quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Georgia on our mind

por Thomas Sowell em 28 de agosto de 2008

Resumo: Os países europeus já têm riqueza suficiente para construir sua própria defesa militar. Se eles não têm a vontade, isso é problema deles. O que as autoridades americanas devem fazer é manter a boca fechada se elas não estão dispostas a manter suas palavras.

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O que está acontecendo na república da Geórgia é muito semelhante ao que aconteceu em 1956, quando tanques russos se deslocaram para a Hungria – e o Ocidente não fez nada.

Um argumento que poderia ser apresentado é o de que, realisticamente, não havia nada que o Ocidente pudesse ter feito, naquela época e agora, para expulsar os russos.

Mas houve amargura, agora e naquela época, por causa de o Ocidente ter encorajado o povo a arriscar suas vidas, confiando em nós, quando sabíamos, desde o início, que não estávamos decididos a arriscar um conflito armado com uma superpotência nuclear pela Hungria, naquela época, e pela Geórgia, agora.

O Ocidente tem uma longa história de não fazer nada, utilizando as Nações Unidas, e antes a Liga das Nações, para criar ilusões de que estão fazendo alguma coisa por meio de discursos e resoluções.

Nem discursos, nem resoluções farão qualquer diferença para os russos, para os iranianos ou para qualquer outra nação beligerante. Sabemos disso, eles sabem e o mundo todo sabe.

Aparentemente, Barack Obama ainda não sabe disso, julgando pela sua resposta inicial às notícias da invasão da Geórgia pelos russos, que foi conclamar “ambos os lados” a um cessar fogo e, depois, a irem à ONU.

Mais tarde, ele mudou sua posição para fazê-la corresponder à posição mais adulta de John McCain de que os russos têm de pagar um preço se guardamos esperanças de que eles mudem seu comportamento.

A questão real é se temos como forçar os russos a pagarem um alto preço, sem que nós mesmos paguemos um ainda mais alto do que estaríamos dispostos. Os russos já alertaram que os EUA precisam de sua cooperação para a solução dos problemas internacionais.

Esses problemas incluem a guerra contra o terrorismo e, talvez, o maior problema de todos, os movimentos do Irã na direção da construção de armas nucleares que podem ser usadas, diretamente, pelo Irã ou – mais provavelmente – que podem ser passadas aos terroristas a quem o Irã tem suprido com outras armas.

Há dois problemas: (1) O que vamos fazer? e (2) O que vamos dizer?

Há muitas coisas que podemos fazer, se não ligarmos para as repercussões – mas claro que ligamos. A única coisa sobre a qual temos controle absoluto é sobre o que falamos.

Já temos dito muita coisa, especialmente em proporção ao que estamos preparados para fazer. Esse é um problema que começou muito antes do atual mandato. Às vezes parece como se nossa política externa constituísse de falar alto e carregar uma vara curta.

Os presidentes americanos, em diversas administrações, têm publicamente dado lições de moral sobre assuntos internos de outros países.

Temos criticado igualmente amigos e inimigos. Temos soado, algumas vezes, como a babá do mundo.

Isso é mais que um mau hábito. Perturbar nossos amigos e irritar nossos inimigos tem produzido muito poucos benefícios para quaisquer das partes e muita má vontade nos países cuja cooperação nós ou precisamos, ou iremos precisar.

Nossa intromissão em coisas que não são de nossa conta tem tomado a forma de ações e palavras. Estender a OTAN até as fronteiras da Rússia foi uma dessas ações de bom-mocismo, tais como as lições de moral que temos dado a outros países.

Estamos realmente preparados para declarar guerra à Rússia se ela invadir a Letônia, um membro da OTAN vizinho dela e a milhares de quilômetros de nós?

Alguns parecem pensar que, se já tivéssemos incluído a Geórgia na OTAN, a Rússia não a teria atacado. Mas, e se eles tivessem atacado mesmo assim? Faríamos algo mais do que estamos fazendo agora?

Isso protegeria a Geórgia ou nossa inação colocaria em questão a confiabilidade de nossa proteção a outros países da OTAN?

O melhor a fazer é pensarmos em nos retirar da OTAN. Os países europeus já têm riqueza suficiente para construir sua própria defesa militar. Se eles não têm a vontade, isso é problema deles. O que as autoridades americanas devem fazer é manter a boca fechada se elas não estão dispostas a manter suas palavras.



Nota do tradutor – O título foi mantido em inglês porque alude a um sucesso extraordinário de Ray Charles: Georgia on my mind.

Publicado por Townhall.com

Tradução de Antônio Emílio Angueth de Araújo

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