quinta-feira, 29 de novembro de 2007

O Jabá do IDH

Adolfo Sachsida em 27 de Novembro de 2007

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um índice, calculado pelas Nações Unidas, que tem como objetivo medir a qualidade de vida em determinado país. O índice leva em consideração 3 dimensões relacionadas à qualidade de vida: educação, saúde e renda. O IDH assume valores de 0 a 1, sendo valores mais altos preferíveis a valores menores. Muitos usam o resultado do IDH para ranquear países.

Todo ranking apresenta distorções, com o IDH não é diferente. O problema é que no caso do IDH as distorções NÃO SÃO aleatórias (não acontecem por acaso). Elas recursivamente deixam de contabilizar determinados fatores que deveriam ser verificados num ranking não-viesado. Por exemplo, recentemente o Brasil tomou uma série de medidas para diminuir a evasão escolar, e aumentar a abrangência do nível superior, esse movimento melhora a pontuação brasileira no IDH. Contudo, a piora na qualidade do ensino não é levada em consideração. Note que não discuto o mérito da política educacional brasileira, apenas menciono o fato de que tal política tem tanto implicações positivas quanto negativas. O IDH premia o aumento nas matrículas, mas não pune a piora na qualidade do ensino. De maneira semelhante, países que não aumentaram a abrangência do ensino, mas melhoraram sua qualidade são sistematicamente punidos pelo IDH.

Outro problema em relação ao IDH é que determinados países reagem a ele numa maneira pouco honesta. A idéia original do IDH era mostrar pontos em que determinado país deveria melhorar. Contudo, o resultado algumas vezes é bem diferente. Atentos as repercussões políticas do IDH, determinados governos maqueiam as estatísticas de educação e saúde para refletir uma melhora nesses indicadores, gerarando um aumento artificial no IDH do país. Ou ainda, desviam recursos de programas que não entram no cômputo do IDH para programas que podem afetar positivamente tal índice.

Ainda podemos citar que a renda de um país deveria ser uma estatística suficiente em relação à qualidade de vida nesta nação. Ou seja, basta verificarmos a renda de um país para podermos inferir sobre a qualidade de vida nele (é fato notório que países ricos possuem condições educacionais e de saúde superior a de países pobres). Não deveria ser necessário checarmos saúde e educação. Então, por que o IDH olha para essas variáveis? Existem várias respostas para essa pergunta, mas é fato que tal comportamento melhora a posição dos países que não possuem liberdade. Países com pouca liberdade costumam apresentar relatórios (acreditar neles é outra coisa) demonstrando bons índices de educação e saúde da população. Obviamente, tais nações controladas por governos autoritários, apresentam baixo desempenho econômico. Se o IDH não considerasse educação e saúde, tais sociedades despencariam no ranking. Assim, o IDH SISTEMATICAMENTE beneficia sociedades com pouca liberdade. O fato de Cuba, e de outras nações autoritárias, não estarem em posições tão ruins no IDH apenas reflete esse viés.

Se o IDH quer medir a qualidade de vida num país eu tenho uma sugestão: o teste do muro. Existem nações que constroem muros para evitar que outros entrem. Existem nações que constroem muros para evitar que seus habitantes fujam. Dizer que as últimas são preferíveis às primeiras é um erro grave e maldoso.

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