar como “produtos de exportação”, o Brasil não lucra o que merece com tal procedimento, pois o agronegócio está submetido à ação de grandes oligopólios exportadores, que determinam o preço dos produtos. Tal circunstância redunda em sérios prejuízos para o país produtor e para os pequenos agricultores, estes últimos responsáveis por 34% da produção de soja do país.

Como aponta o geógrafo Ariovaldo de Oliveira, da “Universidade de São Paulo – USP”, empresas como a “Cargill”, do grupo Monsanto, e a “Bunge”, transnacional argentina (as maiores exportadoras da soja brasileira), junto com mais duas empresas do ramo, controlam 70% do comércio mundial de grãos. Por esse motivo, aqui na “Terra de Santa Cruz”, quem produz pouco não consegue exportar diretamente!

Algumas providências já deveriam ter sido tomadas, sem que fosse necessário submeter os produtores a regras draconianas.

Um exemplo: que tal limitar o crédito agrícola a determinado teto para os plantadores de “grãos de exportação” e, ao mesmo tempo, aumentar o crédito para o plantio de grãos destinados a conduzir o país à auto-suficiência?

Outro exemplo: por que não condicionar as licenças para exportações maciças à manutenção de preços internos compatíveis com o padrão de vida dos brasileiros, embora tendo o cuidado de reservar margem de lucro razoável para os produtores rurais?

Mais um exemplo: por que não promover o fortalecimento de cooperativas agrícolas até o ponto de torná-las capazes de contornar o bloqueio do oligopólio cerealífero?

Providências como as sugeridas acima podem e devem ser adotadas com a máxima urgência, a fim de fomentar o progresso do país e elevar o padrão de vida dos brasileiros, até hoje espoliados como nos tempos coloniais.

Afinal, as operações de compra e venda de produtos para o exterior são concessões outorgadas em nome do povo brasileiro, e não direito adquirido pelos produtores ou intermediários.

Vale, como advertência final, reproduzir conselho de Aristóteles, o filósofo pragmático: “Aqueles que fazem do seu país um mercado aberto a todos, só têm em vista o lucro; ora se não é preciso que se busque esse gênero de vantagem, o país não se deve transformar em mercado público”.

Roberto Gama e Silva é Almirante Reformado.

Postado por Alerta Total de Jorge Serrão às 09:08

Direito Alternativo e luta de classes

por Heitor De Paola em 28 de junho de 2008

Resumo: É assim que se constrói o Estado Democrático de Direito: com gente que precisa de aplausos, pois são doutrinária, técnica e teoricamente fracos e despreparados.

© 2008 MidiaSemMascara.org


“... a mais comum e durável causa de divisões da sociedade tem sido a distribuição variável e desigual da propriedade. Os que possuem bens e os que não os possuem sempre tiveram interesses divergentes na sociedade.

É muito importante, numa república, não apenas defender a sociedade contra a opressão de seus legisladores, mas também proteger uma parte da sociedade contra a injustiça da outra parte”.
JAMES MADISON Jr.

As duas frases do “Pai da Constituição Americana” e autor das dez primeiras emendas (Bill of Rights) indicam que os framers da mais duradoura Constituição Democrática e Republicana de todos os tempos não desconheciam a ameaça permanente do confronto entre os que têm e os que não têm. Pelo contrário, e nisto reside a sabedoria que norteou suas decisões, tais divisões foram claramente admitidas. É ainda Madison quem diz, nas discussões que se seguiram à proclamação e durante o processo de referendo pelas colônias, que “... as causas das divisões não podem ser removidas, e para o alívio (das tensões) devem ser procurados os meios de controlar seus efeitos” (Federalist Papers #10, as ênfases são de Madison). É uma demonstração cabal não apenas de lucidez, mas de perfeita sintonia com a tradição judaico-cristã: o Deus de Israel é o Deus de todo o povo eleito, sem distinções; e Jesus Cristo pregou a solidariedade entre todos os homens estabelecendo, através do amai-vos uns aos outros as bases da solidariedade cristã.

Por outro lado, aqueles que negam os fundamentos religiosos e morais da nossa civilização abandonaram o conceito de solidariedade e a necessidade de “controlar os efeitos” da desigualdade entre os homens e o substituíram, uns, pela crença fervorosa e onipotente na “mão invisível” do mercado como único regulador necessário – são os que se autodenominam libertários; outros perceberam como poderiam, ao invés de controlar, explorar tais desigualdades em proveito próprio, para aumento do seu poder – os comunistas. Esclareço: não uso o termo “socialista” porque acredito que social-democracia, liberal-socialismo ou social-liberalismo são contradições em termos, usados para mascarar as verdadeiras intenções totalitárias que em nada se diferenciam das dos primeiros.

À tese de Marx de que a “história dos homens é a história das lutas de classes”, Lenin completou com a recomendação de “acirrar todas as contradições, e aonde não existirem, criá-las”. Como já demonstrei anteriormente em A essência do comunismo, o comunismo é uma máquina ininterrupta de produção de mentiras e a maior de todas é a de que através de engenharia social – comandada obviamente por eles mesmos – é possível chegar a uma sociedade onde as diferenças entre os homens serão abolidas e a paz eterna reinará. Esta falsa utopia serve na medida para conquistar idiotas úteis para a luta pela hegemonia e, em última análise, pelo poder total e irrestrito dos doutrinadores, uma vez tornados hegemônicos. Estes sabem que não existe utopia alguma, é puro engodo.

É lamentável ver como esta mentira viceja dentro das próprias comunidades judaicas e igrejas cristãs – a Demonologia da “Libertação” é o exemplo maior que prometendo na Terra o que Cristo prometeu para os justos na vida eterna. De nada adiantou Jesus Cristo ter dito que “meu Reino não é deste mundo” – pilar da Doutrina Social da Igreja – pois os demonólogos da “libertação” afirmam que seu reino poderá ser implantado aqui e agora, aderindo às teses marxistas-leninistas e mandando às favas aquela Doutrina.

Libertários e comunistas parecem ser opostos, mas são na verdade complementares – e ambos se opõem, embora por motivos diversos, à democracia liberal. A onipotência do “deus” mercado acirra tanto as contradições entre as classes quanto a práxis marxista. Como os seres humanos são desiguais, o mercado tende a acirrar as diferenças entre os que têm – e querem manter o monopólio da posse – e os que não têm, e o resultado inevitável é o mesmo da práxis marxista. Eliminando a solidariedade acirram uma guerra de morte entre os segmentos da sociedade, criando um terreno fértil para a implantação das idéias comunistas. Diga a um rapaz pobre nascido numa favela que ele pode um dia, por esforço próprio e confiando no “mercado”, chegar à mesma situação de seu patrão, em cuja mansão trabalha em troca de salário de fome, e estará criando as condições para torná-lo um comunista – ou petista – militante. Um libertário é um equivocado, cujos equívocos abrem caminho para as mentiras marxistas parecerem promessas maravilhosas. Lula, com sua sagacidade e hipocrisia – e talvez numa ameaça velada - afirmou (O Globo, 25/06/08): “Vamos deixar as ideologias de lado. Ninguém se importa se a China tem partido único, imprensa controlada, o que importa é que estão ganhando muito dinheiro”. Já ouvi este argumento de grandes empresários e intelectuais libertários: a abertura da economia chinesa para o mercado mundial e a política de “um país, dois sistemas” levará inevitavelmente à abertura política. Da parte dos empresários não passa de uma falácia para encherem as burras – suas e dos déspotas chineses corruptos - à custa da mão-de-obra irrisória do trabalho escravo; da parte dos intelectuais não passa de uma burrice, se bem ou mal intencionada, não sei.

Quando o rapaz do exemplo acima, se desiludir – e se não for burro será logo, logo – se tornará presa fácil para os doutrinadores comunistas e o próximo a empunhar a bandeira vermelha.

A expressão cabal do jus naturalismo – a série de pressupostos gerais que antecede o direito positivo - é o preâmbulo da Declaração de Independência americana: “Acreditamos que estas verdade são evidentes por si mesmas, que todos os homens nascem iguais e são dotados pelo Criador com certos direitos inalienáveis; entre eles, a vida, a liberdade e a busca da felicidade”. A base do uso alternativo do direito é fruto direto da concepção marxista da luta de classes: a noção do justo natural é uma invenção da classe dominante para, através da justiça, manter a opressão sobre a classe proletária e é preciso solapar cada vez mais as bases de sustentação da ordem e da justiça, e refutar o jus naturalismo clássico e suas verdades metafísicas por não atenderem mais ao estágio atual do desenvolvimento social. Seguindo ainda outra máxima de Lenin – “acuse o outro de fazer o que você faz ou pretende fazer” – usou-se o “conhecimento” do homem comum - que não é totalmente errado - de que “a justiça é para os ricos que se livram fácil enquanto os pobres não têm vez”. Conseqüentemente, o uso alternativo do direito leva em conta o pertencer a pessoa à classe burguesa (opressora) ou à classe proletária (oprimida) para ditar a sentença. O que antes era uma deficiência da aplicação da lei ou mesmo uma malversação da lei devida à corrupção de alguns juízes – nunca um erro essencial do conceito de justo – transforma-se em axioma central de uma nova construção jurídica. Sua base ideológica é que “toda desigualdade (incluindo os planos metafísico e religioso) é uma injustiça, um mal em si mesma; toda autoridade um perigo e a liberdade absoluta um bem supremo”. A base econômica está no que Ubiratan Iorio [1] denomina “os dois ‘teoremas do atraso’: (1º) ‘João é pobre porque Pedro é rico’ e (2º) ‘O somatório das pobrezas é igual à riqueza’”.

Sei que me atrevo a trilhar caminhos diversos daqueles aos quais estou acostumado por força das minhas funções, mas tive um guia excelente para ordenar minhas observações anteriores sobre o tema [2] e minha experiência anterior com o alternativismo em outras áreas do conhecimento humano. Tanto no direito quanto nestas outras áreas “a teoria alternativa não surgiu espontaneamente, como fruto de movimentos populares acoroçoados pela opressão da classe burguesa (nem) seus objetivos são incertos. Suas idéias propulsoras têm sido engendradas (...) por juristas sagacíssimos (o ‘Juiz Cidadão’), que delas se têm servido como meio para realizar (...) o processo revolucionário alternativo. Estes juristas (...) atuam com grave astúcia retórica (...) investindo contra uma sociedade indefesa e carente de (outros) juristas preparados para o necessário confronto”.

Assim também foi em outras áreas das quais posso falar com conhecimento de causa: na medicina, na psiquiatria e na psicanálise. De início de forma titubeante e depois com enorme arrogância foram aparecendo, como fruto da New Age e das revoltas de 68 contra a ordem estabelecida, as medicinas alternativas, a anti-psiquiatria e o movimento antinosocomial, e a psicanálise alternativa. Na medicina surgiram as terapias orientais baseadas em idéias já abandonadas pelos povos que as criaram, como os chineses que hoje preferem montar modernos hospitais com o que há de melhor na ciência médica ocidental. A anti-psiquiatria, fruto direto das idéias marxistas: os pais são os burgueses que oprimem os filhos proletários (o filme Pai Patrão é a expressão artística desta fase). O movimento antinosocomial, baseado na crença de que a loucura é apenas uma invenção da classe dominante para oprimir os “diferentes e inconformados”. A psicanálise, que impõe enormes esforços e sacrifícios materiais e psicológicos – entre os quais o principal é o reconhecimento da responsabilidade pessoal pela própria vida, incluindo sucessos e fracassos – foi sendo substituída por formas alternativas facilitadoras e suavizadas, baseadas na exaltação das “transgressões” às teorias e técnicas tradicionais, onde a culpa é sempre dos pais e os filhos são vítimas. Simultaneamente, preconiza-se que o profissional não deve manter a neutralidade, mas sim interferir diretamente nas decisões do paciente (o filme Gente como a Gente é o símbolo). Infelizmente, tais idéias vêm sendo oficializadas e estimuladas pelas próprias Sociedades e Associações psicanalíticas.

Poderia falar ainda nas outras áreas em que o alternativismo tem penetrado profundamente, como as morais alternativas, as dietas alternativas, sexualidades e famílias alternativas – enfim, todas as áreas em que imperavam as tradições da civilização ocidental.

* * *

Com sua impressionante argúcia, capacidade de síntese e simplificação – só comparável à de Adolf Hitler, inclusive pela falta de conhecimento adequado dos temas - Lula disse numa entrevista à Folha de SP em 26/05/1994: “Coisa justa vale mais que lei.... Entre a lei e a coisa justa e legítima, eu sempre disse que o justo e o legítimo é muito mais importante” (sic). Tal afirmação por parte do Presidente da República que jurou proteger e respeitar a Constituição e as Leis do País seria motivo de pedido de impeachment imediato, não fora o estado de total anestesia da população, que há anos vem sendo martelada incessantemente por slogans revolucionários de “justiça social” e “direitos humanos” ao ponto de ninguém mais se escandalizar com o que, noutros países mais civilizados, sequer seria admitido. É o que Gramsci pleiteava como modificação do senso comum. O justo a que se referiu Lula não é a desejável preponderância do direito natural sobre o positivo. É antes a imposição do “socialmente justo” sobre os outros dois. O socialmente justo se impõe para modificar o próprio sentido do justo e do equilíbrio entre o natural e o positivo, “com vistas a eliminá-lo e a implantar uma juridicidade igualitária”. Como observa Olavo de Carvalho, ao se referir a outra origem do alternativismo, o desconstrucionismo, [3] “Juízes, promotores e advogados são hoje formados sob a crença dominante de que as leis não têm nenhum significado originário objetivamente válido. Toda significação que elas possam ter é mera projeção de fora, vinda dos setores politicamente interessados. (...) uma ‘comunidade interpretativa’ (pode) impor a sua leitura dos textos legais por meio da gritaria, da chantagem, da intimidação”.

Em setembro de 2005 tive a desagradável oportunidade de debater com um “Juíz-Cidadão” [4] no Seminário Drogas – Questões e Práticas Atuais, organizado pelo Serviço de Apoio aos Psicólogos da Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Na primeira mesa de debates - Drogas: Perspectiva Histórica e Atual - fiquei pasmo ao ouvir o Juiz que me precedia afirmar ser o primeiro Magistrado que não mais expedia sentença de prisão para narcotraficantes, mas os condenava a “trabalhos sociais”. Minha perplexidade era porque este Magistrado estava simplesmente se recusando a aplicar a Lei, “impondo a sua leitura baseada em setores politicamente interessados”, no caso, os grupos de pressão pela legalização das drogas. Como não tenho sangue de barata, na minha vez contestei esta afirmação na base de que, data vênia, um Juiz deve cumprir a Lei, ressaltei ainda que tais sujeitos são assassinos extremamente perigosos e que condená-los a trabalhos sociais era o mesmo que lhes dar o aval para distribuir a droga, agora legalmente. O Juiz ficou visivelmente embaraçado, mas os protestos da platéia lhe deram novas forças. Escusado dizer que os aplausos no final da minha exposição foram apenas protocolares, enquanto o tal Juiz foi ovacionado!

É assim que se constrói o Estado Democrático de Direito: com gente que precisa de aplausos, pois são doutrinária, técnica e teoricamente fracos e despreparados. Não compareci à sessão da tarde porque tinha outros compromissos, mas soube posteriormente que quem dominou o restante do Seminário foi um sujeito de uma ONG que defende a Redução de Danos (ver Drogas: repressão não resolve? e Drogas: liberdade de escolha ou compulsão destrutiva?) visivelmente drogado! É a raposa cuidando do galinheiro!

Notas

1. As ameaças à Liberdade no Brasil, Palestra proferida em 13/06/08, no Rio de Janeiro no Seminário A Realidade Política Brasileira: uma Proposta Liberal-Democrática para a Reversão da Crise, organizado pelo Farol da Democracia Representativa (www.faroldademocracia.org).

2. A Verdadeira Face do Direito Alternativo, do Doutor Gilberto Callado de Oliveira, ed. Juruá, Curitiba, PR, 4ª Edição revista e ampliada com estudo da influência do gramcismo no direito alternativo. Todas as citações em itálico sem ressalvas, são deste livro.

3. Enquanto a Zé-Lite Dorme, Diário do Comércio, SP, 04/12/06.

4. O conceito é de Marco Aurélio Dutra Aydos, citado no livro do Dr. Callado.

sábado, 28 de junho de 2008

Democracia: Suprema Corte confirma direito de cidadãos norte-americanos terem uma arma de fogo para defesa

Sexta-feira, Junho 27, 2008

Democracia: Suprema Corte confirma direito de cidadãos norte-americanos terem uma arma de fogo para defesa

Edição de Sexta-feira do Alerta Total http://www.alertatotal.blogspot.com

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Por Jorge Serrão

O núcleo monolítico de poder norte-americano impôs ontem mais uma lição de respeito aos direitos individuais e à privacidade aos idiotas do globalitarismo. A Suprema Corte dos EUA determinou que cidadãos americanos têm o direito a ter armas para uso pessoal em defesa própria e para caça. A guardiã da Segurança do Direito nos EUA considerou incompatível com a segunda emenda à Constituição dos EUA a proibição de possuir armas, imposta à maioria dos moradores de Washington.

Ratificada em 1791, a segunda emenda diz que "uma milícia bem regulamentada, sendo necessária para a segurança do Estado livre, do direito do povo a ter e a produzir armas, não deve ser desrespeitada".O juiz Antonin Scalia comentou que a Segunda Emenda protege o direito de um indivíduo ter armas de fogo sem estar ligado a uma força armada oficial e usá-la com objetivos legais, como defesa pessoal. O juiz ressaltou, entretanto, que embora os cidadãos tenham agora um direito constitucional de possuir armas, esse novo direito não é ilimitado.

A decisão da Suprema Corte foi aprovada por cinco contra quatro votos, a decisão derruba a rigorosa legislação de controle de armas que vigorava há 32 anos na capital norte-americana. Foi a primeira vez que o mais alto tribunal dos EUA legislou especificamente sobre o direito ao uso de armas. Em Washington, só estão autorizados a ter armas os cidadão que já as possuíam antes de a legislação mais recente entrar em vigor, em 1976.

A Metamorfose Ambulante

por Carlos I.S. Azambuja em 27 de junho de 2008

Resumo: Lula, a “Metamorfose Ambulante”, colocou o Exército a serviço do marketing eleitoral do senador Marcelo Crivella, aliado do governo e pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro. Foi dele quem partiu a ordem para a Operação Cimento Social, e não pode dizer que não foi avisado das possíveis consequências, através de documento do comandante militar do Leste.

© 2008 MidiaSemMascara.org


Segundo noticiou a imprensa dia 24 de junho de 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de uma reunião de quase uma hora, na véspera, no Palácio Guanabara, com cinco familiares dos rapazes mortos pelo tráfico do Morro da Mineira, após serem entregues a gangues inimigas por militares que tomavam conta das obras do Exército no Morro da Providência. Lula chegou a desabafar que considera “injustificável” a presença de homens do Exército em “uma obra terceirizada”.

Lula, no Palácio Guanabara, assessorado por Paulo Vanuchi, ministro da Secretaria Nacional de Direitos Humanos e por Benedita da Silva, Secretária Estadual de Ação Social, defendeu que o julgamento dos 11 envolvidos na morte dos jovens seja feito pela Justiça Civil, e não na Justiça Militar. O ministro Nelson Jobim endossa a mesma tese, contrária ao entendimento dos militares.

Mas, apesar do discurso contrário à atuação das Forças Armadas no Morro da Providência, o presidente Lula, uma “Metamorfose Ambulante”, concordou com o fato de o Ministério da Defesa ter pedido à Advocacia-Geral da União (AGU) para entrar com recurso na Justiça a fim de garantir que os militares permaneçam na favela, dando proteção ao pessoal que trabalha na obra e ao material (O Estado de São Paulo de 24 de junho de 2008).

As obras no Morro da Providência fazem parte do Projeto Cimento Social, fruto de acordo entre o Ministério das Cidades e o Ministério da Defesa, para atender ao senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que seria o candidato preferido de Lula à prefeitura do Rio. Ontem, pela primeira vez após o crime, o senador compareceu a uma solenidade de lançamento de apoio à candidatura do Rio para sede das Olimpíadas de 2016. Lula e Crivella saíram juntos da cerimônia.

O presidente Lula gostou muito do projeto Cimento Social dando a ordem para que fosse executado, segundo declaração, há cerca de três meses, do vice-presidente José Alencar, do mesmo partido do senador Crivela.

Ainda segundo José Alencar, o projeto só saiu porque Lula mandou o Ministério das Cidades liberar o dinheiro e mandou o Comando Militar tocar as obras na favela. Isso em dezembro de 2007, antes do convênio firmado entre o Ministério da Defesa e o Ministério das Cidades, o que só ocorreu em 31 de janeiro de 2008, um ano eleitoral.

O cadastro dos moradores cujas casas seriam reformadas foi feito por integrantes da Igreja Universal, do bispo Crivella. O Ministério das Cidades liberou o dinheiro (16,6 milhões de reais) em dezembro de 2007, antes mesmo que o projeto sobre a matéria fosse aprovado. As obras foram usadas como material de propaganda do bispo Crivella, candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, embora o Comando Militar do Leste tenha emitido um parecer contrário ao projeto. (“No parecer, o general Luiz Cesário da Silveira Filho expressa aos superiores todos os perigos da missão. A possível contaminação dos soldados pela convivência com traficantes de drogas, a possibilidade de morte de civis devido a confrontos entre traficantes e militares, e a falta de amparo legal...”). Diz-se que um documento de Inteligência do CML acusou dois assessores do bispo Crivella – chamados de Eduardo de Tal e Gilmar de Tal – de negociar uma trégua com os traficantes do Comando Vermelho, que dominavam o morro. Foi desse projeto que o presidente Lula - que classificou a si próprio de “Metamorfose Ambulante” (jornal O Estado de São Paulo de 5 de dezembro de 2007) - gostou muito, “dando a ordem para que fosse executado”.

Dia 23 de junho, uma segunda-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, decidiu que, no mesmo dia, a tropa do Exército fosse retirada do morro da Providência. Ele disse ter sido surpreendido pelo embargo das obras, naquele mesmo dia, pela manhã, do projeto Cimento Social por parte do Tribunal Regional Eleitoral. Segundo ele, assim que as obras forem retomadas, os militares voltarão a ocupar a favela para garantir a segurança dos serviços.



Morro da Providência - foto publicada em O Globo em 12.12.2007

Finalmente, a verdade nua e crua é que Lula e o ministro Jobim desconheceram o parecer do CML e mandaram que a obra fosse tocada pelos militares. No dia 12 de dezembro de 2007, soldados do Exército ocuparam a Favela do Morro da Providência para iniciar as obras do projeto, fruto de acordo de cooperação entre o Ministério das Cidades e o Ministério da Defesa.

Assim, Lula, a “Metamorfose Ambulante”, colocou o Exército a serviço do marketing eleitoral do senador Marcelo Crivella, aliado federal e pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro. Foi dele quem partiu a ordem para a Operação Cimento Social, e não pode dizer que não foi avisado das possíveis consequências, através de documento do comandante militar do Leste.

Nas origens do morticínio

por Olavo de Carvalho em 27 de junho de 2008

Resumo: Poder concentrado em torno de uma promessa de futuro: eis a fórmula infalível do genocídio.

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Qual a maior causa de violência, morticínio, opressão e tirania que já se conheceu ao longo de toda a História humana?

Se fizermos essa pergunta ao cidadão comum, as respostas mais freqüentes apontarão o desejo de riquezas, a paixão nacionalista, o expansionismo imperialista, o fanatismo religioso ou ideológico, os preconceitos de raça, etc.

Todas essas causas mataram pessoas e oprimiram povos, mas não o fizeram sempre.

1) Desejar riquezas não é o mesmo que extorqui-las à força; na maior parte dos casos esse desejo não só se realiza por meios inofensivos, mas ele precisa da paz e da ordem jurídica para alcançar suas metas. Não pode ser pura coincidência que os países mais ricos e prósperos sejam os menos agressivos e os mais democráticos. Também não pode ser mero acaso que jamais tenha havido uma guerra entre duas democracias capitalistas.

2) Todos os povos têm alguma paixão nacionalista, mas só um número pequeno dentre eles agride seus vizinhos em nome dela. Na maior parte dos casos, o nacionalismo exprime-se por meios culturais perfeitamente incruentos, isto quando não é apenas uma reação passiva de autodefesa psicológica contra ameaças de fora.

3) O fanatismo religioso, especialmente islâmico, é bastante demonizado pela mídia, mas, se somarmos o número de vítimas que ele fez desde o início do século, veremos que é irrisório em comparação com as mortes causadas pelas ideologias anti-religiosas. Na modernidade, o fanatismo religioso pode ser causa de conflitos, mas não de genocídio. Apontá-lo como tal é um chavão midiático sem nenhuma base na realidade. Mesmo as guerras de religião que sacudiram o Ocidente e o Oriente, desde a Antigüidade até o fim da Idade Média, não produziram um número de vítimas que se comparasse aos das guerras e revoluções modernas sem causa religiosa.

4) O racismo, por fim, parece uma resposta adequada, por estar entre as causas da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto .

Mas por que, entre tantos racismos que existem no mundo, um único chegou a desencadear uma catástrofe dessas proporções, enquanto os outros produziram somente efeitos locais bem mais modestos, isto quanto não se limitaram a cristalizar-se num estado permanente de hostilidade incruenta entre grupos raciais, tomando a forma da discriminação, do preconceito etc.? Em vez de confundir a parte com o todo, explicando a barbárie nazista pelo “racismo”, é preciso perguntar justamente o que o racismo alemão tinha de diferente dos outros racismos, para que chegasse a produzir resultados tão descomunais.

5) A expansão imperialista causou guerras, revoluções e repressões, mas muitas vezes – a maior parte delas – conseguiu realizar-se por meios comerciais e culturais inofensivos, não raro levando a paz e a ordem a regiões conturbadas.

Cada uma dessas respostas resvala na verdade, mas não chega sequer a tocá-la. Cada um dos fatores apontados pode produzir violência, morticínio, opressão e tirania, mas não o faz sempre ou necessariamente, não o faz por um movimento autônomo, pela mera exteriorização da sua dialética interna, e sobretudo não o faz sem a intervenção de um outro fator, geralmente não mencionado na lista dos demônios populares.

Esse fator não só investe os outros de uma força mortífera que eles não têm por si próprios, mas ele por si mesmo, agindo sozinho e com pouca ou nenhuma ajuda deles, pode produzir e tem produzido os mesmos efeitos letais que produziu ao fundir-se com eles.

A maior causa de violência, morticínio, opressão e tirania é a crença de que é possível inventar um futuro melhor para toda a humanidade ou para uma parte significativa dela e realizá-lo através do poder político.

Sem somar-se a essa crença, nenhuma das causas antes mencionadas teria um milésimo do seu potencial mortífero. Sem a promessa utópica, não atrairia multidões de militantes. Sem a concentração do poder político, não teria meios de ação. Poder concentrado em torno de uma promessa de futuro: eis a fórmula infalível do genocídio.



Publicado pelo Diário do Comércio em 26/06/2008

A fragmentação do Brasil

por Heitor De Paola em 27 de junho de 2008

Resumo: Está em curso acelerado o processo de fragmentação de nosso País, não apenas em termos territoriais mas, também, e não menos importante, na área jurídica.

© 2008 MidiaSemMascara.org


“A tarefa dos comunistas é explorar todas as contradições; e onde não existirem, criá-las”.

VLADIMIR ILITCH LENIN

Está em curso acelerado o processo de fragmentação de nosso País, não apenas em termos territoriais mas, também, e não menos importante, na área jurídica. Enquanto a situação na Amazônia, particularmente a Reserva Raposa/Serra do Sol, assume caráter quase onipresente, perde-se de vista outros desenvolvimentos que visam, através de leis, decretos e portarias esdrúxulas, outras formas de fragmentação: criar conflitos raciais, culturais, sexuais, étnicos e classistas. No entanto, os conflitos territoriais - mais evidentes - e os jurídicos se interpenetram, formando dois flancos do mesmo ataque à liberdade, à propriedade e à nacionalidade. Não se divide um povo somente pelo fracionamento territorial – este, pelo contrário, pode até uni-lo, como recentemente na questão amazônica – mas criando paralelamente conflitos inexistentes ou exacerbando os latentes. Entre os últimos cite-se a existência de óbvios preconceitos, como os raciais e sexuais, que não obstante muito raramente se configuraram no passado como discriminação; e as diferenças de interesse de classe. Exacerbá-los até o paroxismo discriminatório uns, e à luta de classes os outros, é o objetivo de certas medidas legais e extralegais que comentarei a seguir.

A fragmentação territorial vem sendo levada a cabo por três vertentes principais: 1- os movimentos ditos sociais que têm por finalidade invadir propriedades alheias, entre os quais desponta soberano o MST, mas incluem-se outros como o MAB (dos atingidos por barragens) e os urbanos (sem teto e instalação de favelas) que, dos grandes centros, já se espalharam como uma epidemia para o restante do País; 2- a política indigenista que já transformou nossas fronteiras numa verdadeira peneira desde o Mato Grosso até o Amapá; e 3- a revolução quilombola.

A evidência de que são movimentos articulados vem da proposta apresentada pela Corrente Articulação do PT e pelo Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e aprovada pelo VII Congresso do MST em 1990: “O campo e a cidade são duas faces de uma dominação capitalista única que devem ser enfrentadas de forma revolucionária”. Esta articulação se estende aos movimentos pela emancipação das áreas indígenas e das áreas de quilombos, que atingem tanto o campo como as cidades. Estão previstas 127 demarcações de terras indígenas até 2010, e só em 2008 mais 29. As áreas quilombolas já em estudo para demarcação atingem o incrível número de 3.524 das quais 1.140 já estão em curso (os assentamentos de quilombos foram suspensos para melhor exame, porém serão “discutidos” com os quilombolas).

A FRAGMENTAÇÃO JURÍDICA

“Jamais o nosso país foi governado por tanta legislação infra-legal! (...) em nosso país já não vige a lei, mas o decreto, a portaria, a instrução normativa, o aviso. Vivemos em uma democracia roída pelos cupins, ou melhor, vivemos em uma proto-ditadura!”

KLAUBER CRISTOFEN PIRES

O que vem ocorrendo entre nós é a aplicação ao pé da letra do Direito Alternativo cujo princípio básico é: “Toda desigualdade (incluindo nos planos metafísico e religioso) é uma injustiça, toda autoridade um perigo, a liberdade absoluta é um bem supremo”. Cria-se, desta forma, um preceito infra-legal: o de legitimidade em oposição ao de legalidade. Como bem expressou o Presidente Lula à Folha de São Paulo, 26/05/1994: “Coisa justa vale mais que lei... Entre a lei e a coisa justa e legítima, eu sempre disse que o justo e o legítimo é muito mais importante”. Pode ser risível a intromissão de Sua Excelência como se fosse um jurisconsulto pontificando sobre o assunto, mas o fato é que é assim que as coisas têm sido “neste país”! E cada vez se aprofunda mais!

É esta alternatividade do direito que cria, por “legítimas” embora ilegais, as cotas raciais e os direitos das minorias “alternativas” e impõe às maiorias “opressoras” obrigações absurdas como ter que aceitar conviver em pé de igualdade com todas as extravagâncias e perversões sexuais. Simultaneamente, legalizam-se também, por “legítimas”, as várias formas de fragmentação territorial: as invasões urbanas e rurais, a instalação de quilombos, os direitos das “nações” indígenas à autonomia – e, muito em breve, as declarações de independência. Ora, se é legítimo, dane-se a Constituição que prevê a integridade territorial do País e as leis que valem para os demais. Espertamente os mentores da governança global e aspirantes a membros do futuro governo mundial, valem-se de documentos alienígenas, como a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que determina o “Direito de autodeterminação dos povos indígenas e tribais, incluindo fazer suas próprias leis, regulamentos, convenções, etc. e proíbe operações militares nas reservas em quaisquer circunstâncias”.

No caso das invasões de qualquer origem vem ocorrendo a seguinte seqüência: invasão → criação de novas normas legais por decreto ou medida administrativa ou medida provisória que a legitima → cria-se “jurisprudência” e novos direitos → novas invasões → seguem-se pressões sobre o STF para legalizá-las e sobre o Congresso para criar novas leis ou Emendas Constitucionais. Chega-se, assim, a uma ruptura da ordem jurídica vigente criando-se uma nova ordem: do Estado de Direito passa-se ao Estado Democrático de Direito, que já impera e está bem definido por Klauber Pires; invertem-se os valores jurídicos: “já não vige a lei, mas o decreto, a portaria, a instrução normativa, o aviso”, todos criados por pressão democrática legítima.

É evidente que com todos estes atos tenta-se atingir algo mais: o cerne do direito de propriedade privada. Qualquer um versado em dialética marxista percebe neste desenvolvimento as três leis da dialética aplicadas ao direito: a da oposição entre os contrários (nova ordem revolucionária contra velha ordem jurídica que impera há milênios); a transformação da qualidade pelo acúmulo quantitativo (acumulam-se as “legitimações” até que se transformem em novas leis e direitos); e a da negação da negação, pois a nova é a negação da velha mas traz em seu bojo a negação de si mesma na medida em que cria um ciclo interminável, que é a própria natureza da revolução. Estamos vivendo sim uma proto-ditadura, mas que tem sobrenome conhecido: comunista!



Publicado pelo Jornal Inconfidência.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

O problema do petróleo

por Jeffrey Nyquist em 26 de junho de 2008

Resumo: Estariam as reservas de petróleo atingindo seu limite máximo, e uma crise internacional de gigantescas proporções se aproxima?

© 2008 MidiaSemMascara.org


O preço do barril de petróleo subiu acima dos cento de trinta dólares. Qual é a causa deste aumento? Na última projeção do Wall Street Jornal, lemos que a maioria dos economistas atribui os ascendentes preços de alimentos e do petróleo às “condições fundamentais do mercado”. Não se trata de uma bolha de investimento. Ao que parece, a demanda está crescendo mais rapidamente que a oferta. Pergunta: a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) está mesmo limitando a produção? Se isto for verdade, então a irritação quanto à política dos Estados Unidos no Iraque tem conseqüências de longo alcance. Recentemente, quando o presidente Bush visitou a Arábia Saudita, os sauditas recusaram-se a expandir sua produção de petróleo. Estariam eles descontentes com o presidente americano? Estariam tentando persuadi-lo, ou dissuadi-lo, quanto a um assunto em particular?

Contudo, há outra teoria, ainda mais perturbadora. É possível que tenhamos atingido um patamar na produção de petróleo tal como previsto pelos teóricos do “peak oil”. Na edição de 22 de maio, o Wall Street Journal apresentou uma reportagem curiosa, intitulada “Entidade Monitoradora da Energia Alerta para Severo Aperto na Produção de Petróleo”, de autoria de Neil King Jr. E Peter Fritsch. Ao que parece, os futuros fornecimentos de petróleo cru podem ficar “mais restritos do que antes se supunha”. O economista-chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), com sede em Paris, revelou ao Wall Street Journal: “Esta é uma situação perigosa”.

É interessante notar o quão pouco sabemos acerca do futuro preço do petróleo, do futuro desenvolvimento de fontes alternativas de energia, e do impacto econômico e político fundamental de ambos. A produção de petróleo pode estar se aproximando de um declínio irreversível. Por outro lado, a Rússia e a OPEP podem ter reunido a disciplina necessária para limitar a oferta. Como podemos determinar a causa operante neste caso? É preciso apenas considerar a natureza humana e a história da OPEP para descobrir a verdade.

Dentro da OPEP sempre houve uma competição por fatias de mercado. Enquanto o embargo árabe do petróleo em 1973 foi eficaz, as emoções sauditas estiveram apaixonadamente engajadas no apoio ao lado árabe na guerra contra Israel. Pela primeira vez, os Estados Unidos deram assistência material a Israel. Ao fim do embargo, em 18 de março de 1974, o petróleo saudita leve[*] tinha ido de US$2.58/barril a US$11.65/barril. Ou seja, o preço mais do que quadriplicou.

Em comparação, vamos considerar a situação dos últimos cinco anos. Desde setembro de 2003, o preço do petróleo quadruplicou. Não houve qualquer embargo de petróleo, apesar de ter havido uma guerra no Oriente Médio. De fato, se você rastreasse a disposição de ânimo do mundo árabe em resposta à invasão americana ao Iraque, você encontraria uma correlação com o preço do petróleo. Sabemos que o desprazer árabe diante do apoio americano a Israel em 1973 levou à quadruplicação dos preços do petróleo. Sabemos que a revolução iraniana de 1979 teve um impacto similar.

É claro que esta análise não prova que a OPEP seja responsável pelo fato de que o petróleo esteja sendo cotado a US$135/barril. Existe a possibilidade (tal com sugere o levantamento do Wall Street Jornal) de qua a demanda por petróleo esteja simplesmente ultrapassando a oferta. Aqueles que poderiam ganhar dinheiro aumentando a oferta não o fizeram. E por que não? Nessa altura, a resposta plausível é de que a produção mundial de petróleo está atingindo um platô.

E o que isso significa?

Significa que o peak oil chegou. Atingimos o máximo da produção global de petróleo. Significa que a produção declinará em poucos anos ou meses. Significa que o domínio americano global está chegando ao fim e outra era está por nascer. O dinheiro está sendo drenado dos países importadores de petróleo para os exportadores numa taxa que se acelera. O mais significativo de tudo é que o poder que sangra de uma grande potência está prestes a servir a uma outra. A Rússia é um exportador de petróleo e sua posição estratégica está progredindo rapidamente. Começando em 2003, quando os Estados Unidos invadiram o Iraque, o equilíbrio do poder tem pendido do Ocidente para o Oriente. Há algumas semanas atrás eu conversei com Andrei Illarionov, um ex-consultor de economia do Kremlin. Possuidor de algum conhecimento da relação “petróleo x condições econômicas”, ele me disse que a invasão americana ao Iraque está definitivamente relacionada a preços de petróleo mais altos.

Suponha que a produção de petróleo tenha atingido um platô. Mesmo nesse caso, a situação iraquiana significa que um importante país produtor não está fazendo a sua contribuição total à produção global e o efeito pode ser mais amplo do que antes imaginado.

Neste contexto, considere o que um ataque aéreo americano ao Irã faria com o preço do petróleo. É preciso enfatizar que a economia americana não é capaz de funcionar eficientemente com preços acima de US$120/barril. O dólar americano está sofrendo perdas, a posição econômica da Ásia e da Europa sofre danos, e os países importadores de petróleo do Terceiro Mundo são gravemente impactados.

A situação é muito séria.

[*] O petróleo leve tem o seu refino mais barato.

© 2008 Jeffrey R. Nyquist

Publicado por Financialsense.com

Tradução: MSM