quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Deslegitimando os deslegitimadores

Mídia Sem Máscara

A razão para que a UNESCO falhe no cumprimento de suas responsabilidades é clara. Muito longe de cumprir sua missão de proteger locais de patrimônio mundial, desde 1974 a UNESCO tem sido cúmplice de um dos maiores crimes culturais da história da Humanidade -- a tentativa palestina e pan-árabe de eliminar a história judaica na Terra de Israel dos registros históricos.


Você tem que reconhecer que os palestinos são bons.

Eles decidiram abandonar o processo de paz e procurar o reconhecimento internacional do "Estado da Palestina" -- um país em um estado de guerra de facto com Israel. E eles estão perseguindo seu objetivo diuturnamente.

Na semana passada, seus esforços frutificaram pela primeira vez com a aceitação da "Palestina" como membro permanente da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Não é coincidência que a OLP/AP¹ decidiu submeter o ingresso da "Palestina" à UNESCO. Desde 1974, a UNESCO tem sido um parceiro entusiástico dos palestinos no tocante a apagar a história, a herança e a cultura judaicas na Terra de Israel dos registros históricos.

Em 1974, a UNESCO votou pelo boicote a Israel e pela "suspensão de convênios com Israel nas áreas de educação, ciência e cultura em virtude da persistente alteração por parte de Israel das características históricas de Jerusalém."

As ações da UNESCO para negar as ligações judaicas com Jerusalém e o resto da Israel histórica têm se mantido constantes desde então. Em 1989, por exemplo, a UNESCO condenou a "ocupação de Jerusalém por Israel" alegando que estava destruindo a cidade através de "atos de interferência, destruição e transformação."

Em 1996, a UNESCO promoveu um simpósio sobre Jerusalém na sua sede de Paris. Nenhum grupo judaico ou israelense foi convidado para participar.

No começo de 1996, o Waqf² Árabe do Monte do Templo começou a destruição sistemática de artefatos do Segundo Templo. A destruição foi conduzida durante escavações ilegais sob o Monte do Templo executadas para a construção de uma mesquita ilegal e não-autorizada nos Estábulos de Salomão.

A UNESCO sequer se importou em condenar esse ato. Ela se manteve silente, a despeito do fato de as atitudes do Waqf constituírem uma grave violação das mesmas leis internacionais de antiguidades e locais sagrados que a UNESCO deve proteger. Outrossim, a UNESCO jamais condenou a profanação palestina da Tumba de Rachel, ou da Tumba de José, nem de quaisquer das antigas sinagogas em Gaza e Jericó que foram demolidas.

A razão para que a UNESCO falhe no cumprimento de suas responsabilidades é clara. Muito longe de cumprir sua missão de proteger locais de patrimônio mundial, desde 1974 a UNESCO tem sido cúmplice de um dos maiores crimes culturais da história da Humanidade -- a tentativa palestina e pan-árabe de eliminar a história judaica na Terra de Israel dos registros históricos. E os crimes da UNESCO nessa área não têm fim. Em 2009, ela designou Jerusalém como "capital da cultura árabe".

Em 2010, ela classificou a Tumba de Rachel e o Túmulo dos Patriarcas em Hebron como "mesquitas islâmicas". A campanha da UNESCO contra a história judaica não se limita a Israel. Em 1995, ela aprovou uma resolução lembrando o 50º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. Apesar de pedidos de Israel, a resolução não fez qualquer menção ao Holocausto.

Em dezembro de 2010, a UNESCO publicou um relatório sobre a história da ciência no mundo árabe. Seu relatório listou o grande médico judeu e estudioso rabínico Rabino Moshe Ben Maimon -- Maimônides -- como um muçulmano chamado "Moussa ben Maimoun".

À luz das virulentas políticas e ações anti-judaicas da UNESCO, não é surpresa que ela tenha cooperado com o esforço da OLP/AP em conseguir reconhecimento de um país em estado de guerra com Israel.

MAIS SURPREENDENTE que o comportamento da UNESCO é o comportamento de todos, exceto cinco, países-membros da União Européia.

Com exceção de República Tcheca, Alemanha, Lituânia, Países Baixos e Suécia, todos os países-membros da UE ou votaram a favor do pedido de ingresso palestino, ou se abstiveram.

A razão para tamanha surpresa é porque a UE tornou o centro de sua política externa fortalecer as instituições da ONU e acelerar o processo de paz entre Israel e os palestinos para facilitar a independência palestina. E, ao apoiar ou falhando em se opor ao pedido palestino de ingresso, os europeus prejudicam seus objetivos.

A UNESCO foi enfraquecida pelo voto por dois motivos. Primeiro, como a lei dos EUA impede o governo de financiar agências da ONU que aceitam a "Palestina" como um país-membro fora dos parâmetros de uma paz negociada com Israel, a UNESCO cortou seu orçamento em 22%, montante da contribuição dos EUA, ao aceitar a "Palestina".

Segundo, ao aceitar os palestinos como um país-membro, a UNESCO solapou sua legitimidade e viabilidade organizacionais. Aceitar a "Palestina" representa uma violação do estatuto da organização. O estatuto determina que apenas Estados podem ser aceitos como membros.

Mais do que isso, representa o repúdio aos objetivos da UNESCO como constam em seu estatuto. Esses objetivos envolvem, dentre outras coisas, promover a cooperação em educação e avançar o estado de direito. Como mostrou um relatório recente do Instituto de Monitoramento da Paz e da Tolerância Cultural em Educação Escolar (IMPACT-SE³), os livros-texto adotados pela Autoridade Palestina ainda estão permeados de ódio aos judeus em todos os níveis escolares.

Ao permitir essa violação do estatuto da UNESCO, os europeus fazem troça das regras da ONU e, assim, não enfraquecem apenas a UNESCO, mas a ONU como um todo.

A justificativa européia para apoiar a causa da paz entre Israel e os palestinos mostrou-se vazia ante seu comportamento na UNESCO. O processo de paz entre Israel e a OLP/AP está baseado no compromisso deste de que um Estado palestino só pode surgir como conseqüência de um tratado de paz com Israel. Ao apoiar a quebra desse compromisso fundamental dos palestinos na UNESCO, os europeus enfraqueceram a possibilidade de se alcançar uma paz negociada que levará a um Estado palestino.

O que o comportamento dos europeus na UNESCO indica é que, assim como a UNESCO deseja subverter sua missão ao atingir Israel, os europeus desejam subverter os objetivos declarados de sua política externa se isso implica atingir Israel.

Essa situação tem conseqüências importantes para Israel. Em tempo, Israel colocou a construção de boas relações com os estados-membros da UE no topo de sua lista de prioridades. À luz da postura dos europeus na UNESCO, essa importância deveria ser revisada. Os europeus não merecem tão alta consideração de Israel.

Finalmente, o voto da UNESCO expôs verdades perturbadoras sobre a posição do presidente Barack Obama acerca de Israel. Obama tem sido muito louvado tanto por líderes judeus americanos quanto pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu por seu compromisso declarado de vetar o rascunho de resolução do Conselho de Segurança que recomenda que a OLP/AP deve obter ingresso como país-membro na ONU. A promessa de Obama -- arrancada através de intensa pressão do congresso -- é tomada exageradamente como prova de seu compromisso com a aliança entre os EUA e Israel.

Mas a resposta de Obama ao pedido da OLP/AP para ingresso junto à UNESCO conta uma outra história. Ao saber sobre o voto, a administração Obama desviou-se de seu caminho e não ameaçou a UNESCO. Ela não ameaçou a UNESCO com a retirada dos EUA da organização. Ao invés disso, alguns dias antes da votação, a Subsecretária de Educação dos EUA Martha Kanter dirigiu-se à entidade e louvou as "grandes coisas [que] aconteceram na UNESCO" nos últimos anos. Kanter então anunciou a intenção dos EUA em se reeleger para a diretoria executiva da UNESCO.

A administração não criticou a atitude como algo que enfraquece as chances de paz. Ela não percebeu que, endossando a decisão da OLP/AP de agir unilateralmente, a UNESCO estaria tornando muito mais difícil para Israel e os palestinos alcançarem um acordo de paz negociado. Ao contrário, a porta-voz do Departamento de Estado Victoria Nuland achou suficiente classificar a atitude de “lamentável” e “prematura”.

Oficiais da administração não esclareceram que, de acordo com as leis dos Estados Unidos, todo repasse de recursos norte-americanos à UNESCO cessaria se o pedido de ingresso palestino fosse aprovado. Ao invés disso, oficiais da administração uniram forças com oficiais da ONU para pressionar o Congresso a mudar a lei.

Conforme publicou Claudia Rosett na revista Forbes de terça-feira passada, David Killion, embaixador dos Estados Unidos na UNESCO, aproximou-se de uma apologia ao corte de repasses dos Estados Unidos quando disse: “Nós sinceramente lamentamos que os esforços corajosos e bem-intencionados de muitas delegações para evitar esse resultado tenham falhado.”

Killion acrescentou: “Nos comprometemos a manter nossos esforços para encontrar meios de apoiar e fortalecer o importante trabalho desta organização vital.”

Então, depois de a UNESCO meter o bedelho nos Estados Unidos, depois de enfraquecer sua própria missão, violar seu próprio estatuto e comprometer seriamente as chances de uma paz palestina com Israel ao aceitar a “Palestina” como país-membro, a administração Obama reagiu com apologias quase rastejantes.

PARA ENTENDER o significado total do comportamento da administração, é importante compará-la com a resposta da administração à decisão do governo israelense após o resultado do voto da UNESCO aprovando a construção de assentamentos judaicos em Jerusalém, Ma’aleh Adumin e Efrat. Todas as unidades residenciais serão construídas em áreas que continuarão sendo parte de Israel mesmo depois de um acordo de paz. E a administração sabe disso.

Entretanto, falando sobre a decisão do governo, um oficial dos Estados Unidos disse à Reuters que a administração está “profundamente decepcionada com o anúncio”.

“Nós continuamos a esclarecer ao governo [israelense] que medidas unilaterais como essas atuam contra os esforços de retomar negociações diretas e não avançam o objetivo de um acordo razoável e necessário entre as partes.”

Assim, de um lado, a atitude palestina em abandonar o processo de paz, e o apoio da UNESCO a esse gesto, é meramente “lamentável” e “prematura”. Mas, do outro lado, a decisão israelense de não discriminar os direitos de propriedade judaicos enfraquece esforços para retomar as negociações de paz e prejudica prospectos para um acordo.

Desde que assumiu o cargo, Netanyahu tem repetidamente classificado os esforços árabes e esquerdistas de deslegitimar Israel como “uma ameaça estratégica” para o país. Na verdade, ele exagera quanto ao perigo. Deslegitimação é uma ameaça política, não estratégica. Israel não será destruída pela ONU ou por professores de Oxford e Columbia ou por sindicatos na Noruega.

Ainda assim, é uma ameaça que Israel não pode ignorar.

Desde setembro de 2009, mencionando a necessidade de demonstrar a desonestidade das acusações dos deslegitimadores contra Israel, Netanyahu abandonou sua oposição vitalícia a um Estado palestino. Ele acreditava que Israel teria que aceitar a OLP/AP como um parceiro legítimo para a paz, de modo a provar a tipos como Obama e seus apoiadores que Israel tem o direito de existir. Nesse ínterim, e diante dessa vacilante concessão de Netanyahu, a OLP/AP abandonou as negociações de paz e promoveu sua guerra política para criminalizar e deslegitimar Israel.

A aceitação da “Palestina” pela UNESCO demonstra que a política escolhida por Netanyahu é equivocada.

Ao aceitar a legitimidade da demanda palestina por um Estado, Netanyahu indiretamente abriu mão aos direitos de Israel sobre Judéia e Samaria, e, no mínimo, colocou em xeque seu direito exclusivo de soberania em Jerusalém. Fazendo isso, Israel deu aos apoiadores dos palestinos na ONU, na Europa e na Casa Branca nenhuma razão para reconsiderar seu viés anti-Israel.

Afinal, com os palestinos incansavelmente reivindicando direitos, e Israel concedendo-os, por que alguém ficaria do lado de Israel?

No fim das contas, o único caminho para derrotar aqueles que deslegitimam Israel e negam nossos direitos à nossa terra, nossa nação e nossa história é expor sua corrupção e suas intenções malévolas, desonestas e odiosas com relação ao povo e ao Estado judeus. Ou seja, o único caminho para derrotar os deslegitimadores é deslegitimá-los ao defender, orgulhosa e firmemente, os direitos históricos e legais de Israel e a justeza de nossa causa.

Comentário de Felipe Melo:

Desde sua fundação, o Estado de Israel tem sido posto sob incessante estado de guerra com seus vizinhos árabes e islâmicos. A maior parte desses países sequer reconhece oficialmente a existência do Estado de Israel. Os israelenses saíram vitoriosos de todos os conflitos armados nos quais se viram envolvidos. Além de ser uma incontestável potência militar na região, o nível de bem-estar sócio-econômico da população israelense é consideravelmente superior ao de seus vizinhos: segundo o último levantamento, publicado no último dia 2 de novembro, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Israel é 0,888, enquanto a média registrada nos países-membros da Liga Árabe é de 0,644 -- o que torna o Estado judeu o único país do Oriente Médio entre os 20 primeiros colocados no ranking do IDH. Outro fator que deve ser mencionado é a solidez da democracia israelense, um dos poucos regimes que não sofreu nenhum golpe militar, não viu a ascensão de nenhum governo autocrático secular ou religioso, nem foi abalado por guerras civis.

A única arma que tem prejudicado de maneira efetiva os direitos e interesses israelenses é a propaganda. A ininterrupta campanha contra o Estado judeu, a exemplo da subversiva guerra de informação conduzida pelas forças comunistas, tem semeado o anti-semitismo em larga escala, ora explicitamente, ora sub-repticiamente. A bizarra concepção de “Holocausto palestino” -- uma abominação que é meticulosamente propagandeada por pseudo-intelectuais como Norman Finkelstein e Noam Chomsky -- não é apenas uma deturpação grosseira da real situação na região, mas é uma forma rasteira de deslegitimar o sofrimento e o terror da Shoah (como é chamado o Holocausto pelos judeus). No Brasil, o sentimento anti-Israel anda de braços dados com nosso inveterado antiamericanismo, algo que podemos encontrar facilmente tanto fora como dentro do Estado brasileiro. Um exemplo bastante ilustrativo é a Lei nº 12.292, de 20 de julho de 2010, em que o governo brasileiro efetivou a doação de R$ 25 milhões para a Autoridade Palestina sob o pretexto de auxiliar a reconstrução da Faixa de Gaza.



Notas do tradutor:

[1] OLP: Organização para a Libertação da Palestina, grupo terrorista fundado por Yasser Arafat em 1964. AP: Autoridade Palestina.

[2] A tradução literal do termo é “domínio”, ou “retenção”. No contexto da Lei Sharia, significa reter determinada propriedade e reverter seus dividendos para fins caritativos. Grosso modo, é a versão islâmica das fundações filantrópicas religiosas do Ocidente.

[3] Acrônimo de Institute for Monitoring Peace and Cultural Tolerance in School Education.


Caroline Glick
é editora-chefe substituta do jornal The Jerusalem Post e conselheira sênior de Assuntos do Oriente Médio do Center for Security Policy.


Fonte:
http://www.jpost.com/Opinion/Columnists/Article.aspx?id=244327


Tradução: Felipe Melo, editor do blog da Juventude Conservadora da UNB.

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