Mídia Sem Máscara
Cel. Luis Alberto Villamarín Pulido | 01 Fevereiro 2011
Internacional - América Latina
Até quando continuarão morrendo soldados e policiais nos campos de batalha para defender a democracia e a república, enquanto alguns dos defendidos dedicam-se a roubar com cinismo e premeditação?
Há uma década, um célebre politólogo colombiano escreveu em uma coluna de opinião que "o Congresso é uma associação para delinqüir". Nestes dias apareceram em diversos meios de comunicação informações acerca de contratações aberrantes, esbanjamento e, pelo revelado até agora, evidente corrupção a custa dos contribuintes.
Que uma senadora seja assinalada pela Procuradoria como amiga das FARC e por essa razão seja destituída do cargo, ou que o irmão do prefeito de Bogotá, ao que parece, utilize sua investidura parlamentar para obter dividendos pessoais na contratação pública de Bogotá, são apenas dois sintomas dos milhares e milhares de casos como folhas de pagamento paralelas, sobre-custos, subornos, tráfico de influência, nexos com para-política e farc-política, argúcias eleitoreiras, viagens, pensões exorbitantes para delinqüentes de colarinho branco que exauriram o erário público e, além disso, nem sequer assistem a todas as sessões, ou as sabotam ou vão dormir no capitólio, são, ao mesmo tempo, componentes de um demolidor contraste frente aos poucos que querem tirar a Colômbia do atoleiro.
Se forem certas todas estas denúncias, o peso da justiça deve cair sobre aos valentões de colarinho branco e levá-los aos cárceres comuns, a fim de que se reúnam com os ladrões e valentões de sua estirpe, para que lá, revoltados como deveriam estar desde antes de ocupar cargos públicos, resolvam entre vândalos suas diferenças pessoais e grupais.
Porém, a Colômbia é o país do Sagrado Coração e com certeza que dessa vez aqui não acontecerá nada. A prova disto é a compra de computadores pessoais na razão de sete milhões ou mais cada um, algo vergonhoso que exige que a Controladoria, o Ministério Público e a Procuradoria atuem já.
Que investiguem o fornecedor dos equipamentos para que confesse se houve ou não suborno e, em caso afirmativo, que diga quanto teve que dar e a quem ou quais pessoas pois, pela quantidade dos computadores e pelas especificações que cada "pai da pátria" necessita, nem requerem software secreto, nem equipamentos caros. Fora disso, a legislatura anterior tinha seus computadores comprados com dinheiro dos colombianos, então, o que aconteceu com esses equipamentos de computação em excelente estado, pois nenhum congressista vai trabalhar com equipamentos obsoletos? Por acaso perderam-se e tudo foi pelas suas costas?
Ademais, como pode ser possível que a remodelação de um recinto custe milhares de milhões de pesos, em quantia superior a que se o edifício fosse construído de novo?
Não se pode dizer que esse problema é recurso do gabinete administrativo, e que os congressistas nem se deram conta, pois em sã lógica todos sabem o que é que está acontecendo e talvez prefiram calar.
Enquanto a delinqüência de colarinho branco rouba com as duas mãos o erário público, milhares de soldados e policiais perseguem os terroristas das FARC e do ELN, para evitar que a Colômbia saia de "guatemala e entre em guatepior". Mas os delinqüentes de colarinho branco fazem vista grossa ante esta realidade.
Na semana passada assistimos ao funeral de um capitão e um tenente que perderam suas vidas procurando Alfonso Cano. A jornalista Jineth Bedoya afirma que nove mil soldados ficaram lesados procurando o Mono Jojoy, devido às minas anti-pessoais. Pela internet circulam anônimos de presumíveis casos de corrupção no Ministério da Defesa, etc.
A pergunta do milhão é: até quando os sem-vergonha delinqüentes de colarinho branco vão continuar com o roubo continuado das finanças públicas, sem se importar com o drama dos que deveriam se beneficiar com esse dinheiro público? A segunda pergunta: Até quando os colombianos continuaremos como borregos elegendo esta cambada de desonestos?
E uma pergunta de suborno: até quando continuarão morrendo soldados e policiais nos campos de batalha para defender a democracia e a república, enquanto alguns dos defendidos dedicam-se a roubar com cinismo e premeditação, com a anuência silenciosa do povo colombiano que a tudo cala e tudo suporta?
Para mudar este turvo e velho modo de viver na Colômbia deveríamos começar por confirmar se há ou não há podridão moral na contratação administrativa do Congresso.
Tradução: Graça Salgueiro
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