sábado, 28 de agosto de 2010

Obama e a mesquita no Ground Zero

Mídia Sem Máscara

Por que ser tolerante com aqueles que não são tolerantes?

Mal poderia eu adivinhar (bem, dados os antecedentes, até poderia, ou deveria, adivinhar...) que, logo após ter inserido a anterior entrada no Obamatório sobre a "Silly Season" da política norte-americana, ocorreria a acção, ou a afirmação, mais "silly" desta "season": Barack Obama a manifestar o seu apoio à construção de uma mesquita perto do "Ground Zero" de Nova Iorque... e perante uma audiência de muçulmanos a celebrar o início do Ramadão!


Esta atitude é "silly" a vários níveis. Primeiro, porque, mais uma vez, o presidente vai contra a opinião da maioria dos americanos, como na "reforma" do sistema de saúde e na lei de imigração do Arizona. Segundo, porque, apercebendo-se ele (ou algum dos seus conselheiros) da extemporaneidade (para utilizar em eufemismo) daquela declaração, tentou depois fazer um «controlo de danos», desmentido e/ou esclarecendo e/ou corrigindo o que dissera... o que só veio agravar a situação. Terceiro, veio dificultar ainda mais as campanhas - e diminuir as esperanças - do Partido Democrata e dos seus candidatos para as próximas eleições de Novembro. Para se ter a certeza do quão grande foi este erro, registe-se que até Harry Reid discorda de Obama!

Convém clarificar de uma vez por todas: os que se opõem à construção do "centro comunitário" designado por "Cordoba House" - que, segundo Nancy Pelosi, deveriam ser investigados (!) - não põem em causa a legalidade da intenção mas sim a sua sensatez... ou falta dela: é, incontestavelmente, um desrespeito pela memória dos que morreram a 11 de Setembro de 2001 e pelos sentimentos dos seus familiares e amigos. Não se está a dizer «não construam»; está-se, sim, a dizer «construam em outro sítio». Compare-se: em muitos países islâmicos não se pode construir templos de outras confissões religiosas, ao contrário do que acontece em nações ocidentais como os EUA... ou será que já nem tanto? É que, em contraste com a rapidez com que foi dada a autorização para erguer a mesquita, aigreja que existia perto do World Trade Center não deverá ser reerguida.

Por que ser tolerante com aqueles que não são tolerantes? Sim, há quem queira implantar a Sharia nos Estados Unidos, e entre esses está Feisal Abdul Rauf, um dos cabecilhas do projecto em Nova Iorque, apoiante do Hamas e do Hezbollah, que disse que a América tinha parte da culpa pelo 9-11... mas que faz viagens pagas pelo Departamento de Estado!

Entretanto, outro efeito perverso desta discussão é, espantosamente, a desvalorização - delirante - que alguns fazem do que aconteceu há nove anos: no Daily Kos escreveu-se que os ataques foram «mais uma questão de óptica»; na Timeescreveu-se que o «Islão radical pode já não existir». Mas, lá está,os "intolerantes" são sempre os mesmos... os brancos e cristãos. Que também devem estranhar que, numa escola do Michigan, os treinos de futebol americano se façam de madrugada por causa do Ramadão.

Enfim, a contínua "compreensão" do Sr. Hussein pelos direitos dos muçulmanos (não fala tanto em deveres) pode estar a ter custos algo inesperados. Numa recente iniciativa de angariação de fundos em Los Angeles - que causou um enorme engarrafamento na cidade - foi notada a ausência de Barbra Streisand e de Jeffrey Katzenberg. Será que para alguns judeus, mesmo que liberais (N. do E: aqui, significando 'esquerdistas') certas coisas começam a ser demais?

Octávio dos Santos, português, é jornalista, escritor, e edita o blog Obamatório.

Título original: A mais "silly" desta "season".

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