segunda-feira, 6 de junho de 2011

Honduras: o pacto secreto de Porfirio Lobo com Hugo Chávez

Mídia Sem Máscara

Roger Noriega | 06 Junho 2011
Notícias Faltantes - Foro de São Paulo

Segundo fontes dentro do governo venezuelano, Porfirio Lobo se fez passar por um revolucionário fervoroso e rogou pela paciência de Chávez, já que necessitava de tempo para manobrar a oposição interna, a qual se opõe às reformas constitucionais que lhe permitiriam apagar "a velha ordem".

O mandatário venezuelano, Hugo Chávez, está atuando para consolidar sua posição em Honduras. Depois de orquestrar o regresso de seu títere, Manuel Zelaya, os funcionários do círculo íntimo de Chávez estão se perguntando como seu governo (que anda curto de dinheiro) poderá financiar outro governo "revolucionário" na América Central. O que eles não reconhecem é o fato de que a verdadeira intenção de Chávez é a de semear o caos em Honduras, com o objetivo de converter o país em um território amigável para seus sócios no comércio ilegal de drogas, e em uma dor de cabeça para os governos dos Estados Unidos e México.

Fontes do Ministério de Relações Exteriores da Venezuela informam que as autoridades desta instituição encontram-se encantadas de que o presidente hondurenho, Porfirio "Pepe" Lobo, tenha dado a promessa de sua lealdade a Chávez e seu compromisso às mesmas reformas radicais promovidas por Zelaya em 2009 com tal rapidez.

A rendição de Lobo produziu-se em uma reunião secreta em meados de maio com o enviado venezuelano Ariel Vargas. Tal reunião teve lugar longe do palácio presidencial, na residência suburbana de Lobo ao nordeste da capital. Segundo fontes dentro do governo venezuelano, Lobo se fez passar por um revolucionário fervoroso e rogou pela paciência de Chávez, já que necessitava de tempo para manobrar a oposição interna, a qual se opõe às reformas constitucionais que lhe permitiriam apagar "a velha ordem". Lobo sugeriu a Vargas que necessitava de ajuda na neutralização da oposição dentro de seu próprio Partido Nacional e da Igreja Católica.

Lobo explicou que existe um delicado equilíbrio político no país, no que só podia contar com o apoio das Forças Militares. Os funcionários em Caracas interpretaram esta declaração como um convite para comprar a lealdade dos militares, com o objetivo de reforçar a capacidade de Lobo para desafiar a estrutura do poder tradicional. Lobo advertiu, além disso, que perderia o apoio dos militares se fosse rotular o derrocamento de Zelaya como um golpe de Estado ou se pusesse demasiada ênfase no castigo dos envolvidos. De fato, Lobo fez finca-pé neste ponto com uma piada, dizendo que se tivesse que tomar estas medidas particulares, Chávez deveria se preparar para lhe oferecer asilo político.

Diplomatas venezuelanos familiarizados com a oferta de Lobo, acordaram que a parte mais atrativa de sua proposta de pacto (Lobo) é que já não teriam que depender da volúvel figura de Zelaya, a quem chegaram a considerar como um palhaço e uma praga. Chávez permitirá a Lobo acreditar que são sócios, porém o venezuelano nunca aceitará o presidente do direitista Partido Nacional como um instrumento de mudança radical. Em troca, Caracas já começou a verter milhões em apoio à Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP), que logo será creditado como partido político no marco do trato de "reconciliação nacional" imposto por Chávez. Ao fabricar um rival bem financiado à hegemonia dos dois partidos políticos tradicionais em Honduras, Chávez está convencido de que pode derrotar a oposição e instalar governos de minoria para instaurar mudanças drásticas na economia e na sociedade.

Os hondurenhos sabem que o verdadeiro interesse de Chávez em seu país encontra-se em sua vantajosa localização para o tráfico de drogas, desde a América do Sul aos mercados do norte. Por exemplo, o regime de Chávez provê apoio logístico indispensável para o Cartel de Sinaloa (México). Ao instigar este comércio venenoso, Chávez está conduzindo uma guerra assimétrica contra dois inimigos políticos: México (cujo presidente Calderón foi eleito em uma campanha anti-chavista) e os Estados Unidos.

Essas rotas de tráfico de drogas também são atrativas para os grupos terroristas. De acordo com informes publicados, as mesmas operações de Hizbolah, aos quais se lhes oferece refúgio e treinamento na Venezuela, buscaram o assessoramento dos cartéis mexicanos da droga sobre a maneira de cruzar a fronteira dos Estados Unidos sem ser detectados.

Para Chávez, Honduras é uma proposição sem perdas. Se consegue-as para instalar um governo amigável às suas intenções em Honduras, terá um sócio maleável que se unirá à conspiração contra os Estados Unidos. Se suas maquinações meramente semeiam o caos social e político em Honduras, o comércio ilegal de drogas prosperará ainda mais na zona. Em qualquer caso, o resgate de Honduras requererá um grande esforço e o apoio dos Estados Unidos.

Não faz muito tempo, os hondurenhos se uniram no orgulho de haver utilizado sua constituição para impedir que Zelaya impusesse uma agenda chavista em sua pequena nação. Nos meses seguintes Chávez saiu-se com as suas, usando seus petrodólares para provocar ataques violentos e para debilitar seus opositores. Do mesmo modo que em outros países que foram devorados na órbita de Chávez, seu trabalho viu-se facilitado pelos políticos cínicos que se crêem mais inteligentes que o próprio Chávez, ao fazer negócios secretos que só favorecem seus próprio interesses egoístas.

Seria prudente que o presidente Lobo lembrasse da advertência do presidente John F. Kennedy, que disse em uma parte menos lembrada de seu discurso inaugural há 50 anos: "aqueles que localmente buscaram o poder cavalgando nas costas do tigre, acabaram dentro dele". Por outro lado, à luz de suas alianças com o narcotráfico e o terrorismo, Hugo Chávez está caminhando para aprender uma lição similar.


Roger F. Noriega foi embaixador ante a Organização dos Estados Americanos (OEA) de 2001 a 2003, e Secretário Adjunto dos Estados Unidos da América de 2003 a 2005.

Fonte: La Prensa de Honduras

Tradução: Graça Salgueiro

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