domingo, 11 de dezembro de 2011

MOVIMENTO GOTA DÁGUA

Papéis avulsos – Heitor de Paola


Movimento Gota d´Água


Nivaldo Falcão


Quanto a Belo Monte, fazer o quê?
A matemática é implacável. A área que vai ser inundada para construí-la é ridiculamente pequena em relação à floresta, e não creio que você ou alguém possa contestar isso é mentira que índios serão desalojados é mentira que a energia que se vai produzir lá é irrelevante para o Brasil é mentira que mesmo que 80% dos recursos vêm de impostos, embora exista um problema nessa área, como alerto desde o ano passado. Atenção meu amigo! O reservatório vai ocupar 640 km2 para produzir uma quantidade respeitável de energia. Sabe quanto se desmata, por ano, em razão da falta de controle do governo? 19 mil km2! Quase 29 vezes mais. POR ANO!!! E não são os ruralistas que debatem código, não, meu amigo!, que promovem devastação. Gente que debate quer aparecer. Quem desmata é madeireira clandestina. Para essa gente, quanto mais firulas houver na lei e quanto mais restritiva e difícil de ser aplicada ela for, melhor! Aumentam as chances de comprar fiscais corruptos, prefeitos corruptos, agentes federais corruptos.
O que posso fazer, meu amigo? É razoável que atores e atrizes, sem terem a menor noção do que estão falando – como propor que as energias eólica e solar sejam consideradas matrizes energéticas viáveis hoje –, usem de certo poder de representação que têm para sustentar sandices, que não estão minimamente ancoradas nos fatos?
Sabem estes senhores que nos locais onde há usinas eólicas os pássaros simplesmente são dizimados? Quanto tempo demoraria para que aparecessem os defensores dos nossos amiguinhos de pena?
Então estamos assim: petróleo suja, carvão suja, urânio suja, hidrelétrica também suja (!?), energia eólica, se viável fosse, mata passarinho... Resta a energia solar. Será que essa gente tem noção do custo? Você já viu a parafernália necessária para esquentar uma mera caixa d´água de 500 litros?
E isso quando há sol para valer...
A usina vai, é verdade, gerar um terço da energia que poderia gerar – e, ainda assim, será essencial para o país. E vai gerar um terço por causa, justamente, do que chamarei “hiper proteção ambiental”. Não haverá o reservatório.
Conforme demonstrei, ainda que se alargasse uma área 20 vezes maior, seria uma porção ínfima da floresta.
O Brasil, meu amigo, precisaria crescer de forma sustentada durante muitos anos, a coisa de 5% ou 6% ao ano. Só assim conseguiremos reduzir a pobreza num prazo não muito escandaloso. Se isso acontecer, o que será em benefício dos pobres, há um sério risco de esbarrarmos na falta de energia, ainda que tenhamos Belo Monte, Santo Antônio e Jirau. É assim porque é, não porque eu quero.
Estetização e ironia
Que fique claro:
1 – O Brasil não precisa de energia elétrica só para satisfazer os chiliques da turma do “iTudo” e da novela
2 – a usina não vai inundar terras indígenas
3 – a usina não vai desalojar índios
4 – a usinar não vai ,mudar substancialmente o regime do rio Xingu
5 – a inundação, como o demonstrado, é ridiculamente pequena mais: parte dela já é inundada hoje no período das chuvas
6 – a energia utilizada não será usada apenas pelos “grandes capitalistas” é mentira! 70% será comprada pelas redistribuidoras, que venderão aos brasileiros, NÓS TODOS, que precisamos de energia, sim!
7 – ainda que fosse energia apenas para empresas, é bom lembrar: elas geram empregos para os brasileiros que, assim, se livram da pobreza brasileiros que têm o direito de trabalhar, assim como aqueles atores da Globo
8 – as populações ribeirinhas, não-índias, que serão desalojadas vivem hoje numa situação de extrema carência, de miséria se esses atores querem ser úteis, deveriam se organizar para verificar se as condições de reassentamento serão mesmo adequadas. Mas isso dá trabalho.
9 – é impossível – APENAS ISTO: IMPOSSÍVEL – abrir mão das hidrelétricas em favor da energia eólica ou solar porque é técnica e financeiramente inviável
10 – a crítica que poderia ser pertinente – o custo da usina aos cofres públicos – se perde na boçalidade à medida que os “artistas” não estão debatendo o peso excessivo do estado no empreendimento, mas tentando afirmar que tudo não passa de desperdício.
É uma bobagem! UM PAÍS TEM A OBRIGAÇÃO DE FAZER INVESTIMENTOS EM INFRA-ESTRUTURA. Querem lutar contra uma bobagem? Combatam a estupidez do trem-bala. Mas sei: isso não chama a atenção do Sting ou do Leonardo DiCaprio...
11 – índios, senhores patetas, precisam, sim, de educação e antibióticos, como todos nós. A ideia de que eles vivem bem nas carências da malta é coisa de gente estúpida, desinformada ou cruel.
No texto em que fundi um pouco de política com memória (aquele do ferrorama), abordo a perversidade dos bacanas, que costumam ter uma visão um tanto turística da pobreza. E assim é também com a natureza. Essa gente vê o seu próprio país pelo filtro das celebridades preservacionistas americanas ou européias, devidamente financiadas por entidades que não têm qualquer compromisso com o desenvolvimento do Brasil. Não se trata de nenhum juízo conspiratório, não!
Trata-se da coisa mais comezinha do mundo: interesse. Já lhes falei, por exemplo, daquele estudo intitulado “Farms Here, Forest There”, feito nos EUA. Estava sendo divulgado por uma ONG chamada, imaginem!, “Union of Concerned Scientist”.
Trata-se de uma “União de Cientistas Preocupados” com o meio ambiente, amiguinha dos nossos ambientalistas, como Marina Silva, por exemplo. Ora, quem é que deu dinheiro para o tal estudo “Fazendas aqui (nos EUA), Florestas lá (no mundo emergente, como o Brasil)? Os grandes agricultores americanos! Eu estou falando de fatos, não de teorias conspiratórias.
Essa gente pode ser boba o quanto quiser e falar as asnices que desejar. Mas têm de se expor à crítica e saber que asnices são. Num dos posts abaixo há um vídeo em que um rapaz desmonta com paciência chinesa, cada uma das mentiras influentes sobre Belo Monte. Fui checar as informações que ele veicula. São absolutamente verdadeiras, e suas contas são tecnicamente procedentes.
Eu não me oponho a que Maetê Proença tire o sutiã. Ao contrário: ainda que com poucas informações, não fornecidas pelo vídeo, eu sou é a favor. Mas não por causa de Belo Monte. Esse negócio de tirar sutiã em razão de causas ficou lá com Betety Friedan. Verdadeiramente contestador hoje é tirar o sutiã sem causa nenhuma. Só porque deu vontade.
Como vou esquecer de Vinícius, nesse caso? (...)

Vós que levais tantas raças
Nos corpos firmes e crus:
Meninas, soltai as alças
Bicicletai seios nus!
No vosso rastro persiste
O mesmo eterno poeta
Um poeta...essa coisa triste
Escravizada à beleza
Que em vosso rastro persiste, (...)
Por um mundo sem sutiã e de luz acesa!!!
Meus estimados amigos!
Certamente há motivos muito fortes para as pessoas se posicionarem contra a construção de Belo Monte (não somente de Belo Monte, mas de grandes hidrelétricas em geral).
A par das hidrelétricas serem técnica e ambientalmente a melhor solução para geração de energia elétrica, e que não geram lucros significativos para as indústrias estrangeiras, há também outros motivos para que os estrangeiros se mobilizem em espalhar entre os brasileiros que as hidrelétricas são inimigas da natureza e do meio ambiente.
Um exemplo este num estudo de uma empresa de consultoria feita para os agricultores americanos, chamado “Fazendas aqui – Florestas lá”.
A projeção de ganhos para eles, caso eles “estimulem a preservação do meio ambiente nos trópicos (principalmente Brasil)” de 2012 a 2030 é de 190 a 270 bilhões de dólares!!!
Com essa quantia, conseguem irrigar ONGs com muitas contribuições e essas ONGs podem contratar artistas da Globo, professores universitários, jornalistas “eco conscientes” ou a soldo, e prejudicar o desenvolvimento do Brasil por meio desta “causa justa”.
O país que mais constrói hidrelétricas é a China.
Veja se alguém se preocupa com o meio ambiente da China...
Nenhuma dessas ONGs critica hidrelétricas chinesas, ou se preocupa com os aborígenes chineses...
Bem, os agricultores americanos constituem só um dos grupos que estão “preocupados com as causas socioambientais”. Há também o pessoal que vende usinas térmicas, preocupadíssimo com o meio ambiente.


Fonte: http://www.heitordepaola.com/publicacoes_materia.asp?id_artigo=2967

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