quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Timochenko na Venezuela: Chávez continua apoiando as FARC

Mídia Sem Máscara

Cano morreu, mas o Plano Estratégico das FARC, não.


Antes e depois da morte de Cano, os meios de comunicação especularam acerca da presença e relações das FARC com o governo pró-terrorista de Hugo Chávez na Venezuela. Surgiram muitas hipóteses e elucubrações, mas nenhuma concreta, atinente à importância capital do chavismo no Plano Estratégico das FARC, não obstante isto tenha ficado claro nos computadores de Raúl Reyes, bem manejados pelo governo Uribe no aspecto midiático, porém, muito mal utilizados para estabelecer responsabilidades penais.

1. O Plano Estratégico das FARC é um roteiro de guerra para a tomada do poder.

Em que pese que em milhares de documentos apreendidos dos terroristas, somados aos testemunhos de desertores das FARC, às declarações de seus cabeças nos meios de comunicação, às abertas simpatias mútuas com ONG’s “humanitárias”, aos livros e documentários elaborados por seus áulicos, ou os textos publicados em seus órgãos de difusão oficial como o Semanario Voz, do Partido Comunista Colombiano e a página ANNCOL, há ainda muitos iludidos, como o ex-presidente Pastrana, que acreditam que as FARC têm intenções de negociar a paz e sua desmobilização.

Pelo contrário, são claras e contundentes as linhas mestras de seu comportamento criminoso obsessivo, consignadas no que os terroristas denominam de “documentos programáticos” articulados no Plano Estratégico das FARC. Nunca haverá paz enquanto o governo não esteja nas mãos do Partido Comunista e as FARC sejam o novo exército popular revolucionário. Não importa o tempo. Assim, o narco-tráfico e o terrorismo serão apenas meios para alcançar o fim. Não importa quantos Canos, Jojoys, Reyes ou Acacios morram.

Porém, como não podem fazer isso unicamente com o financiamento do narcotráfico, as FARC necessitam de sócios internacionais estratégicos que as legitimem e lhes ofereçam apoio logístico, tecnológico, político, diplomático, como, por exemplo, os governos pró-terroristas do Equador, Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Argentina, Brasil e a ditadura cubana.

Ou, personagens sinuosos como Sarkozy na França. Todos eles sabedores, do mesmo modo que os “mediadores de boa-vontade para libertar seqüestrados”, que as FARC não querem a paz para se desmobilizar, senão a paz ao final da guerra apoiada por todos os seus cúmplices.

A personalidade violenta e com um profundo complexo de inferioridade de Tirofijo está impressa em todas as atuações das FARC. Morto o ancião terrorista das FARC, Cano não mudou um milímetro a linha de ação intimidatória e sinistra de manipular os seqüestrados como mercadoria de negócio em troca da busca de legitimação, não para fazer a paz senão para continuar a guerra apoiados pelos governos pró-terroristas, todos “amigos da paz na Colômbia”, como está escrito em todas as reuniões do Foro de São Paulo e os planos a longo prazo do socialismo do século XXI.

2. Visão estratégica da guerra nas fronteiras com Equador e Venezuela

Dada a militância ideológica pró-terrorista dos atuais governantes do Equador e da Venezuela, as FARC encontraram dois aliados valiosos para o mal chamado “projeto bolivariano”, equivalentes a duas galinhas dos ovos de ouro para cuidar como tesouros de inestimável valor.

Isto indica que a tormenta de fingida dignidade de vitrine de Correa após a morte de Reyes, e as fanfarronices do boquirroto mandatário venezuelano, não mudaram de intencionalidade deste par de personagens a respeito do sonho comunista de submeter o continente à palmatória da ditadura cubana.

Talvez tenham mudado os métodos de apoio e comunicação entre as FARC e seus amigos em Caracas ou Quito por razões de segurança, e para evitar que se desencadeie outra tormenta midiática, agora talvez com conseqüências jurídicas internacionais contra os linguarudos presidentes Correa e Chávez.

A prova disso são as desafiadoras declarações do chanceler Patiño, do Equador, contra o ex-presidente Uribe. É óbvio que os comunistas equatorianos, encabeçados por Correa e seu irrelevante chanceler indígena Patiño, não soubessem, em que pese à proteção cúmplice, que Raúl Reyes, seu amigo da alma, seria abatido no Equador. Tampouco podem esconder a dor que lhes causa a morte de Cano. Desrespeitoso e grosseiro como sempre, desta vez em Bogotá, Correa disse ante o silêncio inexplicável de Santos que para ele as FARC não são terroristas. Claro, porque são seus sócios da alma.

Por sua parte, Iván Márquez continua na Venezuela com a cumplicidade de Chávez, decidido a conseguir reconhecimento internacional. Rodrigo Granda e outros terroristas das FARC têm gabinetes no Fuerte Tiuna em Caracas. Tropas venezuelanas permitem o trânsito e a existência das FARC em diferentes lugares do território de seu país ao longo de 2.200 quilômetros de fronteira, inclusive se saúdam ao passar nos rios com um santo-e-senha preexistente.

Chávez anda calado pelo câncer do qual padece e pela revisão à sua agressividade verbal contra a Colômbia, que certamente fez com as FARC antes da saída de Uribe do Palácio de Nariño. Não se calou, pelo hipócrita acordo mútuo com Santos.

Na Venezuela há milhares de terroristas cubanos ideologizando as Forças Armadas, a população civil e treinando com as FARC e o ELN as milícias bolivarianas ou círculos de defesa da revolução.

Por exemplo, atualmente está na Venezuela Nicolás, o terrorista que sempre leva o jornalista Botero às reuniões pré-combinadas com os cabeças das FARC nos acampamentos do grupo terrorista, para que, produto da empatia ideológica, apresente informes “jornalísticos” nos quais os mesmos terroristas que mutilam camponeses, envenenam aquedutos, dinamitam igrejas cheias de fiéis, torturam seqüestrados, traficam coca, etc., apareçam na lente do questionado jornalista como “lutadores revolucionários”, aos quais uma singular mensageira que se diz “pacifista” representa em muitos lugares do mundo com gastos financiados por Chávez e... talvez pelas FARC.

Porém, o que faz Nicolás na Venezuela? Um curso de alta tecnologia em comunicações e emprego de computadores em segurança de mensagens cifradas. A seu lado há um “delegado” de cada bloco. Entretanto, Iván Márquez, Timochenko e outros terroristas, têm pistas de treinamento para cursos de “pisa suave”, ou seja, comandos terroristas de Forças Especiais, organizadores de massas, economia e filosofia marxista, sindicalismo e socialismo do século XXI.

Os instrutores são, entre outros, Pacho e Beatriz, os filhos de Jacobo Arenas, Martín Villa, cuja suposta morte é uma mentira, John 40 e Efrén, que se transferiu à fronteira com 30 unidades “pisa suave” para incrementar a guerra em concordância com o Plano Renascer.

A transferência de Efrén para Arauca, o qual foi a mão direita do Mono Jojoy e depois de Mauricio no Bloco Oriental, e a criação do Comando Conjunto do Oriente com sete blocos desde Arauca para o interior da Colômbia e com batida em retirada para Vichada e Guainía, com facilidades e cumplicidade para ultrapassar a fronteira onde se refugiam, treinam e se abastecem, indica o comprometimento total do governo da Venezuela para apoiar o Plano Estratégico das FARC, enquanto o presidente Santos assegura que “Chávez é o seu mais novo melhor amigo” e a chanceler Holguín anda de passeio pelo Oriente Médio, pelo que se diz, procurando a paz entre israelenses e palestinos.

O assalto de surpresa contra uma unidade militar indisciplinada em Arauca há três semanas, foi realizado pelos “pisa suave” de Efrén e é parte integral da missão de levar a guerra à fronteira, para buscar incidentes internacionais, justificar qualquer intervenção das Forças Armadas Venezuelanas, dar a oportunidade a Chávez para repetir que a Venezuela faz limite com as FARC e não com a Colômbia, e inclusive a longo prazo pensar como alternativa em uma zona liberada reconhecida pelo governo venezuelano que tem muitos interesses geo-políticos e geo-estratégicos sobre esse setor.

Tudo isso e muito mais acontece na fronteira colombo-venezuelana, enquanto Santos faz politicagem barata nos conselhos comunitários com os conteúdos dos computadores de Jojoy, os doutores estrategistas de gabinete do Ministério da Defesa são inacessíveis, a chanceler viaja pelo mundo paga com o dinheiro dos contribuintes e em seu infinito egocentrismo, Santos se atreve até a repreender os europeus pela falta de ordem na casa.

3. Por que Timochenko está na Venezuela?

O ajuste do Plano Estratégico das FARC, chamado de Plano Renascer desenhado por Cano, impõe às estruturas farianas incrementar a guerra ao longo da fronteira com a Venezuela, com a finalidade de manter ativo o apoio e ligação com o “irmão bolivariano”, devido a que este projeto vinha em desenvolvimento desde quando Tirofijo vivia e é orientado para procurar não só o reconhecimento internacional das FARC como “força beligerante”, senão o apoio concreto de armas e dinheiro, homens e organizações políticas, na etapa da ofensiva final contra a Colômbia.

Para esse fim, Iván Márquez assumiu o prolongamento sobre o território venezuelano do Bloco Caribe desde La Guajira até os limites de Perijá e o Catatumbo. Timochenko assumiu o prolongamento à Venezuela do Bloco do Magdalena Medio, desde o Catatumbo até limites com Arauca. Efrén assumiu o prolongamento do Comando Conjunto de Oriente à Venezuela no setor de Arauca e parte de Vichada, enquanto que Mauricio tem a tarefa de prolongar as estruturas terroristas do Bloco Oriental à Venezuela pelo Vichada e Guainía.

Isto explica o estratagema de Cano de deixar muitas frentes em contato permanente no Tolima e Huila enquanto se escondia no Cauca. As estruturas armadas em Nariño, Cauca e Valle simulavam lá o epicentro estratégico das operações farianas e as frentes do sul do Meta e Caquetá mantinham ações armadas persistentes para ocupar a atenção da Força Pública, enquanto na fronteira colombo-venezuelana se tece o entramado do novo núcleo da guerra das FARC e de seus cúmplices contra a Colômbia.

Por estas razões tão simples quanto alarmantes Timochenko está na Venezuela, pois lá não somente vai funcionar a nova “chancelaria fariana” encabeçada por Iván Márquez e Granda, senão porque desde lá se dirigirá o novo núcleo central da agressão político-armada contra a Colômbia financiada com petróleo, minerais, narco-tráfico, contrabandos colombianos e apoio financeiro, político e logístico do governo chavista.

Os fatos corroboram que, por instruções da ditadura cubana e sugestão, ou talvez exigência das FARC, Chávez moderou sua grotesca irreverência e desrespeito contra a Colômbia, mas não deixou de apoiar as FARC. Entretanto, Dilma, Correa, Evo, Ortega e os demais cúmplices das FARC apóiam de maneira sistemática as células internacionais dos comunistas do hemisfério em todos os cenários nos quais “Colombianos pela Paz” promove “a paz na Colômbia”, ou melhor, a legitimação das FARC para sua ofensiva final.

É óbvio que desde o outro lado da fronteira Timochenko persistirá na intenção pacifista das FARC, com a troca de seqüestrados por terroristas presos e a “necessária iniciação de diálogos” para buscar a paz, com o eco imediato de todos os seus cúmplices escudados em ONG’s e governos “amigos”, mas obviamente sem deixar de desenvolver o Plano Estratégico das FARC que, como já se demonstrou, é um projeto de guerra, não de paz.

Assim foi desde 1982, quando como reflexo de sua inaptidão estratégica o presidente Belisario Betancur lhes despejou a guarida de Casa Verde, até esta data, passando pela vergonhosa entrega da soberania nacional em 42.000 quilômetros quadrados para as FARC, pelo também medíocre presidente conservador Andrés Pastrana.

Há um fato real: as FARC se reinventam amiúde dentro de seu projeto porém não mudam os objetivos do Plano Estratégico. Os comunistas legais e clandestinos estão atados a esse projeto e trabalham nele as 24 horas do dia. O governo colombiano se desfaz dos que o conhecem e o entendem. A soberba de Santos e seu séquito civil no Ministério da Defesa não os deixa ver adiante do nariz, pois acreditam com toda a certeza que as FARC já estão rendidas.

Do mesmo modo que, quando as Forcas Militares tinham Jojoy encurralado, Santos e seu sucessor Silva diziam que a vitória estava na virada da esquina. Cano morreu, mas o Plano Estratégico das FARC, não. Santos governa mas isso não quer dizer que Chávez tornou-se boa pessoa, nem que as FARC vão se desmobilizar, nem deixar de traficar coca, nem vão sair da Venezuela, nem muito menos renunciar a seu Plano Estratégico.

Além disso, como conseqüência da arrogância arrivista de Santos, não se observa o componente sócio-econômico que deve seguir às operações militares para ganhar a população civil, não para tramá-la durante um dia.

Assim, as FARC encontram caldo de cultura para recrutar novos adeptos e tornar eterna essa guerra, que após 50 anos de sangria não só é crônica senão vergonhosa. E tudo por não entender nem o Plano Estratégico, nem as intenções dos comunistas do hemisfério, entre eles o “novo melhor amigo”, o loquaz mandatário equatoriano, a dissimulada presidente brasileira e o indiozinho cocalero boliviano.

Que por miopia estratégica ou produto da auto-suficiência santista não permitamos que a fronteira colombo-venezuelana seja o novo epicentro da guerra, com eventual possibilidade de território liberado e reconhecimento de status de beligerância às FARC nesse setor, com a circunstância agravante de que a constituição chavista de 1999 inclui quase toda esta parte como território venezuelano.

Que não se cumpra, em nosso caso, a célebre frase do general Mc Arthur: “A história do fracasso das guerras pode-se resumir em duas palavras: demasiado tarde”.

Tradução: Graça Salgueiro

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