segunda-feira, 23 de novembro de 2009

História da Confecom

Mídia Sem Máscara

Nivaldo Cordeiro | 23 Novembro 2009
Artigos - Governo do PT

Quem conhece como se movem as forças de esquerda sovietizadas sabe que jamais chegam a um evento desses sem ter tudo costurado, pronto para homologação.

As origens da CONFECOM não se esgotam no Fórum Social Mundial de 2009, conforme está sugerido no meu artigo anterior. Seu marco mais remoto está no Foro Nacional pela Democratização das Comunicações, de 2001, cujo documento fundamental pode ser encontrado no link Para entender a CONFECOM. No site do FNDC o leitor achará farta documentação histórica sobre suas atividades. Devo a um dileto amigo, nascido e residente em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, esclarecimentos essenciais sobre esse esforço inaugural para a sovietização do setor, agora em sua fase final. Ele também me esclareceu que o primeiro presidente da FNDC foi Daniel Hertz, primo do ministro Tarso Hertz Genro e do professor de jornalismo Adelmo Genro Filho.

Como se vê, a história tem raízes profundas e está no DNA do governo do PT e de seus principais quadros. O grupo já tinha atuado de forma orgânica por ocasião da Constituinte, mas viu-se derrotado pela correlação de forças. Agora voltaram com tudo, aproveitando que estão com a Presidência da República. Entendo que devemos levar muito a sério as "propostas" do FNDC para a CONFECOM, razão pela qual eu as pus como documento relevante no link acima. É provável que essas propostas contenham toda a política do PT e aliados para o setor e será a vontade política a prevalecer na conferência. Quem conhece como se movem as forças de esquerda sovietizadas sabe que jamais chegam a um evento desses sem ter tudo costurado, pronto para homologação.

Uma olhada nessas "propostas" revela o que querem: estatizar tudo, perseguir o que sobrar de empresas privadas, controlar os conteúdos, passar por cima do Congresso Nacional, criando instâncias regulatórias sem ouvir o Legislativo, a implantação da lógica sindical às relações de trabalho, a imposição de diploma de jornalismo como mecanismo de controle das pessoas no exercício da atividade de comunicação, o basismo em tudo, consolidando a lógica de sovietização do poder.

Parte dessa vontade política depende de leis a serem votadas no Congresso Nacional, porém parte importante depende de simples decretos ou portarias ministeriais, podendo entrar em vigor imediatamente. Aqui se revela o perigo maior do que vai emergir da CONFECOM, com Lula em final de mandato: uma ruptura dos marcos legais, levando o país a marchar mais célere no rumo da sovietização. Os empresários brasileiros irão descobrir que o trabalho de lobby para agir na esfera de poder de nada valerá, pois o centro de poder será deslocado dos poderes constituídos para essas células sovietizadas, pulverizando as instâncias decisórias que só são reunidas novamente no âmbito do comitê central do partido governante. Nem se sabe ao certo quem compõe esse núcleo de poder. O Brasil entrará o Ano Novo sob a ameaça de acordar no admirável mundo novo dos leninistas. A Argentina acabou de passar uma legislação semelhante ao que propõe o FNDC.

A lógica é implantar no setor o modelo que já está consolidado no SUS: o basismo rigidamente controlado pelos chamados "movimentos populares". Estamos diante da figura do Legislador descrita por Rousseau, ansioso para aperfeiçoar a natureza humana pelo processo legislativo e para instaurar a Igualdade, assim como extirpar do mundo a corrupção. O supremo delírio do genebrino virando realidade sob o Cruzeiro do Sul.

E a liberdade? Ora, para essa gente essa é a liberdade, vez que subordinam toda a lógica ao igualitarismo comunista. Certo, é o grande sofisma, quem estuda filosofia a sério sabe disso. Mas quem estuda filosofia a sério? Toda nossa academia está infiltrada de discípulos de Rousseau. Sua produção intelectual parte sempre do suposto de que a meta é alcançar o igualitarismo. Puro paralogismo, que leva necessariamente a conclusões errôneas.

Alguém poderá dizer que tudo pode acabar em samba. Não desta vez, penso eu. Nunca vi as esquerdas tão fortes, tão desenvoltas. Pesquisar o assunto me levou a concluir que seus dirigentes não estão dando a mínima para a discrição. Dizem o que querem fazer, provêem os meios e partem para obter os resultados, dando-lhes ampla publicidade. A CONFECOM é a expressão dessa certeza de espírito de que estão possuídos. Sabem que não há nenhuma força de oposição digna do nome. Sabem que o Império americano, que derrotou o comunismo stalinista clássico sob Reagan, está se derretendo e está administrado por um dos seus parceiros, Obama nas alturas. Como sempre, a única oposição de fato que existe é a própria realidade, que nega aos revolucionários dobrar-se aos seus talantes. Aí virá a fase final, na qual esta senhora sofrerá cirurgias plásticas, para ficar mais bonitinha. Será deformada pelo Legislador cirurgião. Lembremos das execuções em massa que aconteceram por onde os sovietes foram implantados. Os ossos estão ainda em suas tumbas coletivas, um testemunho mudo, verdadeiros Gritos do Silêncio.

Mas pode acabar em samba, sim, por que não? Liberdade é um amor a ser conquistado, como a namorada ou o namorado. Aí eu canto como o nosso Martinho da Vila, em samba célebre:

Segure tudo que for conquistado
Segure tudo que não for de mais
Segure o braço do seu namorado
Segure a menina rapaz

Assegure um amor sem despedida
Dando amor e lealdade
Pra não terminar a vida
No tal bloco da saudade

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