segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Viver de Novo
Por Arlindo Montenegro
O historiador norte americano Carroll Quigley, professor de macro-história na Universidade de Georgetown, foi um dos mentores de Bill Clinton. Mas no fim da vida, referindo as dificuldades para publicar sua intensa pesquisa, grafada em mais de 1300 páginas nos 8 volumes de “Tragedy and Hope”, dizia desanimado, que a obra “trouxe muitas dores de cabeça, porque, aparentemente, diz algo que os poderosos não querem ouvir."
Passando as páginas de “Tragédia e Esperança, uma história do mundo no nosso tempo”, mais uma obra enviada pelo piá amigo J. Neves, um dos poucos que se ocupam por entender a essência humana na história do mundo, percebe-se porque os poderosos são surdos e buscam por todos os meios calar quem se recuse a apoiar servilmente seus propósitos.
Para o J.P. Morgan, informa Quingley, “todos os partidos políticos eram simplesmente organizações úteis, e a empresa sempre teve o cuidado de manter um pé em todos os campos.” Os nossos poderosos homens e partidos sabem disto e se situam na posição de vassalos do poder supremo e inquestionável do dinheiro, sua única deidade.
Uma deidade que tem nomes e imagens caracterizadas e reconhecidas internacionalmente: ITT, IBM, Standard Oil, Ford, Chase, Forbes, Morgan, Monsanto, Grupo Carlyle, Rockfeller, GE, Rotschild, Vanderbilt, Lamon, (e uma pá de outras mais) todas operadoras de Wall Street, todas com suas representações, fundações, ongs e empresas, organizadas nos países chave do mundo.
Quando chegamos aos nomes e imagens, que a mídia por eles controlada derrama sobre o mundo, as referências são de salvadores ou a lembrança de que somos todos devedores, dos seus bancos e do FMI, agência controladora de seus investimentos “para acabar com a pobreza das nações”. A indecência, a imoralidade, a corrupção institucional de um sistema financeiro, que descartando o padrão ouro das moedas, escravizou a humanidade.
Os humanos estão esperançosos. Os países vão ganhando “medalhas”, “honrarias”, destaques de acordo com a submissão. Vão adotando as normas internacionais, paridas por mentes confusas e drogadas nos porões da Onu. São convidados a participar dos debates dos “G” que eram oito e agora estão na casa dos vinte. Encontros cordiais, debates inconclusos, ninguém decide. Mas resultam políticas que conferem mais poder aos estados. Somos até parte dos BRICS!
B de Brasil na frente... mas os resultados foram bem diferentes no país da marolinha. Nos últimos oito anos a média de crescimento chinês, foi maior que 10%, incluindo as projeções de 2010 do FMI (representante dos nossos donos e controladores de fato). Pudera! Lá estão as mais representativas mega empresas e a mais barata mão de obra trabalhando para o partido comunista chinês, para entupir o mundo com tenis, camiseta, eletrônicos e penduricalhos de “1,99” contrabandeados para o universo!
B de Brasil na frente da sigla BRICS... mas a India cresceu em média, mais de 8% e a Russia quase 5%. A África do Sul lidera a economia do continente africano. E o crescimento do Brasil, nos últimos oito anos, ficou abaixo da média da América Latina, abaixo do crescimento da Argentina e do Perú (faixa de 7 e 6%). Bom, ficamos com 4.8%. Comodities, bolsas, juros, dívida intena e externa condidionam o desempenho, enquanto trocamos comida e metais preciosos, por valores inferiores às quinquilharias made in china.
Pois, enrolados nas atividades de sobrevivência e com uma escola obsoleta, mal informados e confundidos por uma academia viciada, não tivemos a oportunidade de atentar para os movimentos da elite de famílias de sangue azul, cujos objetivos organizacionais se mantinham secretos, até há pouco. Enquanto eles “ajudavam as áreas coloniais e sub-desenvolvidas”, isto é freiavam o desenvolvimento, suas escolas especiais, como Oxford, traçavam as matrizes do tal “socialismo democrático, do capitalismo financeiro- monopolista, do secularismo e do internacionalismo”.
Quingley finaliza: ”...a mais importante (das coisas que não estão claras) é a forma de educar as crianças para formá-las em adultos responsáveis, (…) única base em que podemos ser otimistas sobre a nossa capacidade de voltar à tradição de nossa sociedade ocidental e retomar o seu desenvolvimento ao longo de sua velhos padrões de diversidade inclusiva.”
Para sanear a economia mundial? Apareceu recentemente o conselho de um ex jogador de futebol, Eric Cantona, secundando uma organização européia, cuja ação se pode acessar no site http://www.bankrun2010.com/
Refs: “Tragedy and Hope - A History of the World in Our Time”, Carroll Quigley - New York: The Macmillan Company 1966.
Postado por Montenegro às 10:36
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