Mídia Sem Máscara
| 09 Setembro 2011
Internacional - Oriente Médio
A Autoridade Palestina escolheu um caminho que afasta qualquer possibilidade de um acordo pacífico com Israel: a declaração unilateral de independência apresentada diretamente ao maior inimigo de Israel, a ONU.
Israel inicia o ano 5772 enfrentando os mesmos velhos problemas sem grandes esperanças, mas com novos desenvolvimentos estratégicos possíveis devido às transformações nos países árabes que cercam suas fronteiras, mormente a Síria e Egito. Alguns analistas, como Michael Herzog e Alif Benn pregam que Israel deveria acelerar imediatamente a decisão de aceitar as negociações com os “palestinos” visando a independência deles já que o regime de Assad está sendo pressionado pelos Estados Unidos e pela União Européia e, portanto, enfraquecido. O último sugere que o primeiro ministro Netanyahu deveria trabalhar em comum acordo com Obama no sentido de criar um estado palestino imediatamente aproveitando as reviravoltas nos países vizinhos. O argumento principal de ambos é que Israel nada tem a temer da “primavera árabe”, só a ganhar. Os regimes inimigos da Líbia e da Síria estão caindo e a paz com o Egito é possível.
Quanto à Líbia a situação é confusa: num dia foi anunciado que Trípoli está em mãos dos rebeldes e os filhos de Kadhafi presos, no outro que eles estão soltos e Kadhafi ainda resiste. Aconteça o que acontecer, o que virá depois de Kadhafi? É muita inocência acreditar que será substituído por um regime laico menos anti-sionista, sendo mais provável a tomada do poder por radicais fundamentalistas islâmicos. Já ecoa na capital o grito de guerra islâmico Allah u Akhbar! A vitória não será reconhecida como devida à ajuda fundamental do ocidente, mas sim à religiosidade dos rebeldes e sua submissão a Allah. Não é certo que a Líbia se tornará um estado islâmico segundo o modelo iraniano, mas dificilmente haverá um governo democrático pró-Ocidental e mais amigo de Israel.
Na Síria o clã Assad ainda pode sobreviver graças ao apoio irrestrito do exército constituído em sua maioria de alawitas (ver meu Análise Estratégica das Revoltas nos Países Árabes). Menos ainda se sabe a respeito de um novo regime, caso Assad caia realmente. É preciso levar em conta que o país se transformou num campo de batalha entre Turquia e Irã e a rivalidade deste último com a Arábia Saudita complica ainda mais as coisas, pois além dos interesses estratégicos nacionais das três maiores potências da região ainda existe a eterna rivalidade sunitas versus xi’itas. A capacidade americana e israelense de influir nos assuntos internos da Síria é quase nula.
É verdade que o Hamas está saindo da órbita do Irã e caindo na do Egito, mas nada garante que o novo regime egípcio possa ser mais moderado do que o antigo. Finalmente, Mubarak era sucessor de Anwar El-Sadat, um dos artífices da paz com Israel. Além disto, o maior patrocinador do Hamas é a Fraternidade Islâmica que certamente terá uma influência muito grande no novo governo, se não for mesmo o partido preponderante.
Devido à proximidade e à fronteira já totalmente aberta com a Faixa de Gaza, o Egito é um inimigo muito mais perigoso para Israel do que o Irã e é dubitável que exerça pressão sobre o Hamas para fazer a paz com Israel, nem mesmo para diminuir os ataques terroristas a partir de Gaza, como se viu nos últimos dias o ataque à estrada entre Beershiba e Eilat. Informa-se que este atentado teria sido realizado pelos Comitês Populares Palestinos, facção da Al Qaeda, cujos terroristas teriam atravessado da faixa de Gaza sem nenhuma resistência egípcia.
Após a retaliação israelense e o protesto egípcio pela morte de policiais, Amr Moussa, ex-líder da Liga Árabe e candidato à presidente declarou que Israel deve ter em conta que “o dia em que nossos filhos forem assassinados sem uma pronta e apropriada resposta jamais voltarão”.
Por sua vez a Turquia acelera seu processo de islamização. Como informa Barry Rubin, logo após a renúncia dos chefes militares, o regime expediu ordens de prisão para diversos oficiais superiores. O Exército turco não existe mais como uma força política, seguindo as exigências da União Européia para aceitar a entrada do país na comunidade. Os tribunais civis estão sendo neutralizados e a imprensa vergonhosamente comprada. Não existe mais nenhuma instituição que possa impedir a islamização do país e a transformação radical de sua sociedade.
Finalmente, a Autoridade Palestina escolheu um caminho que afasta qualquer possibilidade de um acordo pacífico com Israel: a declaração unilateral de independência apresentada diretamente ao maior inimigo de Israel, a ONU, onde contará quase certamente com o apoio de Obama que já sugeriu o retorno às fronteiras de 1967.
Embora as perspectivas sejam no mínimo preocupantes, Shaná Tová Umetuká! (Feliz e doce Ano Novo).
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