Mídia Sem Máscara
| 22 Junho 2010
Artigos - Cultura
O filme não liga muito para ideologia, mas os esquerdistas em geral se aproveitam deste filme como uma muleta para as suas tortas concepções.
Nesta semana assisti ao filme Gattaca - Experiência Genética (1997) exibido pela rede HBO. Interessante o convite à reflexão proposto pelo autor, embora fartamente manipulado por quem deseja fazer da película o argumento para as suas ideologias malsãs. Vale a pena, pois, desmascará-las aqui.
A trama tem como cenário uma sociedade futura onde as crianças têm os seus genes depurados previamente, de modo que assim se evitam as doenças congênitas. Todavia, a discrepância entre a saúde destas e daquelas geradas de forma natural gera uma sociedade de castas, na qual às segundas restam apenas os piores empregos. Ressalte-se a beleza artística da estética sessentista. Era necessário mesmo invocar as dúvidas e os anseios daquele tempo.
O protagonista da história, no entanto, é um homem que nasceu de uma concepção natural, por opção dos seus pais, e para apimentar a história, logo no teste do pezinho se lhe identificam várias probabilidades de problemas hereditários, entre os quais a chance de 99% de ter um ataque cardíaco logo aos 30 anos de idade.
Não satisfeito com o seu destino pré-determinado como faxineiro, e detentor do sonho de ser um astronauta a viajar para a lua Titã, faz-se passar por um cidadão "válido" (os "inválidos" são os provenientes de concepção natural), disfarce que lhe obriga a tomar cuidados diários, como sempre esfregar-se bem nos banhos para "lixar" a pele velha, limpar os objetos para não deixar pistas como suor, cílios ou cabelos, e utilizar-se das amostras de sangue e de urina do seu contratado para os frequentes testes de DNA que a agência espacial em que trabalha lhe exige. Abstraindo-nos dos momentos de suspense, aventura e romance, resta-nos informar que o nosso herói consegue se superar e logra o seu sonho regado desde a infância.
Dada a história como se apresenta, recomendo aos leitores buscarem na internet para perceberem que a maioria esmagadora das resenhas - e até alguns artigos de sociologia - se nutrem do enredo para descer o pau na sociedade capitalista que "discrimina e exclui as pessoas". Há várias inconsistências, porém, em tal raciocínio. É o que veremos:
Por primeiro, não é necessário que haja uma separação científica - digo, genética - para que algumas profissões requeiram bom estado físico. Isto é natural. No caso, o rapaz comete uma fraude grave que pode resultar no prejuízo de toda a operação, e talvez com perigo para os seus co-tripulantes. E se ele tem um treco no coração lá no espaço?
Em segundo lugar, os humanos podem nascer naturalmente com excelentes predisposições genéticas. Logo, não há um critério "a priori" para estabelecer uma sociedade de castas para classificá-los como "inválidos".
No filme, expõe-se que o mundo tornou-se controlado por grandes conglomerados privados que vieram a se sobrepor aos estados, de modo que desobedecem-lhes ostensivamente quanto à proibição de não discriminar os cidadãos entre "válidos" e "inválidos". Ora, esta asserção é absolutamente arbitrária. O filme em nenhum momento mostra uma relação de causa e efeito que demonstre porque uma futura sociedade seria assim (não que eu necessariamente a deplore). Além disso, uma passada rápida pela história flagra em abundância os estados, e não o setor privado, como o grande realizador de experimentos genéticos, de políticas eugenistas e extermínio de indesejáveis.
Ademais, por que haveria de ocorrer aos futuros cidadãos apenas a opção ter de procurar por empregos? Isto é característico de sociedades socialistas, não capitalistas. Por mais "inválido" que fosse o protagonista do filme, nada impediria que ele pudesse, por exemplo, ser um renomado médico, até às 23h59min dos seus vinte e nove anos.
Enfim, por que as grandes empresas não aceitariam os inválidos? Ora, ora, esta é outra concepção socialista, caracterizada pela obrigatoriedade que o estado impõe às empresas de responsabilizarem-se pela saúde e previdência dos seus empregados. Se tais conglomerados gigantes não ligassem para as leis governamentais de não discriminar, então também não ligariam em arcar com os encargos sociais.
Em uma sociedade puramente livre e capitalista, as pessoas seriam empregadas tão somente em função do retorno que trazem pela eficiência com que desempenham suas atividades. Quaisquer problemas médicos que venham a ter, compete a elas mesmas tratar, de modo que não vejo como uma empresa se sentiria impedida de contratar, como já tive a ocasião de testemunhar, certa vez, pela tevê, e no Brasil, uma empresa recusar um jardineiro por ser sexagenário.
Finalmente, vejo que tais possibilidades sejam muito exequíveis em pouco tempo. Já podemos escolher o sexo, e pelo que já li, podemos também evitar algumas doenças ou malformações congênitas. Por que isto seria ruim? Será que você se negaria a prover tais benefícios ao seu filho, tão somente para se sujeitar às regras do acaso?
No tempo em que isto ocorrer, haverá algumas gerações em que os seres humanos geneticamente modificados convivam com os humanos naturais. Entretanto, com o passar do tempo, podemos concluir que todos os seres humanos serão geneticamente depurados. Vejamos, para compreender este fenômeno, como nós mesmos somos bem mais altos e saudáveis do que foram nossos pais. Eu mesmo meço 1,78m, enquanto o meu velho tem algo como 1,62m! Mas espere que, quando vou pegar a minha filha no colégio, deparo-me com garotos de 15 anos ou mais dos quais muitos são (bem) mais altos do que eu! Todos vivemos com as nossas oportunidades e diferenças.
Resumo da história: O filme não liga muito para ideologia - está mais focado no problema ético da engenharia genética. Porém, a comunistada em geral se aproveita deste filme como uma muleta para as suas tortas concepções. Aqui, portanto, as desmascaramos.
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