terça-feira, 25 de outubro de 2011

Israel é o verdadeiro alvo da "primavera" árabe

Mídia Sem Máscara

A Liga Árabe jamais acreditou em um estado palestino independente: a Jordânia já tinha anexado a Margem Ocidental, a Cisjordânia, e Gaza estava em mãos egípcias. Ao criar a OLP seu propósito era poder cruzar a fronteira de Israel para conduzir ataques dentro de seu território, sem que fosse possível a ONU ou qualquer país responsabilizar as nações componentes da Liga por aqueles ataques.

Não é por acaso nem pura coincidência que a erroneamente chamada “primavera árabe” coincide com o pedido de reconhecimento de uma nação palestina pela ONU ainda nesta semana [1] (N do E: este artigo foi publicado no site do autor no dia 22 de setembro). É impressionante e deprimente como se comportam alguns judeus, tanto em Israel como na Diáspora – e alguns goym sionistas – ao entoar loas a uma falsa primavera que, como já afirmei antes, pode se transformar em inverno – ou num verdadeiro inferno para Israel e o povo judeu. Parecem tomados por uma crença delirante de que o que vier depois só poderá ser melhor. Também defendo a liberdade, não necessariamente a democracia, este conceito amplo e nebuloso como o leito de Procusto, e o fim de ditaduras. Mas não se trata disto agora e sim de defender a própria existência de Israel e a integridade física de seus habitantes.

Qualquer pessoa que consiga raciocinar um pouco sabe muito bem que esta história de “manifestações espontâneas” é pura balela. Então, algumas perguntas se impõem: quem são exatamente os manifestantes? Como se organizam e se financiam? Como planejam táticas e estratégias militares, inclusive problemas logísticos complexos? Como estabelecem meios de comunicação eficientes, alguns até mesmo altamente sofisticados (que ninguém me venha com a resposta: “são as ‘redes sociais!’”)?

No Egito o povo está cada vez mais descrente da liderança militar, o Supreme Council of the Armed Forces (SCAF). Por esta razão o maior e mais poderoso grupo islâmico, a Fraternidade Islâmica (FI) sobe continuamente o tom de suas queixas e aspirações, particularmente no que toca às eleições, a Constituição e as relações com Israel e ao aproveitar esta oportunidade seu poder e popularidade crescem exponencialmente e possivelmente conseguirão unir os diversos grupos islâmicos contra os militares – e obviamente, contra Israel. Desde o incidente de Eilat os sentimentos anti-sionistas cresceram em todos os segmentos da sociedade egípcia, o que motivou a invasão da embaixada israelense. Como a SCAF ajudou a retirar o pessoal, a população acusa os militares de correrem para salvar israelenses e manter o acordo de paz com Israel, numa reação muito mais forte do que quando morreram egípcios no incidente de Eilat[2].

A situação na Síria é mais confusa do que parece à primeira vista. Alguns cenários possíveis são: um prolongado estado de crise com a queda de Assad, uma crise dentro do regime e da população Alawita que controla o exército, e uma oposição com apoio estrangeiro que seja suficientemente forte para derrubar o regime. Tal apoio viria de duas fontes: Turquia e Irã, num novo round entre sunitas e xi’itas pelo domínio da região. Do Irã já se sabe o que esperar, principalmente com xi’itas pró-Irã na fronteira de Israel.

Com a Turquia as tensões diplomáticas vêm crescendo, deixando Israel diplomaticamente isolado. Não se sabe até que ponto a Turquia pretende expandir sua influência no Mediterrâneo oriental, mas a recente visita de Erdogan indica talvez um sonho turco de restaurar uma nova versão do Império Otomano. Há também indícios de que Erdogan pode mandar outra “flotilha humanitária” escoltada pela Armada turca.

A Líbia está ameaçada por um islamismo radical extremista com a possível queda de Kadhafi, inclusive por grupos ligados à Al Qaeda, o Al-Qaeda in the Islamic Maghreb (AQIM)[3], o que representa uma preocupação para a Argélia, berço deste grupo.

Quanto aos grupos terrorista Hamas, Hesbollah e outros, precisamos dar uma olhada no passado e na organização da qual se originaram. Desde sua fundação a OLP teve três objetivos principais:

1- Fustigar Israel através do terror;

2- Cultivar uma quinta coluna dentro do país que lutasse por uma paz humilhante, de joelhos e que pudesse ser usada no caso de invasão, a mesma tática usada pelos nazistas nos diversos países que vieram a invadir;

3- Convencer Israel e o mundo de que as verdadeiras intenções dos países árabes de maioria muçulmana, os persas e os turcos não eram terroristas, mas somente queriam destruir Israel em nome dos “direitos do povo palestino”;

A Liga Árabe jamais acreditou em um estado palestino independente: a Jordânia já tinha anexado a Margem Ocidental, a Cisjordânia, e Gaza estava em mãos egípcias. Ao criar a OLP seu propósito era poder cruzar a fronteira de Israel para conduzir ataques dentro de seu território, sem que fosse possível a ONU ou qualquer país responsabilizar as nações componentes da Liga por aqueles ataques. A “nacionalidade palestina” é apenas cortina de fumaça para encobrir a intenção de “jogar os judeus ao mar”!

O Artigo 24 da Carta da OLP diz: Esta Organização não exerce nenhum poder territorial sobre a Margem Ocidental do Reino Hachemita da Jordânia, nem sobre a Faixa de Gaza ou sobre a Himmah. Suas atividades serão no nível das organizações populares e no campo financeiro.

Somente depois de 1967 a OLP passou a falar sobre os “direitos do povo palestino” e paulatinamente foi sendo instilada nos corações e mentes ocidentais o direito à autodeterminação e finalmente chegamos à atual declaração unilateral de independência. E isto virá a ocorrer, se não imediatamente, em médio prazo. Dia 22 Obama declarou à ONU que os EUA “antevêem um futuro no qual os palestinos viverão num estado soberano todo seu, sem limites do que possam atingir por si mesmos” (CNN).

Realmente, há um ano a Autoridade Palestina vem anunciando esta iniciativa e Obama não tomou nenhuma providência diplomática para convencer outros países a votar contra. Inúmeros países poderiam votar “NÃO”, mas como não houve pressão americana, se sentem livres para votar “SIM”, ou se abster, aguardando um eventual veto americano no CS, largando a batata quente nas mãos de Obama enquanto posam de amigos progressistas e humanitários do mundo árabe e do Islam. Mas somente pressões eleitoreiras o forçarão a vetar no Conselho de Segurança[4].


Notas:

[1] Quando este artigo foi escrito ainda não tinha sido apresentada oficialmente a proposição. Porém Mahmoud Abbas declarou a Obama (21/09) que não esperava que a ONU tomasse uma decisão imediatamente pois “haverá grandes confrontos no dia da discussão” (marcada para 23), e acrescentou que “continuará exercendo pressão sobre Obama, Israel e a ONU”.

[2] Ver http://www.stratfor.com/analysis/20110914-egypt-muslim-brotherhood-confronts-military-leadership


[3]
Ver http://www.cfr.org/north-africa/al-qaeda-islamic-maghreb-aqim/p12717


[4]
Para uma análise excelente ver http://www.gloria-center.org/gloria/2011/09/international-efforts-to-avoid-the-palestinian-un-bid-will-inevitably-fail-because-western-policy-is-so-bad/

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