sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

A vitória pírrica

por Heitor De Paola em 21 de dezembro de 2007

Resumo: Que importância teve o fim da CPMF para o futuro do Brasil se o país é governado por uma miríade de ONG’s e movimentos “sociais” que já engoliram o Estado e estão acima das instituições visíveis?

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“...estar pronto para abater a burguesia pela força. (...) A tarefa mais árdua é a de acumular forças e estar preparado para a revolução. A luta parlamentar é mais cômoda. Devemos utilizá-la plenamente, mas ela só terá efeito limitado”.

Mao Zedong

Após a reunião do Senado Federal onde a CPMF foi derrubada pela “poderosa oposição” – no dizer de um dos Senadores tucanos lá presentes – assisti a um festival de euforia e júbilo por parte dos liberais e conservadores como não via há anos. Ouviram-se brados jubilosos de “finalmente, a primeira grande derrota de Lula no Congresso” , “a brava oposição mostrou que Lula não é invencível”, “basta nos unirmos e vamos ganhar mais vezes”, e outras frases no mesmo tom. Que a mídia oficial (quase toda ela o é, escrita, falada, ouvida ou enfiada goela abaixo) mostrasse isto, vá lá. Que o casal de robôs amestrados que apresenta o Jornal Nacional desse a notícia com aquele ar de seriedade que costumam dar a toda e qualquer bobagem, vá lá. Que o Merval Pereira entoasse loas a “finalmente, temos uma oposição séria e empenhada no Brasil”, vá lá também. Mas que articulistas sérios e bem informados dos bastidores de um movimento revolucionário caíssem nesta esparrela, sinceramente custo a acreditar! Que se ocupem com ninharias deste tipo é inconcebível!

O que me parece que realmente ocorreu foi que Senadores preocupados unicamente com a manutenção de seus empregos – não havia um movimento visando extinguir o Senado Federal estimulado por Lula e PT? – resolveram mostrar que são indispensáveis e, portanto, não vão deixar de ganhar seus polpudos salários e gozar de suas imensas mordomias, fora algum “por fora”. Não é de estranhar que os dois principais Governadores tucanos fossem favoráveis à manutenção do dito tributo, perdão, “contribuição provisória”? Estaria o PSDB dividido? Coisa nenhuma, este partido continua sendo o que sempre foi: um bando de aproveitadores tão corruptos quanto o PT, como indicam os mensalões tucanos que foram e continuarão sendo descobertos, que ora posa de oposição, ora lança um chuchu para fazer a escada nos debates para Lula brilhar e ganhar.

Que importância teve esta Batalha de Itararé para o futuro do Brasil se não somos governados há muito pelos tradicionais três poderes, hoje mais decorativos que a Rainha da Inglaterra, e sim por uma miríade de ONG’s e movimentos “sociais” que já engoliram o Estado e estão acima das instituições visíveis, como recomendava Gramsci? E quem fomentou estas instituições acima do Estado visível senão o PSDB nos oito anos que esteve no poder? Foi durante o desgoverno FHC que foram regiamente financiadas e estimuladas, especialmente o MST. Agora o partido que deliberadamente destruiu o Estado para deliberadamente entregá-lo para o PT completar o serviço, quer posar de oposição! Mais uma vez a estratégia das tesouras se mostra duplamente eficaz: o PSDB é a “direita neoliberal” dos sonhos do PT; e internamente, se apresentam divididos na questão da CPMF como se tudo não estivesse combinado previamente.

Quando o partido se torna o Partido Príncipe (apud Gramsci) e abarca todo o poder através de organizações indiretas, os assim chamados “poderes constituídos” passam a ter existência meramente formal e tendem a deixar de existir. O Partido Bolchevista perdeu todas as eleições para a Duma em 1917; ficou 70 anos no poder. O Duce, ao se sentir ameaçado, seqüestrou e matou a mais importante voz do Parlamento, o Deputado Mateotti. O Füehrer para ser escolhido Chanceler cooptou “oposições” liberais “de centro”, e logo depois de assumir o cargo tocou fogo no Reichstag e só foi tirado do poder milhões de mortos depois. Mao foi clarividente e nem se submeteu a eleições usando o incipiente parlamento com aquela ressalva que está na epígrafe.

Oposição no Brasil? Seria de morrer de rir se não fosse uma tragédia, mas não temos disso por aqui, só um bando de espertalhões covardes que ficam se prendendo a miuçalhas deste tipo, enquanto uma verdadeira oposição deveria, entre mil outras coisas: 1 - denunciar o Foro de São Paulo, de onde emanam todas as decisões de Brasília, como uma organização comunista criminosa (desculpem o pleonasmo!) fundada pelo atual Presidente e por Fidel Castro; 2 - denunciar o PT por associação ilícita e formação de quadrilha como os narcotraficantes das FARC, companheiros no Foro; 3 - por esta razão denunciar que são os responsáveis pela morte por drogas de milhares de jovens brasileiros; 4 - denunciar a verdadeira razão de nosso ensino ter caído tão baixo na escala mundial: o método criminoso de Paulo Freire. Se nas avaliações houvesse questões sobre comunismo nossos estudantes seriam imbatíveis, idem se fosse sobre “educação sexual”, principalmente no quesito das aberrações; 5 - denunciar o MST e organizações urbanas afins, os “povos indígenas organizados” e os quilombolas como organizações guerrilheiras e terroristas que visam extirpar a propriedade privada de nosso País; 6 - conquistar as ruas, única propriedade privada que será mantida: a do PT.

Enfim, aprender com o bravo povo venezuelano como é que se faz oposição de verdade: nas ruas, com vigilância nas maquininhas de votar, enfrentando e acuando de peito aberto o tirano e seus sequazes, e vaiando os invasores cubanos, e não votar contra um impostinho fajuto que, quando estiveram no poder tudo fizeram para manter. Cabe aos Senadores brasileiros e não ao povo venezuelano as palavras despeitadas de Chávez: “ha sido uma victoria de mierda”!!!

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