Mídia Sem Máscara
| 29 Novembro 2011
Internacional - Europa
Um neoliberal é um idiota muito útil ao processo revolucionário.
A União Europeia está desorientada. Dantes era constituída por duas grandes famílias políticas: os socialistas e os democratas-cristãos que seguiam a doutrina social da Igreja. Hoje não há democratas-cristãos, ou quase não há, porque já não seguem a doutrina social da Igreja, seguem o neoliberalismo, tendo o dinheiro como principal valor”. Mário Soares, em : “Se a Europa não muda, terá de haver uma revolução”
Não me lembro da última vez em que concordei com Mário Soares mas desta vez estou de acordo, mas talvez não exactamente pelas mesmas razões. Quando Mário Soares diz que “hoje é tudo neoliberal” (socialistas da Terceira Via incluídos) ele tem alguma razão; mas na medida em que o Neoliberalismo é parte do próprio processo revolucionário que dará vantagem certa à Esquerda totalitária, já não encaramos a revolução como um “se” — como faz Mário Soares —, mas como uma certeza; mas trata-se agora de uma revolução em moldes diferentes e inesperados.
Mário Soares tem razão em relação a Passos Coelho: trata-se de um “idiota útil” (na linguagem de Lênin). Um neoliberal é um idiota muito útil ao processo revolucionário. Para a Esquerda totalitária [que inclui o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda], é muito mais vantajoso ter um neoliberal como Passos Coelho como primeiro-ministro, do que ter um democrata-cristão como, por exemplo, Bagão Félix como primeiro-ministro. Passos Coelho faz o jogo da Esquerda; é o maior aliado que movimento revolucionário pode ter.
Por isso é que tanto os neoliberais como os esquerdistas dizem que as pessoas que pensam como eu — ou seja, dentro dos parâmetros clássicos da democracia-cristã — são do “pior reaccionarismo que pode existir” (sic). A verdadeira ameaça ao totalitarismo revolucionário não vem do neoliberalismo — como se pode ver, aliás, com o regime chinês que aglutina e harmoniza no seu seio o totalitarismo e o neoliberalismo —, mas essa ameaça vem da democracia-cristã.
Em Portugal existem muito poucos políticos da “direita” que se guiem pelo ideário da democracia-cristã [Paulo Portas, por exemplo, é um neoliberal encapotado], e uma da razões dessa escassez prende-se com a própria Igreja Católica portuguesa que se desviou da mundividência católica tradicional. Quando o cardeal patriarca de Lisboa defendeu o “casamento” gay, ou quando vemos padres a defender o aborto — ou quando vemos políticos que se dizem “católicos”, com são os casos de Marcelo rebelo de Sousa e/ou de Maria de Belém Roseira [entre outros], a condescender com a eutanásia e com o aborto —, ou o bispo de Setúbal a dizer que os comunistas são os “verdadeiros cristãos”, damo-nos conta da enorme dificuldade que é ser, hoje, democrata-cristão. A Igreja Católica portuguesa precisa urgentemente de uma limpeza profunda.
Quando, por exemplo, Mário Soares e o Partido Socialista retiraram os representantes do clero católico do protocolo de Estado, deram uma grande contribuição para o avanço do neoliberalismo que o próprio Mário Soares critica agora; a radical secularização do Estado foi uma grande benesse que os idiotas úteis, neoliberais e socialistas seculares radicais, deram à Esquerda radical e totalitária. Neste sentido, Mário Soares critica depois de ter colaborado activamente para o problema da cultura política em que vivemos hoje.
Antes da política e da economia está a ética. Enquanto as elites não entenderem isso, o problema da nossa sociedade não tem solução possível senão o caminho para um novo totalitarismo.
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