Mídia Sem Máscara
| 08 Dezembro 2010
Internacional - Estados Unidos
A ironia é que o sentimento conservador está em níveis históricos.
Embora o Partido Democrata tenha sofrido um banho de sangue em 2 de novembro, os progressistas que simplesmente gerenciam o partido e controlam o presidente Obama saíram das eleições mais fortes do que nunca. Eles manterão a pressão política para que Obama prossiga com uma agenda de extrema-esquerda, com a ameaça implícita de que, se não obedecer, haverá primárias presidenciais e um desafiante, em 2012. Os progressistas conhecem os segredos de Obama, tendo-o apoiado desde que se juntou a eles no Novo Partido de Chicago, um meio pelo qual eles empurraram o Partido Democrata para a esquerda.
Glenn Beck diz, na Fox News, que uns poucos progressistas conseguiram sobreviver, de alguma forma. Na verdade, Karen Dolan, do Instituto para Estudos de Políticas, de extrema esquerda, observa com orgulho que "a 'Convenção Progressista para o Congresso', a maior na Convenção Democrata, com mais de 80 membros, emergiu praticamente intacta, perdendo apenas três membros" - os deputados Alan Grayson (Flórida.), John Hall (Nova Iorque) and Phil Hare (Illinois). Por outro lado, como Jim Dean da 'Democracia da América' observa, apenas 47 por cento dos assim-chamados Blue Dog Democrats "conservadores" [democratas um pouco mais à direita] venceram suas disputas.
Tudo isto quer dizer que o Partido Democrata se deslocou ainda mais para a esquerda, que é exatamente para onde Obama quer que ele vá. A "surra" eleitoral de que ele fala veio mais às custas dos elementos moderados e conservadores do partido. Ele nunca se importou com eles.
As vitórias dos progressistas praticamente garantem que Obama, a pesar de sua conversa conciliatória em sua conferência de imprensa, não fará concessões à maioria republicana no Congresso. Ao invés disto, ele contará com sua base e seus aliados na mídia para pressionar o Partido Republicano a fazer concessões a sua agenda esquerdista ou ser rotulado de obstrucionista.
A lição é que não só o Partido Democrata tornou-se mais "liberal", como os especialistas da mídia gostam de dizer, mas mais "progressista", num sentido de extrema-esquerda. O novo chefe da Convenção Progressista para o Congresso provavelmente será o deputado Keith Ellison, o democrata muçulmano esquerdista de Minnessota. Ele já enviou uma carta solicitando o cargo.
Alguns dos especialistas não entenderam nada da coisa. Joe Trippi, operador do Partido Democrata e comentarista da Fox News, diz que "a conquista de ao menos 60 cadeiras no Congresso pelo Partido Republicano removeu alguns dos democratas mais moderados e os substituiu com republicanos mais conservadores, e em muitos casos ligados ao (moviment) Tea Party. Isto quer dizer que Barack Obama terá que fazer concessões e resolver alguns problemas muito difíceis com um Congresso mais polarizado e dividido."
Mas enquanto os republicanos estão mais conservadores, os democratas estão muito mais liberais. Se Obama fizer concessões aos republicanos, ele corre o risco de incorrer na ira de uma Convenção Progressista mais poderosa, que afinal é onde está seu coração. Por exemplo, Obama há muito tem uma relação pessoal com a deputada Barbara Lee, a democrata pró-Castro de Oakland que chefiou a Convenção Progressista e a Convenção Negra e já foi um membro secreto dos Comitês de Correspondênia para a Democracia e o Socialismo, uma subsidiária do Partido Comunista.
Na superfície, isto parece mesmo muito ruim para o presidente. Tornando aberta a ameaça a Obama, Rob Kall declarou, no site de esquerda OpEdNews, que "Obama merece passar por primárias e ser substituído. Ele falhou como líder sob muitos aspectos - indicações horríveis, respostas fracas e inadequadas para as crises, inabilidade em lidar com os militares. Não é uma questão de dar a ele tempo o bastante. Ele falhou em cumprir suas promessas de campanha, não só em termos de temas ou ações, mas, o que é mais importante, como líder. Ele mostrou-se fraco, ineficiente, com pouco discernimento e uma força insuficiente para o trabalho."
Ameaças como esta são possíveis por causa da maré de extrema-esquerda no Partido Democrata, que tornou-se mais pronunciada com os resultados de 2 de novembro. Mas estas ameaças são apenas encenação.
Se Obama for de algum modo forçado a aceitar variações de políticas republicanas que sejam percebidas como uma rendição de sua parte, ele ainda pode sair por cima. Como Sam Webb, do Partido Comunista dos EUA, coloca, "Não fique surpreso quando muitos que votaram nos republicanos se desiludirem com suas políticas e neste terreno emergir um movimento popular maior e mais amplo."
Então, a jogada pode ser esta: criar a impressão de que os republicanos estão realmente no controle e responsabilizá-los pelo que quer que resulte das políticas de Washington. Eles parecem estar supondo que algum tipo de cortes no orçamento serão efetuados, levando ao espetáculo do Partido Republicano ser acusado de pôr "lucros antes das pessoas", enquanto membros de sindicatos e ativistas de esquerda vão às ruas em protesto. E Obama, em sua conferência de imprensa já preparou os republicanos, culpando-os de antemão por proporem alterar um plano do sistema de saúde que ele diz que oferece benefícios reais a pessoas reais.
Já dá para ver os republicanos sendo responsabilizados na mídia por retirarem benefícios das pessoas com reais necessidades. O Partido Republicano será retratado como testa-de-ferro de companhias seguradoras gananciosas.
A ironia é que o sentimento conservador está em níveis históricos. Pesquisas de boca-de-urna das eleições de 2010 mostraram que 41 por cento dos eleitores se identificavam como conservadores, com apenas 20 por cento definindo-se como esquerdistas e 39 por cento definindo-se como moderados. Isto em comparação com apenas 32 por cento que se definiam como conservadores nas pesquisas de boca-de-urna das eleições de meio-mandato de 2006 e 34 por cento como conservadores em, 2008.
Embora os conservadores sempre tivessem que se contrapor a um número menor de liberais, é a influência dos progressistas e sua localização estratégica - em centros de poder como a mídia e a academia - que lhes dá a vantagem estratégica. Agora, com seu poder no Partido Democrata mais concentrado do que nunca, eles estão saboreando uma luta que acham que podem vencer. Obama é um deles e eles sabem disto.
Tradução: Dextra.
Artigo original: Progressives increase their power over Obama
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