Mídia Sem Máscara
Olavo de Carvalho | 05 Junho 2011
Artigos - Globalismo
O prof. Dugin reconhece uma diferença básica entre nós: enquanto ele adere ao Oriente inteiro, com suas virtudes e pecados, com seus santos e seus criminosos, suas realizações sublimes e suas abominações, eu não faço o mesmo com o Ocidente. Examino-o criticamente e só posso, em sã consciência, aprovar parte dele, aquela parte que é compatível com os valores cristãos que o fundaram. O prof. Dugin percebe isso, mas não atina com a significação óbvia dessa diferença: ele se identifica com uma área geográfica e com um poder geopolítico, eu com valores gerais que não se encarnam em nenhum território geográfico e em nenhum dos poderes deste mundo.
Contra o Bolchevismo de Direita (ou o Tradicionalismo de Esquerda)
Respondendo ponto por ponto
Terceira mensagem ao debate com o prof. Alexandre Duguin
Olavo de Carvalho Introdução.
1. Desapontamento.
2. Ataques.
3. Surpresa.
4. Insulto e revide.
5. Delícia.
6. Tudo é política?
7. Vontade de poder
8. Eurasismo e comunismo.
9. Contagem de cadáveres.
10. Duguin contra Duguin.
11. O dever de escolher
12. Armas.
13. Duguin contra Duguin (2)
14. A diferença entre nós.
15. A diferença entre nós (2)
16. Aspas anestésicas.
17. Questão de estilo.
18. Minha opinião estúpida.
19. Julgamento por adivinhação.
20. A realidade foi inventada na Idade Média.
21. Realidade e conceito.
22. Racismo intelectual
23. Relativismo absoluto e relativo.
24. Relativismo absoluto e relativo (2)
25. Sujeito e objeto.
26. Essência lógica.
27. Existência e prova.
28. Jogo de cena.
29. Ah, como sou odiento!
30. Ressentimento.
31. Colocando palavras na minha boca.
32. Ah, como sou odiento! (2)
33. Guénon e o Ocidente.
34. O mundo às avessas.
35. As Sete Torres do Diabo.
36. Assimetria.
37. Teoria da Conspiração.
38. Teoria da Conspiração (2)
39. Ideologia da livre competição?.
40. Interesse nacional americano?.
41. Fabricando a unidade.
42. Colocando palavras na minha boca (2)
43. Colocando palavras na minha boca (3)
44. Colocando palavras na minha boca (4)
45. Igreja Ocidental ou Católica?.
46. Igreja Católica e direita americana.
47. Amor aos fortes.
48. Utopias comparadas.
49. Cristianismo e "sociedade orgânica"
50. Sincretismo.
51. Protestantismo e individualismo.
52. Judeus.
53. Judeus (2)
54. Judeus (3)
55. Amor aos fortes (2)
56. Multiculturalismo.
57. Espírito guerreiro.
58. Revolta e pós-modernismo.
59. A salvação pela destruição.
60. Nem um peido
Introdução
Que respondeu o prof. Duguin à minha refutação do contraste mecânico entre individualismo e coletivismo? Nada.
Que respondeu à minha demonstração de que o sentimento "holístico" de solidariedade comunitária está mais vivo nos EUA do que em qualquer país do bloco eurasiano? Nada.
À minha comparação entre as maldades respectivas dos EUA, da Rússia e da China? Nada.
Às minhas explicações sobre a natureza da ação histórica e a identidade dos verdadeiros agentes da História? Nada.
À minha sondagem do conflito estrutural que transforma a Igreja Ortodoxa em instrumento dócil de qualquer projeto imperialista russo? Nada.
Ele preferiu fugir de todas as questões decisivas e, simulando dignidade ofendida, sair do palco batendo pezinho, como uma prima donna de cabaré. E ainda diz que o histérico sou eu.
De passagem, foi roendo pelas beiradas, tocando em pontos secundários da minha mensagem, aos quais também não respondeu satisfatoriamente, limitando-se a bater no peito arrotando superioridade e a me atribuir idéias que não tenho, que foram inventadas por ele mesmo com a finalidade de impugná-las facilmente e cantar vitória numa batalha imaginária.
É claro que não vou dar o troco na mesma moeda. Meus dons teatrais são nulos ou desprezíveis, como atestava, com a autoridade soberana de ex-aluno de Stanislavsky, o grande ator e diretor russo-brasileiro Eugênio Kusnet, ao declarar, com razão, que eu era o pior aluno do seu Curso de Teatro, o qual, para grande alívio dele, aliás freqüentei por mera curiosidade, sem nenhum intuito maligno de impor ao público minhas abomináveis performances.
Em compensação, sou um adestrado estudioso e praticante da arte de argumentar, sobre a qual publiquei ao menos dois livros pioneiros.[1] Como tal, sei o que é um debate, e tenho a certeza de que não é aquilo que o prof. Dugin imagina que seja, isto é, uma gesticulação circense destinada a fazê-lo parecer bonzinho e a afivelar no rosto do adversário uma máscara repugnante. Isso é apenas disputa de vaidades, um jogo besta que, para mim, tem tanto interesse quanto uma luta de minhocas por um buraco no solo.
O que vou fazer aqui é responder ao prof. Dugin ponto por ponto, com a meticulosidade sistemática de quem não quer destruí-lo, mas retirá-lo da turva confusão em que se afoga. Nas linhas que se seguem, cada desconversa escorregadia do prof. Dugin será cuidadosamente reconduzida às questões centrais que ele tentou evitar, e respondida com franqueza direta, sem poses nem caretas.
Para facilitar a leitura, dividi o texto do prof. Dugin em sessenta parágrafos numerados (incluindo as citações que ele faz da minha segunda mensagem), que aqui reproduzo em letras menores, fazendo-os seguir das minhas respostas.
A extensão desta mensagem não advém de nenhum prazer erótico que eu sinta em redigir textos compridos, mas do simples fato de que - citando-me a mim próprio pela milésima vez - a mente humana é constituída de tal forma que o erro e a mentira sempre podem ser expressos de maneira mais sucinta que a sua refutação. Uma única palavra falsa requer muitas para ser desmentida.
Leia na íntegra aqui: http://debateolavodugin.blogspot.com/2011/06/r4-olavo-port.html
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