quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

NET x Pizzaria da esquina

Segunda-feira, 28 de Janeiro de 2008

NET x Pizzaria da esquina
Adolfo Sachsida

Ligo pra NET: 1) uma máquina pergunta meu número de inscrição (ou CPF); 2) teclo meu número; 3) uma máquina me pede para escolher que tipo de atendimento necessito; 4) escolho o atendimento; 5) você é transferido para uma espera que leva de 10 segundos (quando você quer comprar um programa novo) até 10 minutos (geralmente em casos que você precisa de ajuda técnica). Se você der sorte e a ligação não cair, chegará ao passo 6) finalmente aparece alguém para falar com você. Adivinhem, qual é a primeira pergunta que ele lhe faz? Acertou quem disse: informe seu código NET.... para que então eu tive que informar o código NET no começo do processo? 7) Informo que tenho um problema na internet; 8) o atendente pede que eu desligue o modem para realizar alguns testes; 9) desligo o modem e adinhe o que acontece? Meu telefone TAMBÉM sai do ar. Afinal, ele está no mesmo pacote do modem; 10) começo todo o processo novamente; 11) o atendente novamente me pede para que eu desligue o modem; 12) informo a ele que não posso desligar o modem, pois nesse caso nosso ligação telefônica também irá cair; 13) ele me informa que nesse caso não poderá me ajudar e me diz para ligar em outro número; 14) ligo em outro número, agendo uma visita técnica; 15) a NET informa que a visita técnica poderá ocorrer a qualquer horário entre 8:00 da manhã e meio-dia; 16) passo a manhã em casa e o técnico não aparece; 17) ligo novamente para NET, executo todos os passos novamente e agendo nova visita técnica; 18) dessa vez sou informado que o técnico irá em minha residência entre 14:00 e 18:00 horas; 19) finalmente o técnico vai em minha residência e sou atendido.

Ligo pra pizzaria da esquina. A pizzaria da esquina possui bina, identifica minha chamada, acessa seu banco de dados e tem acesso a meu nome e endereço: 1) o atendente pergunta qual meu pedido; 2) faço o pedido; 3) ele pergunta: a) maneira de pagamento e se eu precisarei de troco, e b) se deve entregar a pizza no endereço do cadastro; 4) respondo a pergunta; 5) ele me informa que a pizza chegará entre 20 e 30 minutos. Fim da ligação. Tudo resolvido em menos de 3 minutos.

Por que a NET (tão intensiva em capital e mão-de-obra qualificada) é tão ineficiente enquanto uma pizzaria com pouco capital e mão-de-obra não tão educada é tão eficiente? A resposta é simples: COMPETIÇÃO. Enquanto a NET, pelas características de seu mercado, desfruta de uma posição quase que monopolista, a pizzaria da esquina se defronta com um mercado altamente competitivo. Dificilmente existem mais de 3 companhias de TV a cabo numa cidade. Contudo, na maior parte das cidades existe uma grande quantidade de pizzarias. Se você tiver que esperar mais de 1 minuto no telefone para ser atendido numa pizzaria, você provavelmente irá desligar seu telefone e ligar para outra. No caso da NET não é tão simples assim, pois não existem tantas outras para você ligar.

O parágrafo acima ilustra um ponto importante do capitalismo: ele não funciona bem na ausência de competição. Nesse momento em que o governo federal parece querer DIMINUIR o número de companhias de telecomunicação – com a justificativa de querer criar uma grande e forte companhia nacional para “competir” com as outras internacionais –, só uma coisa me vem a cabeça: será que ninguém no governo nunca teve que ligar para a NET? Não importa o tamanho, ou a intensividade em tecnologia, da companhia. Se uma empresa não enfrentar competição ela será ineficiente, e será tanto mais ineficiente quanto menos competição houver.

Postado por Blog do Adolfo às 05:46

O legado do fascismo: o liberalismo americano

por Daniel Pipes em 30 de janeiro de 2008

Resumo: Entender o fascismo em sua total extensão requer colocar de lado a distorção do termo feita por Stalin, olhar além do Holocausto e retornar a um período que pode ser chamado de “momento fascista”, ocorrido nas primeiras décadas do século passado.

© 2008 MidiaSemMascara.org


Fascismo liberal soa como um oxímoro – ou um termo para os conservadores insultarem liberais [*] . Na realidade, foi um termo cunhado por ninguém menos do que o respeitado e influente escritor socialista H.G. Wells, que em 1931 exortava correligionários progressistas a tornarem-se “fascistas liberais” e “nazistas iluminados”. De verdade.

Suas palavras, de fato, encaixam-se num padrão muito mais amplo de fundir socialismo com fascismo: Mussolini era uma proeminente figura socialista que, durante a I Guerra Mundial, afastou-se do internacionalismo em favor do nacionalismo italiano e chamou a mistura de fascismo. De modo semelhante, Hitler liderava o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.

Esses fatos têm efeito desagradável, pois contradizem o espectro político que deu forma a nossa visão de mundo desde o final dos anos 1930; visão que coloca o comunismo na extrema esquerda, seguido do socialismo, o liberalismo ao centro, o conservadorismo, e só então o fascismo, na extrema direita. Mas este espectro, nota Jonah Goldberg em seu brilhante, profundo e original novo livro, Liberal Fascism: The Secret History of the American Left from Mussolini to the Politics of Meaning [Fascismo Liberal: a História Secreta da Esquerda Americana, de Mussolini à Política de Significado], reflete o uso que Stalin fazia de fascista como um epíteto para desacreditar a quem quer ele desejasse – Trotsky, Churchill, camponeses russos – distorcendo a realidade. Já em 1946, George Orwell notava que fascismo havia degenerado, significando “algo não desejável”.

Entender o fascismo em sua total extensão requer colocar de lado a distorção do termo feita por Stalin, e também olhar além do Holocausto e retornar ao período que Goldberg chama de “momento fascista”, mais ou menos entre 1910 e 1935. Sendo uma ideologia estatista, ou estatizante, o fascismo usa a política como ferramenta para transformar a sociedade de indivíduos atomizados num todo orgânico. Assim o faz pela exaltação do estado acima do indivíduo, do conhecimento especializado acima da democracia, do consenso à força acima do debate e do socialismo acima do capitalismo. O fascismo é totalitário no sentido original que Mussolini dava ao termo: “Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”. A mensagem do fascismo se resume a “Chega de conversa, mais ação!”. Seu apelo duradouro é fazer com que as coisas aconteçam; é obter resultados.

Em contraste, o conservadorismo propugna governo limitado, individualismo, debate democrático e capitalismo. Seu apelo é a liberdade e deixar os cidadãos em paz.

O triunfo de Goldberg é estabelecer o parentesco e semelhança entre comunismo, fascismo e liberalismo[**]. Todos derivam da mesma tradição que remonta aos jacobinos da Revolução Francesa. Seu espectro político revisado enfocaria o papel do estado, indo do libertarianismo ao conservadorismo e ao fascismo em suas muitas formas – americana, italiana, alemã, russa, chinesa, cubana e assim por diante.

Tal como sugere essa listagem, o fascismo é flexível; diferentes iterações diferem em especificidades, mas partilham dos mesmos “impulsos emocionais e instintivos”. Mussolini adaptou o programa socialista para enfatizar o estado; Lênin fez dos trabalhadores a vanguarda do partido; Hitler colocou raça na equação. Se a versão alemã era militarista, a americana (que Goldberg chama de fascismo liberal) é quase pacifista. Goldberg cita o historiador Richard Pipes quanto a esse ponto: ”O bolchevismo e o fascismo eram heresias do socialismo”. Ele prova esta confluência de duas maneiras:

Primeiramente, ele oferece uma “história secreta da esquerda americana”:

  • O Progressivismo de Woodrow Wilson caracterizava-se por um programa “militarista, fanaticamente nacionalista, imperialista e racista”, tornado possível pelas exigências da I Guerra mundial.
  • O “New Deal fascista” de Franklin D. Roosevelt erigiu-se sobre e estendeu o governo de Wilson.
  • A Great Society de Lyndon Johnson estabeleceu o moderno welfare state, “a insuperável fruição” (até agora) desta tradição estatista.
  • Os viçosos revolucionários da New Left nos anos 1960 realizaram “uma atualização americanizada” da Old Right européia.
  • Hillary Clinton espera “inserir o estado profundamente na vida das famílias”, um passo essencial do projeto totalitário.

Resumindo quase um século de história, se o sistema político americano tradicionalmente encorajava a busca da felicidade, “mais e mais de nós queremos parar de persegui-la e a queremos entregue em casa”.

Em segundo lugar, Goldberg disseca os programas liberais [i.e., de esquerda] – raciais, econômicos, ambientais, e até mesmo o “culto ao orgânico” – e mostra as afinidades destes com os programas de Mussolini e Hitler.

Se este resumo soar entorpecente ou estarrecedoramente implausível, leia Liberal Fascism inteiro, por suas citações vívidas e documentação convincente. O autor, até agora conhecido como um polemista inteligente e muito bem preparado para disputas, provou-se um pensador político de primeira ordem.

Além de oferecer uma maneira radicalmente diferente de entender a política moderna, na qual fascista não é uma calúnia maior do que socialista, o extraordinário livro de Goldberg dá aos conservadores as ferramentas para responder a seus atormentadores esquerdistas e por fim, partir para o ataque. Se os esquerdistas podem levantar eternamente o fantasma de Joseph McCarthy, os conservadores podem contra-atacar com Benito Mussolini.



[*] NT: Para maiores detalhes sobre a terminologia americana do Liberalismo, ver: http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=6215&language=pt

[**] NT: Aqui não há qualquer confusão; o liberalismo europeu tem sua origem no movimento revolucionário. Se mais tarde se une aos conservadores europeus e adota contornos mais conhecidos através do liberalismo econômico, não há como negar as origens revolucionárias.

Publicado pelo Jerusalem Post. Também disponível em danielpipes.org

E ninguém percebe...

por Graça Salgueiro em 30 de janeiro de 2008

Resumo: Causa estranheza o silêncio latino-americano em torno do Foro de São Paulo e do mal por atacado que tem proporcionado ao nosso continente.

© 2008 MidiaSemMascara.org


A capacidade que o presidente Lula tem de fazer afirmações de coisas pertencentes apenas ao seu imaginário ou desejo, como se fossem a mais cristalina verdade, é proporcional à vergonha que sentem os brasileiros bem informados, sobretudo quando tais afirmações extrapolam as fronteiras nacionais.

Dentre as tantas pérolas que jorram da boca de Sua Excelência a mais notável foi quando da volta de sua visita a Cuba, referindo-se ao velho ditador com quem teve um cálido e nostálgico encontro de duas horas e meia, em lugar incerto e não sabido da ilha-cárcere. Segundo Lula, “A impressão que eu tenho é que o Fidel está muito bem de saúde, que está com uma lucidez como nos melhores momentos”. (...) “Penso que Fidel está pronto para assumir o papel político que ele tem na história, no mundo globalizado, na humanidade”. Entretanto, é o próprio Fidel quem o desmente sem meias palavras: Não desfruto da capacidade física necessária para falar diretamente aos vizinhos do município onde me postularam para as eleições do próximo domingo. Faço o que posso: escrevo. (...) Hoje, que disponho de mais tempo para me informar e meditar sobre o que vejo, consigo apenas escrever”, escrito dois dias antes do encontro. Teria sido a “messiânica” visita a causadora de tão extraordinária e repentina recuperação?

No Brasil a mídia companheira de viagem fez referência à citação do presidente Lula mas não a do ditador Castro, tampouco permitiu que as imagens do encontro dos dois - televisionadas desde Cuba e retransmitidas aqui - tivessem áudio, retrocedendo à época do cinema mudo. Caso se pudesse ouvir a conversa, deixaria à mostra a decrepitude do velho ditador com sua fala escandida e sem nexo, com visível dificuldade até de articular corretamente as palavras. Estaria com isto a mídia encobrindo as falsas afirmações de Lula e preservando a imagem de Castro?

Em um excelente artigo intitulado “Fidel desmentiu Lula” escrito para o jornal “Diario Las Américas”, de Miami, o economista cubano Ernesto Betancourt faz duras e acertadas críticas às declarações de Lula, entretanto cai no conto da “autosuficiência” em produção de petróleo divulgada aos quatro cantos do mundo ano passado. Diz ele sobre a conversa dos dois comunistas: “Por certo que depois do descobrimento de imensos depósitos de petróleo nas costas do Brasil pela Petrobras, o cavalheiro Lula fez mutismo em sua propaganda do etanol”.

Ocorre que o anúncio dessa descoberta ano passado não tinha nada de novo; o governo Lula, para abafar a crise do gás que ainda continua pendente sobre nossas cabeças, reciclou uma notícia velha de mais de uma década, conforme denuncia elegantemente o ex-ministro de Minas e Energia, Alexis Stepanenko, em carta ao ex-presidente Itamar Franco de quem foi ministro. Naturalmente que nem o senhor Betancourt nem ninguém mais foi informado disto e assim segue o Sr. da Silva, contando lorotas mundo afora, na certeza de que ninguém percebe, ninguém o questiona porque todos acham muito palpitante e excêntrico um “presidente-operário”. E nós, sem saber mais aonde enfiar a cara de tanta vergonha...

E na sexta-feira 25, em discurso na cerimônia pelo Dia Internacional de Lembrança das Vítimas do Holocausto, Lula conclamou os brasileiros a deixar a violência e a intolerância de lado acrescentando: Lembranças tristes e trágicas como as do Holocausto não devem e não podem ser apagadas, como não podem ser esquecidas todas as formas de intolerância, especialmente aquelas alçadas à condição de política de Estado”

Seria uma afirmação louvável se não fosse tão cínica e não houvesse, no mínimo, uma discrepância entre este discurso e o proferido recentemente com ar de gratidão perante o maior genocida latino-americano, seu ídolo Fidel: “Lembra, Fidel, quando falamos do Foro de São Paulo e me disseste que era necessária a unidade da esquerda latino-americana para garantir nosso progresso? Pois já estamos avançando nessa direção”. Sabendo que participam como membros efetivos do Foro de São Paulo criado por estas duas humaníssimas criaturas, bandos terroristas monstruosos como as FARC e o ELN, e que todos os membros assinaram uma declaração condenando o “terrorismo de Estado” protagonizado pelo governo da Colômbia por combatê-los, fica a pergunta: qual dos dois Lulas fala a verdade? Qual a “violência” que ele condena?

Causa estranheza o silêncio latino-americano em torno desta nefasta organização – Foro de São Paulo – e do mal por atacado que ela tem proporcionado ao nosso continente. Já nem falo do Brasil porque aqui as pessoas não lêem, não se informam e há décadas estão culturalmente mortas. Mas, será que ninguém mais percebe que a convulsão política e social que está sofendo a América Latina hoje, é fruto desta organização? Observem a Bolívia, a Argentina, a Venezuela, a Nicarágua, o Equador, a Colômbia com as FARC cada dia mais afoitas, e perguntem se seus presidentes – exceto Uribe, claro! - não pertencem a esta organização comuno-terrorista? Toda a compreensão destes fatos passa obrigatoriamente pelo Foro de São Paulo que é a raiz, o centro de toda a estratégia de comunização do nosso continente mas, enquanto as pessoas não se derem conta disso, vão continuar combatendo os efeitos periféricos que são a corrupção, a violência, a miséria, ao mesmo tempo em que o comunismo se fortalece e expande pelos canais subterrâneos. Com as bênçãos de Fidel Castro e Lula da Silva; não esqueçam disso!

Educação comunista – a Praxis contra a Verdade

por Carlos I.S. Azambuja em 30 de janeiro de 2008

Resumo: A escola e o ensino, segundo os comunistas, devem ser permanentemente controlados para evitar a infiltração de resíduos e concepções burguesas. É esse o objetivo da educação marxista: formar consciências comunistas. E isso, como é obtido?

© 2008 MidiaSemMascara.org


Para o marxismo, a prática tem prioridade sobre o conhecimento e é o fundamento deste. Essa é uma tese de Marx, que seus epígonos não hesitaram em manter e que é a própria base do marxismo: a primazia da praxis sobre o conhecimento, da ação sobre a doutrina e do fazer sobre o ser.

A conseqüência imediata dessa tese no ensino é a de que, para o marxismo, educar não é pôr em contato com a verdade e sim com a prática. Mao Tsetung afirmou que uma das características do materialismo dialético “é o seu caráter prático; sublinha a independência da teoria à prática; que a prática é a base da teoria; que o critério da verdade nada mais é que a prática social”.

A educação e o ensino, para o marxismo, devem realizar, na prática, a vinculação do homem ao sentido da história. A educação é necessária, seu significado e sua tarefa consistem em provocar a máxima aceleração no processo histórico e em tornar possível a transformação da consciência dos homens.

Para o marxismo, a única forma possível de educar consiste em lograr que, consciente e livremente – falamos da liberdade marxista – a educação se realize, por contradições sucessivas, na natureza e na história; a educação marxista deve ser interpretada como acomodação. A educação é uma atividade acomodadora à situação revolucionária. Educar é socializar.

O professor desempenha um papel importante, e é fundamental que o ensino esteja em mãos de mestres ideologicamente doutrinados e capacitados para acender a chispa da consciência comunista em seus alunos e, ademais, além de uma formação adequada deve ter, acima de tudo, uma consciência política. A escola e o ensino, segundo os comunistas, devem ser permanentemente controlados para evitar a infiltração de resíduos e concepções burguesas.

É esse o objetivo da educação marxista: formar consciências comunistas. E isso, como é obtido?

O procedimento varia, segundo as circunstâncias; não é o mesmo quando o partido comunista esteja no poder, ou quando ainda não tenha conseguido a tomada do poder. Quando domina a sociedade todos sabem como opera, e, no outro caso?

Em primeiro lugar devemos ter em mente que o marxismo não trata de melhorar nada, e sim fazer uma transformação total, face ao seu próprio caráter dialético. A crítica do marxismo a toda injustiça real ou a toda situação que se apresente como injusta, ou que se faça passar como tal, não tem por finalidade restabelecer a justiça ou melhorar as coisas em seu real e mais amplo sentido, e sim inserir o homem na dialética, lograr que os homens aceitem sua vinculação ao processo dialético, que é no que consiste o progresso para o marxismo.

O marxismo não se preocupa com o proletariado porque este esteja oprimido ou porque seja débil e sim na medida em que é ou pode tornar-se uma força, e quanto mais proletários existirem maior será sua força como classe revolucionária e mais próximo e possível estará o socialismo.

O objetivo confesso dos marxistas é a tomada do poder pela classe trabalhadora. Isso, todavia, não significa que nada se possa fazer antes de o poder passar às mãos dessa classe. A luta pela educação tem uma importância fundamental, pois sem a dedicação a essa luta não podem tomar forma e desenvolver-se nem os meios para tornar possível a ofensiva final, nem a ideologia que sustenta essa luta. Qualquer avanço no progresso educativo poderá vir, afinal, auxiliar o desenvolvimento da consciência de classe da classe trabalhadora.

Daí a importância e o perigo do ensino do marxismo nos centros escolares da sociedade em que este ainda não tenha assumido o poder. Perigo mais latente e real hoje, quando os ensinamentos de Gramsci, de tomada não-violenta e indolor do poder pretende chegar ao final da história – o comunismo – por meio da conquista da sociedade civil, o que tornará possível a subseqüente conquista do Estado. Isto é, a conquista da sociedade civil como prelúdio da conquista da sociedade política. Ou seja, antes de tomar o poder é preciso conquistar a cultura, segundo a terminologia gramscista.

Exemplo clássico de derrota do marxismo por não possuir a hegemonia na sociedade civil foi a sofrida por Allende, no Chile. Daí a tática comunista adaptada à lição recebida. Uma vez conquistada a cultura, o caminho estará livre à implantação do socialismo.

Gramsci, ideólogo marxista-leninista italiano, falecido na década de 30, e seus seguidores, descartam, por esse motivo, a violência revolucionária – que, no entanto, admitem em último extremo – e dão mais importância à educação levada a cabo pelos intelectuais, considerando-a o principal fator revolucionário. Dessa forma, pretende-se evitar que a forte personalidade da sociedade civil nos países ocidentais se rebele contra um governo revolucionário, levando-o a fracassar, como ocorreu no Chile em 1971-1973.

Ainda Gramsci: “É impossível que uma luta política possa culminar em verdadeiros resultados se não vem acompanhada de uma revolução, de uma reforma intelectual e moral, se não se modifica a mentalidade das pessoas e, por conseguinte, a superestrutura da sociedade. Por isso, o problema da revolução é também um problema de educação. (...) É necessário que o fato revolucionário apareça não somente como um fenômeno de poder, e sim, também, como um fenômeno de costume, como um fato moral, o que implica, necessariamente, numa radical transformação das mentalidades”.

Daí a importância da Escola – na qual a política, a cultura e a pedagogia estão indissoluvelmente unidas – que poderá vir a cumprir, com relação aos jovens, o mesmo fim que um partido político.

Por tudo isso, ainda segundo Gramsci, “a difusão, desde um centro hegemônico – a Escola -, de um modo de pensar homogêneo, é a condição principal para a elaboração de uma consciência coletiva”.

Direção, organização da cultura, centro hegemônico, modo de pensar homogêneo, consciência coletiva, escola unitária, tudo isso é destinado a impor e a lograr que se assimile a filosofia da práxis, isto é, o marxismo, pela sociedade civil.

No fundo, no fundo, nada mudou. Trata-se da instrumentalização da cultura e do ensino para atingir o objetivo visado pelo marxismo: a submissão do homem mediante a submissão da inteligência.

Volodia Valentin Teitelboim Volosky, advogado, político, escritor e intelectual, Secretário-Geral do Partido Comunista Chileno de 1988 a 1995, referiu-se a esse tema na Revista Internacional nº 1-1982: “A cultura é uma vaga e prestigiosa palavra em razão da qual, a seu juízo, os povos e as nações conservam, continuam e até superam seu passado, Porém, quem controlar a cultura e sua base imprescindível, a educação, poderá não só definir retrospectivamente o acontecido como também controlar o futuro. O amanhã se encontra nas mãos e no cérebro daqueles que estão sendo educados hoje”.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O PT traído: Lula não é de esquerda

por Gerson Faria em 29 de janeiro de 2008

Resumo: Emílio Odebrecht, empreiteiro, com sua sapiência em sociologia e teoria política contemporânea obtida no canteiro de obras, desvenda o enigma da "esfinge" Lula.

© 2008 MidiaSemMascara.org


Estranhos estes tempos. Em 1980, Lula e vários companheiros seus ajuntavam-se, promoviam greves contra o “arrocho salarial”, demissões e tal, experimentando borrachadas da polícia e, vez ou outra, eram presos. Não consta que, no estádio da Vila Euclides, foram feitas loas a empresários. Formaram o sindicato mais temido da classe empresarial. Articularam-se com intelectuais esquerdistas da USP, da PUC, de universidades federais, e todas elas viraram pólos irradiadores do esquerdismo brasileiro.

Desde sempre, nossos intelectuais e políticos de esquerda morrem de amores e vertem lágrimas de jacaré por Allende, Fidel, Che e suas experiências de sucesso. Em 1990, Fidel e Lula articulam o Foro de São Paulo, aliança ocultada de partidos e grupos terroristas e narcotraficantes, para delinear a política da América Latina contra o neoliberalismo.

Sempre amenizaram as penas de seqüestradores, quando não os apoiaram abertamente, de famosos empresários brasileiros, de Abílio Diniz a Washington Olivetto. Nunca apoiaram Israel e, quando Arafat morreu, o PT chorou. Fizeram convênios de troca de informações com o Partido Comunista Chinês e o Partido Socialista Baath Sírio.

Orgulham-se de trafegar muito bem entre as esquerdas européias e trocar experiências entre si. Toneladas de livros e centenas de editoras brasileiras se formaram nessa doutrina. A maioria da elite petista foi presa por participar de ação armada na esquerda revolucionária.

Na campanha de 2002, foram obrigados a baixar o tom para parecerem bons moços. José Dirceu é filmado no documentário “Entreatos”, dizendo ao publicitário Duda Mendonça: “tá muito petista isso, tá muito petista. Precisa reescrever essa fala, tá muito petista...”.

No III Congresso do PT, o socialismo é reafirmado claramente como meta política.

Um de seus ministros e mentores, o famoso Marco Aurélio Garcia, quer porque quer refundar o comunismo. Lula vive com um pé em Cuba e um na Venezuela, pois, se falar bobagem por lá, ao menos a tradução poderá ser readequada.

E eis que, neste domingo, 27 de janeiro de 2008, o empresário Emílio Odebrecht apresenta uma afirmação que nos choca a todos:

“O presidente Lula não tem nada de esquerda, nunca foi de esquerda”.

E mais adiante:

“O empresário muitas vezes pressupõe alguma coisa sem nenhum grau de conhecimento. O sujeito não convive e fica pressupondo. Eu conheço o Lula desde 1992, quando tive o prazer de ser apresentado a ele pelo governador Mário Covas.”

Em ordem direta: Lula não é e nunca foi de esquerda. Ele afirma isso – pois convive com Lula desde 1992 – ao passo que o empresário de modo geral só fica pressupondo seu esquerdismo sem grau de conhecimento algum.

E o que dizer de todos os intelectuais, companheiros de jornada, que desde 1980 convivem com o Lula? O que dizer dos estagiários e bolsistas que deram subsídios intelectuais aos emires sáderes, todos confiantes de que estavam frente a um personagem de futuro na esquerda?

E os coitados dos eleitores de Lula, foram todos enganados? Eu mesmo votei em Lula em 1989; parecia uma boa opção a um adolescente uspiano. Os tempos passaram, o campus se distanciou e fui percebendo o tamanho do monstro em que aquilo se tornava. Hoje, graças a Emílio Odebrecht, fico contente e redimido, pois em 1989 eu não votei em um esquerdista.

Temo pelo futuro político de Lula. Se continuar assim, logo ele terá de cerrar fileiras com os Democratas.

Emílio Odebrecht, empreiteiro, engenheiro politécnico baiano, com sua sapiência em sociologia e teoria política contemporânea, ali, na prática, no canteiro de obras, desvenda o enigma da esfinge que, sem trocadilhos, há tanto nos aflige. Mas logo observo que Heloísa Helena, Chico Alencar, Luciana Genro e Babá já o tinham descoberto. Estranhos estes tempos. Não é por nada, mas creio que os empreiteiros andam se informando no site do PSOL.

Tributos e Cidadania

por Ubiratan Jorge Iorio em 29 de janeiro de 2008

Resumo: Se o Estado só pensa nos deveres e nega os direitos, ou os cumpre precariamente, usando indevidamente a arrecadação, escapa-lhe fundamento moral para cobrar deveres.

© 2008 MidiaSemMascara.org


Nestes tempos em que o Estado brasileiro - cuja existência mesma só faz sentido se for para garantir os direitos dos cidadãos – mais parece um feroz inimigo que se compraz em meter a manopla em nossos bolsos já esfarrapados, sem nada, praticamente, nos devolver em troca, em termos de bens e serviços. O fato de nem todo imposto ser justo e nem toda evasão ser injusta, embora óbvio, parece não tocar certas mentes, seja pela crença ingênua de que os governos usam sempre a receita dos tributos para promover o bem comum, seja pelo que Nelson Rodrigues denominava de “cretinice fundamental” - que parece ser o caso explícito de alguns dos que vêm criticando o boicote ao IPTU na cidade do Rio de Janeiro. Com efeito, só um mentecapto de pai e mãe pode censurar o referido movimento sob a alegação de que vem “dos que têm mais”, com a premissa infantil de que João é pobre porque Antônio é rico e que, portanto, o Estado deve tirar de Antônio para dar a João.

Temos, sem dúvida, muito a aprender com os autores da escola que ficou conhecida como Escolástica Tardia, pois seus diversos autores entenderam corretamente que as idéias sobre quais devem ser as funções do Estado exercem forte influência no que diz respeito à legitimidade e ao montante de gastos e receitas do setor público. Para aqueles pensadores, alguns dos quais foram grandes economistas antes mesmo de existir uma ciência econômica, o importante não era tanto o sistema político, mas os direitos e as condições de vida desfrutadas pelos cidadãos. Basta alguns exemplos para, com algum espanto, verificarmos o quanto aqueles autores, que viveram há quatrocentos anos, estavam bem mais próximos da economia do mundo real (embora muitos vivessem em mosteiros) do que a maioria dos economistas keynesianos contemporâneos.

Já em 1597, Pedro de Navarra, bispo de Comenges, escrevia que os impostos são tirânicos não só quando quem os impõe não tem a autoridade (moral) necessária, mas também quando penalizam desigualmente a uns e a outros, e quando sua arrecadação não é utilizada para o bem comum, mas para satisfazer os bens ou as intenções políticas particulares do governante. E acrescentou que, em casos de extrema ou grave necessidade, o povo não tem, em consciência, obrigação de pagar os tributos (De Restitutione, Toledo, 1597, pp. 124-125). São Tomás de Aquino, na Summa Theologica (I-II, q.95, a.2) enfatizava que o que não é justo nunca pode ser considerado lei verdadeira, argumento que remonta a Santo Agostinho, que escrevera que “aquilo que não é justo não pode ser lei” (De Lib. Arb ., i.5). Para São Tomás, uma norma imposta para atender o bem comum tornava-se injusta quando o seu peso deixava de ser igual para todos os cidadãos, afirmando: “mais do que leis, estes são atos de violência” (Summa, I-II, q. 96, a.4). O mesmo Navarra escreveu claramente que o príncipe que usa fundos de impostos para seus interesses pessoais comete um roubo, catalogado como “confisco tirânico e rapina” (Si enin ad privatum finem princeps tributa exigeret, ad imbursanda, vel inutiliter consumenda, esset tyrannica exactio, et rapinna – ibid., p. 135). Pedro Fernández de Navarrete, Capelão do rei de Espanha, em 1619, publicou um livro com medidas para a conservação do reino, em que apontava como grande problema daquele país os altos impostos necessários para sustentar os gastos públicos. E recomendava que “la moderación en los gastos es el mejor médio para engrandecer el Reyno” (Conservación de Monarquias, Madrid, p. 218). O Padre Juan de Mariana, por sua vez, no último capítulo de seu tratado sobre a moeda, assinalou que “el excesivo gasto publico es la causa esencial de la depreciación de la moneda” (Tratado sobre la moneda de Vellón, Rivadeneyra, vol. 31, Madrid, Atlas, 1950, p. 591). Santo Antonino de Florença e São Bernardino de Sena, entre outros, também trataram do assunto com idéias bastante semelhantes a essas.

Cidadão – ensinam os dicionários - é o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este. Atenção: deveres e direitos! Se o Estado só pensa nos deveres e nega os direitos, ou os cumpre precariamente, usando indevidamente a arrecadação, escapa-lhe fundamento moral para cobrar deveres. Ora, a classe média – que sustenta os governantes – trabalhou, em 2007, até o dia 5 de junho (156 dias) somente para pagar tributos e, de 6 de junho até 29 de setembro (mais 116 dias) para adquirir serviços privados de educação, saúde, previdência, segurança e pedágio, que deveriam ser ofertados por municípios, estados e União, mas, sistematicamente, não o têm sido, ou, quando têm, é sempre precariamente.

Quando o Antônio de nosso exemplo, que os cretinos fundamentais apontam como o “riquinho que não quer pagar os seus impostos” levou 15 anos para quitar um apartamento que valia, na época da aquisição, digamos, R$ 150 mil e que, atualmente, por conta da violência e da desordem urbana que passaram a assolar o bairro, vale, em termos reais, pouco mais de R$ 100 mil e quando recebe o carnê do IPTU com um aumento real absurdo, o que deve fazer? Resignar-se como um cordeirinho a caminho do matadouro ou fazer valer a sua condição de cidadão? A resposta é óbvia.

O fato - tão lamentável quanto irrefutável - conhecido como o “Paradoxo de Bell”, é que o Estado moderno tornou-se grande demais para resolver os pequenos problemas e pequeno demais para resolver os grandes problemas. A solução não é cobrar mais e mais tributos, mas enxugá-lo, circunscrevendo-o às suas funções clássicas que, por sinal, lamentavelmente, não vem cumprindo.

O boicote ao IPTU deve ser apenas o começo de um verdadeiro movimento de cidadania, apolítico, sem conotações partidárias e de âmbito não apenas municipal, mas também estadual e federal. Só assim, de baixo para cima, pode-se consertar o Estado brasileiro. Não se deve restringi-lo a uma simples implicância ou rebeldia contra o atual prefeito do Rio, pois, se pensarmos direitinho, seus antecessores fizeram o mesmo e se os cidadãos cruzarem os braços, os que se lhe sucederão também o farão. Não se pode ater a críticas ao DEM, pois o governo federal, do PT, e a maioria de prefeitos e governadores, de praticamente todos os partidos, agem da mesma forma, com o fito exclusivo de arrecadar para sustentar a obesidade estatal.

Só cidadãos de verdade podem forçar pacificamente nossos homens públicos a abandonarem tais práticas e a seguirem princípios retos. A esquerda parece ter-se apropriado da palavra “cidadania”, dando-lhe uma feição modificada, naturalmente para atender aos seus interesses. Assim, para muitos, “dar cidadania” a alguém é distribuir cestas básicas ou bolsas isso ou aquilo, ou então montar postos precários de saúde ou de vacinação, ou possibilitar a quem mora em locais isolados a obtenção de um documento de identidade. O verdadeiro sentido da cidadania, no entanto, transcende em muito aquilo que a esquerda costuma propagar. O sujeito pode ser um analfabeto, não possuir RG e até estar passando por enormes dificuldades financeiras, mas, desde que tenha plena consciência de que pode e deve reclamar os seus direitos, é um cidadão.

Parece que o povo de minha outrora maravilhosa cidade, enfim, está acordando de um longo processo letárgico e, embora sem deixar o samba, o carnaval, a cerveja e o futebol de lado, começando a se levantar. Oxalá esse despertar acorde também os demais brasileiros. Mas acredito que, para que isso aconteça, para que seu brado não se limite apenas à antipatia por este ou aquele prefeito, governador ou presidente, terá antes que modificar as idéias que lhe foram incutidas com relação às funções do Estado. Será que o milagre começa a acontecer no Rio de Janeiro?

A marcha da insensatez

por Denis Lerrer Rosenfield em 29 de janeiro de 2008

Resumo: Uma organização revolucionária e criminosa como o MST, que procura solapar os fundamentos de uma sociedade livre, agora assegura cobertura previdenciária aos seus militantes e membros.

© 2008 MidiaSemMascara.org


O País não cessa de nos surpreender. Quando acreditamos ter visto tudo, ou quase tudo, eis que surge um fato novo, que foge a qualquer parâmetro de sensatez. O ministro Luiz Marinho, da Previdência, acaba de publicar no Diário Oficial ato que dá cobertura previdenciária a invasores de terras, públicas ou privadas. Ou seja, os invasores teriam cobertura previdenciária para seus atos de violação do direito de propriedade. Seriam equiparados a qualquer trabalhador, que paga impostos. Ademais, em sua decisão, o ministro ainda considerou a propriedade como algo irrelevante, não devendo ser levada em consideração.

O atual governo não vem respeitando a lei, sem que nada aconteça, o que é ainda mais incrível. Juridicamente, propriedades invadidas não poderiam ser objeto de desapropriação. E, no entanto, o INCRA, órgão estatal, convalida tais atos. Os invasores deveriam ser retirados das listas dos assentáveis. E, no entanto, nenhuma medida é tomada para identificar essas pessoas e puní-las por esse flagrante desrespeito à lei. O governo finge que não é com ele. E o fingimento se torna essa "nova" realidade, tanto mais acabrunhante por atentar contra os alicerces mesmos de uma sociedade livre: a propriedade privada e o estado de direito.

Não contente, o governo ainda subsidia os ditos movimentos sociais com recursos públicos, que são transferidos a ONGs "laranjas" que cumprem com essa função. As justificativas são as mais variadas, como as que realçam a "educação solidária" e o "cultivo alternativo" ou outras da mesma espécie. A imaginação revolucionária segue o seu "livre" curso. O que não se diz explicitamente é que tais recursos financiam as invasões e a formação da consciência dos invasores. Os dogmas são, assim, transmitidos. E essa formação se faz por intermédio de livros textos, que reescrevem a história na perspectiva de Lênin, Trotsky, Stálin, Mao, Fidel Castro e Che Guevara. Há para todos os gostos. Mais recentemente, este novo "humanitário", Hugo Chávez, que preza os seqüestradores e os narcoguerrilheiros, foi elevado à condição de novo farol da humanidade. Nesta perspectiva, as FARC são "humanitárias"!

As "novidades", contudo, não param aí. Multiplicam-se os cursos universitários em todo o país, em áreas como direito, pedagogia e veterinária, feitos sob medida para os "movimentos sociais". São uma "reserva especial" deles. Essa organização política indica os que participarão desses cursos, elaborando, inclusive, grades curriculares que correspondam aos seus conteúdos e perspectivas. Tal educação, dita "participativa", se faz segundo as lentes ideológicas, que orientam esse "movimento" de ruptura com a democracia representativa. Cria-se, desta maneira, uma "universidade" dentro da universidade, com financiamento do Ministério da Educação, num completo desrespeito à igualdade, segundo o mérito, que deveria presidir o ingresso numa instituição de ensino superior. Na verdade, é o contribuinte que está pagando pelo avanço do "socialismo", a saber, da "democracia totalitária".

E o contribuinte continua pagando, como se não houvesse limites. A desmedida é total. Os invasores são também financiados com recursos públicos através do bolsa-família, da cesta básica e de escolas especiais. Produtos importados (do Uruguai), como o arroz, acompanham esses grupos violentos. A cachaça, porém, é brasileira. As invasões são empreendidas com o dinheiro de cada um de nós, via impostos e contribuições, que estão presentes no modo mesmo de manutenção e conservação destes ditos movimentos sociais. Aquele que trabalha deve pagar impostos, enquanto os invasores são os beneficiários dessas transferências de bens e propriedades. Não esqueça: em cada invasão você pode ver o emprego dos seus próprios recursos!

Agora, em outro ato de "generosidade" com os recursos alheios, o governo planeja dar cobertura previdenciária aos invasores. O proprietário, indiretamente, está pagando a violação de seus próprios bens. O MST e as organizações congêneres podem oferecer mais esse "serviço" aos seus "afiliados". Isto é, uma organização revolucionária, que procura solapar os fundamentos de uma sociedade livre, assegura cobertura previdenciária aos seus militantes e membros, sempre e quando sigam as suas ordens e instruções.

A continuar essa marcha da insensatez, o próximo passo poderá ser o de considerar a relação entre invasores e invadidos ou entre seqüestradores e seqüestrados (no caso dos reféns das propriedades violadas, prática usual) como uma "relação de trabalho", com direitos, inclusive, junto à Justiça do Trabalho. Não está excluído que certos juízes dêem ganho de causa aos demandantes! Na insensatez, nada é impossível!

Imaginem a seguinte situação. O MST invade uma propriedade e os seus membros lá permanecem por mais de um ano. Por exemplo, isto é comum no estado do Paraná, onde o governador Requião não cumpre os mandatos de reintegração de posse. Os invasores encenariam o trabalho, cultivando certos produtos. Configurar-se-ia, então, sob a ótica da insensatez, uma "relação trabalhista". O proprietário, tendo perdido a posse de sua propriedade, amargando com todos os prejuízos daí decorrentes, poderia vir a ser "responsabilizado" por invasores que o demandariam na "Justiça". Embora isto possa parecer "surreal", a realidade se encaminha para tal desrespeito às normas elementares da convivência democrática e do estado de direito.

Hoje, proprietários já são, muitas vezes, obrigados, por decisão judicial, a pagarem os ônibus que levarão os emessistas para os seus lugares de "origem". Além dos prejuízos, os agricultores ainda devem arcar com mais esses custos das invasões, decorrentes de sua própria realização. E quem paga os ônibus e a logística mesma das invasões? Você!

Publicado pelo Diário do Comércio em 28/01/2008

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Digitais do Foro de São Paulo

Digitais do Foro de São Paulo

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 28 de janeiro de 2008

Nos documentos de fonte primária sobre o Foro de São Paulo, encontramos as seguintes informações:

1) Conforme afirmei desde o início, e contra todo o exército de achismos e desconversas, o Foro de São Paulo existe e é a coordenação estratégica do movimento comunista na América Latina (ver documento original em 3° Congresso do PT e comentário em O Manifesto Comunista do PT; outro documento original em Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no encerramento do Encontro de Governadores da Frente Norte do Mercosul e comentário em Saindo do armário).

2) Ao longo de seus dezessete anos e meio de atividade, não se observa nas atas de suas assembléias e grupos de trabalho a menor divergência, muito menos conflito sério, entre as centenas de facções de esquerda que o compõem. Todas as declarações finais foram assinadas pela unanimidade dos participantes (cf. transcrição das atas e assinaturas em "Atas do Foro de São Paulo"). Nenhuma das queixas e recriminações vociferadas pelos antipetistas de esquerda na mídia que eles mesmos chamam de direitista e burguesa foi jamais levada às discussões internas do Foro, o que prova que a esquerda latino-americana permanece unida por baixo de suas divergências de superfície, por mais que estas impressionem a platéia ingênua.

3) As ações do Foro prolongam-se muito além daquilo que consta das atas. Segundo confissão explícita do sr. presidente da República, os encontros da entidade são ocasião de conversações secretas que resultam em decisões estratégicas de grande alcance, como, por exemplo, a articulação internacional que consolidou o poder de Hugo Chávez na Venezuela (ver o documento oficial em "Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no ato político de celebração aos 15 anos do Foro de São Paulo" e comentário em Lula, réu confesso"). Estas decisões e sua implementação prática subentendem uma unidade estratégica e tática ainda mais efetiva do que aquela que transparece nas atas.

4) Segundo as Farc, a criação desse mecanismo coordenador salvou da extinção o movimento comunista latino-americano e foi diretamente responsável pela ascensão dos partidos de esquerda ao poder em várias nações do continente. (ver Comissão Internacional das Farc, “Saudação à Mesa Diretora do Foro de São Paulo, 16 de janeiro de 2007”, significativamente já retirado do ar, mas recuperável em http://web.archive.org/web/20070310215800/www.farcep.org/?node>2,2513,1 ).

5) As declarações de solidariedade mútua firmadas no Foro de São Paulo entre partidos legais e organizações criminosas (ver por exemplo X Foro de São Paulo, “Resolução de Condenação ao Plano Colômbia e de Apoio ao Povo Colombiano”) não ficaram no papel, mas traduziram-se em ações políticas em que as entidades legais eram instantaneamente mobilizadas para proteger e libertar os agentes das Farc e do Mir presos pelas autoridades locais (explicarei isto melhor, com os documentos respectivos, num próximo artigo).

Na pesquisa histórica, na investigação policial, nos processos judiciais, na ciência política ou em qualquer discussão pública que se pretenda mais séria do que propaganda eleitoral ou conversa de botequim, o princípio mais elementar e incontornável é que os documentos de fonte primária são a autoridade absoluta, o critério último de arbitragem entre as hipóteses e opiniões.

Trinta anos de definhamento intelectual sem precedentes no mundo civilizado tornaram esse princípio inacessível e incompreensível às mentes dos formadores de opinião neste país, principalmente aqueles que a mídia considera mais respeitáveis e dignos de ser ouvidos.

A idéia mesma de “prova”, sem a qual não existe justiça, nem ciência, nem honestidade, nem muito menos a possibilidade da ação racionalmente conduzida, desapareceu do horizonte de consciência desses indivíduos, que se rebaixaram assim à condição de criancinhas mentirosas, apegadas a sonsos jogos de palavras para fazer desaparecer por mágica os fatos que as desagradam ou que por outro motivo qualquer desejam ocultar.

Não digo apenas que se tornaram desonestos: abdicaram por completo da capacidade de distinguir o honesto do desonesto, o certo do errado, o verdadeiro do falso. Uns fizeram isso por sacrifício voluntário no altar de suas crenças políticas, outros por presunção vaidosa, outros por comodismo, outros por mera covardia.

Confiado neles, o Brasil cometeu suicídio intelectual, tornando-se um país incapaz de acompanhar sua própria história presente com aquele mínimo de consciência alerta cuja presença distingue a vigília do sono.

Jamais, na história da mídia mundial, tantos traíram ao mesmo tempo sua missão de investigar e informar

The Talking Mummy

por Ipojuca Pontes em 28 de janeiro de 2008

Resumo: Uma coisa que poucos entendem no Brasil é o esforço (de propaganda) que a chamada grande imprensa faz para esconder a senilidade de Fidel. Que o Granma faça isso, pode se compreender. Mas e a nossa imprensa “burguesa”?

© 2008 MidiaSemMascara.org


“Fidel vai ao centro espírita e, na sessão, conversa com o espírito da mãe:

- Mãe, no ano que vem vou estar no poder? - Sim, filho. - E o povo vai

estar comigo? - Não, filho, vai estar comigo”.

(Pilhéria do povo cubano)

No cardápio da sociedade de informação ideologizada a mentira é, quase sempre, o prato principal. Nele, pelos mais diversos motivos, mas, sobretudo, os de ordem política e econômica, a verdade passa por um processo de filtragem degenerescente que termina por significar o exato oposto do que realmente representa. Senão, vejamos. Há três meses apareceu na Internet (http://www.youtube.com/watch?v=MbzciUAiOxQ) trecho de entrevista concedida por Fidel Castro à TV Cubana na qual nem os esforços de maquiagem nem os da edição conseguem esconder do espectador o avançado estágio de senilidade que acomete o ditador. Dá pena - se é que se pode lastimar a senilidade de um tirano. No vídeo, aos lapsos e tropeções, Fidel se dá o direito de fazer divagações obscuras sobre Einstein, teoria da relatividade, preço do cobalto, etc. - tudo, claro, a pretexto de desancar o “imperialismo ianque”.

Apesar da decrepitude, preponderante, Fidel, por força do narcisismo maligno, mente e desinforma. A desordem mental causa constrangimento. Na sua interessante noção de física, por exemplo, “a velocidade do quadrado é a velocidade da luz”. Uma tonelada de cobalto, cujo preço real é de US$ 27 mil, ele, tropeçando nas palavras, avalia por US$ 60 mil. No seu tartamudeio de fanático, a vida radiotiva do cobalto passa a ter duração de 500 mil anos quando, de fato, o registro é de que ela dura não mais de 50 meses. (O cobalto, segundo se sabe, perde 20% da radioatividade a cada ano que passa na atmosfera. Depois de 15 anos, segundo especialistas, ele perde a radioatividade e se converte em nitrato, completamente inofensivo para o ser humano).

Vamos aos fatos: na mais recente viagem ao “paraíso socialista”, depois de “conversar” com a legendária Múmia do Caribe, Inácio da Silva, o eterno amante da revolução cubana, disse textualmente à imprensa amestrada: “Fidel está muito bem de saúde. Está com lucidez e logo, logo vai se recuperar fisicamente. Penso que Fidel está pronto para assumir o papel político que tem em Cuba e o papel político que tem na história do mundo globalizado”. A parolagem de Lula, como sempre, tem pernas curtíssimas. Para a infelicidade do principal fabulista do PT, o próprio ditador, no dia seguinte, mandou escrever a propósito da farsa eleitoral transcorrida na ilha-cárcere, na qual apenas os filiados do Partido Comunista podem ser candidatos: “Não desfruto da capacidade física para falar diretamente com os moradores do município onde me indicaram para a disputa das eleições do próximo domingo”.

(Mais tarde, no arremedo das eleições vigiadas de perto pela famigerada DGI - a KGB cubana -, Castro viria garantir com o seu próprio voto enviado de algum dos seus inúmeros esconderijos, uma “vaga” na Assembléia Nacional do Poder Popular - o que reafirma, desde já, a perpetuação do esquema totalitário armado pela Múmia falante). Uma coisa que poucos entendem no Brasil é o esforço (de propaganda) que a chamada grande imprensa faz para esconder a senilidade de Fidel. Que o Granma faça isso, pode se compreender. Afinal, com a informação alvissareira sobre a saúde do velho saltimbanco, a ditadura cubana mantém inerte a população miserável, de resto já intimidada e muda. Mas - e a nossa imprensa “burguesa”? Por que ela age assim? O Globo e a Folha de São Paulo, por exemplo, tratam com luvas de pelica o estado quase vegetativo do macróbio, dando a entender, no tratamento ambíguo dispensado ao fato, de que ele está se recuperando e pode a qualquer instante assumir o poder.

Na ordem prática das coisas, pouco importa se Fidel se mantém ou não no cargo. Com ou sem ele, sob o comando do irmão Raúl ou de qualquer outro agente revolucionário, com ou sem a grana de Chávez ou Lula (sacado do bolso do brasileirinho ignaro, já se vê), Cuba continuará sendo uma ilha-cárcere, cercada de violência e miséria; continuará com o trabalhador sendo explorado por 17 dólares mensais; continuará com centros de abastecimento e transporte indigentes; continuará com os cortiços infectos; continuará com os bem-abastecidos pontos de prostituição para gozo de turistas sequiosos de sexo barato - em suma, um maldito lugar onde o simples ato de acessar a internet pode levar o infeliz à prisão.

E por que isso? Simplesmente porque “isso” é a marca patrimonial do sistema socialista, que não sabe criar riqueza, mas sim, taxá-las para o usufruto parasitário da elite comunista no poder. Simplesmente por que isso é próprio de um regime que, para não se desintegrar, cerceia a ferro e fogo qualquer vestígio de liberdade individual ou coletiva. Simplesmente porque é da essência do socialismo conspirar contra o homem livre, acuado ou isolado nas prisões, em função da supremacia do Estado desonesto, arbitrário e intolerável, cujo objetivo básico é liquidar com o homem que pensa por si próprio, alheio às regras que impõem a uniformidade, a dependência e a servidão.

O filósofo Hegel, no pensar de Schopenhauer um completo charlatão, costumava dizer que “a função mais alta do cidadão é servir ao Estado”. Karl Marx, outro charlatão que cultivava o ódio com ardor fanático, levou tal conceito aos cornos da lua. Neste início de século, estranhamente, a filtragem mediática manobrada por inocentes úteis e companheiros de viagem consagram à exaustão o Estado socialista. Levar-se-á décadas para que se supere tal pinimba. Quando ocorrer o féretro, infelizmente estarei morto e sepultado.

Mas longe de Fidel.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Invertendo fatos

por José Nivaldo Cordeiro em 25 de janeiro de 2008

Resumo: O Estado agigantado, tocado pelos parasitas burocratas, é o responsável pela grave crise que atinge os mercados internacionais.

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De há muito os bons economistas, aqueles que sabem que o mal por excelência é a ingerência do Estado na economia, seja a que pretexto for, têm advertido que a economia mundial, particularmente a norte-americana, estava vivendo ilegitimamente da expansão monetária artificial. O longo ciclo de expansão econômica – que pode ser apropriadamente chamada de inflacionária – se manteve porque coincidiu que dois auspiciosos fatos, a impulsionar de forma sadia a economia: de um lado a enorme elevação na produtividade, trazida pelas inovações tecnológicas associadas à informática e às telecomunicações e, do outro, a entrada da China como grande parceiro na economia mundial. A China trouxe uma matéria prima preciosa, mão-de-obra barata e disciplinada, utilizando tecnologias sofisticadas. Inundou o mercado mundial de produtos baratos e bons.

Mas parece que o sonho de expansão continuada acabou-se, pelo que se viu ontem nos mercados. Basicamente a causa da crise é a expansão monetária desenfreada, especialmente a dos EUA. E qual a solução dos magos economistas de esquerda que controlam os bancos centrais, cá e também lá? Mais oferta monetária, mediante redução da taxa de juros. Gasolina lançada para apagar incêndio. Sempre que há crise os burocratas do Estado tendem a ampliar seus poderes, usando velhas idéias esquerdistas de corte keynesiano e marxista, e sempre conseguem agravar tudo. Antes como agora. Se a economia mundial caminhar para algo semelhante a 1929 será porque os governos foram além dos seus chinelos e os burocratas meteram a mão onde não deviam meter.

Os remédios para a crise que se avizinha são apenas dois: elevação da taxa de juros e redução do Estado, da despesa e da receita. Nunca foi tão fácil administrar a saída da crise, bastando para isso reduzir o monstro estatal e mandar para casa uma boa metade dos burocratas metidos a sabichões. E pôr sua clientela eleitoral parasita, pendurada no espúrio welfare state, a trabalhar, como deve ser. É preciso reduzir o poder discricionário dessa gente, em todos os países.

Por isso para mim não foi surpresa ler o besteirol escrito por Eleonora de Lucena na Folha de São Paulo de hoje (23/01), ela que é editora-executiva do jornal. A Folha congrega em suas hostes a fina-flor do esquerdismo Zona Sul, essa gente insossa que, rica e atéia, pensa que tem as chaves da engenharia social para curar o mundo e se sente à vontade para culpar o capitalismo pela existência do mal:

Já foi dito que uma das funções do Estado moderno é defender o capitalismo de ações dos capitalistas. É precisamente o que acontece agora. O Estado - que organiza e agencia os interesses dos grupos dominantes -é chamado a agir assim nas crises. Afinal, é preciso que alguém assuma o controle da situação. Que possa atuar para além dos bônus anuais, do curto prazo, dos ganhos dos rentistas”.

Isso é o papo keynesiano mais ridículo. O que temos é que defender, não apenas os capitalistas, mas toda a gente, da burocracia estatal. Esses economistas de esquerda são uma espécie de sacerdotes que pensam ter as chaves dos mistérios para gerenciar a sociedade. Não têm, não sabem o que fazer, não têm como decifrar os augúrios de suas próprias incúrias. O que têm é a pretensão de eliminar a lei da escassez pela expansão infinita da oferta de moeda. Ora, esta só pode gerar uma coisa: inflação. E esta última uma outra coisa: recessão. Numa palavra, estagflação.

A editora-chefe foi muito (in)feliz ao resumir tudo. Quando a economia se expande essa gente se credita o mérito. Não é o industrial, o agricultor, o comerciante e nem o banqueiro, com todos os seus empregados, que trabalham duro e de forma inteligente para prosperar a si mesmos e a toda gente que são os autores da bonança. Não, a expansão teria se dado pelo passe de mágica desses parasitas. E, quando vem a recessão provocada por eles, culpam os ditos “capitalistas”, os que trabalham e que agora terão que amargar perdas, dívidas impagáveis, produtos invendáveis, ruína econômica, demissão de empregados, todas as tragédias associadas à estagflação. Soa os que verdadeiramente pagam a conta.

Só existe um culpado por tudo isso, deixemo-lo claro: o Estado agigantado, tocado pelos parasitas burocratas.

A editora-chefe tem razão: Afinal, é preciso que alguém assuma o controle da situação Esse alguém é quem trabalha, não os parasitas do Estado. Não sei como será feito, só sei que terá que ser feito.

Talvez essa grande crise que se avizinha seja o corretivo necessário para finalmente a humanidade redescobrir que não se pode tolerar parasitas, é preciso reduzir impostos, gastos e sobretudo o poder do Estado. Fora do Estado mínimo não haverá salvação.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

PT, o partido dos ricos

por Olavo de Carvalho em 24 de janeiro de 2008

Resumo: A corrupção financeira do PT não é senão a exteriorização tardia – e mais vistosa, para a mentalidade dinheirista – da podridão interior sem fim que inspirou a criação do partido-seita.

© 2008 MidiaSemMascara.org


O PT não é um partido ladrão porque abandonou seus altos ideais e se corrompeu ao contato com a maldita direita. Para que a direita o corrompesse seria preciso que ela fosse mais corrupta do que ele, e é só comparar a lista de escândalos dos governos respectivos para ver que o próprio P. C. Farias teria muito a aprender com os Dirceus e Berzoinis. O PT é um partido ladrão porque é um partido revolucionário, filiado a uma tradição de amoralismo maquiavélico que pelo menos desde a Revolução Francesa, com intensidade crescente desde a Primeira Internacional de 1864 e mais ainda desde a fundação do Partido Social-democrata de Lênin, sempre achou que era de seu direito, e até da sua obrigação, financiar a si próprio por meio de assaltos, de seqüestros, de extorsões, de desvio de dinheiro público, bem como de uma infinidade de negócios capitalistas legais e ilegais, cujo volume total faria inveja a seus mais reacionários inimigos burgueses.

Estudem a vida de Lênin e confirmarão o que estou dizendo. O volume do capital que o financiava, sem contar a ajuda de governos estrangeiros, era tal que, se aplicado em atividades produtivas, teria feito dele uma espécie de J. P. Morgan – com o detalhe significativo de que as contribuições de J. P. Morgan engrossavam aquele capital junto com o dinheiro dos assaltos comandados por Stálin.

Revoluções custam caro. O revolucionário Parvus, que enriqueceu com mil e um negócios na Turquia, já ensinava em 1914: “A melhor maneira de derrubar o capitalismo é nós mesmos nos tornarmos capitalistas.” Não foi o Lulinha quem descobriu essa fórmula. Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht riram dela e acabaram derrotados. Lênin, o vitorioso, ouviu-a com reverência e gratidão da boca de seu gerente financeiro na Suíça, Jacob Hanecki, a quem depois da Revolução premiaria com o cargo de Comissário do Povo para as Finanças. Leiam Lenin in Zurich , de Alexander Solzhenitsyn (London, Farrar, Straus & Giroux, 1975).

A revolução socialista consiste na simples transfiguração de uma elite ativista proprietária de boa parte do capital em senhora absoluta de todo o capital. Sempre foi assim, e com a esquerda nacional não é diferente. O mensalão não foi um pecado temporão cometido por almas santas no último minuto antes da ascensão aos céus. Foi a execução lenta e metódica de planos traçados desde o começo da década de 90 _ contemporâneos à criação do Foro de São Paulo _, já denunciados então por César Benjamin, algo como uma versão “los macaquitos” de Karl Liebknecht, à qual, como a este último, a História e o distinto público deixaram falando sozinha.

Tomem, por exemplo, a forma mais simples e bruta do capital – a posse da terra – e façam a conta de tudo o que a militância organizada, com o auxílio deste governo e dos anteriores, vem amealhando ao longo dos últimos anos. Somem a extensão das propriedades do MST com as reservas indígenas, com os quilombos (ou ditos tais) em vias de desapropriação, com os imóveis estatais e privados já transferidos a ONGs ativistas, com as áreas sob domínio das Farc diretamente ou através de seus prepostos locais – e verão que nunca houve, neste país, um patrimônio imobiliário comparável. Nem incluo aí o patrimônio financeiro – as verbas estatais que jorram sobre as organizações esquerdistas, as participações acionárias em mil e uma empresas, as contribuições internacionais impossíveis de calcular e, last not least , os lucros do narcotráfico. Os ricos não serão destruídos pelos pobres. Serão destruídos pelos mais ricos.

No fundo, o cinismo lulista é até mais respeitável do que o moralismo posado de seus críticos de esquerda, postiço até o desespero, macaqueação tardia do mesmo discurso enganoso que levou o PT às supremas glórias eleitorais. O que o antilulismo de esquerda nos promete, na hipótese viabilíssima de sua ascensão ao poder, são prodígios de ladroagem que farão Dirceu e Berzoini parecerem São Cosme e São Damião. No ato mesmo em que explicam a corrupção petista como traição aos ideais revolucionários, os santarrões do PSOL e do PSTU se desmascaram a si próprios com uma eloqüência quase sublime: Quem pode acreditar em patifes que prometem fazer a revolução marxista sem descumprir em nada os ditames da moral burguesa?

Ademais, por que alardeiam suas denúncias na Rede Globo, na Folha, no Estadão – naquela mesma mídia a que chamam reacionária e imperialista – antes de haver sequer tentado discuti-las discretamente no Foro de São Paulo, a instância máxima do esquerdismo continental? Roupa suja se lava em casa, e quando alguém o faz em público antes de haver nem mesmo tocado no assunto em família, é porque está tramando alguma. Imaginem um soi disant dissidente soviético que, nos anos 60, saísse berrando contra o comunismo na Voz da América ou Rádio Europa Livre, ao mesmo tempo que conservasse seu cargo e suas boas relações no Politburo ou na KGB. É exatamente a mesma coisa. Se a esquerda está dividida entre os corruptos e os honestos, a divisão deveria aparecer primeiro nos seus debates internos – só depois ante os inimigos, se chegasse a tanto. O inverso é prova clara de que se trata de pura encenação, de que por trás a família continua unida e coesa, tramando para ludibriar uma vez mais a multidão dos trouxas.

Não há cisão na esquerda: há apenas uma natural divisão de trabalho – uns amealham dinheiro e poder à custa de enfear a imagem do esquerdismo, outros embelezam a imagem consentindo devotadamente em adiar o recebimento da sua quota de dinheiro e poder. Sempre foi assim. O movimento revolucionário limpa-se na sua própria sujeira, engorda alimentando-se do seu próprio cocô.

O hábito de salvar o prestígio do esquerdismo no ato mesmo de denunciar os seus crimes já está tão arraigado nas rotinas mentais da classe falante, que aparece até mesmo nos lugares que se julgariam, à primeira vista, os mais inusitados. Falando dos reféns em poder da narcoguerrilha colombiana, escreve a Veja desta semana – sim, Veja, nominalmente o spalla da orquestra antipetista: “A organização que mantém cerca de oitocentas pessoas em seu poder, conhecida pela sigla Farc, não é formada por guerrilheiros marxistas , como repete a denominação usual (grifo meu). Nem Marx endossaria as barbáries cometidas pelas Farc, que se originaram numa guerra civil ocorrida na Colômbia e depois tiveram inspiração esquerdista, mas há muito tempo degeneraram em uma espécie de seita de fanáticos que vive à custa do tráfico de cocaína.”

Desde logo, é falso que Marx não endossaria essas violências e outras piores, de vez que contemplava como exigência normal e desejável do processo revolucionário a extinção sumária de povos inteiros. Em segundo lugar, o narcotráfico das Farc é mixaria perto do que foi feito na China por Mao Dzedong, a quem ninguém jamais acusou de ser infiel às tradições marxistas. Em terceiro lugar, o comércio latino-americano de drogas foi na sua parte mais substantiva uma criação da KGB, que se empenhou nisso desde os anos 50 (v. o depoimento do general tcheco Jan Sejna – um participante direto da operação – em Christopher Story, Red Cocaine - The Drugging of America and the West, London , Edward Harle, 2nd. Ed., 1999).

Devemos crer que o governo soviético, Mao Dzedong e o próprio Marx não representam o autêntico espírito do marxismo, cujo único porta-voz autorizado é o redator de Veja? Este aliás se trai miseravelmente ao dizer que, de esquerdistas genuínos, os militantes das Farc se trasnformaram numa “seita de fanáticos”. Se dissesse que se transformaram em aproveitadores sem fé nenhuma, talvez enganasse melhor. Mas “fanáticos”? Fanáticos do quê? Do espiritismo? Do vegetarianismo? Da Seicho-No-Iê? Fanáticos jogadores de futebol-de-botão? Fanáticos admiradores da Ana Paula Arósio?

Fanáticos, por definição, acreditam em alguma coisa, e em que acreditam os homens das Farc, senão no bom e velho marxismo de sempre? Fanáticos marxistas, sim, é o que são, ontem como hoje. Se não o fossem, não seriam aceitos e celebrados como representantes fidedignos do marxismo no templo mesmo da revolução comunista, o Foro de São Paulo. Ou será que Veja tem mais autoridade do que o Foro de São Paulo para julgar a ortodoxia comunista dos outros?

Mais abusadamente ainda, Marcelo Otávio Dantas, no artigo “Messianismo e o credo petista” (Folha de S. Paulo, http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2312200709.htm ), querendo contrastar o PT corrupto de hoje com o PT puríssimo de outrora, diz que a mentalidade do partido “converteu-se, assim, em um neosabbatianismo radical, alimentado por uma intelectualidade delirante, especializada em justificar o injustificável”. Como se os traços da heresia de Sabbatai Zevi já não estivessem no próprio sangue do movimento revolucionário desde sempre e como se a marca distintiva do PT não tivesse sido, desde a origem, o culto do pecado redentor assumido até mais explicitamente que o dos outros partidos de esquerda então existentes.

Nascido de uma aliança entre os comunistas e a esquerda católica, o PT veio imbuído do projeto gramsciano de subverter a Igreja por dentro, esvaziando-a de seu conteúdo espiritual e fazendo dela o instrumento dócil do que pode haver de mais anticristão no mundo, a revolução comunista. Se isso não é uma forma extrema de heresia messiânica, não sei em que outra classificação possa caber.

O discurso untuosamente moralista do PT nunca teve nada de sincero, foi sempre, entre os líderes, uma parasitagem maquiavélica do prestígio da Igreja para fins de propaganda e, na arraia miúda dos militantes, uma forma patológica de auto-engano lisonjeiro. Perto disso, o mensalão é apenas um pecadinho de fim de semana.

A corrupção financeira do PT não é senão a exteriorização tardia – e mais vistosa, para a mentalidade dinheirista – da podridão interior sem fim que inspirou a criação do partido-seita.



Publicado pelo Diário do Comércio em 21/01/2008

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Capitalismo sem risco e o Estado-babá

por João Luiz Mauad em 23 de janeiro de 2008

Resumo: O banco, quando empresta recursos, deve estar sujeito a riscos, como todo empresário está, seja qual for o ramo em que atue. Menos no Brasil, é claro, graças a ação do governo petista.

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Recentemente, o governo resolveu alterar a regulamentação dos chamados créditos consignados – empréstimos pessoais cujas amortizações e juros são descontados do salário ou pensão do devedor e entregues pela fonte pagadora diretamente ao credor. Graças a isso, e ao destaque dado pela imprensa, fiquei sabendo de certos detalhes que desconhecia quando toquei no assunto, de passagem, algumas semanas atrás.

Antes de mais nada, vamos ver alguns números que falam por si: de acordo com o Banco Central, os empréstimos consignados já representam 57% de todo o volume de crédito pessoal no país. Regulamentadas em 2003, logo no início do primeiro Governo Lula, essas operações já somavam aproximadamente R$ 64 bilhões em novembro passado, sendo que 87% (um percentual muito sugestivo) estão concentrados em pensionistas do INSS e servidores públicos.

A existência desse tipo de negócio, da forma como foi regulamentado no país, é uma verdadeira vergonha, além de um atentado monumental contra a liberdade. De um lado, coloca nas mãos dos banqueiros o presente, ou melhor, o “mimo” com que eles sempre sonharam, desde os primórdios dessa profissão: a possibilidade de operar num mercado praticamente sem risco. De outro, trata os tomadores, indistintamente, como indivíduos absolutamente incapazes de administrar os seus próprios negócios.

A atividade bancária, como ademais qualquer outra, envolve riscos. Grosso modo, ganha mais quem consegue captar recursos a preços (juros) mais baixos e repassá-los pelo melhor preço (juros) possível. A diferença entre a captação e a aplicação dos recursos chama-se spread, com o qual o banco deve pagar todas as despesas, salários, encargos, impostos, etc., e ainda remunerar os acionistas (lucro). Entre todos os custos, um deles, em particular, devido a sua imprevisibilidade e difícil mensuração, sempre foi o pesadelo de qualquer banqueiro, aqui ou alhures: a inadimplência.

Na média, o nível de inadimplência dos financiamentos a pessoas físicas no país, para operações normais de mercado, anda pela casa dos 7%. Essa seria uma variável (talvez a mais importante) que o banco deveria levar em consideração no momento de arbitrar a taxa de spread mínimo com que vai trabalhar no segmento de crédito pessoal. É também por conta do risco de inadimplência que o banco deve tomar cuidados extremos com análise de cadastros e requisição de garantias antes de fechar qualquer operação.

Em toda atividade empresarial, o risco é – e deve ser sempre – um fator inerente ao negócio. O banco, quando empresta recursos, deve estar sujeito a ele, como todo empresário está, seja qual for o ramo em que atue. Ora, se eu empresto dinheiro a você, estimado leitor, e recebo as contraprestações diretamente do seu empregador, descontadas do seu salário, sem que você possa interferir, a possibilidade de inadimplência cai quase a zero, restando apenas um risco residual de você vir a ser demitido.

Pois bem, como bom concorrente das "Organizações Tabajara" que é, o Governo Lula pôde, desde a regulamentação do famigerado crédito consignado, dizer aos banqueiros de Pindorama, sem medo de errar: "seus problemas acabaram". O devedor, mesmo que queira, jamais deixará de honrar o compromisso, a menos que seja demitido do emprego, risco esse inexistente no caso de servidores públicos e pensionistas do INSS. Não admira, portanto, que esses dois grupos sejam responsáveis por 87% das operações, enquanto os trabalhadores da iniciativa privada, cujo risco de demissão é real, ficam com o resto.

Mas há aqui um outro aspecto que torna a situação dos banqueiros ainda mais confortável. A empresa ou entidade pagadora, ao proceder o desconto, passa a ser legalmente fiel depositária dos recursos, razão pela qual, se não repassá-los ao banco, pode ser processada criminalmente, por apropriação indébita.

Tudo isso torna a simples existência desse tipo de operação uma verdadeira vergonha, especialmente quando se sabe que os juros cobrados andam pela casa dos 3% a.m., enquanto a taxa SELIC, que serve de base para remunerar a captação dos recursos, está abaixo de 1% a.m. É ou não é um negócio da China?

Aliás, é engraçado como uns e outros, mesmo contra todas as evidências, adoram colocar a culpa dos altos lucros dos bancos na taxa SELIC, arbitrada pelo BC e utilizada como instrumento de política monetária contra a inflação, mas fecham os olhos para algumas das reais – e vergonhosas – causas.

Um outro aspecto, porém, muito mais grave, chama a atenção nesse imbróglio do crédito consignado: é a cara-de-pau e a sem-cerimônia com que burocratas e políticos se intrometem nos assuntos privados do cidadão, num enorme atentado contra a liberdade. Vejamos: ao regulamentar mais essa jabuticaba tupiniquim, o governo determinou que os tomadores do empréstimo (eu, você e as torcidas de Flamengo e Corinthians) só poderiam comprometer até 30% do salário ou pensão com o pagamento das parcelas do financiamento. Muitos dirão não ver nada demais nisso. Acharão normal que os burocratas se preocupem com o excessivo endividamento do povo. Entretanto, pense bem: hoje, eles determinam quanto nós podemos comprometer da nossa renda para amortizar dívidas. Ninguém acha nada demais! Amanhã, provavelmente (pois é da natureza do ser humano tentar impor seu poder e suas idéias sobre os demais), vão nos dizer em quê e onde devemos gastar ou aplicar nosso dinheiro. Mais uma vez, ninguém reclamará, exceto uma meia-dúzia de liberais radicais. Mais na frente, nada garante que eles não vão querer nos dar uma fórmula mágica de como devemos educar os nossos filhos. Seria o cúmulo do absurdo! O Estado-babá levado às últimas conseqüências, eu bem sei. Mas aí, caro leitor, será tarde, pois já teremos entregado nossa liberdade a eles... De mão beijada.

Paro por aqui, pois este assunto deixou-me enjoado.