segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Esclusa e os presos políticos na Venezuela

Mídia Sem Máscara

Ontem realizou-se um fórum em Tegucigalpa, Honduras, sobre os presos políticos na Venezuela e a penetração do castro-comunismo no continente, organizado pela Fundação "Venezuela Vigilante". Teve como conferencistas Maria Conchita Alonso e Patricia Andrade, presidente da fundação.

Ao final, leu-se uma carta enviada por Alejandro Peña Esclusa, em representação dos prisioneiros políticos venezuelanos.

Em seguida, o texto completo da carta:

Queridos hondurenhos:

Por motivo de celebrar-se um importante fórum em Tegucigalpa, me foi pedido que escrevesse uma carta em nome dos prisioneiros políticos venezuelanos. Porém, além de cumprir com este mandato, aproveitarei a oportunidade para refletir sobre o papel de Honduras no futuro próximo da América Latina.

Em meu livro "O Foro de São Paulo: uma ameaça continental" (Editora Grijalbo), o qual está dedicado ao povo hondurenho, explico que os governos da ALBA são "ditaduras de terceira geração" porque, em lugar de fuzilar seus inimigos, como o fazia o regime cubano, infundem o terror coletivo através de perseguição seletiva.

Não fecham todos os meios de comunicação, como fez Fidel Castro há décadas, senão os suficientes para que os demais se auto-censurem. Não encarceram todos os dissidentes, como fazem em Cuba, mas a alguns jornalistas, empresários, militares, policiais, juízes e políticos, o necessário para infundir medo ao resto dos cidadãos. Em poucas palavras, encerram alguns corpos em jaulas de ferro com o objetivo de encarcerar todas as mentes com barrotes de medo.

Nesse sentido, os prisioneiros políticos são bodes expiatórios para escarmentar a sociedade, porém, ao mesmo tempo constituem a consciência da nação e a vanguarda da resistência, porque eles são os cidadãos que mais ferreamente se opuseram ao regime. Não negociam, não são compráveis, não se rendem, não se queixam e mantêm sempre a fronte no alto.

Na Venezuela existem não menos que 27 prisioneiros políticos, entre os quais orgulhosamente me encontro. Seu único delito foi opor-se ao modelo totalitário do senhor Chávez e rechaçar a subordinação da Venezuela ao regime castro-comunista cubano.

Nenhum deles tem acesso ao devido processo, a um julgamento justo ou ao direito à defesa, muito menos agora que a juíza María Afiuni foi feita prisioneira só por contrariar a vontade do senhor Chávez. Por isso, sua única esperança de liberdade depende da pressão que exerçam: a sociedade e a comunidade internacional.

Paradoxalmente, enquanto a sociedade não fixe como primeira prioridade a libertação de seus prisioneiros políticos, o país inteiro estará prisioneiro do medo. Pelo contrario, se a pressão popular consegue libertá-los, todos os cidadãos perderão o temor e, desta maneira, começará sua própria libertação.

Não digo por mim (que estou há apenas um mês detido), pois isto mesmo eu repeti muitas vezes antes de cair preso, senão por meus companheiros que já estão há muitos anos encarcerados injustamente.

Em que pese serem hondurenhos, peço-lhes para realizar um esforço especial para conhecer cada um de seus casos e para lutar por sua liberdade, quer seja escrevendo artigos, levando a cabo ações de rua ou através de iniciativas jurídicas. Peço-lhes não só por uma questão de solidariedade, mas porque ao lutar por nossos prisioneiros, debilitam o "carcereiro mais velho", o mesmo que ameaçou invadir Honduras e que ainda insiste em lhes fazer dano.

Quanto ao segundo tema, queria advertir-lhes que, embora Honduras tenha superado a crise do ano passado, ainda encontra-se em grave perigo.

A gesta heróica que os hondurenhos livraram, pôs a descoberto uma poderosa rede internacional, incrustada no mais alto de certos organismos multilaterais. E vocês conseguiram não só desmascará-la mas, além disso, derrotá-la. Para essa máfia, o exemplo que os hondurenhos deram deve ser oprimido a fim de que não se reproduza em outros países da região.

Assim como Chávez e seus aliados do Foro de São Paulo me têm preso pelo que fiz contra eles, assim também esses mesmos personagens querem se vingar de vocês.

A única maneira de neutralizar esta ameaça é continuando com sua luta, porém não só no território hondurenho, mas em todo o continente americano.

Os povos da América estão ansiosos para conhecer os detalhes do ocorrido em Honduras. Vocês têm muito que lhes ensinar, desde a fonte de seu comportamento irredutível, até as estratégias usadas para dobrar a vontade de seus adversários.

A experiência hondurenha pode ser muito valiosa para mudar o curso dos acontecimentos na América Latina, sobretudo nestes momentos, quando o Foro de São Paulo se debilita e sofre derrotas consideráveis em toda a região. É indispensável que essa experiência se difunda, através de livros, vídeos, conferências em diversos países, etc.

Deus serve-se dos mais débeis e pequenos - como David - para derrotar os gigantes - como Golias - que se sentem poderosos e invencíveis.

Assim como há 200 anos a Providência valeu-se de um província então pobre, chamada Venezuela, para obter a independência de cinco nações, hoje se vale da pequena grande Honduras, para libertar a América da dominação castro-comunista.

Aproveito para dizer-lhes que me sinto orgulhoso de ter compartilhado com vocês daqueles dias gloriosos em que o mundo contemplou - com assombro - a grandeza dos hondurenhos, e também para reiterar-lhes que ter sido condecorado com a Ordem José Cecilio del Valle foi a maior honra que recebi em toda minha vida.

Desde meu "irmão cárcere", lhes digo: Sigam adiante! A gesta heróica dos hondurenhos ainda não terminou!

Alejandro Peña Esclusa

Prisioneiro político

Presidente de UnoAmérica- www.unoamerica.org

Tradução: Graça Salgueiro

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