segunda-feira, 4 de outubro de 2010

“Jojoy”: a morte de um verdugo comunista

Mídia Sem Máscara

"Jojoy" era o chefe militar das FARC. Não era um dos "históricos", porém sim, um de seus quadro mais despóticos, temíveis e temidos.

As FARC foram um dos primeiros aparatos de violência armada que o poder soviético implantou desde os anos 1950, para tratar de arruinar a democracia liberal no continente latino-americano.

Essa potência extra-continental dirigiu e financiou cada um dos passos que o Partido Comunista da Colômbia deu para preparar e organizar a emergência dessa maquinaria de desolação. As FARC são um dos produtos mais nefastos da Guerra Fria.

Mesmo depois do fim desse período e da derrubada da URSS, as FARC conseguiram perpetuar na Colômbia, através de operações armadas, de artifícios ideológicos e do tráfico de drogas, a empresa do terror e desestabilização criada pelo Kremlin para subjugar o mundo livre.

Com o passar dos anos, e pelos graves erros de seus adversários, as FARC acabaram convertidas na organização terrorista mais experiente do Ocidente. No vasto espaço humano, geográfico, espiritual e político que constituem os continentes americano e europeu, não há uma organização criminosa comparada às FARC. Esta supera as outras por sua durabilidade excepcional e pelo número de vítimas, civis e militares, que infligiu a uma sociedade aberta. Seus tentáculos e apêndices tentam, ainda hoje, ganhar um nível operacional político e militar em vários pontos do continente.

O êxito da Operação Sodoma, realizada pelo Estado colombiano em 22 de setembro de 2010, em La Escalera (Meta), deve ser analisado nesse marco. A morte de Víctor Julio Suárez Rojas, cognome Jorge Briceño ou "Mono Jojoy", não é um evento unicamente colombiano. Isso terá um impacto que vai além do continente americano.

Os projetos globais das FARC e de seus apoios, dentro e fora da Colômbia, foram duramente afetados pela ação dos combatentes da Força Aérea, do Exército e da Polícia. Essa operação conjunta confirmou que já não há um acampamento, nem um bunker, por mais escondido e eficazmente defendido que seja, que não esteja ao alcance da inteligência e das armas da República. Essa operação mostrou igualmente a determinação que anima o presidente Juan Manuel Santos, e a sociedade em seu conjunto, de pôr fim a décadas de horror, depreciações e enganos dessa força armada comunista.

Não é hora do triunfo definitivo para ninguém. Graças à temeridade e ao sacrifício dos soldados e policiais colombianos durante os oito anos passados, sob as ordens do presidente Álvaro Uribe, as FARC vivem a maior de suas crises. Entretanto, essa organização desempenha um papel central no projeto mal chamado "bolivariano", destinado a precipitar o continente em um novo ciclo de despotismo "revolucionário" e de miséria social. Há um entorno internacional relativamente favorável a esse projeto e a Colômbia deve dotar-se de mecanismos intelectuais, políticos, diplomáticos e militares para responder a esse desafio.

"Jojoy" era o chefe militar das FARC. Não era um dos "históricos", porém sim, um de seus quadro mais despóticos, temíveis e temidos.

Após seus 35 anos passados dentro das FARC (alguns asseguram que passou mais de 42 anos nesse bando), ele havia se convertido no terror de seus próprios homens. Eles desconfiavam dele e muitos foram vítimas de sua desmesurada paranóia, em fuzilamentos expeditos ditados por seu medo de ser capturado ou ultimado.

Por isso ele foi finalmente traído: desertores ajudaram a inteligência do Exército e da Polícia a localizar e descrever seu bunker principal, construído em concreto e debaixo da terra, protegido por montanhas e espessas matas.

Seu quartel general era, segundo as autoridades, um bunker de 300 metros de largura com várias saídas. Para sua proteção "Jojoy" monopolizava entre 600 e 1.000 guerrilheiros da zona.

Milhares de colombianos e dezenas de estrangeiros morreram ou perderam sua liberdade ou saúde pelas decisões adotadas por "Jojoy". Milhares mais foram feridos e mutilados para o resto da vida por causa dele. "Jojoy" era um verdugo imprevisível e um mafioso desapiedado que havia roubado milhares de hectares de terras dos camponeses. Ele gostava de boa comida, era amante do whisky, dos relógios ultra caros, dos carros de grande cilindrada e dos cavalos, enquanto que suas tropas viviam escondidas na mata como ratos.

A tomada de povoados afastados, os atentados, emboscadas e seqüestros realizados contra civis e militares desde 1990, os campos minados, inclusive muito perto de escolas rurais, as "pescas milagrosas" (seqüestros maciços), a tortura e assassinato de reféns, e de alguns de seus familiares, as destruições de infra-estruturas, o envenenamento de aquedutos, o uso de crianças, de mendigos e de animais vivos com bomba, a tentativa de inundar Bogotá, foram atos instigados, supervisionados e dirigidos pessoalmente por "Jojoy".

O homem, cuja verdadeira identidade continua sendo um mistério, foi o melhor discípulo do falecido Pedro Antonio Marín, cognome "Tirofijo", um dos fundadores das FARC e membro do comitê central do Partido Comunista Colombiano.

O jornalista Gonzalo Guillén conta um episódio que mostra quem era "Jojoy". Uma tarde, em agosto de 2001, um velho Mazda entra lentamente em uma fazenda perto de San Vicente del Caguán, onde "Jojoy" está protegido por mais de 300 homens armados com fuzis Kalashnikov. Do carro sai um casal de camponeses, de mais de 50 anos. Com a ajuda do chofer tiram uma caixa de papelão que contém 650 milhões de pesos, ao redor de 325.000 dólares. "Jojoy" não responde à saudação e se enfurece quando se dá conta de que não trouxeram o milhão de dólares que havia exigido pela libertação do filho deles, que havia sido seqüestrado há um ano. "O dinheiro fica aqui e vocês voltam para conseguir o resto", arrota "Jojoy". O casal roga que liberte seu filho. "Em meio de lágrimas - diz Guillén - afirmam que nunca obterão essa soma e recusam-se a abandonar o lugar. Comovido, o chofer implora: 'Comandante, faça-lhes um descontinho'. Cinco minutos mais tarde, o chefe militar das FARC saca sua pistola Beretta e elimina o casal de um disparo a queima-roupa na cabeça".

Toda essa violência para quê? Para impor na Colômbia um sistema anti-social que fracassou no mundo inteiro.

Em seus 35 anos de carreira criminal, "Jojoy" acumulou 105 ordens de captura por atos de terrorismo, rebelião, homicídio, seqüestro extorsivo, lesões pessoais, fabricação e tráfico de munições. Os Estados Unidos haviam pedido sua extradição por delitos relacionados com o tráfico de drogas.

Foi "Jojoy" quem inventou a tática de fazer uma vazio absoluto nas regiões. Em 13 de junho de 2002, no páramo de Sumapaz, a poucos quilômetros de Bogotá, durante uma reunião das FARC "Jojoy" lançou a seguinte ordem: "Seqüestrar ou justiçar a quem não renuncie a seu cargo em qualquer rincão do país". Essas palavras desataram uma onda de pânico entre os elegidos do país. Uma dúzia de prefeitos e candidatos a prefeitos foram assassinados ou seqüestrados. Porém, os representantes do povo resistiram e o Exército e a Polícia começaram a varrer as FARC das regiões mais afetadas.

O comandante militar das FARC também está por trás da matança de doze missionários pacifistas, entre eles oito norte-americanos que haviam caído em suas mãos, e de várias tentativas de assassinato contra o presidente Álvaro Uribe. "Jojoy" foi o inventor dos terríveis campos fechados com arame farpado onde um certo número de seqüestrados foi concentrado em alguns momentos. Foi ele quem lançou esta ameaça: "Se não houver permuta (intercâmbio de reféns por terroristas presos) terão que ser liquidados". "Jojoy" foi quem concebeu o atentado contra o clube El Nogal, em 17 de fevereiro de 2003, em Bogotá, onde 36 civis morreram e 200 ficaram feridos.

Todos esses crimes detestáveis, cuja lista é interminável, haviam ficado sem castigo até o passado 22 de setembro de 2010. Os dois últimos governos propuseram a "Jojoy" que se rendesse, em troca de um processo legal com garantias. Ele respondeu com novos ataques sangrentos, como a recente onda de assaltos brutais, de agosto e setembro, que custaram a vida de 43 policiais e soldados.

A imprensa colombiana fez uma descrição incompleta de "Jojoy". Ela disse que ele era o líder mais brutal das FARC, que era um grande criminoso, um gângster, e inclusive "um Hitler". Ele era tudo isso, certamente, mas os meios de comunicação ignoraram um detalhe fundamental: ele era, sobretudo, um líder comunista. "Jojoy" foi o chefe militar de um bando criado por Moscou para que tomasse o poder na Colômbia nos anos 1950-1960, e essa organização nunca renunciou à sua linha marxista-leninista. "Jojoy" foi, desde 1993, um dos sete membros do bureau político das FARC.

Os crimes de "Jojoy" foram, portanto, o resultado de uma ideologia com profundas raízes nas FARC e de uma linha política baseada no preceito de que a "revolução proletária" deve utilizar todas as formas de luta, especialmente as mais violentas.

Não é por acaso que quase todos os partidos comunistas e outras formações da extrema esquerda do continente americano, lamentaram a morte desse pavoroso verdugo. O primeiro em responder foi Jaime Caicedo, secretário-geral do Partido Comunista da Colômbia, que disse em um comunicado que a morte de "Jojoy" foi um "duro golpe". "Não me alegro com este golpe", disse ante de atacar violentamente o governo colombiano e as Forças Armadas, os quais teriam cometido, segundo ele, uma "orgia de sangue".

Curiosamente, Jaime Caicedo esqueceu-se de falar da "orgia de sangue" de uns dias atrás, quando uma patrulha das FARC queimou vivos 14 policiais que foram atacados com minas anti-pessoa, borrifando-os depois com gasolina em uma estrada de Doncello (Caquetá).

O Partido Comunista da Argentina fez uma declaração mais longa. Ele descreveu a morte de "Jojoy" como um "assassinato". A imprensa comunista dos Estados Unidos, Cuba, Uruguai, Venezuela, Bolívia e Espanha repetiram as palavras de Jaime Caicedo e do PC argentino. O PC da Venezuela e a publicação chavista "Aporrea" (que significa "golpeia muito duro"), deplorou a morte do "Comandante Briceño" e anunciou, como Jaime Caicedo, que as FARC "não se renderão". "L'Humanité", o órgão do PC francês, considerou que com a morte de "Jojoy" as FARC "perderam um líder histórico". O PC argentino e o Movimento Continental Bolivariano, convocaram inclusive um "ato público em homenagem" a "Jojoy" em Buenos Aires.

Todos esse grupos parecem estar de acordo: o governo colombiano deve parar sua ofensiva contra as FARC e entrar em um "diálogo" com estas para chegar a uma "negociação" e "acordos políticos" para reformar a Constituição. Não obstante, nenhum deles se atreve a sugerir às FARC libertar as dezenas de vítimas que ainda continuam seqüestradas por elas, e parar suas ações violentas. O objetivo das FARC e de seus aliados é preparar o terreno para uma anistia geral para todos esses criminosos.

O Estado colombiano continuará sua marcha contra o terrorismo. O triunfo definitivo dependerá de ter uma visão completa do que é a guerra subversiva, com seus componentes visíveis e invisíveis, ilegais e legais. A proteção jurídica dos militares e policiais que intervêm nesse combate deverá ser uma prioridade de agora em diante, pois os homens de mulheres que estão dando suas vidas pelas liberdades públicas estão sendo vítimas de montagens e acusações falsas, de emboscadas judiciais. Eles devem ser protegidos contra a guerra jurídica das FARC. A Colômbia deve voltar a uma certa normalidade. Sob a pressão de algumas ONGs de direitos humanos em sua versão ideológica, o governo deixou de lado a justiça penal militar. A justiça penal militar, entretanto, não é um capricho de mentes belicistas. É uma criação legítima do Estado de Direito. Ela foi criada para punir as infrações e inclusive os crimes que alguns poderiam cometer, porém também para proteger os servidores públicos das campanhas mentirosas e das falsas provas.


Tradução: Graça Salgueiro

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