Mídia Sem Máscara
Luis Afonso Assumpção | 26 Abril 2010
Artigos - Eleições 2010
Dilma Roussef usa de forma burlesca foto da atriz Norma Bengell para se passar por defensora da democracia. A falsificação lembra outros fatos da biografia da revolucionária, os quais são comentados por Luis Afonso de Assumpção.
Em 2002 os brasileiros foram apresentados a uma farsa chamada "Carta ao Povo Brasileiro" produzida para vender a idéia de que o PT mudou. A carta deu início a fase "Lulinha paz e amor" que acabou por fazê-lo ganhar as eleições para presidente naquele ano. A farsa iniciou-se pela suposta autoria de Lula da Silva: depois de oito anos, fica claro que Lula não tinha, como não tem, capacidade para produzir qualquer coisa parecida com aquele documento, que entre outras coisas proclamava: a população está esperançosa, acredita nas possibilidades do país, mostra-se disposta a apoiar e a sustentar um projeto nacional alternativo, que faça o Brasil voltar a crescer, a gerar empregos, a reduzir a criminalidade, a resgatar nossa presença soberana e respeitada no mundo.
Lula e o PT mentiram clamorosamente pois, em todo o seu governo, a única função exercida por Lula foi a de presidente do Foro de São Paulo.
Oito anos depois chegamos a mais uma sessão teatral, agora com requintes hollywoodianos: Dilma Rousseff, a candidata do PT, apresenta-se como a continuação do governo Lula. E que continuação! Pelo trailer, podemos imaginar um governo i-n-e-s-q-u-e-c-í-v-e-l.
O primeiro grande esforço do marketing da campanha foi o de vender Dilma como uma "lutadora" pela democracia, perseguida injustamente pela ditadura, mas distante das armas. Mudou a postura. Antes de ser candidata, gaba-se de sua truculência militante ("Só pra saber que nunca fui uma menina cândida: eu sei montar e desmontar, de olhos fechados um fuzil automático leve. Tinha que ser rápido, muito rápido. E, se você quer saber, eu sei atirar"); Agora, fala que nunca participou de ações armadas e que não passava de subalterna no movimento. Novamente, aí temos problemas pois sua atuação já foi comprovada por outros testemunhos ("A Dilma era tão importante que não podia ir para a linha de frente. Ela tinha tanta informação que sua prisão colocaria em risco toda a organização. Era o cérebro da ação", diz o ex-sargento e ex-guerrilheiro Darcy Rodrigues).
Para ilustrar esta disparidade podemos comparar o currículo chapa branca dela na Wikipedia e a sua "pequena biografia" (não autorizada, que circula pela internet). Vejam por si mesmo as diferenças entre o que é vendido e o que é realidade.
Neste fim de semana, mais uma superprodução: Dilma lançou seu site (www.dilmanaweb.com.br) com uma home page que apresenta algumas fotos de sua trajetória pessoal. Só que é mostrada uma foto da atriz Norma Bengell - numa passeata de artistas contra a censura nos anos 60 - como sendo dela, Dilma Rousseff. Veja aqui a foto do site de Dilma e aqui, a foto de Norma Bengell em passeata contra censura.
Este episódio lembrou-de duas coisas: As montagens vistas em Forest Gump, onde Hanks "contracenou" com personalidades há muito falecidas (como Kennedy) e as fotos da Rússia revolucionária, onde - após ter caído em desgraça junto ao regime de Stálin - Trotsky foi "eliminado" de todas onde aparecia com Lênin.
No caso de Dilma, a tentativa foi "criar" uma nova identidade para ela nos anos sessenta de modo que, ao invés mostrá-la como uma ativa líder guerrilheira , mostra-a como uma personagem ativa e reconhecida pelo combate à ditadura pelos meios pacíficos e não violentos.
Mais uma farsa. Em 2010, podemos dizer que o PT tem passado "Dilma" mentira à outra. Espero que os eleitores também percebam.
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