quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ahmadinejad, a estrela e o protesto

Mídia Sem Máscara

Esta não é uma proposta somente de Ahmadinejad: a própria ONU, que criou Israel meio no susto frente aos horrores que os exércitos aliados iam mostrando ao mundo, veio paulatinamente revelando sua verdadeira cara e hoje, cada vez mais é o principal inimigo de Israel.

Articula-se um protesto contra a próxima visita de Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil que a meu ver é de extremo mau gosto, deslocado no tempo e da realidade atual do povo judeu: o uso da Estrela de David amarela com a palavra Jude, a humilhante invenção nazista para identificar os judeus na década de 30. A proposta não respeita os sobreviventes do Holocausto que foram obrigados a usá-la e pode trazer à tona lembranças individuais que não ajudam em nada a causa judaica (*).

Embora as ameaças do líder iraniano sejam de um novo Holocausto, as diferenças entre o Holocausto nazista e a situação atual dos judeus são gritantes e confundir as duas épocas não ajuda a enfrentar os desafios atuais.

Em primeiro lugar, em que pese algumas críticas à falta de resistência ao nazismo, pode-se dizer que os judeus alemães foram, até certo ponto, tomados de surpresa e descrença. De tal forma os judeus estavam firmemente instalados na Alemanha que sua identidade se confundia: consideravam-se judeus e alemães. Apesar do anti-semitismo nem sempre latente, os Judeus há séculos eram cidadãos respeitados no seio da comunidade Alemã como exímios artistas, excelentes profissionais liberais e comerciantes. A exacerbação do psicótico ideal 'ariano' e das tradições germânicas, agindo sobre as convicções de muitos e sobre a inveja e a cobiça de um número maior ainda, não foram devidamente aquilatadas a tempo em sua profundidade e extensão pela comunidade judaica, que se viu arrebata por uma explosão de ódio, violência e crueldade. Ficaram prisioneiros num território que ainda há pouco consideravam sua Pátria. Poderiam ter fugido? Alguns talvez, mas a maioria ficou paralisada pela crise de identidade, pelo roubo de seus bens móveis e imóveis e por não saberem para onde ir.

Pois hoje, não mais! O povo Judeu re-conquistou a ferro e fogo seu próprio lugar onde a identidade judaica não sofre restrições: o Estado de Israel, seu milenar território. O brado de "NUNCA MAIS" dos líderes sionistas ainda ressoa - e deverá ressoar para sempre como o toque do shofar anunciando permanentemente um novo começo.

O território é Eretz Israel há milênios, enquanto a invenção de um povo palestino árabe não tem um século ainda. Mas o mundo, devido à maciça propaganda dos inimigos de Israel, vê as coisas de modo inverso: Israel é o invasor e deve ser aniquilado. Mas esta não é uma proposta somente de Ahmadinejad: a própria ONU, que criou Israel meio no susto frente aos horrores que os exércitos aliados iam mostrando ao mundo, veio paulatinamente revelando sua verdadeira cara e hoje, cada vez mais é o principal inimigo de Israel. Seu Conselho de 'Direitos Humanos', integrado pelas mais terríveis ditaduras do planeta, nada tem a ver com a defesa de tais direitos onde eles são mais desrespeitados - as ditaduras teocráticas islâmicas e as comunistas - nega a Israel o direito de se defender e ainda mais: exige que Israel seja levado à Corte Internacional de Justiça exatamente por teimar em fazê-lo.

Um relatório obviamente dúbio mas até certo ponto imparcial - pois culpava não só Israel mas também o Hamas, foi transformado numa outra peça anti-israelense, contrariando até mesmo seu autor. Débeis protestos da delegação americana e de algumas nações européias se enfrentaram com bastiões do 'Direitos Humanos', como China, Rússia e o bloco árabe. E o Brasil a reboque.

O bloco Árabe se reunirá nos próximos dias em Jeddah, Arábia Saudita, para julgar uma pretensa invasão judaica da Mesquita Al Aksa, dessacralizando-a, uma óbvia mentira, pois Israel sempre protegeu os cultos das demais religiões em Jerusalém. Os resultados da reunião, apesar das posições moderadas do Egito e da Jordânia, prometem mais violência e certamente contarão com o pleno aval da ONU e da nova administração americana, engajada na conquista da simpatia do Islã, possivelmente a religião seguida secretamente por Obama, e que ainda tenta apaziguar Teheran.

Apesar dos protestos de simpatia, Hitler teve as mãos livres para exterminar seis milhões de judeus. Não se enganem: Ahmadinejad também terá. Não serão protestos de rua que vão mudar coisa alguma, nem mesmo o engajamento do Brasil e do Foro de São Paulo. Os judeus precisam deixar de se preocupar com a guerra de propaganda, uma guerra perdida, e enfrentar a guerra real! A única defesa de Israel é a Tzahal (Israel Defense Forces) e Ozirak é o exemplo a ser seguido antes que seja tarde demais.

(*) Parece que este projeto foi abandonado depois de escrito este artigo por razões semelhantes às expostas aqui.

Publicado no Jornal Visão Judaica, Curitiba, PR.

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