quarta-feira, 1 de junho de 2011

Mocinhos e bandidos

Mídia Sem Máscara

Uma matéria sobre o "comércio solidário" chamou minha atenção para todas as picaretagens que existem em nome do social. Basicamente, o pequeno fazendeiro africano ou guatemalteco pobre planta lá o seu café ou seu cacau, mas precisa pagar para conseguir o tal certificado de "comércio solidário" e vender o café a um preço maior. O lucro, no entanto, não vai exatamente para o seu bolso.

Quem ganha? O consumidor, que se sente todo superior crente que está ajudando os infelizes africanos e guatemaltecos que jamais ajudaria na vida real. O Starbucks, que vende o seu café a um preço maior para os otários. A ONG alemã, que tem o monopólio da certificação e recolhe a taxa de todos os pequenos fazendeiros que seguem sua cartilha.
Qual a explicação para isso? A mesma que se encontra no apoio aos palestinos, e na maioria das grandes causas progressistas. O tradicionalista americano Lawrence Auster, em bom post traduzido pelo Dextra, dá a dica:

A resposta se encontra no "roteiro" do esquerdismo moderno, no qual todos os fenômenos da sociedade esquerdista são automaticamente encaixados. Como já expliquei antes, o roteiro esquerdista tem três personagens:

(1) o esquerdista, que representa o princípio da bondade, definida como compaixão para com e inclusão dos não-brancos/não-ocidentais e outras vítimas;

(2) o não-esquerdista, que representa o princípio do mal, definido como ganância, discriminação e intolerância para com não-brancos/não-ocidentais e outras vítimas;

e (3) o não-branco/não-ocidental ou outra vítima, que não é ele mesmo um ator moral, nem mesmo um ser humano totalmente formado, porque sua função no roteiro não é fazer nada, mas sim ser o recipiente passivo ou da bondade do esquerdista ou da maldade do não-esquerdista.

Se o não-branco/não-ocidental fosse um ator moral, então suas próprias ações, inclusive suas más ações, teriam que ser julgadas. Mas julgá-lo negativamente seria discriminá-lo, o que viola o próprio significado e propósito do esquerdismo -- a eliminação de toda a discriminação contra não-brancos-não-ocidentais como as vítimas históricas da maldade não-esquerdista.

Portanto, o não-branco/não-ocidental não pode ser visto como um ator moral - como um ser humano que age e é responsável por suas ações.

A explicação é tão boa, que serve para quase qualquer coisa. Por exemplo, para o caso "dos livro do MEC" é a mesma. Eis um trecho do famoso livro:

A classe dominante utiliza a norma culta principalmente por ter maior acesso à escolaridade e por seu uso ser um sinal de prestígio. Nesse sentido, é comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular.

Os intelectuais e políticos de esquerda são os bonzinhos que não querem que os manos da perifa sofram "preconceito linguístico" e lhes ensinam que seu jeito de falar também é "correto". A classe dominante é formada por preconceituosos malvados que tem preconceito contra quem fala errado. Enquanto isso os pobres continuam sempre ignorantes, mas quem se importa?

Uma vez que você entende esse mecanismo, já não consegue mais levar a sério a preocupação dos progressistas com os pobres, os desvalidos, os gays, os maconheiros, os índios, as populações ribeirinhas, etc. Eles são apenas peões nesse jogo.


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