Mídia Sem Máscara
| 11 Março 2011
Internacional - América Latina
O país deve ao coronel Plazas Vega não somente haver-nos salvado das garras da ditadura narco-guerrilheira da dupla Pablo Escobar-M-19, senão de haver tornado manifesta, com sua desgraça, a podridão dos funcionários da justiça, sua infiltração mafiosa e seu desavergonhado abuso de poder pisoteando a majestade da Justiça.
Desde o princípio estávamos mal. Sempre pensamos que a exumação das vítimas e vitimários do Palácio da Justiça, evento ordenado pelo Fiscal Geral Alfonso Gómez Méndez, tinha a intenção de identificar os restos dos supostos desaparecidos, cujas famílias ainda hoje continuam sofrendo pela angústia que lhes provoca não ter a certeza do seu paradeiro.
Este nunca foi o propósito de Gómez Méndez. Seu objetivo, ao contrário, era comprazer os guerrilheiros do M-19 já anistiados e ocupando importantes cargos públicos, menosprezando a dor dos familiares das vítimas.
Em uma entrevista concedida a Periodismo Sin Fronteras e La Hora de la Verdad, dirigida pelo doutor Fernando Londoño Hoyos, o antropólogo José Vicente Rodríguez Cuenca assegurou que no ano de 2000 o Ministério Público de Gómez Méndez exumou 91 cadáveres e lhe entregou 64 restos ósseos, com o encargo de identificar os corpos dos guerrilheiros mortos no macabro assalto ao Palácio da Justiça. E o Ministério Público ficou com 27 restos correspondentes aos "desaparecidos" do Palácio da Justiça. 27 restos que ainda guardam escondidos em algum canto do CTI, sem que tenham qualquer interesse em identificá-los.
Incrível, mas é assim como lêem: entregaram a José Vicente Rodríguez 64 corpos, entre os quais estão os restos dos guerrilheiros do M-19, e o encarregam do trabalho "humanitário" de ajudar a identificá-los e por outro lado, escondem 27 esqueletos que todo mundo sabe que ali estão os 11 supostos desaparecidos pelos quais o coronel Alfonso Plazas Vega está condenado a 30 anos de cárcere, quer dizer, a prisão perpétua.
Como o Ministério Público sabia que esses 27 restos pertenciam aos desaparecidos do Palácio da Justiça?
Simplesmente porque eram os restos que ficaram incinerados e que pertencem aos que morreram no quarto andar do Palácio. Ficaram incinerados, assim quem como nessa época não existia a tecnologia de DNA para identificá-los e entregá-los aos familiares, foram envolvidos em sacos especiais e marcados explicitamente como "NN Palácio da Justiça". Depois, abriram uma cova no cemitério do Sul e os depositaram lá. Dentre esses 27 restos estão os sete empregados da cafeteria e três visitantes que encontram-se "desaparecidos". Certamente, ali também devem estar restos de alguns guerrilheiros, como os de Cristina Guarín Cortés, que sempre passou por empregada da cafeteria.
Posteriormente, essa cova foi reaberta para depositar os outros restos dos que não foram reclamados. Isto significa que esses 27 restos incinerados, guardados em sacos e marcados de maneira especial, ficaram no primeiro nível, no fundo da cova. Estes outros corpos enterrados lá haviam sido despojados de suas roupas (que o Ministério Público conserva em seu poder). Esse processo durou meses. Lá também foram enterrados os fragmentos de restos provenientes da tragédia de Armero.
"O Ministério Público sempre soube que tinham os restos dos possíveis desaparecidos", afirma o antropólogo José Vicente Rodríguez Cuenca.
Depois dos últimos sepultados na cova, os de Armero, o lugar foi selado definitivamente para evitar a propagação da temível enfermidade chamada "Gangrena Gasosa", achada nos corpos provenientes de Armero. E assim ficou durante mais de 10 anos.
Dez anos durante os quais o coronel Plazas Vega sofreu a vingança do M-19 mediante os bons ofícios do Partido Liberal, das FARC e do Partido Comunista Colombiano.
Poucos dias depois da tomada, exatamente em 12 de novembro de 1985, o então presidente da Câmara de Representantes e Diretor Alterno do Partido Liberal, convocou um debate no Congresso acusando o governo de Betancur pela maneira como se recuperou o Palácio da Justiça, e por não haver dialogado com o M-19.
Quase um ano depois Carlos Hernán Motta, senador do Partido Comunista, denunciou o governo de Betancur, ante a Comissão de Acusações da Câmara de Representantes pelo mesmo: não haver dialogado com o M-19. O acompanharam nisto três personagens obscuros, um deles processado pelo assassinato do vereador Jorge Avella em Sogamoso.
Tão rápido como em 1987, César Gaviria Trujillo (já ministro de governo de Virgilio Barco) anuncia o processo de desmobilização do M-19.
Em 1989 o padre jesuíta Javier Giraldo leva ante a Procuradoria uma denúncia contra Plazas Vega, denúncia formulada por um preso de nome Ricardo Gámez Mazuera, que depois se demonstraria que era uma testemunha falsa, já que assegurou ter estado na recuperação do Palácio porque pertencia a um organismo do Estado na data da tomada, coisa totalmente desvirtuada.
Gámez é um mentiroso e isso está comprovado pela Procuradoria. Entretanto, esta testemunha falsa ajuda o padre Giraldo para que este e sua ONG pró-guerrilheira acusem formalmente os membros do Exército que recuperaram o Palácio da Justiça, entre eles o coronel Plazas Vega e o general Arias Cabrales, dizendo que o Exército assassinou e desapareceu pessoas. O padreco publica a acusação no jornal "Voz", órgão oficial do Partido Comunista e das FARC.
Em 1990 César Gaviria ganha as eleições e ordena a destituição dos generais Jesús Armando Arias Cabrales e Nelson Mejía Henao, isto por ordem do comandante do M-19, Antonio Navarro Wolf, como requisito para continuar com o processo de desmobilização. O favor à guerrilha é iniciado pelo tenebroso Alfonso Gómez Méndez, diretor do Partido Liberal, amigo íntimo de Ernesto Samper, da família Santos e de César Gaviria. Gómez Méndez já desde essa época era fortemente questionado por seus vínculos com a máfia narco-guerrilheira. Como Procurador Geral da nação em 1990, Gómez Méndez, de fortes nexos com as guerrilhas colombianas, havia aproveitado seu poder para começar a perseguição contra os que derrotaram seus amigos guerrilheiros.
Em 1990, segundo o Vice-Procurador Geral da Nação, Manuel Salvador Betancur, seu chefe, o procurador Gómez Méndez, o pressionou para que encaminhasse documento de responsabilidade e sancionasse o general Jesús Armando Arias Cabrales e o coronel Alfonso Plazas Vega, entre outros, pelos acontecimentos do Palácio da Justiça. Diz Manuel Salvador Betancur que Gómez Méndez o ameaçou nos seguintes termos:
"O general Arias Cabrales e os comandos que estiveram encarregados da operação do Palácio da Justiça devem ser sancionados... é imperdoável as mortes de ilustres magistrados, como a do meu mestre, amigo e protetor, Alfonso Reyes Echandía, que perseguiu tanto o delito".
O Vice-Procurador respondeu a seu chefe que havia estudado muito bem o volumoso processo do Palácio da Justiça e que não se encaixava sanção nenhuma contra o general Arias (nem contra o coronel Plazas, obviamente). O corrupto Gómez Méndez lhe respondeu então:
"Encaminhe documento de responsabilidade... se depois tiver que absolvê-lo, se absolve. Tem que sentar precedente".
Como o Vice-Procurador o replicou, tratando de fazer Gómez Méndez se dar conta do que é razoável, este, dias depois, o destituiu. Então, Betancur enviou a denúncia aos senadores Alejandro González - depois assassinado pelas FARC -, Hugo Escobar Sierra - depois preso por Gómez Méndez -, e Armando Barona Meza - também atacado com fúria por Gómez Méndez. Porém, não aconteceu nada.
Por outro lado, a acusação perseguida por Gómez Méndez se produziu, mas a mesma Procuradoria, por sentença do Procurador Delegado para as Forças Militares, se absteve de abrir resolução de acusação contra o coronel Plazas Vega. Isto foi em maio de 1990.
Simultaneamente, em 1990, o guerrilheiro Antonio Navarro é nomeado por César Gaviria como Ministro da Saúde, sem levar em conta que Navarro, como responsável ideólogo da tomada do Palácio havia sido objeto de resolução acusatória por parte do juiz 31 de Instrução Criminal.
Em seguida, César Gaviria continua com o plano. Convoca uma Assembléia Constituinte e inventa uma "circunscrição especial de paz" para permitir que os guerrilheiros do M-19 possam participar da Assembléia. Basicamente, a "circunscrição especial de paz" permite que os guerrilheiros sejam eleitos com um número ínfimo de votos. Assim, graças a um número ridículo de votos, a Assembléia Nacional Constituinte de 1991 é integrada majoritariamente por guerrilheiros do M-19, maioria que elege Antonio Navarro Wolf, um dos cérebros criminosos do assalto ao Palácio da Justiça. Navarro Wolf é substituído no ministério por outro guerrilheiro do M-19: Camilo González Posso, e depois este cargo é ocupado por Carlos Vicente Roux, também guerrilheiro do M-19 e irmão do padre jesuíta Francisco Roux, hoje inimigo do presidente Álvaro Uribe. Carlos Vicente Roux é hoje vereador de Bogotá e candidato de Gustavo Petro, seu comparsa, para a Prefeitura de Bogotá.
Em janeiro de 1992, o coronel Plazas Vega não tem mais outra opção que solicitar voluntariamente sua retirada do serviço ativo das Forças Militares.
Ele sabe que com César Gaviria na presidência jamais poderá alcançar o merecido grau de general. Nesse mesmo ano, César Gaviria convoca o Congresso da República de urgência para anistiar e indultar o M-19, devido a que juízes independentes e honestos condenam estes terroristas, dentre os quais estão os irmãozinhos Navarro Wolf, Gustavo Petro, Otty Patiño, Vera Grabe, Ever Bustamente e outros.
Em 1994 inicia-se uma campanha propagandística à qual vinculam-se os grandes meios de comunicação. Publica-se o famoso livro "Terrorismo de Estado na Colômbia", editado nas gráficas onde os meios de comunicação das FARC publicam.
Em 1995, já terminado o período presidencial de Gaviria, o coronel Plazas Vega é nomeado em diferentes cargos porém as ONG dirigidas pelo comunismo internacional (ao qual o Partido Liberal está inscrito), o impedem em todas as ocasiões.
O presidente agora é Ernesto Samper Pizano, eleito com dinheiro da máfia. Então, chega ao Ministério Público Geral da Nação o personagem que esteve por trás, ajudando os propósitos da mesma máfia narco-guerrilheira que elegeu Samper, e que quer se vingar dos que os venceram no Palácio da Justiça: Alfonso Gómez Méndez entra em cena de novo.
Nesta ocasião o coronel Plazas Vega instaurou processos contra o padre Giraldo por injúria e calúnia, contra Enrique Rodríguez, pai do suposto desaparecido administrador da cafeteria, e contra os editores e autores do livro "Terrorismo de Estado na Colômbia". O Ministério Público, já nas mãos de Gómez Méndez, profere resolução inibitória para favorecer esses malandros, amigos da guerrilha.
Em 1998, decidido a terminar sua missão de encarcerar os militares que salvaram o país de cair nas mãos da ditadura comunista, Alfonso Gómez Méndez ordena abrir a cova onde enterraram os cadáveres do Palácio da Justiça. Desta forma, nomeia uma equipe para realizar a exumação. A equipe é composta por:
Carlos Eduardo Valdés Moreno, Chefe de Divisão Criminalística do Ministério Público. Médico cirurgião da Universidade Nacional, com especialização em Antropologia Forense da mesma universidade, sob a direção do antropólogo José Vicente Rodríguez Cuenca. Hoje, o médico Valdés Moreno está coordenando a Unidade de Direitos Humanos da Direção Nacional de Investigações Especiais da Procuradoria Nacional da Nação. Este médico destacou-se como perseguidor dos militares em vários casos, como o dos badalados "falsos positivos de Soacha".
Também estão na equipe designada por Gómez Méndez, a antropóloga María Inés Barreto, graduada pela Universidade Nacional e também aluna do professor José Vicente Rodríguez Cuenca. Finalmente, a antropóloga resultaria casando-se com o também antropólogo forense peruano, Carlos Bacigalupo Salinas, designado pela "Comissão da Verdade" para avaliar as provas dos restos no caso dos "desaparecidos" do Palácio da Justiça.
Duvidamos que o peruano Bacigalupo tenha efetuado seu trabalho conscientemente, uma vez que se dedicou a fazer entrevistas com José Vicente Rodríguez. (Na data deste escrito, nem a antropóloga María Inés Barreto nem seu esposo Carlos Bacigalupo responderam um questionário enviado por nós para conhecer sua versão dos fatos. Prometeram responder quando disponham de tempo. Confiamos nisso).
James Troy também fez parte da equipe de Gómez Méndez. Troy Valencia é biólogo da Universidade Javeriana com mestrado em Genética Humana. Posteriormente aos fatos, foi nomeado em substituição de Carlos Eduardo Valdés.
O quarto e último membro da equipe de Gómez Méndez designado para a exumação é a odontóloga Piedad Malaver Calderón, que nesta época estava recém cursando um mestrado na Javeriana, onde havia terminado sua carreira de odontologia em 1989. Vinculada ao Ministério Público desde 1996, não sabemos por quê a vincularam à equipe, uma vez que seus conhecimentos na ciência forense eram nulos.
Então, esta equipe exuma os cadáveres do Palácio da Justiça, junto com alguns fragmentos e restos das vítimas de Armero. E entre estes restos exumados estão os 27 corpos marcados de maneira especial já que ali encontram-se - como já foi dito - os famosos 11 "desaparecidos" do Palácio da Justiça.
Na entrevista realizada com o professor José Vicente Rodríguez, fica muito claro que a intenção do Ministério Público Geral da Nação não é - de nenhuma maneira - contribuir na identificação dos desaparecidos mas, segundo prova documental, identificar os guerrilheiros mortos e entregá-los a seus familiares.
Alguns dos guerrilheiros enterrados já haviam sido plenamente identificados, porém, devido a que ninguém os reclamou, foram enterrados nesta cova comum. Entretanto, agora com o M-19 no poder, já não havia mais razão para esconder a vergonha de ser terroristas e assassinos financiados pelo narcotráfico. Ser delinqüente do M-19 converteu-se da noite para o dia, graças à campanha de mídia paga com somas milionárias, em um rótulo de prestígio, em um exemplo que muitos jovens quiseram e querem seguir.
Assim que, com a intenção de identificar somente os restos dos guerrilheiros, o Ministério Público entrega a José Vicente Rodríguez 64 corpos e conserva os 27 com a certeza meridiana de que ali estão os desaparecidos do Palácio da Justiça. E fundem estes 27 restos em quem sabe onde.
"Meu trabalho [foi] somente sobre esses 64 esqueletos (correspondentes aos guerrilheiros e outros NN), e não sobre a totalidade de exumados, que foram 91 esqueletos", assegura o professor José Vicente Rodríguez.
Foi por essa razão, como é sabido de que no laboratório de Antropologia Física da Universidade Nacional repousam os restos dos guerrilheiros, que René Guarín Cortés, que na ocasião fingia ser um defensor dos Direitos Humanos, dirigiu-se até lá para exigir a entrega do cadáver de sua irmã, Cristina Guarín Cortés. Por isso, a guerrilheira Vera Grabe também visitava o laboratório de antropologia com certa freqüência. Fontes consultadas por Periodismo Sin Fronteras foram testemunhas do feroz ataque do guerrilheiro René Guarín contra o professor José Vicente Rodríguez a quem acusava de esconder o cadáver de sua irmã Cristina Guarín. Por essas mesmas vias confirmamos que na data de 1985, tanto René Guarín quanto sua irmã Cristina eram guerrilheiros ativos do M-19. A raiva de René com seus camaradas é porque nunca lhe informaram a data em que se tomaria o Palácio da Justiça.
Ao que parece, sua irmã Cristina lhe escondeu esse dado já que era ela a designada pelo M-19 para se infiltrar no Palácio como uma simples empregada da cafeteria. A pergunta que fica a respeito, é: quem se encarregou de contratar a guerrilheira Cristina Guarín para que fingisse ser caixa na cafeteria do Palácio? Algum dia averiguaremos, que disso não caiba dúvida alguma.
Em 2002, tendo ganhado a presidência, o doutor Álvaro Uribe Vélez nomeia como ministro do Interior e Justiça o doutor Fernando Londoño Hoyos. Por sua vez, Londoño chama o coronel Plazas Vega e o nomeia à frente da Direção Nacional de Estupefacientes.
Na Direção Nacional de Estupefacientes, Plazas Vega continua sua luta frontal contra a máfia. Ali sua gestão segue sem precedentes. Extinguiu os bens de Pablo Escobar, mecenas do M-19; de Iván Urdinola, Leonidas Vargas, Rodríguez Gacha, "Rasguño", "Martelo", Jusús Amado Sarria e Elizabeth Montoya de Sarria, amigos de Ernesto Samper, Wilmer Varela, "Don Efra", "Don Diego", os irmãos Mejía Múnera, Helmer "Pacho" Herrera, Víctor Patiño Fómeque e Nelson Urrego, entre outros. A maior apreensão de bens jamais feita ao narcotráfico.
Certamente a máfia não ia ficar de braços cruzados. E em 2004 conseguem que se destitua e inabilite Fernando Londoño. Também é destituído o coronel Plazas Vega.
Em substituição a Fernando Londoño é nomeado Sabas Pretelt de la Vega, que teve negócios com os irmãos Rodríguez Orejuela. Ele chama Mario Iguarán como vice-ministro, o qual permanece pouco mais de um ano no cargo e depois é eleito Procurador Geral da Nação, em agosto de 2005. Sua nomeação foi questionada e várias testemunhas asseguram que tal cargo lhe foi comprado pelos narco-traficantes.
No ano de 2005, os guerrilheiros ideólogos do massacre, Antonio Navarro Wolf e Gustavo Petro Urrego, um senador e o outro representante da Câmara, enviam incontáveis cartas ao ministro Sabas Pretelt de la Vega solicitando que ordene à Universidade Nacional a entrega dos restos dos guerrilheiros identificados às suas famílias. Coisa que o professor Rodríguez Cuenca obedece de imediato.
Quase ao mesmo tempo, Yamid Amat diz em seu noticiário CM& que apareceu "uma nova testemunha" no caso do Palácio e que acusa Plazas Vega de atos horrorosos de tortura e desaparecimento. Porém, oculta malevolamente que essa "nova testemunha", Ricardo Gámez Mazuera, já foi desvirtuado quinze anos antes, em 1990, e que a justiça havia comprovado nessa data a falsidade do testemunho de Gámez Mazuera. René Guarín Cortés, o terrorista guerrilheiro seqüestrador e assaltante de bancos, consegue junto com o Coletivo de Advogados tirar Gámez Mazuera do país para que, desde a Europa, ele insista em suas delicadas injúrias. Ambos os delinqüentes, Ricardo Gámez Mazuera e René Guarín Cortés, tornam-se grandes amigos.
Mario Iguarán, eleito Procurador Geral - segundo testemunhas - com dinheiro da máfia, reabre o caso do Palácio da Justiça e o entrega para sua condução a Ángela María Buitrago, a Promotora Quarta Delegada ante a Corte Suprema de Justiça que, em janeiro de 2006, chama Plazas Vega para depor no processo que foi aberto.
Em dezembro de 2006 essa promotora invade o laboratório de antropologia física da Universidade Nacional, e leva toda a documentação existente sobre o caso. Acabam de transferir os esqueletos no começo de 2007. O professor José Vicente Rodríguez lembra à promotora que os restos dos 27 marcados como desaparecidos do Palácio da Justiça estão em poder do Ministério Público.
Tudo parece indicar que a promotora Ángela María Buitrago, já com ordens expressas de conseguir a condenação de Plazas Vega, queria esconder toda prova que pudesse demonstrar a inocência do coronel. Ela sabia que os desaparecidos do Palácio estavam em seu poder, e sabia que na Universidade Nacional estavam somente os restos de guerrilheiros e alguns NN de Armero. Foi uma hábil manobra para confundir a opinião pública, dando a entender que todos os restos tinham ido parar no laboratório de Antropologia e que ali não haviam encontrado os desaparecidos. Óbvio! Os desaparecidos não podiam estar na Universidade Nacional porque jamais estiveram lá. Sempre estiveram em poder do Ministério Público.
Já com tudo coberto, a própria promotora delegada vincula o coronel Plazas Vega ao processo e o chama para a indagatória em fevereiro de 2007. Cabe notar que durante todo este processo ela é permanentemente acompanhada por René Guarín Cortés, que na época continuava aparecendo como um valoroso defensor de Direitos Humanos que havia perdido sua irmã nos fatos do palácio.
Um mês depois, em abril de 2007, a revista Semana informa sobre uma nova testemunha dos fatos do Palácio da Justiça. Outra vez, essa "nova testemunha" não é outra senão Gámez Mazuera, cujo testemunho há muitos anos está comprovadamente falso. Plazas Vega demanda penalmente a revista porém Humberto de la Calle Lombana, que foi ministro de governo de César Gaviria e coordenador da Assembléia Constituinte de 1991, controlada pela guerrilha do M-19, moveu todas as suas influências para que a justiça protegesse a revista Semana e lhe permitisse continuar caluniando.
E aqui se agrava a via crucis do coronel Plazas Vega. Em julho de 2007, ele é posto preso e não foi libertado desde então.
"Casualmente", em agosto de 2007, quando o coronel já estava preso, a promotora Ángela María Buitrago, junto com seu promotor auxiliar e um delegado do Ministério Público, se fizeram presentes na Escola de Cavalaria para procurar os cadáveres dos supostos desaparecidos do Palácio da Justiça. Porém a promotora, na realidade, não procura os cadáveres dos desaparecidos porque sabe muito bem que eles estão nas instalações do Ministério Público. As inspeções na Escola de Cavalaria não são mais que parte do show. A única coisa que encontraram foi esqueletos de cavalos.
Porém, também "casualmente", nesse primeiro de agosto de 2007, estando nas cavalariças, apresenta-se a "testemunha estrela" do Ministério Público, um tal Edgar Villamil (ou Villamizar, ou Villarreal, ninguém sabe ao certo porque é obviamente uma testemunha falsa, aparecida do nada). Enche umas quantas folhas com embustes e desaparece. Ninguém voltou a vê-lo desde então, nunca se apresentou a julgamento, nem a defesa teve a oportunidade de contra-interrogá-lo. O procurador delegado tampouco perguntou nada, nem ninguém chamou - como deveria ter sido feito - o advogado de Plazas.
Todo o processo foi irregular, para não dizer ilegal. Essa testemunha e seu testemunho são comprovadamente falsos. E foi com base nesse testemunho que a juíza María Stella Jara condenou três anos depois, em 2010, o coronel Plazas Vega a 30 anos de prisão (Ver: http://www.periodismosinfronteras.com/el-testigo-estrella-contra-plazas-vega-un-chiste.html).
Desde que foi posto na prisão o coronel Plazas tem sofrido os piores vexames. Foi humilhado, golpeado e escarrado, e convertido no palhaço dos meios de comunicação que vendem sua pauta com a desgraça alheia, publicando injúrias como fatos certos e recebendo por baixo da mesa contratos publicitários com organismos do Estado como pagamento por suas infâmias.
Sabendo que a qualquer momento Plazas Vega poderia provar sua inocência, e descobrir que os cadáveres dos desaparecidos estiveram escondidos no Ministério Público, ordena-se sua transferência à penitenciária La Picota de Bogotá, depois que membros do INPEC lhe aplicam à força estranhas injeções, e insultam e golpeiam dona Thania Vega, a esposa do coronel que se encontrava lá naquela noite em que o tiraram do Hospital Militar violentamente.
Por sorte, na prisão havia gente que sabia que o coronel Plazas Vega não merecia estar ali e que era inocente. Assim, o protegeram advertindo-o de que tal proteção não poderiam oferecer-lhe para sempre, uma vez que os inimigos que procuravam assassiná-lo - e ainda procuram - eram demasiado poderosos.
O coronel sofre um dano em sua saúde e é transferido ao Hospital Militar de Bogotá. De imediato René Guarín Cortés sai em Caracol Radio e em El Espectador para denunciar que isto não é nada mais do que uma trapaça de Plazas Vega para evitar estar em La Picota. Em agosto de 2009, Iguarán já deixou o Ministério Público nas mãos de seu vice-promotor, Guillermo Mendoza Diago. E a Corte Suprema nega-se a eleger o novo Promotor Geral da lista tríplice que o presidente Uribe enviou. A Corte necessita de seu promotor de algibeira para seus misteres.
Estando Plazas Vega ainda no Hospital Militar, em 9 de junho de 2010 a juíza Jara o condena a pagar 30 anos de cárcere. A sentença foi sustentada no testemunho falso dessa única testemunha que não existe. Nesse dia, nos arredores dos tribunais especializados encontram-se e se comunicam telefonicamente René Guarín, TeleSul, Iván Cepeda e outros membros de "Colombianos e colombianas pela paz", e membros do Coletivo de Advogados Alvear Restrepo que celebram com aplausos e abraços jubilosos a condenação do coronel. Por que celebram? Porque com esta condenação entrarão em suas arcas milhões de dólares, tudo com o sacrifício de um inocente.
Dois meses depois, em 17 de agosto de 2010, Periodismo Sin Fronteras traz à luz o fruto de uma investigação de meses: que René Guarín Cortés não é um defensor de Direitos Humanos, senão um seqüestrador, um assaltante de bancos terrorista, pertencente à guerrilha do M-19, a mesma guerrilha que tomou o Palácio da Justiça.
Então, a juíza María Stella Jara é enviada ao exterior para estudar alemão, aduzindo que foi ameaçada de morte. Seus estudos e suas diárias e as de sua família são pagos com nossos impostos, e não parece importar a ninguém que seja ilegal que paguemos para que ela viaje para estudar alemão.
Como é inocultável o prevaricato da promotora Ángela María Buitrago e da juíza María Stella Jara, como é inocultável o conchavo com o guerrilheiro René Guarín Cortés, a promotora é obrigada a renunciar. Isto ocorre em 2 de setembro de 2010, menos de um mês depois que se conhece no mundo todo que René Guarín é um vil delinqüente da guerrilha anistiado por tudo, menos por um seqüestro que ainda não pagou.
É assim como Periodismo Sin Fronteras, convencido da inocência do coronel Plazas Vega, se dá ao trabalho de investigar o paradeiro dos desaparecidos do Palácio da Justiça.
Conhecendo o professor José Vicente Rodríguez, me custava muito trabalho imaginá-lo como parte da montagem comunista que procurou e conseguiu na primeira instância a condenação do coronel. Sabia, isso sim, que tendo estudado na Rússia e tendo sido companheiro de curso de vários revoltoso perigosos, e sendo colega na Universidade Nacional de guerrilheiros ativos do ELN e das FARC que aproveitavam sua condição de professores e alunos do claustro para fazer proselitismo, me constava - repito - que José Vicente Rodríguez podia ter idéias de esquerda, porém jamais se atreveria a participar de uma maldade como essa de condenar um inocente.
José Vicente Rodríguez tem interesse somente em uma coisa. E essa coisa é a antropologia forense. Essa é sua paixão e essa é sua vida inteira. Ele não tem tempo para mais nada.
Antes de me aproximar dele investiguei por outros lados próximos ao Departamento de Antropologia, e foi ali que me comentaram sobre a visita de René Guarín ao laboratório onde repousavam os restos, e de seus insultos contra o professor José Vicente. Também me contaram que membros do Ministério Público, relacionados com o processo, haviam advertido Rodríguez Cuenca de que evitasse se aproximar do coronel Plazas Vega ou de qualquer enviado do Exército porque - lhe disseram - os militares queriam assassiná-lo. Uma calúnia a mais para evitar que Plazas Vega descubra a verdade.
Depois de muito trabalho, porque José Vicente Rodríguez sentia certa desconfiança sobre mim e meu interesse no caso, consegui que me concedesse a entrevista onde, de maneira simples, clara e diáfana, me conta que a ele nunca o comissionaram para ajudar na identificação dos desaparecidos, e que solicitaram explicitamente seu apoio para fazer o mesmo com os guerrilheiros do M-19 mortos em combate.
Da mesma maneira, confirmou que o Ministério Público seguramente conservou 27 restos, dos quais entre eles estão os "desaparecidos" do holocausto do Palácio. E assegurou que não houve interesse do Ministério Público Geral da Nação para conseguir a identificação desses restos, uma vez que, embora em 1998 não houvesse no país a tecnologia para fazê-lo, hoje sim a temos.
Com esta entrevista ficou resolvida minha dúvida. Perguntava-me por que razão José Vicente Rodríguez sempre mencionava em suas declarações à imprensa que ele não havia encontrado desaparecidos do Palácio da Justiça entre os restos a seu encargo. Era apenas natural. Como ia encontrá-los se o Ministério Público não lhe entregou os restos dos "desaparecidos" e os escondeu evitando sua identificação?
O Ministério Público e os meios de comunicação a seu serviço difundiram maliciosamente a idéia de que TODOS os restos exumados foram parar na Universidade Nacional. E esse era o erro. Os esforços da defesa de Plazas se dirigiram para procurar no lugar equivocado.
O Ministério Público Geral da Nação sempre soube que os restos dos desaparecidos estavam em seu poder. Tanto em 1998 como em 2006, quando José Vicente Rodríguez lembrou à promotora Ángela María Buitrago.
Quando perguntei ao professor José Vicente Rodríguez por qual razão ele acreditava que o Ministério Público não dizia onde estavam os restos, ele assegurou que é "porque perdeu-se a memória documental. Os funcionários encarregados da exumação já não trabalham lá".
Pessoalmente, duvido que seja essa a razão. Se examinarmos a trajetória de Carlos Eduardo Valdés e James Troy Valencia, veremos que eles dedicaram muito tempo ditando conferências sobre a "cadeia de custódia" necessária e imprescindível no tratamento de restos de desaparecidos. Quanto à antropóloga María Inés Barreto, continuamos à espera de suas luzes para entender por quê perdeu-se "a memória documental". Do mesmo modo com respeito a seu esposo, o afamado antropólogo peruano Carlos Bacigalupo. Seria interessante que nos dissesse como ele, também conhecedor da importância da "cadeia de custódia", não mencionou este fato à "Comissão da Verdade". Ou sim o fez?
Não posso imaginar que outra desculpa a "justiça" colombiana inventará para manter o coronel Plazas Vega preso. Se lhes resta algo de decência e pudor, devem libertá-lo de imediato e processar Ángela María Buitrago e María Stella Jara por prevaricato e fraude processual. Quanto a René Guarín devem prendê-lo como seqüestrador, um crime de lesa-humanidade não sujeito a indulto.
Embora saibamos que falta muito para que personagens sinistros como Gómez Méndez, Iguarán, Sabas Pretelt, Javier Giraldo e os do Coletivo Alvear Restrepo paguem suas culpas no cárcere, não podemos perder as esperanças de que ocorra um milagre.
O país deve ao coronel Plazas Vega não somente haver-nos salvado das garras da ditadura narco-guerrilheira da dupla Pablo Escobar-M-19, senão de haver tornado manifesta, com sua desgraça, a podridão dos funcionários da justiça, sua infiltração mafiosa e seu desavergonhado abuso de poder pisoteando a majestade da Justiça.
"O Ministério Público sabe de tudo. Quem sabe o que aconteceu no Palácio da Justiça é o Ministério Público. (...) Eles sempre souberam que os possíveis desaparecidos estavam com eles", assinala José Vicente Rodríguez.
Se... O Ministério Público sempre soube que os desaparecidos do Palácio da Justiça estavam em seu poder, porém não lhe importou ocultar este fato, contanto que condenasse a quem tanto golpeou a máfia.
Fonte: Periodismo sin Fronteras, Bogotá, 27 de fevereiro de 2011.
Tradução: Graça Salgueiro
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