quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Santos, Chávez e o carro-bomba

Mídia Sem Máscara

Muita gente tem me perguntado, preocupada, se o presidente Juan Manuel Santos jogou no lixo as promessas que fez a Uribe de continuar com o Plano de Segurança Democrática e se bandeou-se para o lado esquerdo. Embora preocupada com algumas coisas que tenho observado, penso que ainda é cedo para afirmar isto; temos que dar-lhe um voto de confiança e acreditar em seu discurso até que fatos concretos confirmem ou desmintam que estamos equivocados.

Entretanto, não posso deixar de sentir desconforto com algumas atitudes que estão inquietando também alguns amigos colombianos, civis e militares. Quero hoje apontá-las e analisá-las e utilizo como recurso alguns vídeos, novos uns, antigos outros.

Quem conhece minhas análises nesse blog sabe que nunca nutri fortes simpatias por Santos, desde o momento da escolha do candidato a vice, conhecido "ex" comunista, que inclusive recebeu duras criticas e desconfianças até de seus aliados. Já eleito mas ainda antes de tomar posse, Santos estreitou a mão entre sorrisos e abraços a um dos piores elementos da política colombiana, o "ex" terrorista do bando M-19, Gustavo Petro, que promoveu o ataque no Palácio da Justiça e foi graciosamente anistiado, enquanto que os verdadeiros heróis daqueles nefastos acontecimentos estão encarcerados, julgados como criminosos hediondos e sentenciados a 30 anos de prisão (sem direito a prisão domiciliar), como é o caso do Coronel Alfonso Plazas Vega.

Quando saiu a condenação do coronel Plazas eu ainda estava na Colômbia e vi um pronunciamento de Santos, ainda candidato, em defesa do coronel Plazas. Em pouco mais de 15 dias se congratulava e convidava a participar do seu governo, o monstro que provocou a prisão do coronel Plazas Vega. Isto ou é oportunismo barato, ou hipocrisia em estado puro!

No discurso de posse, que pode ser lido na íntegra em espanhol aqui, Santos disse que o caminho do diálogo com as guerrilhas estavam abertos "desde que" elas abandonassem as armas, libertassem todos os seqüestrados e parassem com os atentados terroristas. Curiosamente, este discurso caiu bem sobretudo para os governantes de esquerda mas sabemos todos que as FARC JAMAIS farão isto, porque querem apenas ganhar tempo e jogar uma isca par ver se conseguem um segundo Pastrana.

Rafael Correa participou - muito feliz - da cerimônia de posse e não tinha motivos para não ir ou ir de má-vontade, pois um dos primeiros atos de Santos depois de eleito e empossado foi devolver a Correa os discos rígidos originais dos computadores de Raúl Reyes, e ainda prometeu fornecer os detalhes da operação onde foi abatido o terrorista nº 2 das FARC. Em entrevista à rádio "La W", Correa revela todo seu rancor e diz claramente que pretende com esses gestos reatar as relações diplomáticas com a Colômbia mas que "não perdoa" o ataque a seu país. É claro que essa mágoa "imperdoável" foi por ter dizimado seu amigo a quem ele deveu sua vitória eleitoral e não pela "invasão" em si. Ouçam aqui a entrevista integral em espanhol:

E no primeiro dia depois da posse, Santos já havia acertado com os chanceleres da Colômbia e Venezuela, um encontro com Chávez em Santa Marta, local histórico onde está guardada a espada de Simón Bolívar e que as FARC dizem tê-la "resgatado". Entretanto, antes de comentar este episódio quero convidá-los a assistir o vídeo abaixo que só foi divulgado em 15 de julho, mas que foi feito antes disso uma vez que Chávez diz que será "uma desgraça para o continente" se Santos vencer a eleição, cujo segundo turno ocorreu em 20 de junho.

OS INSULTOS DE CHÁVEZ A JUAN MANUEL SANTOS

É evidente que Santos deve conhecer esse vídeo mas fez-se de desentendido e ainda assim quis dar uma de "magnânimo", fato que causou muita revolta nos colombianos de bem.

Para o encontro de 1 (um) dia, Chávez levou uma comitiva (oficial) de 80 pessoas, duas limusines iguais e chegou ao local do encontro - que distava do aeroporto menos de 10 minutos de carro - com bastante atraso. Ao chegar, disse que teve de descer do carro para cumprimentar as pessoas que se manifestavam com saudações e cartazes, felizes com a sua presença. Entretanto, essa claque foi tão comprada quanto são as do abutre Fidel e do atual presidente brasileiro, só que esses "colombianos" encantados com a presença do ditador venezuelano eram, na verdade, venezuelanos trazidos especialmente para o evento. Vejam aqui o desmascaramento!

No encontro, entre afagos e sorrisos mútuos, ficou acertado o seguinte:

1. Chávez não se intromete mais na questão dos militares americanos baseados na Colômbia e reata as relações diplomáticas com seu vizinho.

2. Por sua parte, Santos se comprometeu a não enviar NINGUÉM para investigar se de fato as FARC têm acampamentos na Venezuela, nem faz acusações de que os comandantes das FARC e do ELN recebem abrigo na Venezuela. Isto causou muita revolta (em mim também) porque com este "borrón y cuenta nueva", como dizem os latinos e que significa "perdoar e seguir em frente", Santos desacreditou o governo de Uribe indiretamente chamando-o de mentiroso, pois tudo o que Chávez queria era que seus terroristas de estimação não fossem molestados. Ficou muito mal parado, também, o embaixador Hoyos que foi à Assembléia da OEA com montanhas de provas insofismáveis da presença desses acampamentos e agora Santos apagava todas as evidências de um trabalho primoroso da Inteligência colombiana. Para quem diz respeitar e apoiar as Forças de Segurança da Colômbia, esta atitude infeliz desmente seu apego à verdade e ao fim do terrorismo.

Chávez saiu tão feliz quanto Correa, porque estas benesses oferecidas por Santos obedecem aos ditames do Foro de São Paulo. Uma coisa que não vejo ninguém comentar aqui no Brasil e que me parece absolutamente escandalosa, é que de três em três meses Chávez e Lula se encontram para "discutir os problemas da região e assinar mais acordos de cooperação", uma vez na Venezuela e outra vez no Brasil. Ocorre que um dia antes da posse de Santos Lula esteve em Caracas para esse encontro trimestral e, certamente, devem ter discutido as exigências que deveriam ser feitas à Colômbia, uma vez que ambos sabiam que havia um forte interesse de Santos em reatar as relações, sobretudo por questões comerciais. A Venezuela já deve à Colômbia cerca de 800 bilhões de dólares, soma que sem dúvida afeta a economia do país.

Muitas promessas foram feitas, um depositando confiança no outro mas, é bom Santos ter muito claro que comunista não tem palavra e que, além disso, várias empresas brasileiras - muitas das quais torceram para Chávez ser incorporado ao MERCOSUL - estão se retirando da Venezuela por causa do calote do governo comunista venezuelano.

Concomitantemente a esses encontros regados a uma dose excessiva de confiança em marginais da pior espécie, as FARC, que pediam um "diálogo" com o novo presidente, NUNCA deixaram de fazer seus atentados terroristas, semeando a dor e a morte por todo o país. Na última sexta-feira (13) aconteceu um atentado em frente à sede de "Caracol Radio", no coração de Bogotá, onde um carro-bomba foi explodido sem deixar vítimas fatais. O governo não quer afirmar, porque ainda segue a investigação, mas todas as pessoas estudiosas das FARC sabem que este ataque foi perpetrado por elas. Quando soube da notícia e dos detalhes, imediatamente lembrei do atentado ao Clube El Nogal, em feverreiro de 2003, quando terroristas das FARC fizeram explodir um carro no estacionamento do clube deixando quase uma centena de vítimas e mais de 40 mortos. Naquela ocasião, as FARC negaram a responsabilidade mas depois ficou comprovado, através de correspondência trocada entre Raúl Reyes e outro comandante mostrando-se "feliz com o sucesso" do evento.

Mesmo sem provas, e provavelmente estas vão continuar sendo mascaradas, não tenho dúvida nenhuma de que este ataque partiu desses monstros que falam de paz mas só têm ódio, inveja, ressentimento e maldade em seu corações. Do mesmo modo que eu pensa Eduardo Mackenzie, excelente jornalista colombo-francês, meu amigo pessoal, neste artigo que está na capa de hoje do site do Heitor De Paola.

Entretanto, há duas denúncias contra Chávez e a Venezuela, feitas pelo advogado Jaime Granados, ante a Corte Interamericana de Direitos Humanos da ONU e ante o Tribunal Penal Internacional de Haya. Como se diz por aqui, "a batata de Chávez está assando...".

Mas depois de ficar tantos dias sem atualizar o blog, eu não poderia privá-los de ver que belo cheque-mate que um jornalista colombiano deu em Chávez, em seu encontro com Santos. Questionado sobre declarações antigas em que ele faz apologia às FARC e pede 1 minuto de silêncio pela morte de Raúl Reyes, um Chávez visivelmente nervoso e suarento, depois de ter jurado a Santos que não apóia, nunca apoiou nem apoiará as FARC, sem ter como negar o que está gravado em vídeo chama o jornalista de "mentiroso". No final do programa "La Noche", Claudia Gurissati apresenta o momento da entrevista e desmascara Chávez perante o país e o mundo, apresentando partes dos vídeos em que ele fez essa defesa. Deliciem-se com o vídeo abaixo:

LA NOCHE: OS NERVOS DO PRESIDENTE CHAVEZ ANTE AS PERGUNTAS DE NTN24

E para encerrar a edição de hoje, deixo-os com mais um vídeo, desta vez de uma entrevista que Indira Ramírez de Peña Esclusa, esposa de Alejandro, concedeu ao site venezuelano "Analítica". Nessa entrevista ela fala sobre o estado de saúde física, mental e espiritual de Alejandro, bem como das medidas que estão sendo tomadas judicialmente para defendê-lo. Fiquem com Deus e até a próxima!

INDIRA RAMÍREZ, ESPOSA DE PEÑA ESCLUSA EM ANALÍTICA

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