terça-feira, 10 de novembro de 2009

Jabor e o novo jornalismo

Mídia Sem Máscara

Internet é a liberdade que faltava nas comunicações. Ela rima com livre mercado, com capitalismo, com a sociedade aberta. Os dias de articulistas de opinião antiquados como Jabor estão contados, a menos que entrem correndo no Twitter.

O último artigo de Arnaldo Jabor ("Blogs, twitter, orkut e outros buracos") me deu o que pensar. Eu sempre soube que ele é um dinossauro no que se refere às idéias niilistas que defende. Um homem de Neandertal, uma espécie em extinção. Todavia, sempre o tive como um grande profissional do jornalismo que, apesar de ter-se posto a serviço da revolução gramsciana (ou talvez por isso), ocupou um lugar de destaque nos nossos meios de comunicação. Nesse artigo Jabor fez uma terrível confissão: "Não estou no Twitter, não sei o que é Twitter, jamais entrarei nesse terreno baldio". Completa dizendo que alguém se faz passar por ele na rede de microblog. A net é como o poder: não suporta o vazio.

Vê-se que Arnaldo Jabor é a faceta personalizada da crise que a imprensa tradicional está sofrendo em todo o mundo, e no Brasil também. As tiragens dos jornais caem, a audiência das TVs abertas despenca e as antigas redes dão lugar a novas, como tem sido o fenômeno da Foxnews nos EUA e do surpreendente e original Glenn Beck. Jabor é o jornalista dinossauro, que está morrendo com o velho modo de fazer jornalismo, nos velhíssimos veículos sob o cabresto dos partidos de esquerda. Sinal dos tempos.

Minha tese é que a Internet permitiu um contra-atraque fulminante das forças conservadoras contra o monopólio da informação por parte de gente como Arnaldo Jabor. Ele se queixou que alguém tomou sua marca e a está usando. Ora, alguém só fez porque o dinossauro recusou-se os novos tempos. Não há lugar para jornalismo de opinião que não esteja, direta ou indiretamente, vinculado à Internet, Twitter incluso. Eu leio as manchetes dos jornais via Twitter e todos os analistas de opinião de que gosto de ler estão lá também. Como se vê, Jabor perdeu o bonde da história e está a caminho de uma aposentadoria precoce. Suas tiradas na Rede Globo têm data marcada para virar sucata jornalística. Na mídia impressa também.

Jabor reclama dos textos apócrifos da net. Ora, eles só prosperam porque ele se recusa a ter textos em blogs oficiais. Como qualquer pessoa "in" do meio jornalístico tem blog, o fato de ele não ter (e não avisar que não tem) dá espaço para os imitadores. Ele deveria saber que Obama elegeu-se, entre outras coisas, porque usou o Twitter muito bem. O mundo novo da comunicação é instantâneo, eletrônico, afirmativo. Nada que combine com a canastrice Global de Arnaldo Jabor e suas tiradas de mau gosto.

O novo jornalismo é assim: conteúdo, opinião clara, engajamento com o leitor, rapidez, imagem, som, link permanente na Internet. Isso é que vale muito dinheiro, seja porque o acesso pode ser cobrado, seja porque anunciantes estão dispostos a pagar pelas visitas dos internautas. No Brasil, as últimas estatísticas dos investimentos em publicidade dão conta de que a verba destinada aos meios da Internet é do mesmo tamanho daquela destinada ao rádio. Com a diferença de que tem crescido velozmente (22% em 2009, comparado a 2008), enquanto seus concorrentes ou estacionaram ou minguaram. É lá que está o pote de ouro. É lá o futuro das comunicações.

A maravilha da Internet é que ela quebrou barreiras geográficas e de tempo. Gente como Jabor tinha o monopólio das fontes de notícias e vivia desse monopólio, regiamente pago. Isso acabou. Internet é a liberdade que faltava nas comunicações. Ela rima com livre mercado, com capitalismo, com a sociedade aberta. Os dias de articulistas de opinião antiquados como Jabor estão contados, a menos que entrem correndo no Twitter. Espero que Jabor não o faça, será um canastrão a menos a tentar passar para a net o formato sucateado dos jornalões. Jabor não fará falta aos novos tempos.

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