terça-feira, 23 de março de 2010

O Pravda.ru e o Pravda do Brasil

Mídia Sem Máscara

É óbvio que até o Pravda feito pelos socialistas brasileiros é infinitamente pior do que Pravda russo.

O abismo que separa as diferentes versões do jornal eletrônico Pravda.ru é algo notável. As versões russa e inglesa do jornal eletrônico são centradas em reportagens, artigos ingênuos de bem estar, e a opinião geralmente é conservadora nacionalista russa, nunca atacando a moral e religião populares. As únicas exceções ocorrem precisamente quando respinga alguma tradução tosca da versão de língua portuguesa para a inglesa, como ocorreu com o recente artigo "A miséria moral dos ex-esquerdistas" de Emir Sader, com tradução para o inglês obviamente feita em algum tradutor automático, tornando o artigo praticamente incompreensível, como se já não fosse suficientemente mal escrito em português.

Às vezes, algo como uma ou duas vezes por semana, espoucam na versão inglesa artigos de outros esquerdistas internacionais, tudo obra do editor da versão portuguesa, um britânico residente em Lisboa chamado Timothy Bancroft-Hinchey que se dedica a artigos inflamados, ora contra Israel, ora glorificando as FARC ou algum outro movimento marxista criminoso, e de uma Lisa Karpova que, pelo visto, não tem medo de usar o tradutor automático, mas estes são contrabalanceados pelos colunistas conservadores e reportagens que a grande mídia ocidental oculta. As fotorreportagens, quase exclusivamente feitas pela versão russa, geralmente são mulheres com pouca roupa, tanques e caças russos, celebridades e curiosidades mondo. Daí o total deslocamento da versão de língua portuguesa do Pravda.ru, cujos artigos são exclusivamente opinião comunista e quase nenhuma reportagem, comicamente justapondo fotorreportagens de mulheres em biquínis da versão russa a artigos virulentos de feministas radicais e revolucionários comunistas pró-Hamas brasileiros tirados de Carta Maior, Caros Amigos etc.

A ocorrência de tais disparidades é evidência de que o que acontece na versão de língua portuguesa, como já era de se esperar, é absolutamente irrelevante para os russos. Estes estão tratando de ficar capitalistas, fiéis à religião e militarmente poderosos, enquanto los macaquitos no espaço cedido aos lusófonos podem continuar glorificando Stalin, Cuba, Lula e a diversidade sexual. Isto inclusive serve ao propósito, intencional ou não, de nos enfraquecer enquanto a Rússia se fortalece. A opinião destes idiotas úteis, exceto no que diz respeito à segurança das fronteiras e da zona de influência russas, não reflete a opinião do povo russo e nem mesmo a opinião do governo russo, que (ao menos em política interna) manda mensagens claras ao tornar "Arquipélago Gulag" leitura obrigatória no ensino médio e ao reprimir duramente por anos seguidos qualquer tentativa de parada gay na capital. Putin inclusive chegou a mandar aos EUA um alerta, um tanto cínico quando conhecemos os estragos culturais irreversíveis causados pela KGB ao Ocidente no passado, contra os perigos do socialismo.

A moral da estória é que, apesar da versão em língua portuguesa do Pravda.ru ser uma espécie de "Hora do Povo" eletrônica, é bem possível ficar bem informado com a versão inglesa do Pravda.ru, desde que se ignorem quaisquer coisas publicadas por Bancroft-Hinchey ou Karpova.

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