terça-feira, 10 de novembro de 2009

Quando o M-19 e Betancur serão julgados?

Mídia Sem Máscara

Quando vão processar Belisario Betancour e os terroristas do M-19 pelos funestos atos do Palácio da Justiça em 5 e 6 de novembro de 1985?

Há cerca de um quarto de século, em 5 de novembro de 1985, terroristas do M-19 treinados em Cuba ingressaram no Palácio da Justiça, assassinaram a sangue-frio o vigilante, ocuparam os pontos críticos do prédio, seqüestraram os magistrados da Corte Suprema de Justiça, invadiram os escritórios onde guardavam os processos dos principais capos do Cartel de Medellín com o objetivo de destruí-los, para cumprir um mandado muito bem pago por Pablo Escobar e, ao mesmo tempo, tiveram a ousadia de convocar o fraco presidente Belisario Betancur para que se sentasse em frente às câmeras de televisão para submetê-lo a um "julgamento" por "manzanillo" [1], "politiqueiro" e sem caráter.

Se não fosse pela oportuna reação das tropas da Décima Terceira Brigada e das unidades do Departamento de Polícia de Bogotá, que correram para salvar a República de uma hecatombe sem precedentes, os terroristas teriam se saído bem porque conheciam de antemão a debilidade de caráter e a lassidão característica de um presidente vaidoso e egocêntrico, incapaz de aplicar as leis aos terroristas, pois sonhava receber o galardão do Prêmio Nobel da Paz sem se importar com a sorte da Colômbia.

Se os terroristas do M-19 tivessem conseguido que Belisario fosse à entrevista, de imediato os bandoleiros teriam se declarado governo de facto e, portanto, teria se desencadeado uma sangrenta guerra civil.

Devido à firme posição do alto comando militar frente à atitude indecisa e falta de contundência de Belisario Betancur, os terroristas desenvolveram todo o plano preparado durante vários meses. Situaram franco-atiradores e núcleos de resistência armada em diferentes pontos do Palácio da Justiça, extraíram das cafeterias milhares de munições de vários calibres e granadas de mão, que com aberta cumplicidade de alguns empregados haviam pouco a pouco introduzido e armazenado como suporte logístico, para sustentar um combate prolongado.

Porém, como os assaltantes não conseguiram o pretendido de submeter o frouxo governante, desataram uma orgia de sangue, terror e fogo. Em vez de se renderem para evitar uma hecatombe e ao mesmo tempo salvar a vida dos reféns, começaram a queimar processos e a disparar contra as Forças da Ordem que cumpriam com o dever constitucional de resgatar os seqüestrados e recuperar o império da lei e da ordem.

O combate se prolongou durante dois dias. As tropas do Exército Nacional, sob o comando do talentoso general Jesús Armando Arias Cabrales, conduziram uma valorosa e arriscada manobra tática até dobrar os esquizofrênicos comunistas do M-19 que, fiéis à cartilha comunista cubana, viam a queda da Colômbia na virada da esquina por meio do terrorismo, sua arma predileta.

O mundo inteiro ouviu assombrado a descrição feita em Caracol Radio por Yamid Amat, acerca da forma tão covarde e demencial como o sicário Andrés Almarales, cabeça da tomada, assassinou o ilustre magistrado Reyes Echandía. Depois sobreveio a débâcle. O Palácio ardeu em chamas por toda a parte. Uma terrorista que operava um nicho de metralhadoras no quarto andar, disparava incessantes rajadas contra as tropas, porém, no final os assaltantes foram dobrados.

O país inteiro correu às ruas para homenagear os heróis que acabavam de salvar a República, em que pese a indignidade de quem ostentava o cargo de Comandante-em-Chefe das Forças Militares que, em vez de atuar em conseqüência com seu cargo, havia cedido muito terreno às astúcias das FARC, do ELN, do M-19 e dos demais grupos terroristas que nessa época assolavam o pais, e ao mesmo tempo brincavam com a esperança de paz dos colombianos.

Do mesmo modo que a célebre Operação Anorí, na qual o Exército Nacional obteve uma retumbante vitória militar, por culpa de um "manzanillo" como Alfonso López [Michelsen] e neste caso Belisario Betancur, a evolução dos acontecimentos posteriores ao holocausto do Palácio da Justiça transformou-se em uma derrota política para o Estado e uma sem-razão para os colombianos.

Porém, os terroristas do M-19 e os comunistas desejosos de escravizar a Colômbia se saíram com as suas. Os anti-sociais que então dirigiam as quadrilhas do M-19 acabaram anistiados e plenos de honrarias políticas, investidos como governadores, senadores, prefeitos, funcionários públicos de alto nível, membros de corpos consulares, analistas do conflito e, o mais difícil de acreditar, moralistas em temas de guerra suja.

Por sua parte, o presidente Betancur, fiel às argúcias politiqueiras de sua estirpe, por exemplo, a "audácia" samperista [2] de que "foi tudo pelas suas costas", esquivou-se do assunto e esqueceu que ele foi o primeiro responsável pelo holocausto devido à debilidade manifesta frente ao terrorismo durante todo o tempo de seu governo.

E os juízes que deveriam julgar Belisario e o M-19 pela tragédia, deram uma bofetada. Do mesmo modo como ocorreu com o bombardeio à guarida de Raúl Reyes, fato que para os comunistas e demais propagandistas do terrorismo o grave não é que Correa apóie as FARC, mas que Uribe tivesse ordenado o bombardeio do "camarada" Reys. Os responsáveis pela tragédia do Palácio da Justiça acabaram sendo os militares que salvaram a Colômbia em uma de suas horas mais nefastas.

ONG's inclinadas ao terrorismo comunista, testemunhos falsos comprados com dinheiro das máfias - inclusive das FARC -, terroristas desmobilizados do M-19 ansiosos em ver a Colômbia convertida em outra vergonhosa Cuba, delinqüentes de colarinho branco infiltrados nas instâncias judiciais, alguns juízes venais e alguns estúpidos funcionais que sonham com a "cubanização da Colômbia" sem compreender a gravidade de sua estultícia, buscaram bodes expiatórios e enlodaram vários militares de alta graduação, com o propósito calculado de desmoralizar as Forças Militares, minar sua capacidade de luta e desvirtuar a verdade histórica.

Enquanto os delinqüentes que auspiciavam o terrorismo comunista nessa época e hoje são "moralistas com aspirações presidenciais", ou altos funcionários protegidos pelo mesmo Estado que odiavam e queriam destruir, os que expuseram suas vidas em defesa da liberdade, da democracia e da vigência institucional, hoje são catalogados como violentadores dos direitos humanos. Do mesmo modo que no tango Cambalache: o mundo pelo avesso. A delinqüência agora é o paradigma da legalidade. Quem quiser que acredite!

Por essa razão, no 24º aniversário do criminoso ataque do M-19 contra a Colômbia, data em que as FUN (Força de Unidade Nacional) que agrupam as reservas ativas das Forças Militares escolheram para pedir justiça e igualdade, é pertinente perguntar aos magistrados, aos juízes e ao Procurador Geral: até quando vão permitir a torcida intencionalidade dos que desviaram o curso da investigação, para assim estigmatizar os que conseguiram recuperar a senda da justiça e do império da lei, quer dizer, para que os verdadeiros responsáveis desse fato macabro respondam ante os tribunais por seus atos? Em síntese, quando vão processar Belisario Betancour e os terroristas do M-19 pelos funestos atos do Palácio da Justiça em 5 e 6 de novembro de 1985?

A Colômbia não necessita de "comissões da verdade", nem de anistias politiqueiras para salvar o pelinho dos terroristas, nem de tratamentos diferentes para o ex-presidente Betancour. A Colômbia necessita de justiça imparcial e concreta. E essa justiça se consegue levando a julgamento ante os tribunais aqueles que por ação ou omissão permitiram que o M-19 massacrasse os magistrados, alguns reféns e alguns dos empregados do Palácio da Justiça, inclusive os cúmplices que ajudaram os terroristas para preparar a logística do ataque sangrento. Os militares não fizeram nada diferente do que recuperar a dignidade da Colômbia.

O resto foi um manuseio e uma manipulação politiqueira do assunto, do qual tiraram proveito pessoal outros "manzanillos" como César Gaviria Trujillo, os comunistas chiques, os terroristas Antonio Navarro, Gustavo Petro e alguns delinqüentes de colarinho branco.

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* - Analista de assuntos estratégicos - www.luisvillamarin.com

Notas:

[1] Esta é uma expressão intraduzível, estritamente colombiana que quer significar um político torpe, incapaz e dado a intrigas.

[2] Relativo ao ex-presidente Ernesto Samper.

Fonte: El Tiempo

Tradução: Graça Salgueiro

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