quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Transnacionais já sabem que petróleo da camada pré-sal brasileira tem a qualidade do óleo da Arábia Saudita

Quinta-feira, Agosto 21, 2008

Transnacionais já sabem que petróleo da camada pré-sal brasileira tem a qualidade do óleo da Arábia Saudita


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Por Jorge Serrão


Exclusivo - O setor petrolífero detém a informação privilegiada de que tem qualidade semelhante ao da Arábia Saudita o petróleo explorável na chamada camada pré-sal. É “parafinado” o nosso oculto ouro negro, que o vício colonial do Brasil pode entregar de mãos beijadas ao grande capital transnacional. Técnicos da Petrobrás revelam, nos bastidores, que têm condições de buscar o óleo e o gás em profundidades de até 7 mil metros.

O desafio tecnológico ainda é imenso. A camada pré-sal protege o óleo sob alta pressão, a uma temperatura de 90 graus Celsius, na alta profundidade. O problema é que o tubo de exploração, no fundo do mar, funciona a uma temperatura média de apenas 4 graus. No sistema atual, o óleo solidificaria. O desafio é criar um sistema inédito de aquecimento dos tubos, para manter o óleo líquido. Pesquisadores também estudam a utilização de inéditos tubos em fibra de carbono, mais resistentes e flexíveis para a complicada exploração do pré-sal brasileiro.

A camada pré-sal se estende por cerca de 800 quilômetros, entre os Estados do Espírito Santo e Santa Catarina, e engloba três bacias sedimentares (Espírito Santo, Campos e Santos). Os reservatórios do pré-sal podem conter bilhões de barris de petróleo e gás natural. Especialistas afirmam que os reservatórios podem conter mais de 100 bilhões de barris. A estimativa de reservas foi feita em apenas um bloco, o de Tupi, onde existe potencial entre 5 e 8 bilhões de barris. Atualmente, as reservas do país não passam dos 14 bilhões.

A previsão otimista de exploração comercial dos novos campos é para daqui a sete anos. A partir de 2015, sem ufanismo, o Brasil se tornará um dos 10 maiores produtores de petróleo no mundo.
Proteção tecnológica

O desgoverno Lula deve se preparar para uma alta pressão da “equipe Petrobrás”.

A força corporativa dos funcionários da Petrobras promete reagir contra a intenção do desgoverno de criar uma nova empresa para explorar o petróleo na camada pré-sal, usando tecnologia estrangeira.

Nos bastidores, a elite de especialistas da companhia adverte que não vai fornecer seu “know how” de sucesso na exploração em águas profundas para outra empresa.

Fundo nada soberano

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a afirmar ontem que parte dos recursos obtidos com a exploração de petróleo na camada pré-sal será destinada ao Fundo Soberano do Brasil.

Segundo ele, a idéia é deixar parte dos recursos gerados pelo pré-sal aplicados no exterior para evitar a internalização desses dólares, com vistas a evitar movimentos inflacionários ou ampliar a valorização já excessiva do real.

Na verdade, quem terá soberania sobre a grana brasileira será a Oligarquia Financeira Transnacional que nos controla e governa de verdade.

Polêmica da unitização

A Petrobras fará uma sísmica de alta definição no campo de Tupi para descobrir se os blocos do pré-sal estão interligados.

Se ficar comprovada a interligação entre os blocos, as empresas que possuem áreas na região terão que explorar juntas o petróleo e o gás.

Possuem blocos na área do pré-sal, além da Petrobras, a Shell, Amerada Hess, Galp, Repsol, BG e Exxon.

Em nota a investidores ontem, a Petrobras ponderou que não tem informações suficientes que comprovem que o pré-sal na Bacia de Santos precisará de unificação.

Concorrentes na briga

As empresas do setor privado de petróleo não estão dispostas a aceitar que a Petrobras explore áreas da União ainda não licitadas no pré-sal caso haja a unitização (termo técnico para unificação) das regiões onde estão os campos já anunciados, na Bacia de Santos.

Executivos do setor reclamam que, se a Petrobras assumir a produção nessas áreas, haverá favorecimento indevido aos acionistas privados da estatal, já que 60% do capital da empresa estão no mercado financeiro.

A solução desse impasse pode ocorrer até o fim do ano, quando a Agência Nacional do Petróleo (ANP) deve indicar as normas para a unitização em todas as bacias do pré-sal.

A idéia é fazer uma audiência pública para discutir as regras, previstas apenas em um artigo da Lei do Petróleo.

Contra o entreguismo

A Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobras) acionou o Ministério Público Federal para questionar um contrato firmado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) com a empresa norte-americana Halliburton.

A Landmark Digital and Consulting Solutions, subsidiária da Halliburton no Brasil, é responsável pelo gerenciamento do Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP) da ANP desde o ano de 2001.

O diretor da Aepet, Fernando Siqueira, afirma que não se trata de uma questão "ideológica", mas sim de segurança de informações estratégicas:

"O diretor da ANP hoje responsável pelo banco de dados é um ex-diretor da própria Halliburton: Nélson Narciso, nomeado em 2006. Quem conhece a maneira como as empresas americanas de petróleo atuam no mundo tem direito à desconfiança".

A armação

Em dezembro de 2005, a diretoria da ANP aprovou a renovação do contrato com a Landmark, sem licitação.

Em nota, a ANP informou que o sistema de gerenciamento de dados da Halliburton já era utilizado pela Petrobras quando foi transferido para a agência, em 2000.

O BDEP é o principal banco de dados sobre as atividades de pesquisa e exploração de petróleo no país. Reúne todas as informações coletadas pela Petrobras e por empresas privadas em bacias, campos e poços.

No BDEP, ficam armazenados os dados de sísmica (que indicam o caminho para a perfuração e a localização dos reservatórios de petróleo) e as informações relativas aos métodos usados nas pesquisas.

O petróleo é nosso, vosso ou deles?

O chefão Lula está criando outra zona de tensão com a Oligarquia Financeira Transnacional que controla o setor de petróleo e energia em todo o planeta.

As empresas petrolíferas reprovaram que o desgoverno tenha decidido que retomará os leilões de concessões de exploração de petróleo apenas nas áreas localizadas em terra e em águas rasas, deixando de fora toda a camada pré-sal e as áreas próximas

A criação de uma nova empresa para tocar os mega-negócios da exploração da camada pré-sal desagrada a indústria do petróleo.

Também contraria os reais interesses dos verdadeiros donos da Petrobrás – que não pertence mais à maioria dos brasileiros.

Os donos

O próprio chefão Lula admite nos bastidores e em discursos com empresários que o capital estrangeiro já detém 50% da Petrobras.

O bilionário e mega-especulador George Soros detém 22% do controle da Petrobrás.

O socialista fabiano Soros comprou US$ 811 milhões – cerca de R$ 1,6 bilhão – em ações da Petrobras no segundo trimestre, transformando-a no maior ativo da carteira de seu fundo de investimentos.

O desafio é o nosso factóide?

A extração do primeiro óleo da camada pré-sal será feita no dia 2 de setembro, no Campo Jubarte, na Bacia de Campos, na altura do Estado do Espírito Santo.

A extração, que contará com a presença do chefão Luiz Inácio Lula da Silva, será feita pela plataforma P-34, a partir de um poço com vazão de produção de 10 mil a 20 mil barris.

A experiência servirá para avaliar como se comportará, durante a produção, o óleo da camada pré-sal brasileira, cujos maiores campos se encontram na Bacia de Santos.

Na verdade, a experiência já está mais que feita, e apenas servirá de palco marketeiro para o chefão Lula, que vai sujar suas mãos novamente de petróleo, e posar para as câmeras...

Vai e vem de Lula

O chefão Lula negou ontem que já exista a definição sobre a criação da nova estatal que vai ser responsável por gerir os recursos provenientes da exploração do petróleo da região pré-sal.

Lula advertiu que apenas existe uma discussão de um conselho interministerial sobre o que fazer com estes recursos.

A única coisa que eu disse sobre o pré-sal foi que as pessoas têm que ter clareza de que o petróleo, enquanto estiver embaixo da terra, é da União. E precisamos utilizar este potencial extraordinário para acabar definitivamente com a pobreza neste país e recuperar o tempo perdido com a falta de investimento na educação”.
Para Boi dormir

Lula informou que, no dia 19 de setembro, serão enviadas ao Congresso propostas para a exploração do pré-sal.

O chefão advertiu que, a partir daí, serão feitos debates com a Petrobras e o Congresso sobre a forma de exploração e destinação.

Em entrevista após a inauguração do terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) de Pecém, em São Gonçalo do Amarantes, no Ceará, Lula afirmou que a decisão não pode ser precipitada:

Ainda temos dois anos e quatro meses de governo e a Petrobras, muitos mais. Isso não pode ser pensado a partir da vontade do presidente, nem de governos. Tem que ser pensado de acordo com a necessidade da população”.

O que disse aos políticos

No entanto, para dirigentes partidários que participaram da reunião do Conselho Político, na terça-feira, no Palácio do Planalto, Lula teria dito que era certa a intenção de criação da nova estatal para cuidar do pré-sal.

Lula teria explicado que, ao criar a nova estatal, não seriam desrespeitados os contratos em vigor.

Ele teria dito que as áreas já licitadas, que foram prospectadas e onde novos campos foram descobertos seriam mantidas pela Petrobrás e seus sócios privados.

Lula teria dito ainda que o governo pretende adotar o modelo norueguês, criando uma empresa enxuta que será a proprietária dessas reservas e que terá como única finalidade gerir as rendas obtidas com a exploração do petróleo.

Farra dos Royalties

O desgoverno quer mudar a forma de apropriação dos royalties pagos pelas empresas petrolíferas a Estados e municípios.

Para os campos de petróleo da camada do pré-sal, a idéia é criar nova forma de distribuir recursos.

O governador Sérgio Cabral discute hoje com o colega do Espírito Santo, Paulo Hartung, uma estratégia comum de resistência contra as mudanças que prejudicariam municípios dos dois estados.

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