Quinta-feira, Agosto 14, 2008
Dantas revela que Satyagraha queria atingir Lulinha, e reclama que Dirceu, Palocci e Gushiken o perseguiram
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Por Jorge Serrão
O banqueiro Daniel Valente Dantas confirmou ontem o que todos já sabiam: a Operação Satyagraha tinha como alvo indireto o chefâo Lula. DVD revelou ontem, em depoimento na CPI dos Grampos, que o delegado federal Protógenes Queiroz afirmou estar disposto a investigar um dos filhos do presidente Lula, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha. Fábio é sócio da Gamecorp, produtora de programas de TV e jogos eletrônicos que recebeu investimentos de R$ 5 milhões da Telemar (atual 0i).
O deputado Raul Jungmann (PE) entregará hoje um pedido de acareação entre o banqueiro Daniel Dantas e o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, que comandou a operação Satyagraha, na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga escutas telefônicas. Dantas informou que o delegado lhe garantiu que iria "até o fim" nas apurações, que alcançariam, até mesmo os filhos do presidente Lula. Quando Jungmann perguntou ao banqueiro se ele se submeteria a uma acareação, ele respondeu: "Os senhores têm a prerrogativa de convocar; eu não tenho alternativa".
Na CPI, o dono do Banco Opportunity reclamou que foi perseguido por "facções do governo", que teriam interesse no controle da Brasil Telecom. O banqueiro citou o nome de três petistas: o ex-ministro e deputado federal cassado José Dirceu; o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, que atualmente exerce mandato de deputado federal; e o ex-ministro Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República).
Dantas também denunciou uma forma de tráfico de influência lobista. O banqueiro contou que teve uma reunião com o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, no primeiro mandato de Lula. No encontro, Dirceu teria pedido a Dantas que conversasse com o ex-presidente do Banco do Brasil Cássio Casseb, para informar que o “governo tinha planos diferentes para o controle da Brasil Telecom”.
Dantas também acusou o diretor geral da Agência Brasileira de Inteligência, Paulo Lacerda de ter montado a Operação Satyagraha, na qual foi preso. Dantas ironizou que fora informado que Lacerda o culpava pela divulgação de um relatório em que apareciam contas no exterior.
Dantas nem precisou usar o hábeas corpus do Supremo Tribunal Federal para se manter em silêncio e só responder o que quisesse na CPI. O poderoso DVD chutou o balde. Também comentou que a Operação Chacal da Polícia Federal (2004) foi "montada" para frear a investigação que a empresa Kroll Associates, de origem norte-americana, fazia sobre o paradeiro de milhões de dólares que teriam sido desviados na Brasil Telecom e que supostamente teriam sido usados para fins ilícitos.
Comprometedor
Na CPI, DVD foi direto:
“O Protógenes me recomendou que não falasse mais com a imprensa, que isso não está ajudando. E que não tentasse trazer o material lá da Itália porque já tinha sido apurado e não tinha nada e que vai investigar a fusão da BrT-Oi. O Protógenes disse que também ia investigar os filhos do presidente Lula”.
Questionado pelo deputado Nelson Pellegrino (PT) sobre a citação, reafirmou:
“Ele disse que ia apurar a operação BrT-Oi envolvendo o filho do presidente Lula e também disse que ia até o fim”.
Armação
O banqueiro Daniel Dantas afirmou na CPI dos Grampos ter recebido em novembro de 2007, a informação de que o diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda, ex-chefe da Polícia Federal, encomendou uma operação da PF contra ele.
Dantas ironizou que fora informado que Lacerda o culpava por um relatório em que apareciam contas no exterior atribuídas ao diretor geral da Abin.
Em julho, a Operação Satiagraha da PF, prendeu Dantas, o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta e o investigador Naji Nahas.
O alvo
Dantas jogou no ventilador e afirmou que a Operação Chacal da Polícia Federal (2004) foi "montada" para frear a investigação que a empresa americana Kroll Associates fazia sobre o paradeiro de milhões de dólares que teriam sido desviados na Brasil Telecom e que supostamente teriam sido usados para fins ilícitos.
“No meu entendimento, na minha opinião, essa operação da PF foi montada, articulada e encomendada para sustar a investigação da Kroll”.
Lacerda afirmou, por meio de assessoria que aguarda convocação da CPI dos Grampos “para responder a informações infundadas no foro adequado”.
Segundo a Abin, o diretor-geral já encaminhou ofício à presidência da comissão para que seja ouvido.
Caso Kroll
Além de negar que não fez espionagem o banqueiro informou que a empresa de inteligência Kroll Associates foi contratada pela Brasil Telecom (BrT) para investigar se houve alguma ilegalidade no valor imposto pela Justiça para a compra da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT).
Segundo Dantas, na disputa estavam a Brasil Telecom e a Telcom Itália, sócias na época, e, para resolver a questão, a Justiça determinou que a empresa deveria ser vendida por US$ 800 milhões.
Quem venceu a disputa foi a Brasil Telecom, que havia oferecido US$ 750 milhões e teve de pagar US$ 50 milhões a mais pela companhia CRT.
Grana a mais
A função da Kroll era investigar para onde teria ido esse valor pago a mais pela BrT, segundo o banqueiro:
“US$ 800 milhões saíram dos cofres da Brasil Telecom e foram para os cofres da Telefonica da Espanha, e daí podem ter tido destinos distintos. A função da Kroll era investigar se esse dinheiro teria tido um destino ilícito”.
Dantas também afirmou categoricamente que a Kroll não realizou grampos ilegais quando prestava serviço para a BrT e que o processo na Justiça Federal de São Paulo que resultou da operação não tem informações sobre grampos ilegais.
Segundo Dantas, grampos ilegais teriam sido usados pela Telecom Itália, na disputa societária, conforme confissões de agentes contratados que estariam em mãos da Procuradoria Federal de Milão, na Itália.
“Minha interpretação é que a Kroll estava próxima de achar para onde estava indo esses recursos. Essa celeuma que foi criada em cima disso teve efeito, que era parar a investigação da Kroll”.
Motivo da convocação
Dantas foi convocado pela CPI para falar sobre a Operação Chacal, realizada pela Polícia Federal em 2004, que desvendou um esquema de escutas telefônicas clandestinas feitas pela empresa americana Kroll Associates.
As escutas teriam sido encomendadas por Dantas durante a disputa com a Telecom Itália pelo controle acionário da Brasil Telecom.
A investigação demonstrou que a Kroll também investigou autoridades brasileiras.
Atrasaram tudo...
A tentativa de votar a indicação da assessora da presidência do Senado Emília Ribeiro para o Conselho da Anatel acabou frustrada ontem no Senado.
O atraso pôs em risco o cronograma para modificar o Plano Geral de Outorgas (PGO), o que permitiria a compra da Brasil Telecom pela Oi.
Na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, choveram às indicações do Executivo para as agências reguladoras.
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