terça-feira, 29 de março de 2011

Sobre a morte de Jerónimo Galeano

Mídia Sem Máscara

Cel. Luis Alberto Villamarín Pulido | 29 Março 2011
Notícias Faltantes - Foro de São Paulo

Sem dúvida as FARC foram golpeadas, porém os fatos demonstram que elas atuam com base em uma estratégia clara e metódica que suscita respostas integrais, e não declarações midiáticas altissonantes.


Como costuma acontecer desde há cinco décadas com os eventos da guerra contra o terrorismo comunista, os meios de comunicação limitaram-se a resenhar a notícia da baixa de Jerónimo Galeano e a especular um pouco acerca da eventual morte de Alfonso Cano. Porém, uma vez mais brilharam por sua ausência, a análise estratégica e a concepção real do problema.
Houve mais destaque para as leviandades do ministro da Defesa em torno do tema, do que para a análise profunda do assunto. É inconcebível que Rodrigo Rivera incorra no erro de seu antecessor, Juan Manuel Santos que, no afã de ser presidente, dedicou-se a se vangloriar como o gênio estratégico da Operação Xeque, com duas publicações e múltiplos vídeos de auto-promoção, sem guardar o segredo ou a classificação "ultra-secreto" que a operação merecia.

Desta vez Rivera revelou o segredo dos franco-atiradores e jurou de pés juntos que Cano está na mira. Publicidade auto-elogiosa com evidentes fins eleitoreiros? Claro que sim! Em contraste, nada de análise estratégica, de assimilação dos fatos e de esclarecimentos à opinião pública de como este golpe afeta o Plano Estratégico das FARC, e de como se fecham os caminhos aos cúmplices nacionais e internacionais dos terroristas que pretendem legitimá-los, além de como melhora substancialmente a segurança dos compatriotas.

Da operação contra Jerónimo surgem elementos de alto valor para a inteligência estratégica e a compreensão geral ou particular de: Como andam as FARC? O que Cano urde? Como este golpe afeta seus planos a médio e longo prazo? Como fazer ação psicológica para promover desmobilizações de outros terroristas e desertores das FARC, que promovam novas operações similares ou de maior envergadura que esta?

Haverá quem diga que esses são segredos de Estado. Porém, quais segredos pode haver, se em seu afã auto-publicitário os próprios ministros de defesa, inclusive Rivera, os revelam a cada minuto? A realidade é outra: nem o Estado em seu conjunto, nem os ministros de Defesa de turno durante duas décadas desenharam políticas de Estado, nem estratégias integrais para dirigir as Forças Militares na guerra contra o narco-terrorismo comunista.

A dificuldade parte de que nenhum deles sabe de defesa nacional, nem de mobilização nacional, nem de estratégia operacional, nem de guerra revolucionária, nem de ação integral, nem das dificuldades operacionais e administrativas das tropas.

E se alguém acredita que isto não é certo, propomos que os distintos ministros de defesa desde 1991 e todos os presidentes de 1964 em diante, se submetam a um exame escrito destes temas na Escola Superior de Guerra, para ver se o aprovam no campo acadêmico porque no prático, com exceção de Uribe, todos perderam. Por essa razão a guerra na Colômbia é interminável.

O computador apreendido de Jerónimo Galeano é outro tesouro informativo, que oxalá não termine como os de Raúl Reyes, convertido no ás debaixo da manga para a publicidade pessoal de um vice-ministro de Defesa que o manipulou a conta-gotas por instruções de Santos. Ou com o que ocorre com os computadores de Jojoy e Tirofijo apreendidos na Operação Sodoma, que só serviram para reforçar argumentos para a destituição de Piedad Córdoba e para que o presidente Santos tenha se tornado o novo melhor amigo de Chávez e Correa, ou ainda para que este mesmo mandatário brinque de imaginária eficiência informativa em seus conselhos comunais publicando notícias requentadas acerca das FARC, só comparáveis à idéia de que a água molha e é muito importante na navegação marítima.

Por miopia na visão estratégica e inexplicável condescendência com os cúmplices das FARC, estes computadores não foram entregues como provas sólidas ante a Corte Penal Internacional contra Lula da Silva, Rafael Correa, Celso Amorim, Marco Aurélio Garcia, Daniel Ortega, Evo Morales, Raúl e Fidel Castro, tampouco conseguiu-se que por alguma vez a Corte Suprema cumpra com suas funções e encarcere os FARC-políticos. Conclusão: Esses computadores até a presente data só alcançaram a categoria de peças de museu.

Deram baixa em Jerónimo em uma aldeia de Neiva. Não a centenas de quilômetros da capital do Huila onde antes permanecia. Não que ele vivesse em uma choça miserável como insinuou o ministro Rivera. Jerónimo estava ali de passagem, coordenando atividades terroristas com seus sócios do Partido Comunista em Neiva, os contatos internacionais de Cano, alguns deles muito próximos, por certo, de Colombianos pela Paz, e provavelmente para se reunir com o cabeça da Frente Teófilo Forero. Porém, além disso não chegou lá porque lhe ocorreu, senão porque Cano o enviou, a ele e não a outro, quer dizer, "andava em algum projeto grande".

Jerónimo era um dos terroristas da segunda geração fariana incorporada pelos rádios e células do Partido Comunista, como ocorreu com Jojoy, Pastor Alape, Alfonso Cano, Iván Márquez, Gaitán, Arturo Ruiz, etc., depois que os marquetalianos conformaram as FARC e sentaram as bases da colonização armada no Sumapaz, Duda, Uribe, Mesetas, Vistahermosa, Ariari e Caquetá.

Como cabeça do auto-denominado Comando Conjunto Central das FARC, Jerónimo era o encarregado da segurança de Cano, de multiplicar sua linha política e armada entre a guerrilheirada, de dirigir os movimentos táticos das frentes de segurança do chefe das FARC e, por razões óbvias, de transmitir à Teófilo Forero as instruções de Cano, para evitar que a inteligência técnica detecte seus planos terroristas. Em síntese: Jerónimo era para Cano quase o que Jojoy significava para Tirofijo.

Por outro lado, basta ler o "Plano Renascer" de Cano, documento programático do comportamento atual das FARC. Suas instruções contemplam ações terroristas sustentadas e manipulações políticas que realizavam em detalhada sincronia, Jerónimo em Huila-Tolima e Catatumbo em Valle e Cauca. Verdade seja dita, que nesses quatro estados as FARC produziram efeitos político-estratégicos no nível da guerra que é descuidado pelo Estado, devido à ânsia de protagonismo pessoal do presidente e do ministro de Defesa, que insistem em que as FARC estão encurraladas nesta zona.

Sem dúvida as FARC foram golpeadas, porém os fatos demonstram que elas atuam com base em uma estratégia clara e metódica que suscita respostas integrais, e não declarações midiáticas altissonantes. Enquanto as Forças Militares cumprem com a alta porcentagem de acerto em sua missão, a direção política está defasada e o país desinformado. Por essa razão, Cano e seus comparsas urdem tantas e tão seguidas tramas publicitárias, frente à indolência do estabelecimento encerrado em sua ambição egocêntrica.



Tradução: Graça Salgueiro

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