Mídia Sem Máscara
| 16 Março 2011
Internacional - Oriente Médio
O Irã entende a dominação do Hezb'Allah no Líbano, a tomada de Gaza pelo Hamas, o avanço contínuo do programa nuclear iraniano e, agora, as revoluções no mundo árabe como sinais do sucesso de sua revolução islâmica.
- Do ponto de vista do Irã, os acontecimentos recentes, especialmente no Egito (há muito considerado no Ocidente como uma âncora de estabilidade e o iniciador de um tratado de paz com Israel), representam uma melhora no status estratégico do Irã.
• Além disso, os eventos recentes têm concentrado toda a atenção na arena do Oriente Médio e removeram o programa nuclear iraniano do foco dos holofotes. O aumento do preço do petróleo para mais de 100 dólares o barril também levou à erosão da efetividade das sanções ao Irã (cuja utilidade ainda está por ser comprovada).
• O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Irã, major-general Sevved Hassan Firuzabadi, disse que a onda islâmica que está varrendo a região marca o início de um processo que terminará com a queda de Israel, e com os sionistas fugindo para seus países de origem. Ele acrescentou que os sinais de tal medo já são claramente visíveis no semblante dos líderes israelenses.
• Depois que os Estados Unidos derrubaram o regime iraquiano em 2003, o Irã sentiu-se cercado. Agora, Teerã se vê a caminho de completar um "cerco" regional a Israel - com o Hezb'Allah (Partido de Alá) ao norte e o Hamas ao sul. O Irã também acredita que a Jordânia, ao leste, se unirá às ondas de protesto, marcando a queda de mais uma nação que assinou um tratado de paz com Israel.
• O colapso da antiga ordem árabe nos países sunitas moderados do Oriente Médio é, pelo menos a curto ou médio prazo, favorável a Teerã e melhorou significativamente o status geo-estratégico do país e sua habilidade de promover um programa pan-islâmico xiita ambicioso.
• O Irã está aproveitando a atual comoção no mundo árabe e a confusão do Ocidente para intensificar sua intervenção, influência e interferência nas regiões que estavam anteriormente sob a influência dos Estados Unidos e do Ocidente, desdobrando sua força Al-Quds (uma unidade especial para "exportar" a revolução islâmica para além das fronteiras iranianas), enquanto também explora os recursos do Hezb'Allah, da Síria e do Hamas.
A queda dos regimes árabes pró-ocidentais
O abalo histórico que varreu o Oriente Médio, subvertendo a ordem que existia há décadas, pegou o Irã no meio da celebração do 32º aniversário da Revolução Islâmica. Embora o Irã não tenha sido a força motivadora por detrás de várias revoluções nos regimes árabes sunitas, os líderes iranianos assumiram o crédito.
Do ponto de vista do Irã, acontecimentos recentes, especialmente no Egito (há muito considerado no Ocidente como uma âncora de estabilidade e o iniciador de um tratado de paz com Israel), representam uma melhora no status estratégico do Irã, pelo menos em curto prazo. Para o Irã, a queda dos regimes árabes sunitas pró-ocidentais e a derrubada de seus governantes têm um impacto direto sobre o processo de fortalecimento regional e refletem a força da mensagem iraniana às nações árabes fora do controle de seus governantes.
O Irã entende a dominação do Hezb'Allah no Líbano, a tomada de Gaza pelo Hamas, o avanço contínuo do programa nuclear iraniano e, agora, as revoluções no mundo árabe como sinais do sucesso de sua revolução islâmica. Além disso, os acontecimentos recentes têm concentrado toda a atenção na arena do Oriente Médio e removido o programa nuclear iraniano da luz dos holofotes. O aumento do preço do petróleo para mais de 100 dólares o barril também levou à erosão da efetividade das sanções ao Irã (cuja utilidade ainda está por ser comprovada).
Sai o pan-arabismo; entra o pan-islamismo
Quase nada resta do campo árabe sunita "moderado". Os poucos moderados que sobraram temem por suas posições e estão ocupados tentando manter a estabilidade na arena interna. Contra esse pano de fundo, vemos navios de guerra iranianos sendo despachados para a região via Canal de Suez, carregando não apenas uma mensagem militar, mas também recados políticos e estratégicos.
Além disso, os acontecimentos recentes bloquearam eficientemente o pan-arabismo e o estabelecimento de um campo árabe moderado unificado que pudesse servir como um contrapeso ao campo iraniano rejeicionista e provocador. Com a derrota imposta pelo Ocidente ao último símbolo do arabismo e do poderio árabe - Sadam Hussein - não resta agora nenhum líder carismático árabe nem há a probabilidade de que apareça um a qualquer momento.
Teerã apressa-se para preencher o vazio
O Irã (e também a Turquia) agora busca preencher o vazio resultante, servindo como modelo islâmico de oposição e independência. Enquanto as nações sunitas provavelmente estarão preocupadas estabelecendo novos governos em seus países, o Irã continuará a salientar seu estilo islâmico próprio como uma estrutura ou um modelo ideológico e político total para o estabelecimento de uma nova ordem no Oriente Médio. As crenças pan-islâmicas, sejam de natureza iraniana ou turca, muito provavelmente permearão o novo Oriente Médio emergente. Ao mesmo tempo, o Irã também continuará a desenvolver atividades na África e na América do Sul (onde o Hezb'Allah, agente do Irã, aumentou suas atividades de contrabando de drogas para os Estados Unidos)[1] à medida que tenta desafiar o Ocidente também nessas frentes.
O Irã acredita que o crescimento de movimentos populares de oposição aos regimes árabes sunitas (especialmente no Bahrein, vide abaixo) tem produzido condições que o capacitam a expandir mais sua própria influência regional. Ele espera aumentar o uso de sua força Al-Quds (uma unidade especial destinada a atividades subversivas e a "exportar" a revolução islâmica para além das fronteiras do Irã) em colaboração com o Hezb'Allah libanês para intensificar sua intromissão nos países árabes que atualmente estão passando por agitações internas.
No passado, a subversão iraniana e os esforços para espalhar a doutrina xiita em países árabes encontraram oposição por parte das forças de segurança locais. Além do mais, os países que previamente continham o Hezb'Allah e o Hamas e promoviam o processo de paz (Egito, Arábia Saudita e Jordânia) agora ficaram enfraquecidos e estão preocupados com seus problemas domésticos, enquanto o Irã está cimentando vigorosamente seu status como líder do campo oposto ao processo de paz e à intervenção americana e ocidental na região.
A imprensa iraniana vê a desestabilização de Israel
Muitos porta-vozes e analistas iranianos vêem os recentes acontecimentos como um catalisador que leva à desestabilização de Israel na região, à luz do enfraquecimento da posição dos Estados Unidos e da perda de aliados regionais americanos, particularmente o Egito. De acordo com a imprensa iraniana, a Irmandade Muçulmana e outros grupos políticos no Egito devem agora expor o papel (negativo) dos Estados Unidos e de Israel em tudo o que está relacionado com (nas palavras deles): "os crimes de Mubarak contra o povo egípcio". Há outras afirmações de que o presidente Obama, para quem a revolução egípcia foi um duro golpe, está agora tentando, a quase qualquer preço, impedir que ela se espalhe rapidamente por outras áreas sob o governo de aliados da América.
A imprensa iraniana - sempre altamente crítica dos governantes egípcios, que são vistos como responsáveis pela paz com Israel, convocou os novos líderes do Egito para tentarem "o doce experimento que muitas nações em todo o mundo estão observando" - de terem liberdade da influência do Ocidente.[2] Numa tendência semelhante, os jornais iranianos descrevem a queda dos regimes dependentes dos Estados Unidos como um golpe severo contra os americanos e Israel.[3] O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Irã, major-general Sevved Hassan Firuzabadi, disse que a onda islâmica que está varrendo a região marca o início de um processo que terminará com a queda de Israel, e com os sionistas fugindo para seus países de origem. Ele acrescentou que os sinais de tal medo já são claramente visíveis no semblante dos líderes israelenses.[4]
A grande erupção xiita
Ao mesmo tempo, o Irã pode buscar explorar a atual fragilidade do mundo árabe sunita para estabelecer fortalezas xiitas em áreas árabes sunitas, embora suas aspirações nessa área sejam de modo geral encobertas. Da mesma forma, o Irã está aproveitando a libertação do Iraque pelos Estados Unidos - embora os xiitas iraquianos divirjam do modelo iraniano e geralmente exijam a separação entre a religião e o Estado - para restaurar o poder dos xiitas no mundo islâmico. O primeiro sucesso do Irã foi registrado no Líbano com o estabelecimento de um governo com o apoio do Hezb'Allah, seguido por ondas de protesto predominantemente no Bahrein xiita e no leste da Arábia Saudita.
A mídia estatal do Irã em inglês (Press TV) e em árabe (Al-Alam News Network), ambas direcionadas a audiências não-iranianas, proporciona ampla cobertura dos acontecimentos e destaca os protestos nas áreas xiitas por todo o mundo árabe.
Do cerco ao contra-ataque
O abalo na ordem árabe tradicional reforça o sentido de justiça dos líderes iranianos em seu próprio sistema e causa. Depois que os Estados Unidos derrotaram o regime iraquiano em 2003, o Irã sentiu-se cercado, com o Afeganistão a leste, o Iraque ao sul, os Estados do Golfo também ao sul e o Azerbaijão ao norte. Ele agora se sente melhor em quebrar esse cerco e até mesmo em infiltrar-se nas regiões vizinhas tanto quanto em outras partes do mundo.
Na verdade, Teerã se vê a caminho de completar um "cerco" regional a Israel - com o Hezb'Allah ao norte e o Hamas ao sul. O Irã também acredita que a Jordânia, ao leste, se unirá às ondas de protesto, marcando a queda de mais uma nação que assinou um tratado de paz com Israel.
A missão islâmica histórica
Em meses recentes, o presidente Mahmoud Ahmadinejad tem promovido freqüentemente o estilo iraniano do islamismo revolucionário como uma alternativa viável. Na conferência de imprensa no dia 23 de fevereiro, para marcar a apresentação de um supercomputador fabricado no Irã, Ahmadinejad anunciou que "o mundo está à beira de mudanças e acontecimentos globais enormes, desde a Ásia até a África, desde a Europa até a América do Norte". Ele também conclamou uma reestruturação do Ministério Iraniano do Exterior para se adaptar "à missão histórica da nação iraniana nos dias de hoje. Atualmente, precisamos de paixão, caráter e energia em nossa política externa. Precisamos empregar todas as nossas capacidades e talentos, e todas as novas idéias da revolução deveriam nortear e dirigir nossa política externa".[5]
Em seu estilo messiânico, Ahmadinejad referiu-se a uma "onda imensa e crescente", afirmando que os acontecimentos no mundo árabe representam apenas uma parte disso e que "estamos esperando por aquele levante principal e pela grande onda que irá desarraigar todos aqueles enganos do mundo".
Ele conclamou os líderes nacionais árabes a respeitarem o desejo do povo por reformas e mudanças: "Por que eles desempenham seu papel tão mal que o povo é forçado a pressioná-los e pedir por reformas?" Ele também criticou severamente o líder líbio Muammar Kaddafi[6] e condenou a dureza repugnante que Kaddafi adotou para reprimir seu povo: "Como um líder pode bombardear seu próprio povo e depois dizer que quem protestar será morto? Isso é inaceitável".[7] O Crescente Vermelho iraniano (equivalente à Cruz Vermelha) até se ofereceu para enviar ajuda ao povo líbio.[8]
Ahmadinejad também falou criticamente sobre o Ocidente, acusando-o de tentar impedir o progresso e o desenvolvimento de outros países: "O pensamento materialista, tanto o representado pelo marxismo quanto o representado pelo capitalismo, ambos são a mesma coisa, mas a revolução islâmica do Irã renovou a principal identidade e a verdadeira natureza do povo. (...) Os líderes da arrogância estavam gritando que queriam abafar a revolução logo no início, mas agora a revolução pegou-os pela garganta em seus próprios palácios. Eles são inativos e estão se retraindo e se opõem ao povo livre que está se movendo em um caminho perfeito e os está pressionando".[9]
A revolução islâmica como modelo
A liderança iraniana vê os distúrbios nos países árabes como um "despertar islâmico no mundo árabe" contra todos os governantes árabes "despóticos", que são vistos como traidores da Revolução Islâmica iniciada por Khomeini, e exalta o poder de recuperação constante do Irã em face dos esforços do Ocidente de enfraquecer e comprometer sua independência..
- Em um sermão de oração em uma sexta-feira, dia 4 de fevereiro, na Universidade de Teerã, o líder religioso aiatolá Sevved Ali Khamenei disse: "A nação iraniana está vendo por si mesma como sua voz é ouvida em outras regiões do mundo. Os eventos de hoje no Norte da África, no Egito e na Tunísia e em outros países têm outro sentido para a nação iraniana. Eles têm um sentido especial. (...) Isto é o mesmo que um 'despertar islâmico', que é resultado da vitória da grande revolução da nação iraniana". O líder iraniano se referiu à independência do Irã desde a revolução e sua não-dependência do Ocidente, dizendo: "O Xá costumava buscar aconselhamento dos Estados Unidos em todos os assuntos, o que significa dependência dos americanos". Falando sobre o levante no Egito, ele observou: "A nação egípcia sente-se humilhada devido ao apoio do regime de Hosni Mubarak a Israel e por seguir os Estados Unidos. (....) O sentimento por ser humilhada foi a razão para o levante da nação egípcia".[10]
- Ali Akbar Salehi, o ministro do Exterior iraniano, disse que a irrupção de um despertar islâmico por todo o Oriente Médio é o resultado direto da determinação e resistência demonstradas pelo Irã ao longo dos muitos anos de sua luta contra o Ocidente. Ele descreveu o levante do povo no Egito e na Tunísia e o protesto pró-democracia em andamento na Líbia e no Bahrein como milagres, tendo os 32 anos da revolução iraniana por detrás deles. Salehi teceu uma comparação entre a revolução iraniana de 1979 e os acontecimentos recentes no Oriente Médio e no Norte da África, afirmando que aquelas nações vêem o Irã como modelo a ser seguido.[11]
- O presidente do Majlis (Parlamento iraniano) declarou que as superpotências ocidentais não têm nenhum papel nas revoluções populares que estão acontecendo atualmente no Oriente Médio. Ele descreveu o enfraquecimento da influência dos Estados Unidos na região, dizendo que durante anos esse país apoiou regimes ditatoriais em todo o mundo, mas que agora deve se retirar em face dos levantes populares espalhados por todos os lugares, que representam um tipo do Dia do Julgamento para os Estados Unidos.[12]
- O chefe da cadeia nacional de notícias do Irã (IRIB) disse que "os slogans, as inclinações e as exigências das pessoas durante os levantes no Norte da África e no Oriente Médio foram todos inspirados pela Revolução Islâmica (do Irã). (...) O que é mais importante é que o Irã de hoje se tornou um modelo para os povos daqueles países, a respeito dos quais os ocidentais estão muito amedrontados. Os políticos, escritores e analistas do Ocidente também já reconheceram essa influência em suas falas e artigos".[13]
Em casa, o Irã conseguiu com sucesso conter à força o protesto público que novamente ameaçava surgir, seguindo os levantes internos no mundo árabe. O Majlis publicou uma declaração, observando: "Os lamentáveis incidentes que aconteceram na Líbia, no Iêmen, no Bahrein e no Marrocos, e a matança desapiedada de pessoas por governantes despóticos são reminiscentes dos crimes perpetrados por todos os ditadores que tentaram permanecer no poder em toda a história. (...) Nós, os representantes da grande nação iraniana, condenamos esses crimes e mais uma vez anunciamos que apoiamos fortemente as campanhas das nações islâmicas".[14]
Primeiro, nós tomamos o Bahrein
Os recentes sucessos do Irã, a crescente confiança e o progresso em direção à obtenção de armas nucleares, inspiram esperança nos corações das populações xiitas oprimidas em todo o mundo árabe, especialmente no Bahrein e no leste da Arábia Saudita. O Irã está investindo recursos para agilizar essa atividade, com um foco na força Revolucionária da Guarda Al-Quds. Os ativistas libaneses do Hezb'Allah também estão trabalhando em favor do Irã no Iraque, nos Estados do Golfo e no Egito, para disseminar a mensagem xiita e animar os xiitas a se oporem aos regimes, enquanto também tentam converter os sunitas ao xiismo.
Nesse contexto, o Bahrein representa a zona vulnerável e desprotegida. Uma série de destacados analistas iranianos se referiu ao Bahrein no passado como a 14ª província iraniana, inclusive Ali Akbar Nateq-Nuri, presidente anterior do Majlis iraniano, e Hossein Shriatmadari, editor-chefe do jornal conservador Kayhan, que está próximo ao líder iraniano.[15] O Irã reivindicou soberania sobre o reino da ilha de Bahrein uma vez que esse reino esteve sob o governo persa durante dois séculos, começando em 1602. Quando a Grã-Bretanha decidiu retirar suas tropas do Golfo em 1968, o Irã renovou sua reivindicação de soberania, mas em um plebiscito realizado em 1970, patrocinado pelas Nações Unidas, os residentes da ilha decidiram pela independência em vez da anexação ao Irã. Em 1971, o Bahrein foi reconhecido como um país independente. Depois disso, o Xá abandonou as reivindicações persas, mas elas têm sido ouvidas novamente desde a Revolução Islâmica no Irã. Mubarak, [então] presidente do Egito, visitou o Bahrein em 2008 para expressar seu apoio contra um histórico de ameaças iranianas.
A família real sunita do Bahrein teme repetidos atentados de desestabilização pelo Irã, usando elementos xiitas da oposição. Os xiitas representam mais de 70% da população do Bahrein, alguns dos quais são árabes e outros são persas. Todavia, eles não estão colocados em nenhuma posição de poder nem têm influência sobre o que acontece no reino. Alguns foram aprisionados no ano passado, em uma ação preventiva, pelas forças de segurança.
Em duas ocasiões, o Bahrein acusou o Irã de subversão no seu território: em 1996, o reino desmascarou um grupo local do Hezb'Allah que se auto-denominava Ala Militar do Hezb'Allah-Bahrein, deteve muitos de seus participantes e deportou alguns deles. Reclamações semelhantes surgiram em 1981, quando o Bahrein desmascarou a Frente Islâmica Para a Libertação do Bahrein, que tentava realizar um golpe de Estado em seu território.
Agora, à luz das recentes mudanças no mundo árabe, da fraqueza dos líderes árabes e da renovação do protesto no Bahrein, o reino teme uma combinação do envolvimento iraniano mais forte e de manifestantes altamente motivados como um produto secundário do momento de protesto em outras nações árabes.
A Quinta Frota Americana tem seu quartel-general no Bahrein, servindo como base para defender os Estados do Golfo da ameaça iraniana. Os Estados Unidos insistiram com os líderes do Bahrein para que continuem a promover reformas e processos democráticos no reino. Mas, ao mesmo tempo, eles temem um cenário ao estilo do Egito, com a perda dessa importante base no Golfo Pérsico. O Irã vem realizando exercícios navais nas águas do Golfo em anos recentes, enquanto continua a manter grupos ocultos para ações de terrorismo e para uma insurreição no Bahrein e em outras nações do Golfo, aguardando o momento para dar a ordem de um impulso nas atividades subversivas iranianas naqueles países.
Teerã sente que agora é o momento certo para intensificar sua intervenção nos eventos dos Estados do Golfo, especialmente entre a população xiita. Na vizinha Arábia Saudita há um crescente medo de um desafio xiita maior ao reino. Uma mudança de regime no Bahrein poderia resultar em maior marginalização dos Estados Unidos no Golfo e em posterior reforço do status do Irã como uma força-chave na região, representando uma ameaça intrínseca aos pequenos Estados do Golfo.
Em suma, o colapso da antiga ordem árabe nos países sunitas moderados do Oriente Médio é, pelo menos em curto ou médio prazo, favorável a Teerã e tem melhorado significativamente o status geo-estratégico daquele país e sua habilidade de promover uma agenda ambígua, que o Irã define como "uma mudança no equilíbrio regional". Ele está aproveitando a atual comoção do mundo árabe e a confusão do Ocidente para intensificar sua intervenção e sua influência por toda a vizinhança no Golfo Pérsico, assim como por outras regiões que estavam anteriormente sob a influência dos Estados Unidos e do Ocidente, enquanto explora também os recursos do Hezb'Allah, da Síria e do Hamas.
Michael (Mickey) Segall, tenente-coronel (da reserva) das FDI (Forças de Defesa de Israel), é especialista em questões estratégicas, com enfoque no Irã, em terrorismo e no Oriente Médio.
(Jerusalem Center for Public Affairs - www.jcpa.org - www.Beth-Shalom.com.br)
Notas:
1. http://liveshots.blogs.
2. Resalat, 20 de fevereiro de 2011.
3. Quds, 24 de fevereiro de 2011.
4. "Iran", 26 de fevereiro de 2011.
5. Voice of the Islamic Republic of Iran [Voz da República Islâmica do Irã], 31 de janeiro de 2011.
6. IRINN, 23 de fevereiro de 2011.
7. IRINN, 23 de fevereiro de 2011.
8. IRNA, 23 de fevereiro de 2011.
9. Fars News Agency [Agência de Notícias Fars], 5 de fevereiro de 2011.
10. http://www.irna.ir/ENNewsShow.
11. http://presstv.com/detail/
12. IRNA, 25 de fevereiro de 2011.
13. http://www.presstv.ir/detail/
14. Mehr News, 23 de fevereiro de 2011.
15. Em julho de 2007, o editor do Kayhan chamou o Bahrein de uma província iraniana. "Os governos dos Estados do Golfo foram estabelecidos como resultado da intervenção direta da arrogância mundial (do Ocidente) e são acusados por suas populações de colaboração com a entidade sionista. (...) Eles sabem que o terremoto que aconteceu no Irã (a Revolução Islâmica), mais cedo ou mais tarde, ocasionará o colapso de seus regimes ilegais". Em um outro artigo, o editor escreveu: "Algumas décadas atrás, o Bahrain era uma província iraniana, mas se separou do Irã por causa do acordo assinado entre o Xá e os governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha".
Publicado na revista Notícias de Israel 4/2011 - http://www.Beth-Shalom.com.br
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