quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Primavera no Mediterrâneo e inverno no Caribe

Mídia Sem Máscara

“Nada é mais fértil em prodígios do que a arte da liberdade, mas não há nada mais árduo do que a aprendizagem da liberdade.”
Alexis de Tocqueville

“Ver cometer um crime e não fazer nada, é cometê-lo.”
José Martí

Quanto mais percebo a aparente preocupação do suposto mundo civilizado pelos acontecimentos na Líbia e a colaboração da OTAN para provocar a queda de Khadafi em nome da liberdade, mais tristeza me produz.

Por mais que isto pareça uma contradição, em alguém preocupado com a liberdade e o respeito aos direitos individuais, posso assegurar que não é.

Não pretendo que a dor dos cubanos seja compartilhada internacionalmente. Os sentimentos não se transmitem, mas a razão certamente transcende. É nesse sentido que sinto que a denominada primavera árabe é interpretada como o surgimento da liberdade no Oriente Médio, então no Caribe persiste o inverno. (N. do E.: uma análise mais precisa da tal "primavera", pode ser lida aqui.) O frio na alma dos observadores internacionais que pretendem ignorar os crimes de Castro, e a persistência da ditadura totalitária mais criminosa que América Latina já padeceu.

Em um recente artigo de Joseph Michael Humire, membro da Atlas Research Foundation, ele manifesta sua posição a respeito na qual a queda de Khadafi deve ser uma lição para as ditaduras latino-americanas. Não posso menos que estar de acordo com os julgamentos do autor a respeito da personalidade e do governo de Khadafi, porém a lição não é para as ditaduras latino-americanas, senão que deveria ser para os governos europeus.

Já sabemos que na América Latina a democracia majoritária é uma desculpa tão-só instrumental, à instauração do que Jefferson denominara um “despotismo eletivo”. Em Cuba, há 52 anos, como disse antes, impera o sistema mais criminoso que padece a América Latina. Não obstante isso, recentemente a União Européia levantou as sanções contra Cuba, enquanto que as impôs ao governo de Honduras por tentar se desligar do ex-presidente Zelaya, amigo e colaborador do Castro-chavismo. Mais triste foi que o Papa Bento XVI enviou o Cardeal Bertone à Havana para felicitar os Castro, por estar a favor dos pobres e da solidariedade.

Por outro lado, em minha ignorância sobre o Oriente Médio, me pergunto que crimes Khadafi cometeu que os Mullah do Irã não compartilharam. Por favor, não entendam que estou defendendo a ditadura de Khadafi, senão que me preocupa a aparente inconsistência da política da OTAN. Não me cabe a menor dúvida de que o governo do Irã é hoje o maior risco para o Ocidente e uma ameaça para Israel que não fosse Khadafi.

Não poderia menos que desejar que a Líbia surgisse desse agravo como um país livre a partir da saída de Khadafi. Porém, não posso deixar de ter minhas dúvidas a respeito, pois como bem assinalou Von Hayek em seu “Caminho da Servidão”, “parece ser quase uma lei da natureza humana, que é mais fácil para as pessoas estar de acordo em um programa negativo - baseado no ódio a um inimigo ou na inveja aos que estão melhor - que em qualquer ato positivo”. E como bem assinala Alexis de Tocqueville: “Os povos acreditam amar a liberdade quando só odeiam o amo”.

Voltando então a Cuba, posso sentir a respeito que, por mais que qualquer um na ilha se atreva a opor-se ao regime castrista tem meu maior respeito e admiração, mas não posso menos que reconhecer meu desacordo ao “Projeto Varela”, bem como ao “Projeto Todos Cubanos”. Com relação ao primeiro posso pensar que o próprio Padre Varela, que acredito foi o maior pensador político cubano, estaria contra. Foi assim que ele disse: “Se o exercício da soberania do povo não conhece limites, seus representantes que se consideram com ela toda poderiam se erigir em uns déspotas, e às vezes o interesse rasteiro de um partido favoreceria o desaparecimento da nação... Jamais o que é injusto será justo porque muitos assim o querem”. Quer dizer, havia tomado consciência da falácia do direito do povo como o meio de justificar o poder absoluto e violar os direitos individuais.

No que diz respeito ao “Projeto Todos Cubanos”, devo reconhecer que os conceitos implícitos no mesmo ignoram os princípios fundamentais que determinaram a liberdade no mundo. Nesse sentido, devo assinalar que o documento reconhece implicitamente a razão de Estado, a respeito da qual Von Hayek escreveu: “A razão de Estado é a ética coletivista, e não tem outro limite que o oportunismo”. Portanto, e à luz da história, é necessário reconhecer igualmente as sábias palavras de Tocqueville quando disse: “Tanto são mais fortes os vícios do sistema quanto a virtude dos que o praticam”. Conseqüentemente, não são as virtudes dos povos as determinantes da liberdade, senão o sistema ético político no qual se desenvolvem. Assim, me pergunto uma vez mais se os opositores de Khadafi são conscientes destes princípios que produziram a liberdade pela primeira vez na História.

Ao ver este apoio incondicional da OTAN aos opositores de Khadafi em defesa da liberdade, não posso deixar de lembrar com tristeza da traição de Kennedy aos cubanos na Baía dos Porcos. E seguidamente ao continente ao sul do Rio Grande durante a crise dos mísseis em 1963, quando acordou com Kruschev entregar à órbita soviética Cuba. Vou insistir mais uma vez em que essa decisão determinou a guerra subversiva na América do Sul. Circunstância hoje esquecida e graças a Jimmy Carter (Prêmio Nobel da Paz) e sua inseparável seguidora Patricia Derian, a única lembrança que permanece dessa realidade foram as ditaduras militares na América Latina. Mais uma vez vou ser politicamente incorreto. Sem desconhecer os erros e os excessos de tais ditaduras, não posso deixar de reconhecer que se não tivesse sido por elas o continente teria sido uma Cuba, com a exceção de Santo Domingo, onde Johnson enviou os marines para libertá-la da ditadura castrista de Camaño.

Enfim, na luta pela liberdade na Líbia não posso menos que tratar de fazer saber ao mundo ocidental e cristão, que Cuba foi vítima da falta de compreensão e solidariedade pelo mesmo motivo. Só os cubanos podemos ter consciência da dor e do sofrimento padecidos pelos crimes de Castro e Che Guevara. Nosso mundo ocidental e cristão que ignora essa realidade, só insiste em denegrir Pinochet que, mediante erros e excessos salvou o Chile de ser a segunda Cuba no continente. Hoje os estudantes chilenos, aparentemente acompanhados pelo Foro de São Paulo, denegrindo o lucro pretendem eliminar o ensino privado e certamente o presidente Piñera, que tem o pecado original de ser de direita. Lembrem-se que “educar com marxismo é como amamentar com álcool” e, do mesmo modo, devo lembrar à Civilização Ocidental as sábias palavras de Abraham Lincoln: “Todos nos declaramos pela liberdade: porém, usando a mesma palavra não lhe damos o mesmo significado”.



Tradução: Graça Salgueiro

MST: Jornalistas, sigam nossa pauta!

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Em 2007, o MST fechou duas vezes a Estrada de Ferro Carajás, quebrando tudo e impedindo o transporte de minério de ferro do Pará ao Maranhão. O juiz Carlos Henrique Haddad condenou líderes do bando a pagar multa à Vale. O MST respondeu em nota: a sentença representava a “criminalização dos movimentos sociais que lutam por um Brasil melhor”.

Naquele ano, o MST invadiu três vezes a fazenda Boa Esperança, no Pontal do Paranapanema, São Paulo, e ignorou uma ordem de reintegração de posse. A juíza Marcela Papa ordenou que o MST pagasse indenização ao dono da fazenda. José Rainha, líder do MST no Pontal, reagiu assim: “Condenar um movimento social é condenar a democracia”.

Em fevereiro de 2009, integrantes do MST executaram quatro seguranças de uma fazenda em Pernambuco que o bando já tinha invadido e queria invadir de novo. João Arnaldo da Silva e Rafael Erasmo da Silva foram mortos com tiros na cabeça. Wagner Luís da Silva e José Wedson da Silva tentaram fugir, mas foram perseguidos e também levaram balas na cabeça.

Se, diante dessas e outras ocorrências semelhantes, o brasileiro normal ousar dizer que quem comete crime é criminoso, será repreendido por tamanha ignorância e olhado com nojo por jornalistas e professores universitários que ensinam seus pupilos a falar sobre o MST em novilíngua, do jeito que o Partido gosta.

Semana passada, durante mais uma sessão de invasões dos ditos sem-terra pelo país, jornalistas esquerdistas lançaram em Brasília o relatório “Vozes Silenciadas” (*), que chega a uma constatação revoltante depois de analisar 300 matérias em três jornais (Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo), três revistas (Veja, Época e Carta Capital) e dois telejornais (Jornal Nacional e Jornal da Record):

Quase 60% das matérias utilizaram termos negativos para se referir ao MST e suas ações. O termo que predominou foi ‘invasão’ e seus derivados, como ‘invasores’ ou o verbo ‘invadir’ em suas diferentes flexões. A maioria dos textos do universo pesquisado cita atos violentos, o que significa que a mídia faz uma ligação direta entre o Movimento e a violência”.

Hoje em dia você não pode invadir propriedades, aterrorizar o povo do campo, destruir o fruto do trabalho alheio e lutar por um Brasil melhor que vem um jornalista e trata isso como se fosse violência. Controle social da mídia já! Enquanto esse dia não chega, os agentes do Partido na Academia vão instruindo estudantes de jornalismo moldáveis a desfigurar a língua e negar a realidade em troca do Prêmio MST de Consciência Social.

* - Observe o financiamento da Fundação Ford.


Publicado no jornal O Estado.

Bruno Pontes é jornalista - http://brunopontes.blogspot.com

Palácio da Justiça: sairá um novo coelho da cartola?

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Estão urdindo uma nova lenda para impedir que o Tribunal Superior de Bogotá absolva definitivamente, como todo o país espera, o Coronel Plazas Vega?

Que mal perdedor é o coletivo de advogados Alvear Restrepo. Em vez de admitir que a derrubada do iníquo processo que montou contra o coronel Alfonso Plazas Vega é inelutável, pois as três únicas “provas-rainha” que haviam avançado contra ele acabaram murchando, graças à ação da defesa do coronel e de alguns jornalistas independentes, sem esquecer da sábia posição adotada pela Procuradoria Geral, que nunca acreditou na culpa de Plazas e recebeu o desmentido contundente do verdadeiro sub-oficial (r) do Exército Edgar Villamizar Espinel, esse grupo de litigantes esquerdistas tenta agora uma manobra desesperada para impedir o naufrágio definitivo de sua causa.

Não lhes será fácil fazê-lo, pois o que tentam nestes dias é tão grotesco e fraco quanto o que fizeram no passado, sobretudo com relação às três “testemunhas-estrela” que queriam fazer valer contra o coronel Plazas Vega, contra o general Arias Cabrales e contra outros militares que intervieram no histórico resgate do Palácio da Justiça, em 6 e 7 de novembro de 1985.

O doutor Daniel Prado, advogado das vítimas, aspira a tirar de sua manga um novo “testemunho” contra o coronel Plazas. Um testemunho que não havia sido esgrimido (vá se saber por que!) pelos acusadores do Coronel. Argúi Prado que a Comissão da Verdade, da Corte Suprema de Justiça (CSJ), sobre os fatos do Palácio da Justiça, havia registrado um “testemunho” despercebido em três parágrafos. Entretanto, este já era em si suspeito, pois trata-se de um “depoimento” dado não por uma testemunha presencial, senão que por uma terceira pessoa: o ex-magistrado do Conselho de Estado, Jorge Valencia Arango, teria ouvido o ex-chofer de seu filho dizer algo. O doutor Valencia não se lembra bem se ele chama-se Jaime Arenas ou Jaime Buitrago.

Daniel Prado trata agora de tirar o ex-magistrado Jorge Valencia Arango, de 85 anos, de sua merecida aposentadoria a força, para expô-lo a toda sorte de peripécias. O ex-magistrado irá querer sair a estas alturas para dançar sob a música do coletivo de advogados?

Seria muito estranho que Jorge Valencia faça de bom grado o que lhe pedem, pois ele nunca se sentiu obrigado a prestar testemunho algum à justiça que investigava os fatos do Palácio da Justiça. Se ele tinha um testemunho, por que o ocultou durante quinze anos? Essa não é uma conduta anômala em um magistrado de sua qualidade? Ainda mais curioso: o próprio Daniel Prado, embora acreditasse conhecer essa história do chofer por terceiras pessoas “desde abril de 1998”, tampouco quis dizer nada à justiça até hoje por razões obscuras.

Muito a contra-gosto, segundo conta a imprensa, o ex-magistrado Jorge Valencia Arango deu, em 2001, uns dados sobre um suposto episódio do qual ele só tem lembranças fragmentadas. O doutor Daniel Prado quer tirar disso um testemunho capital que “confirmaria”, segundo ele, que o coronel Plazas ordenou “desaparecer” onze pessoas. Nada é mais improvável. O que teria dito o ex-chofer não tem nada a ver com “desaparecidos”. O misterioso personagem, cujo paradeiro ninguém conhece, só teria dito que havia sido “torturado” no Cantão Norte. Essa pessoa, se lê-se bem o que disse El Tiempo e El Espectador, nunca acusou o Coronel Plazas nem disso, nem de “desaparição” alguma.

E o que é pior (para Daniel Prado): o personagem invisível não depôs o que lhe atribuem ante juiz algum. Por que calou-se? Porque estava “ameaçado”, pretende o doutor Valencia. Entretanto, outros ex-reféns do M-19 que saíram do Palácio e provavelmente sofreram maus tratos dos soldados durante os interrogatórios na Casa del Florero, depuseram depois ante a justiça sem que lhes acontecesse nada. É o caso, para citar dois exemplos muito conhecidos, de Eduardo Matson Ospino e de Yolanda Santodomingo Albericci, que foram deixados em liberdade na mesma noite de 6 de novembro de 1985.

O ex-magistrado Valencia dirá, por fim, os nomes dos altos comandos militares a quem pediu que pusesse o chofer em liberdade? O Ministério Público fará aparecer não só este, mas também o soldado que chamou o ex-magistrado Valencia?

Daniel Prado quer que o chofer seja procurado por terra, mar e ar para que vá contar não se sabe o quê, a não se sabe quem. Estão preparando uma variante do que fizeram com Edgar Villamizar? Estão preparando alguém para que assuma a identidade de outro e aceite ir prestar, em um lugar estranho, um falso testemunho adicional? Estão urdindo uma nova lenda para impedir que o Tribunal Superior de Bogotá absolva definitivamente, como todo o país espera, o Coronel Plazas Vega?

Essa jogada seria perigosa para o falso depoente e para quem o patrocina. Todavia, não se deve descartar que alguém queira assumir esse triste papel, pois esse método ilícito já foi utilizado nesse e em outros processos com os resultados que conhecemos. Os intrigantes conseguiram fazer valer falsos testemunhos, como o de Tirso Sáenz, o de Ricardo Gámez Mazuera, e o de Edgar Villamizar durante um tempo, pois contavam com a cumplicidade da ex-promotora Ángela María Buitrago Ruíz. Porém, ela já não trabalha no Ministério Público pois o ex-Promotor Geral, Guilermo Mendoza Diago, pediu em agosto de 2010 sua renúncia, pelas faltas profissionais que ela havia cometido. Quinze dias antes dessa destituição, Mendoza Diago e a opinião pública haviam se inteirado com estupor que Buitrago havia aceitado René Guarín como testemunha principal, um seqüestrador do M-19 anistiado que dissimulou sua horrível condição para poder orientar o processo a seu bel prazer.

Por sua parte, a “testemunha” Tirso Sáenz, delinqüente encarcerado, ameaçou revelar ao tribunal que lhe haviam prometido transferi-lo a Bogotá, se acusasse o Coronel Plazas das piores coisas. Sua ameaça surtiu efeito pois o homem foi transferido rapidamente da penitenciária de Cómbita para La Picota. Seu testemunho foi rechaçado.

O fato de que aventuras tão escabrosas como as que afetaram o processo do Coronel Plazas e como as que os diários importantes de Bogotá acabam de descrever, mostra até que ponto a manipulação da justiça e dos meios de informação é um câncer que avança rapidamente e que acabará por abolir as liberdades dos cidadãos na Colômbia se o governo e a sociedade em geral, incluindo os próprios juízes e os próprios jornalistas, não se mobilizarem para pôr-lhe um fim.

Daniel Prado mentiu aos jornalistas de El Espectador quando lhes disse, convencido de que talvez estes não verificariam o que disse, que o testemunho de Yolanda Santodomingo havia sido “determinante” para “condenar” o coronel Alfonso Plazas Vega. Isso é falso. Eu desafio o doutor Prado a que mostre onde há, na longa sentença da juíza María Stella Jara, uma só frase acusadora de Yolanda Santodomingo contra o Coronel Plazas.

O doutor Prado foi exato quando falou de Gámez Mazuera, pois disse que o testemunho dele “não foi aceito porque não se fez ante um promotor”. A história real é muito mais saborosa: este falso testemunho afundou-se em 1990 porque Gámez Mazuera “foi citado pelo Ministério Público em Bruxelas e não quis comparecer, [porque] comprovou-se que ele não foi policial regular, [porque] não esteve nos fatos do Palácio da Justiça e [porque] não foi membro dos serviços de inteligência do Exército”, como diz textualmente a sentença da juíza Jara na página 43. Esse testemunho foi redigido por gente do semanário comunista Voz e apresentado em 1989 ante um notário, pelo sulfuroso padre Javier Giraldo. Gámez Mazuera fugiu em seguida para a Alemanha e não voltou.

Por outro lado, Daniel Prado assegura que o depoimento de Edgar Villamizar foi desvirtuado por um “erro mecanográfico”. Por um erro? A defesa do Coronel Plazas, o Ministério Público e alguns jornalistas independentes demonstraram, com efeito, em junho de 2011, que quem depôs em nome de Edgar Villamizar (ou Villarreal) não era senão um usurpador da identidade do verdadeiro Edgar Villamizar Espinel. Este, o autêntico, apresentou-se ante o Procurador Geral Alejandro Ordoñez Maldonado, identificou-se e lhe explicou que nunca havia deposto ante a promotora Buitrago, nem na Escola de Cavalaria, nem no Ministério Público, e que não havia participado sequer do resgate do Palácio da Justiça. “Essa não é minha assinatura”, afirmou, “nem o que diz aí foi meu depoimento. Eu jamais declarei estas coisas ante nenhuma entidade”. Ele indicou que jamais o Ministério Público o havia citado para depor. E, para finalizar, sublinhou que temia por sua vida porque havia trabalhado com o CTI do Ministério Público e sabia do que este é capaz de fazer. “Minha sentença de morte é segura”, advertiu.

Estamos, pois, diante de um prato muito tóxico que já foi servido: uma história opaca que sai do nada, uma testemunha oculta, cujo nome é impreciso (como no caso de Villarreal-Villamizar), e que nunca depôs ante a maior investigação e recopilação de fatos, provas e documentos que tenha sido feita acerca do atentado contra o Palácio da Justiça: a que fez o Tribunal Especial de Instrução que, sob a direção de dois grandes magistrados, Jaime Serrano Rueda e Carlos Upegui Zapata, e com a cooperação de dez juízes de instrução, com jurisdição em todo o território nacional, investigou desde 18 de novembro de 1985 até 31 de maio de 1986.

O chofer Arenas (ou Buitrago) terá que explicar, se aparecer, não só como e por quem foi torturado, senão que terá que dizer por quê aceitou cumprir tarefas ordenadas pelo terrorista Almarales, como carregar corpos e transferir feridos até o quarto andar do Palácio da Justiça, durante a sangrenta tomada. Pois El Espectador afirma que foi esse o papel de Arenas (ou Buitrago), como refém, durante esse terrível atentado.

Doutor Prado: jogue a bola. Já veremos como e onde cai.



Nota da tradutora:

Para completar as denúncias deste magnífico artigo, sugiro ouvirem a gravação da entrevista dada pelo advogado do Coronel Plazas, Doutor Jaime Granados, à W rádio no dia 27 de agosto passado, onde ele detalha esta aberração.

Tradução: Graça Salgueiro

Pra não dizer que não falei do álcool

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Escrito por Klauber Cristofen Pires | 30 Agosto 2011
Artigos - Governo do PT

EUA estão para passar o Brasil nas exportações de etanol. Agradeçam ao Lula, que proibiu plantar na Amazônia e interveio no mercado!

Do que mais tenho falado em meu blog?

Que me acusem de ser um neurótico da teoria da conspiração e eu mando tomar no etanol! Qualquer brasileiro que se põe a besta para trabalhar e produzir, especialmente na Amazônia, terá diante de si o MST, uma infinidade de ONG's, laboratoristas sociais do mundo inteiro, uma plêiade de órgãos de regulação e de fiscalização, o governo falando grosso e a polícia de braços cruzados (isto é, a não ser se for para prendê-lo, quando então usará de todo o seu arsenal de recursos que alega faltar quando o problema for proteger o cidadão).

Vou repetir, sim, mais uma vez, feito doido: a indústria madeireira foi falida na marra com os créditos ao Greenpeace, que deixou milhares de brasileiros desempregados e passando fome em Breves; a pimenta-do-reino sucumbiu aos gafanhotos do MST e o Ministério do Trabalho; os agricultores não estão recebendo licença ambiental para produzir milho, fazendo com que as avícolas da região entrem em processo de falência, por conta do milho subsidiado ao Centro-Oeste e ao Nordeste; os pecuaristas estão sendo perseguidos impiedosamente pelo Ministério Público. A indústria pesqueira encolheu em cerca de 85%. O Pará, que já teve um pólo produtor de grãos com altíssima produtividade, agora vê seus campos tomados pelo mato e pela devastação praticada pelas favelas rurais criadas pelo governo. E claro, tornou-se proibido plantar cana-de-açúcar na Amazônia, porque "Seu Lula" não queria ferir as suscetibilidades dos seus padrinhos Fidel Castro e Al Gore.

Na contramão, toda sorte de merrecas estão sendo inventadas para o produtor doméstico - especialmente o amazônico - não trabalhar e não produzir: é seguro-defeso do peixe, seguro-defeso do caranguejo, PGPM, PGPMBio, e toda sorte de bolsas já extensíveis aos cidadãos urbanos. O negócio é dar "dezral" para cada um comprar um quilo de farinha e se virar com o que a floresta deixar cair no chão. Estão transformando o povo amazônico numa horda de esmoléus e nenhum, mas absolutamente nenhum político ou cidadão que ocupe uma posição de relevo denuncia esta calamidade!

Agora imaginem sermos ultrapassados por álcool de milho! Pra quem não sabe, a cana-de-açúcar é de longe muito mais eficiente em produzir álcool do que o milho, mas mesmo assim estamos perdendo mercado para os EUA, por conta de políticas intervencionistas entreguistas estabelecidas pelo PT, o partido que mais do que todos os outros na história cantou em prosa e verso sobre "soberania", inclusive a alimentar! Foi o Brasil que inventou o álcool como solução de combustível automotivo; somos nós quem temos a natural vocação de fornecer o mundo, e olhem que hoje a cana-de-açúcar ocupa apenas cerca de 1% da área plantada!

Eu não sou nenhum especialista de coisa nenhuma! Sim, devo dizer, até para justamente diferenciar-me destes que assim se proclamam! A única coisa que eu fiz foi parar e olhar em volta ao que está acontecendo! Às vezes, as coisas que parecem ser as mais óbvias, olhem só, são exatamente como se nos mostram! Mas então por quê raios estou sempre acertando em minhas previsões? Abaixo, CQD, para quem quiser conferir...

EUA devem superar Brasil nas exportações de etanol

Os Estados Unidos caminham para ultrapassar o Brasil nas exportações de etanol este ano, depois de figurarem como importadores significativos entre 2006 e 2008. Entre janeiro e maio, os americanos embarcaram 533 milhões de litros do biocombustível, segundo a Renewable Fuel Association (RFA).

A previsão de consultorias internacionais é de que as exportações americanas alcancem algo entre 1,9 bilhão e 2 bilhões de litros até o fim do ano. Se a expectativa se confirmar, os EUA vão superar os embarques brasileiros - estimados entre 1,2 bilhão e 1,6 bilhão de litros - e assumirão a liderança nas exportações do produto.

Nesta semana, o Departamento de Energia americano (EIA, na sigla em inglês) divulgou relatório em que reforça essa reversão da posição do país de importador para exportador de etanol em 2011. No documento, o órgão destaca que isso só será possível por causa do "relaxamento" das restrições comerciais por parte de países parceiros, como o Brasil, que reduziu a zero a alíquota de importação do etanol, que era de 20%.

O Centro-Sul do Brasil, que representa 89% da produção de cana do país, já chegou a exportar 4,2 bilhões de litros na safra 2008/09. Os embarques recuaram diante de um mercado doméstico aquecido e de escassez de cana, atingindo 1,9 bilhão de litros na safra 2010/11. A comercializadora de etanol Bioagência prevê que no ciclo atual, 2011/12, esse número cairá para algo entre 1,2 bilhão e 1,4 bilhão de litros. A Datagro aposta em 1,56 bilhão de litros.

Desde o ano passado os americanos avançam sobre os antigos clientes brasileiros de etanol. Parte deles está na Europa e na Ásia. Mas, segundo o Departamento de Energia americano, o etanol de milho avança no México e no Canadá.

Ainda não há consenso sobre quanto o Brasil deve importar de etanol na atual safra que vai até março de 2012. Para a consultoria Datagro, esse número ficará em torno de 1,9 bilhão de litros.

Segundo a Bioagência, desde abril até agora entraram no país 190 milhões de litros e já estão contratados mais 600 milhões de litros que devem entrar no país até março, totalizando até o momento uma demanda importadora de 790 milhões de litros.

Mas o real tamanho da safra brasileira é incerto. O último número oficial da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) estimou um processamento de 510 milhões de toneladas de cana, queda de 8,39% em relação ao ciclo passado (556 milhões de toneladas). Mas já há consultorias que projetam moagem abaixo de 500 milhões de toneladas, número que vem sendo encarado como "realista" pelo mercado.

Ontem, a Unica divulgou que a produção de etanol acumulada desde o início da safra, em abril, até 16 de agosto foi de 12 bilhões de litros, 18,74% menor do que a registrada em igual intervalo do ciclo passado. Somente na primeira quinzena de agosto a quebra foi de 16,25% com produção de 1,61 bilhão de litros.

Apenas a produção de anidro, que é misturado à gasolina, cresceu na safra para 4,49 bilhões de litros (+16%). A Unica também divulgou números acumulados para açúcar. Foram fabricados 17,42 milhões de toneladas do produto, 10,84% menos do que em igual intervalo do ano anterior. A moagem de cana somou no acumulado do ciclo 297,60 milhões de toneladas, 12% menos do que o observado em igual período da safra 2010/2011.

Fonte: Valor Econômico